1 de maio de 2008

Ney, RoRo e Caetano honram nome de Cazuza

Resenha de gravação de CD e DVD
Título: Tim Música - Homenagem a Cazuza
Artista: Ângela RoRo, Arnaldo Brandão, Caetano Veloso, Gabriel o Pensador, Gabriel Thomas, George Israel, Liah, Leoni, Ney Matogrosso (foto de Nilton Carauta), Sandra de Sá, Preta Gil, Rodrigo Santos, Paulo Ricardo e Zélia Duncan
Local: Praia de Copacabana (RJ)
Data: 1º de maio de 2008
Cotação: * * *

Foi mais um tributo a Cazuza dentre tantos outros que vem sendo realizados desde 1990, ano em que o poeta roqueiro e exagerado dos anos 80 saiu de cena, deixando como legado uma obra que é "a síntese de uma geração", como caracterizou o ator Tony Ramos, narrador do minifilme em que Cazuza e a ONG fundada por Lucinha Araújo, a Viva Cazuza, foram apresentados ao público que compareceu à Praia de Copacabana, na noite desta quinta-feira, 1º de maio, para dar novos vivas a Cazuza. Em essência, o elenco selecionado tem sintonia com a música do homenageado. Por isso, o roteiro apresentado teve mais altos do que baixos. Ney Matogrosso, Caetano Veloso e Ângela RoRo honraram em especial a obra do artista no show, gravado para dar origem a DVD e CD ao vivo que festejam os 50 anos que Cazuza teria feito em 4 de abril.
Primeiro cantor que deu voz a Cazuza, ao regravar Pro Dia Nascer Feliz em seu álbum ...Pois É (1983), Ney Matogrosso abriu a noite com três números - O Tempo Não Pára, Por que a Gente É Assim? e a citada Pro Dia Nascer Feliz - extraídos de seu atual show, Inclassificáveis. Foi um set exuberante que reafirmou o vigor e a atitude pop de Ney. Na seqüência, Leoni lembrou Vida Louca Vida - com falhas no microfone - e Mal Nenhum. Leoni cantou com a banda que, como diria Caetano mais tarde, ia segurar a onda de todo mundo. Anunciada por Leoni como a "comadre de Cazuza", Sandra de Sá também enfrentou problemas com o som logo no início de sua leitura soul de Preciso Dizer que te Amo. Contudo, o calor com que encarou o Blues da Piedade contagiou a platéia e disfarçou a irregular forma vocal da cantora.
Com mais atitude do que voz, Preta Gil apresentou O Nosso Amor a Gente Inventa, rock bem pop de Cazuza. "Eu herdei a loucura dele. Se Cazuza fosse vivo, nós seríamos irmãos inseparáveis", afirmou Preta, com sua habitualmente elevada auto-estima. Mais discreta, porém segura, a camaleônica Zélia Duncan deu conta do recado ao rebobinar o rock Vem Comigo e ao bisar O Tempo Não Pára, esta na companhia do baixo de Arnaldo Brandão, que, em seguida, apresentou Jovem, um dos rocks mais fracos de Cazuza. Na seqüência, George Israel apresentou outro número pouco empolgante, Solidão que Nada, e chamou ao palco uma "louca maravilhosa", da qual Cazuza era fã. Era a deixa para a entrada de Ângela RoRo, protagonista de dois dos melhores números do show. RoRo imprimiu tom bluesy a Todo Amor que Houver nessa Vida e, em seguida, emendou com empolgante registro de Malandragem, a música que Cazuza e Frejat ofereceram para RoRo em 1988 e que ela recusou. Cantando com alegria, RoRo esquentou o público e mostrou que conserva sua boa forma vocal.
Voz, a propósito, não é o forte de Rodrigo Santos. Mesmo esforçado, o baixista do Barão Vermelho não conseguiu realçar toda a beleza de Codinome Beija-Flor. Faltou a Rodrigo a sensibilidade que sobrou em Caetano Veloso quando ele cantou Minha Flor, meu Bebê (canção não tão bonita quanto a anterior) na companhia solitária de seu violão. Na seqüência, já com a banda, Caetano se transmutou em roqueiro e reviveu Maior Abandonado totalmente à vontade no universo de Cazuza, avalizado pelo baiano ainda em 1983, quando incluiu Todo Amor que Houver Nessa Vida no roteiro de seu show Uns. Pena que o trio desencontrado que veio a seguir - Gabriel Thomas, Liah e Rodrigo Santos - não mantiveram o pique, mesmo defendendo Bete Balanço, um dos grandes hits do Barão Vermelho na fase de Cazuza. Foi o pior momento de um roteiro que reservou generoso espaço para Paulo Ricardo, que, além de cantar sozinho Ponto Fraco e Ideologia, dividiu Exagerado com Preta Gil e Leoni, o parceiro de Cazuza nesse primeiro e mais autobiográfico hit da carreira solo do artista. A música é tão poderosa que funcionou...
Entre tantos números reverentes ao espírito roqueiro de Cazuza, o momento mais modernoso foi Brasil. Este samba-rock ganhou insípida base eletrônica, o rap de Gabriel O Pensador e o sax de George Israel, que dividiu os vocais com o Pensador. Brasil não chegou a empolgar como o número coletivo que encerrou o tributo, com todos os artistas no palco cantando Pro Dia Nascer Feliz. Entre altos e baixos, ficou a certeza de que a obra de Cazuza resiste muito bem ao tempo e, sim, é uma das sínteses da vida louca vida da geração 80 do pop rock nacional. O poeta está vivo!

11 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Mauro, "...Pois é" é de 1983, não de 2003.

Mero erro de digitação, não? Acontece...

Felipe dos Santos Souza

1 de maio de 2008 às 23:57  
Anonymous Anônimo said...

Lendo o texto, notei mais dois erros, Mauro: "Malandragem" foi oferecida a RoRo em 1988, não em 1998; e o sobrenome do vocalista dos Autoramas que emprestou o gogó a "Bete Balanço" é grafado "Thomaz", não "Tomás".

Perdão pela chatice.

Abraços,

Felipe dos Santos Souza

2 de maio de 2008 às 00:05  
Blogger Mauro Ferreira said...

Felipe, grato pela 'chatice'. Se todos fossem iguais a você, o mundo seria mais atento e culto.

2 de maio de 2008 às 00:15  
Anonymous Anônimo said...

Mauro você descreveu quase exatamente o que vi, parabens pelo impossível olhar objetivo do subjetivo.

Acrescentando minha humilde opinião:
Melhores apresentações: Ney, Sandra de Sá, Zelia, e Angela Roro
Surpresas:
Caetano - sei que ele é um genio e sei que ele é perfeitamente capaz de ser roqueiro mas não me comoveu, e eu o ADORO.
Paulo Ricardo - achei apresentação forte e convincente, e eu não gosto nada dele.
Bette Balanço - achei que essa música seria um hit pra qualquer um que a recebesse pra cantar, e não empolgou mesmo.
Preta Gil tinha mesmo atitude, mas cadê a voz? E o som estava ruim, o que não ajudou, talvez por isso, os vozeirões tenham tido mais chance. Com som ruim, dificultou muitas coisas. Mas teve momentos incríveis. Angela cantando Maladragem e Sandra de Sá cantando Blues da Piedade foram pra mim os melhores momentos. E é claro, simplesmente olhar pro Ney, com os primeiros acordes de qualquer música do Cazuza - comove pra caramba.

2 de maio de 2008 às 01:02  
Blogger Flávio Dantas said...

maneiro seu blog
vamos nos linkar? :}

2 de maio de 2008 às 05:29  
Blogger Daniel Achedjian said...

Caro Mauro! Sempre o Rei da resenha que acabou de sair d forno...Mais uma cronica em primeira mao! Gosta desse elogio, nao é!? Valeu...mas nao me da vontade de comprar o dvd a vir e a ver...

2 de maio de 2008 às 07:19  
Anonymous Anônimo said...

Eu fui, depois de ver Arlindo Cruz e Beth Carvalho na ainda linda Quinta da Boa Vista.

Mauro vc realmente escreveu tudo o que eu e mais dois amigos achamos do show/tributo.
O melhor Ney, sua banda é perfeita, que aliás só o acompanhou, mas bem que poderia ter acompanhado todo o show, a banda base do Barão( sem Frejat) por vezes foi bem fraca e e atrapalhou o desempenho de alguns artistas(Sandra de Sá e Leoni).
Não sei pq tenho que aturar certos músicos como cantores( George Israel e Rodrigo Santos), completamente dispensável.
A música de Cazuza com certeza continua bem VIVA,merecia melhor tributo, mas mesmo com todos os poréns, valeu muito.

2 de maio de 2008 às 20:29  
Anonymous Anônimo said...

a grande cantora da noite foi angela ro ro sem duvida!

sandra de sá peca pelo exagero.

preta gil nao canta.

liah é uma das piores cantoras do país.

zélia não me emociona em nada.

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caetano tá muito fora do ninho.

ney foi a grande estrela da noite.

paulo ricardo nao canta.

rodrigo do barão vermelho fingiu ser cazuza, e piorou.

gabriel o pensador nao empolgou em BRASIL.

2 de maio de 2008 às 21:10  
Anonymous Anônimo said...

Contradição curiosa: o poeta está vivo, enquanto outros estão mortos e nem sabem. Ao menos artisticamente!
As boas apresentações, a meu ver, foram do Ney Matogrosso (sempre impecável e levantando o público), Ângela Rô Rô, Leoni, Sandra de Sá e Zélia Duncan.
Apresentações mornas: Arnaldo Brandão, Caetano, Gabriel O Pensador e Preta Gil.
As demais não foram ruins nem boas. Fazem tanta falta quanto chuchu num prato.
Achei certas presenças estranhas, como a da Preta Gil (sua presença se justificou porque ela seria grande amiga do Cazuza caso ele estivesse vivo - puxa, estou certa de que eu também seria amiga-de-infância!) e da Liah! Quem é esta, aliás? Me pareceu uma cópia mal-feita da Sandy. Argh!
Outra coisa estranha foi o fato de ter muitas músicas repetidas. Por que isso? O cara tinha tanta coisa boa!
Enfim, no geral, acho que o homenageado merecia muito mais...
Sem ofensas, apenas opinião minha!

2 de maio de 2008 às 22:46  
Anonymous Anônimo said...

CAZUZA DEVE SE CONTORCER NO TÚMULO SABENDO QUE PRETA GIL CANTOU EM HOMENAGEM À ELE!!

4 de maio de 2008 às 16:25  
Anonymous Anônimo said...

manpo Freire disse

Caro Mauro, posso estar errado, mas Catano deve ter inserido Todo amor que houver nessa vida... no show Totalmente Demais, não? Se eu estiver enganado tudo bem. Meu comentário: há cantores que voltam com as mesmas notícias como dizia Cazuza. No pouco que vi pela TV, Sandra Sá se repete. Ney também(embora arrase com O Tempo não pára no seu show atual). Os sem voz deixa pra lá. O mesmo Caetano arrebentou com Maior abandonado...Tão esquecidos de que o baiano vive uma fase rock in roll??

4 de maio de 2008 às 17:41  

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