19 de maio de 2007

Discoteca MTV revive dias de luta e hits do Ira!

Resenha de programa de TV
Título: Discoteca MTV

- Vivendo e Não Aprendendo (Ira!, 1986)
Exibição: MTV
Data: 18 de maio de 2007
Cotação: * * * *

“A força da canção é mais importante do que a produção”, bradou Nasi ao fim do episódio da série Discoteca MTV que recordou a importância de Vivendo e Não Aprendendo, o segundo álbum do Ira!, gravado e lançado em 1986, sob a conturbada relação do grupo com o produtor Liminha. “Com o Ira, eu tive dificuldade de trabalhar. Eles eram fechados, sérios”, lembra Liminha, elegante. “O yin não encontrou o yang”, resumiu Nasi, sem deixar de acusar a própria arrogância dos músicos à época como grande obstáculo para a produção do LP que, não obstante todos os problemas, foi um dos marcos da carreira do Ira! e do rock nacional dos anos 80.

O episódio da Discoteca MTV esteve à altura do disco. Vivendo e Não Aprendendo foi realmente dissecado sob vários aspectos. “Ele projetou o Ira! em nível nacional”, saudou o baixista Ricardo Gaspa. “Envelheço na Cidade é o grande hino mod do Ira!”, disse o guitarrista Edgard Scandurra ao falar da música que abria o disco. E que significaria o marco zero da adesão de Samuel Rosa ao rock nacional feito naquela década. “O Ira! foi a minha porta de entrada para o rock brasileiro dos anos 80. Confesso que, até o Ira!, ainda achava tudo uma grande brincadeira”, surpreendeu Samuel. “Ouvi muito o disco do Ira!. Foi o quando o rock mostrou uma cara mais séria, com uma pegada mais forte”, corroborou Kiko Zambianchi.

A seriedade pôs a banda até no horário nobre da Rede Globo. Em 1987, a faixa Flores em Você - gravada com improvável quarteto de cordas - foi parar na abertura da novela O Outro. “Mesmo com toda queda de braço, Liminha foi o cara que viabilizou o quarteto de cordas”, reconheceu Nasi. Outra queda de braço seria travada (e perdida) com a gravadora Warner Music, que exigiu a entrada no repertório de Gritos na Multidão e Pobre Paulista, músicas do início mais punk da banda que já não tinham a ver com o culto aos mods feito no LP Vivendo e Não Aprendendo. Para satisfazer a gravadora sem deixar de marcar sua posição, o grupo optou por incluir as duas músicas em registros ao vivo. “Para mim, o álbum Vivendo e Não Aprendendo são as oito faixas”, confidenciou Scandurra. Enfim, foi um grande programa sobre um grande disco!

Negra Li regrava tema de 'Hair' para comercial

A partir deste sábado, 19 de maio, um das músicas mais emblemáticas do musical Hair, Age of Aquarius, será ouvida na voz de Negra Li. A rapper paulista regravou o belo tema para a campanha publicitária que vai lançar um novo produto fabricado por uma marca de refrigerantes. O comercial será exibido na TV, em rede nacional, a partir deste sábado. A gravação foi produzida pela Dr. DD - a gravadora ligada ao mundo do rap - para badalar a água com sabor Aquarius.

Elba grava show em SP para DVD documental

Elba Ramalho estréia neste sábado e domingo - 19 e 20 de maio - seu novo espetáculo, Raízes e Antenas, no Auditório Ibirapuera, belo palco de São Paulo (SP). As duas apresentações serão gravadas para integrar o material do DVD que a cantora está produzindo. Além do show em si, o DVD vai trazer um documentário sobre a vida de Elba, com imagens capturadas em Conceição do Piancó (PB), terra natal da artista paraibana, e em Trancoso (BA).
Por conta da gravação do DVD, Elba recebe convidados no palco do Auditório Ibirapuera. Neste sábado, 19, Gabriel o Pensador e Lenine cantam com ela. No domingo, 20, será a vez de Margareth Menezes e Geraldo Azevedo. Lula Queiroga (o diretor do show), o grupo Trombonada e o maestro Spok vão participar dos dois dias.
Eis na íntegra o roteiro do novo show de Elba, Raízes e Antenas:
Gaiola da Saudade (Maciel Salú)
Ave Anjo Angelis (Jorge Benjor)
Banquete de Signos (Zé Ramalho)
Rua da Passagem (Trânsito) (Lenine e Arnaldo Antunes)
Noite Severina (Lula Queiroga e Pedro Luiz)
A Natureza das Coisas (Acioly Neto)

A Dança das Borboletas (Alceu Valença e Zé Ramalho)
Estrela Miúda (João Do Vale) – Com Lenine
Miragem do Porto (Lenine) – Com Lenine
Eternas Ondas (Zé Ramalho)
Conceição dos Coqueiros (Lula Queiroga)
O Fole Roncou (Luiz Gonzaga)
Gostoso Demais (Dominguinhos)
Folia de Príncipe (Chico César)
O Boi Cavalo de Tróia (Pedro Osmar e Paulo Ro)
José (Mestre Ambrósio)
Palavra de Mulher (Chico Buarque)
Argila (Carlinhos Brown)
Dois Para Sempre (Lula Queiroga)
Qual o Assunto que Mais lhe Interessa? (Roberto Mendes e Capinam)
Último Minuto (Lula Queiroga)
As Forças da Natureza (João Nogueira e Paulo César Pinheiro)
Essa Alegria (Lula Queiroga)
Um Índio (Caetano Veloso) – com Yamandú Costa
Amplidão (Chico César)
Felicidade Urgente (Cláudio Zoli)
Canção da Despedida (Geraldo Vandré e Geraldo Azevedo)
Banho de Cheiro (Carlos Fernando) – com Spok Frevo Orquestra
Frevo Mulher (Zé Ramalho) – com Spok Frevo Orquestra
Leão do Norte (Lenine)

Na Base da Chinela (Jackson doPandeiro e RosilCavalcanti) - com Margareth Menezes

Alcione canta Nei Lopes em duo com Mart'nália

Alcione já está em estúdio, no Rio de Janeiro, gravando seu terceiro CD de inéditas pela Indie Records. Além da participação de Gilberto Gil na música Entre a Sola e o Salto (tema de Gil lançado pela Marrom em 1978 no LP Alerta Geral), a cantora faz duetos com Martn'ália (em Laguidibá, samba afro de Nei Lopes, um compositor infalível nos discos de Alcione) e Falcão. Com o vocalista do Rappa, a artista entoa um samba de Serginho Meriti, Mangueira É Mãe. O repertório inclui ainda o forró Agarradinho. Haverá também uma faixa de tom seresteiro, Marcas do Passado.

18 de maio de 2007

Simply Red faz digno mais do mesmo em 'Stay'

Resenha de CD
Título: Stay
Artista: Simply Red
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * *

Há (pouco) mais de 15 anos, a estrela do Simply Red brilhava forte no firmamento da música pop. Hoje, no mercado indie, o grupo parece ícone de passado remoto. Em Stay, ao menos, Mick Hucknall não entra na seara duvidosa dos covers. A banda inglesa apresenta digno repertório próprio sem tentar inventar a roda. Ao contrário: o Simply Red faz mais do mesmo. Ou seja, exibe regular punhado de canções com maior ou menor influência da soul music americana. E é nessa praia que Stay navega tranqüilo sem muitas oscilações, com destaque para a suingante Good Times Have Done me Wrong. A primeira parte prioriza temas românticos como So Not Over You e a faixa-título. No fim, há espaço para um leve tom de protesto em músicas como Money TV e The Death of the Cool. Nada, no entanto, que faça brilhar novamente a estrela do grupo...

Show 'Primórdios', de Marina, também vira CD

Além do DVD já programado, Marina Lima também vai extrair um CD ao vivo da gravação do show Primórdios - feita no Auditório Ibirapuera, em São Paulo (SP), em novembro do ano passado. O lançamento continua previsto para setembro. E, apesar do disco de estúdio Lá nos Primórdios ter saído pela EMI, o CD e o DVD poderão chegar às lojas pela Som Livre. Já correm as negociações.

Björk volta com som étnico, 'sujo' e emocional

Resenha de CD
Título: Volta
Artista: Björk
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * *

Em Volta, Björk não retorna exatamente ao início de sua discografia, quando fazia som dançante, mais voltado para as pistas. Mas, sim, trata-se de um disco menos experimental do que o anterior Medúlla (2004), trabalho radical em que a artista islandesa testou os limites da voz humana como instrumento. Se há ranços vanguardistas em temas como Pneumonia e Vertebrae by Vertebrae, há também ótima música turbinada para as pistas, Earth Entruders, uma das duas faixas produzidas por Timbaland, mago do hip hop dos Estados Unidos. A outra, Innocence, não soa tão sedutora, ainda que sua batida fuja dos clichês do som dance.

Volta não é o que se pode chamar de um disco palatável. Exige numerosas audições para que se perceba a beleza entranhada em camadas de sons e silêncios que - num primeiro momento - soam mesmo estranhos. Mas é estranheza marcada por alta intensidade emocional. Seja no longo dueto de Björk com o cantor americano Antony Hegarty em The Full Flame of Desire, cuja letra é tradução de poema do russo Fedor Tyutchev (1803 - 1873). Seja em Hope, cujo tema é o terrorismo (Björk escreveu os versos inspirada pelo drama real da palestina grávida que perdeu a vida em ato suicida).

Toda a intensidade emocional do coeso disco aparece envolta em atmosfera suja. A produção buscou um som quase de garagem que consegue se harmonizar com o caráter étnico de um trabalho que agrega músicos africanos e chineses. Enfim, é um disco de Björk e, como tal, traz certa carga de exotismo já inerente ao som sempre inventivo da cantora e compositora islandesa. E as tribos a que Volta se destina saberão entender seus códigos e sua linguagem...

De volta à estrada, Camisa grava DVD em MG

De volta à estrada em turnê nacional, o grupo de rock Camisa de Vênus deverá lançar ainda em 2007 o DVD que gravou no fim de abril, em show feito em Divinopólis, cidade do interior de Minas Gerais. A atual formação do grupo agrega Luiz Carlini (guitarra) e Denis Mendes (bateria) aos quatro integrantes originais Marcelo Nova (voz), Robério Santana (guitarra), Karl Hummel (baixo) e Gustavo Mullen (bateria). A banda foi formada em 1980, na Bahia.

17 de maio de 2007

Sony testa o 'CD Zero' com o 'Sim' de Vanessa

Com o lançamento do terceiro CD de Vanessa da Mata, Sim (capa à esquerda), nas lojas já em 28 de maio, a Sony BMG vai testar um novo formato de disco, mais barato, para tentar combater a pirataria. Trata-se do CD Zero - a rigor, pequena amostra do álbum (com cinco músicas) que vai estar à venda por exatos R$ 9,99. Funciona como alternativa para quem se interessou pelo single - Boa Sorte / Good Luck, gravado com Ben Harper - mas não objetiva comprar o álbum inteiro. Em outras palavras, é como se - do disco cheio - a gravadora fizesse um compacto duplo, vendido simultaneamente com o CD convencional. Resta saber se os lojistas vão respeitar o preço em conta do CD Zero e se este não vai esvaziar o CD cheio... A Sony BMG informa que o preço de R$ 9,99 virá fixado na capa.

Lenine grava com Roberta, Elba e rapper GOG

Lenine gravou participação no segundo disco de Roberta Sá - já em fase de finalização. Ele canta parceria de Pedro Luís e Carlos Rennó em duo com Roberta. E por falar em Lenine, no domingo, 27 de maio, o cantor fará outra participação em trabalho alheio. Será um dos convidados da filmagem do DVD do rapper GOG, um dos pioneiros da cena hip hop de Brasília. A gravação vai ser feita na Capital Federal. GOG - vale lembrar - foi um dos convidados do Acústico MTV do compositor. Fez discurso em A Ponte, destaque do disco.

E não é só: dias antes de gravar com GOG, o incansável Lenine vai a São Paulo no sábado, 19 de maio, registrar participação no DVD que Elba Ramalho filma em show inédito no Auditório Ibirapuera.

Madonna grava música para evento 'Live Earth'

Uma nova música de Madonna - Hey You - já pode ser ouvida na internet. Foi gravada pela cantora para promover o evento Live Earth, que promoverá em 7 de julho de 2007 uma série de shows de música pop, em vários pontos do mundo, inclusive na Praia de Copacabana (RJ), para tentar conscientizar a população sobre os perigos do aquecimento global. O evento será gravado para gerar DVD e CD. Para baixar Hey You, basta clicar no endereço abaixo: http://www.warnermusic.com.br/downloads/madonna_heyyou.zip

Tim coroa o ano sublime de Marisa e Bethânia

Marisa Monte (em foto de Guto Costa) e Maria Bethânia venceram o 5º Prêmio Tim de Música. Intérpretes que lançaram dois discos em 2006, cada uma, e os quatro estiveram entre os melhores do ano, as duas receberam os principais troféus entregues na quarta-feira, 16 de maio, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Marisa levou os prêmios de Melhor Cantora de Samba (por conta do CD Universo ao meu Redor), Melhor Cantora de Pop Rock (pelo disco Infinito Particular) e Melhor Cantora por Voto Popular. Já Bethânia foi eleita a Melhor Cantora de MPB pelos CDs Mar de Sophia e Pirata. E Mar de Sophia (suntuosamente produzido por Moogie Canazio) foi escolhido o Melhor Disco de MPB, além de ter emplacado a Melhor Canção (Beira-Mar, de Roberto Mendes e Capinam). Por sua vez, Pirata foi merecidamente agraciado com o troféu de Melhor Projeto Visual. Correndo por fora, na genérica Categoria Pop Rock, Caetano Veloso se destacou com os troféus de Melhor Cantor de Pop Rock e Melhor Disco de Pop Rock (). Eis a lista completa dos ganhadores do 5º Prêmio Tim de Música:
CATEGORIA ARRANJADOR Mário Adnet por Jobim Jazz - Mário Adnet

CATEGORIA CANÇÃO
Beira-Mar, de Roberto Mendes e Capinan - Intérprete: Maria Bethânia

CATEGORIA PROJETO VISUAL

CD Pirata, de Maria Bethânia - Gringo Cardia

CATEGORIA REVELAÇÃO Marcos Tardelli

CATEGORIA CANÇÃO POPULAR

MELHOR DISCO Pensei que Fosse o Céu - Vander Lee

MELHOR DUPLA Zezé Di Camargo & Luciano

MELHOR GRUPO Roupa Nova

MELHOR CANTOR Cauby Peixoto

MELHOR CANTORA Joanna

CATEGORIA INSTRUMENTAL

MELHOR DISCO Radamés e o Sax (Leo Gandelman)

MELHOR SOLISTA Hamilton de Holanda

MELHOR GRUPO Hamilton de Holanda Quinteto

CATEGORIA MPB

MELHOR DISCO Mar de Sophia - Maria Bethânia

MELHOR GRUPO Las Chicas

MELHOR CANTOR Cauby Peixoto

MELHOR CANTORA Maria Bethânia

CATEGORIA POP/ROCK

MELHOR DISCO Cê - Caetano Veloso


MELHOR GRUPO Mutantes

MELHOR CANTOR Caetano Veloso

MELHOR CANTORA Marisa Monte

CATEGORIA REGIONAL

MELHOR DISCO Marco Zero ao Vivo - Alceu

MELHOR DUPLA João Mulato e Douradinho

MELHOR GRUPO Rio Maracatu

MELHOR CANTOR Dominguinhos

MELHOR CANTORA Margareth Menezes

CATEGORIA SAMBA

MELHOR DISCO Memória em Verde e Rosa - Tantinho da Mangueira

MELHOR GRUPO Fundo de Quintal

MELHOR CANTOR Zeca Pagodinho

MELHOR CANTORA Marisa Monte

CATEGORIA ESPECIAL

DVD Pietá - Milton Nascimento

DISCO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
Timeless - Sergio Mendes

DISCO ERUDITO Brahms the Piano Concertos Nelson Freire - Nelson Freire

DISCO INFANTIL Forró pr'as Crianças - Vários artistas

DISCO PROJETO ESPECIAL
Wagner Tiso 60 anos - Um Som Imaginário

DISCO ELETRÔNICO Na Estrada - DJ Patife


CATEGORIA VOTO POPULAR

CANTOR Jorge Vercilo

CANTORA Marisa Monte

CATEGORIA TRUETONES Bruno & Marrone

16 de maio de 2007

'Biograffiti' expõe músicas e mutações de Rita

Resenha de DVDs
Título: Biograffiti
(Ovelha Negra, Baila Comigo e Cor de Rosa Choque)
Artista: Rita Lee
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * *

Como mutante, mas no fundo nem sempre sozinha, Rita Lee seguiu seu caminho. Prestes a completar 60 anos, em 31 de dezembro de 2007, a roqueira faz o primeiro balanço público de vida na caixa de DVDs Biograffiti, que abrange três documentários - Ovelha Negra, Baila Comigo e Cor de Rosa Choque - embalados graciosa e luxuosamente pela gravadora Biscoito Fino nos moldes das caixas da série de TV Chico Buarque. O diretor - inclusive - é o mesmo Roberto de Oliveira, que conduz Rita nesta viagem através de suas memórias. Também vendidos separadamente, os DVDs mostram, cada um, uma música inédita. Apesar da gordura da narrativa (os três documentários poderiam ter sido condensados em um único alentado filme sem prejuízo de música e informação), Biograffiti é o melhor painel já montado sobre a vida e a obra dessa roqueira que adora andar na contramão. Eis a síntese crítica da Biograffiti:

Ovelha Negra
O primeiro DVD é o de caráter mais biográfico. “Eu gosto de remar contra a maré, de desacatar a autoridade...”, adverte Rita logo na abertura, antes de fazer boa viagem pela São Paulo afetiva de seus tempos de menina sapeca. Entre descrições dos pais e lembranças das travessuras do Instituto Pasteur, que visita de carro numa das seqüências mais interessantes, a roqueira cita os primeiros ídolos (James Dean e Carmen Miranda) e rememora o início na música, como integrante do Teenage Singers, quarteto feminino formado nos tempos de escola. Pois foi a histórica junção das Teenage com os Wooden Faces que gerou o grupo Os Bruxos - ou melhor - Os Mutantes, como foi batizado por ninguém menos do que Ronnie Von. Aliás, uma das imagens mais raras do DVD é a apresentação dos Mutantes em programa de TV, tocando Panis et Circensis. Na entrevista, costurada com números de show gravado em Limeira (SP) em maio de 2006, Rita atribui (boa) parte da criatividade de Arnaldo e Sérgio Dias Baptista a um terceiro irmão, Cláudio Cezar. "Ele era capaz de criar instrumentos que reproduzissem qualquer som de qualquer disco que a gente levasse para ele”, testemunha. Depois de Rita remoer mais uma vez a mágoa de ter sido expulsa dos Mutantes, entra em cena o Tutti Frutti. Dois números raros de Rita Lee com o grupo, Pé de Meia e Mamãe Natureza, valorizam a parte de arquivo. Já entre as imagens atuais, o destaque é o dueto com Caetano Veloso em Eu Sou Terrível, o rock da Jovem Guarda. E, deixando claro que seu tempo é hoje, a cantora apresenta num clipe de estúdio a inédita Eu Sou do Tempo, tema que persegue o balanço carioca e relaciona na letra ícones e símbolos do passado (como Nara Leão e a Rádio Nacional) para chegar no futuro, alvo da Ovelha Negra, rebelde por natureza. Rita é de vários tempos...

Baila Comigo
O segundo DVD foca no processo criativo da artista, capturando, inclusive, suposto momento de composição de Dinheiro, a inédita música pop apresentada no vídeo. A costura do roteiro é urdida com números do show feito pela cantora na Praia de Copacabana (RJ) em janeiro de 2007. “Eu entro no palco e fico metida à besta, sem vergonha”, assume. Sem meias palavras, Rita Lee conta como nasceu a paixão avassaladora entre ela e Roberto de Carvalho. Um dos frutos foi Mania de Você, composta após uma transa especial. “Em cinco minutos, a gente fez a trilha sonora daquela cama que a gente tinha acabado de fazer. Psicografia perde”, debocha. Dentre as raridades de arquivo, o DVD rebobina o encontro de Rita e João Gilberto em especial exibido pela Rede Globo. A convite do papa da bossa, que se encantara justamente com Mania de Você, Rita se uniu a ele para interpretar Joujoux & Balangandãs, de Lamartine Babo. Depois de revelar que compor é um vício, a ovelha negra conta que fez suas melhores músicas (“e as piores também...”) sob efeito de drogas. Mas jura que já se libertou deste vício (as drogas, não a música) há dez anos. “Não sou Madalena arrependida, mas tô a fim de mudar o filme”. E o filme de fato muda de tom quando a paulista branquela entoa a Valsa de uma Cidade (1954) e declara (simbolicamente) amor ao Rio de Janeiro, fiel à natureza mutante.


Cor de Rosa Choque
“Rock também tem ovários e útero”, sentencia a roqueira de Pagu (reapresentada em número de estúdio) e de Todas as Mulheres do Mundo numa das primeiras seqüências do terceiro DVD. É o filme de narrativa mais gordurosa. O foco é a feminilidade na música da compositora de Luz del Fuego, rebobinada em histórico take do Acústico MTV de 1998 que uniu Rita Lee a Cássia Eller. “A ovelha negra dos últimos tempos foi Cássia Eller. Ela peitou”, avaliza titia, quase sessentona. Que se transforma em avó coruja nas cenas em que paparica a neta Izabelle. E logo reassume a inquietude típica ao apresentar o rock Tão, de letra desaforada endereçada a uma destinatária mantida em sigilo. É, Rita Lee adora a sua fama de má.

Coletânea revive a bossa de Tom no sax de Getz

O americano Stan Getz foi um saxofonista visionário e bem esperto que logo se apropriou da bossa de Tom Jobim e de João Gilberto. A ponto de o estouro da velha Bossa Nova nos Estados Unidos ter ficado para sempre associado ao seu nome. E a ponto também de coletânea recém-lançada no mercado brasileiro, Their Greatest Hits, juntar os nomes de Getz e Jobim no título com a maior naturalidade. Entre as 12 músicas da compilação, todas do maestro soberano, há The Girl from Ipanema (do álbum Getz / Gilberto) e One Note Samba (do álbum Jazz Samba, dividido por Getz com Charlie Byrd). Wave e Meditation são outras faixas.

As recordações esquecíveis de Ben na Som Livre

Resenha de CD
Título: Recuerdos de
Asunción 443
Artista: Jorge Ben Jor
Gravadora: Som Livre
Cotação: * *

Sobras de estúdio são, como o nome diz, restos. Músicas não aproveitadas por um artista na gravação de seu disco. Música ruim, quase sempre, pois, se fosse boa, tinha entrado no disco. Se essas sobras vêm à tona como faixas-bônus de uma reedição, são curiosidades bem-vindas. Encontradas no arquivo da gravadora Som Livre, as nove gravações inéditas deste ruim Recuerdos de Asunción 443 deveriam ter sido apresentadas como bônus das presentes reedições de Dádiva (1983), Sonsual (1984) e Ben Brasil (1986) - os três últimos discos lançados por Ben Jor na sua permanência na Som Livre, de 1978 a 1986, ora relançados em CD pela primeira vez. Mas Ben Jor se encantou com a descoberta das faixas, algumas inacabadas, e quis finalizá-las para gerar novo CD.

Recuerdos de Asunción 443 apresenta as gravações retocadas dessas sobras. Em que pesem os metais em brasa que valorizam as músicas (tocados por feras como Serginho Trombone e e Márcio Montarroyos), as composições são ruins. Zenon Zenon (sobre um poeta interessado em alquimia), Saint Leibowitz (turbinada com recursos eletrônicos) e Duas Mulheres (de pueril letra inspirada no Livro dos Seres Imaginários, do escritor argentino Jorge Luis Borges) soam como pastiches da obra do artista. Salvam-se - com boa vontade - Falsa Magra e o sambalanço Miss Mexe Gal. Que pelo menos não chegam a constranger o ouvinte como Emo, única música de safra atual, composta por Ben Jor em tributo aos adolescentes emos de seu condomínio. Ele podia passar sem essa.

Ouvindo O Astro e Usted Es mi Marrón Glasé (com bissexta letra em espanhol), a propósito, dá para entender porque ambas não foram aproveitadas nas trilhas das novelas O Astro e Marrom Glacê. As recordações de Asunción 443 – Rua Assunção 443 é o endereço da gravadora Som Livre no bairro carioca de Botafogo – são perfeitamente esquecíveis e jamais renderiam um bom disco...

Déa Trancoso exibe riquezas do Jequitinhonha

Destaque da heterogênea relação de 102 indicados do Prêmio Tim de Música, o álbum Tum Tum Tum deu projeção à cantora mineira Déa Trancoso e - sobretudo - à extensa e valiosa pesquisa musical de caráter antropológico empreeendida pela artista para montar o repertório do disco. Entre raros catimbós (Filho da Folha, Rainha, Tupinambá), acalanto (Benzim Veloso), congo (Beija-flor), coco (Grande Poder) e lundu (Passarinho Pintadinho), Déa Trancoso reapresenta temas (a maioria de domínio público) que mostram a riqueza rítmica da região mineira do Vale do Jequitinhonha - o eixo de sua pesquisa.

Por conta do CD Tum Tum Tum, Déa Trancoso obteve quatro indicações ao 5º Prêmio Tim de Música. Certamente, não vai ser agraciada com o prêmio de Melhor Cantora por Voto Popular, mas tem boas chances de faturar os troféus de Melhor Cantora e de Melhor Disco na categoria Regional. Mesmo porque é um dos poucos nomes de alcance realmente regional na sempre confusa categoria. Já no que diz respeito à quarta indicação, a de Melhor Projeto Visual, Tum Tum Tum encontra fortes concorrentes nos álbuns Carioca (Chico Buarque) e Pirata (Maria Bethânia)...

A cerimônia de entrega do 5º Prêmio Tim de Música foi agendada para esta quarta-feira, 16 de maio, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. O homenageado da edição 2007 é Zé Ketti (1921 - 1999).

15 de maio de 2007

Acústico, Nando embala corações à beira-mar

Resenha de CD
Título: Luau MTV
Nando Reis e os Infernais
Artista: Nando Reis
e os Infernais
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * *

Apenas três anos depois de ter apresentado CD e DVD na série MTV ao Vivo, Nando Reis bisou a parceria com a emissora e fez outro registro de show. Desta vez, acústico e gravado numa praia, como manda a tradição da série Luau MTV. O peso da gravação de 2004 deu lugar à leveza dos arranjos estruturados nos violões. O que não ameniza a sensação de redundância. Nando vem de um disco, Sim e Não, que ainda tinha muita bala na agulha. Aliás, a delicada canção Espatódea mal começou a tocar na trilha sonora da novela Paraíso Tropical. E o Luau corta a carreira do álbum anterior em mais um exemplo da avidez cega das gravadoras por registros de shows. Mas, verdade seja dita, o disco é bom. Nando rebobina seu repertório mais romântico – e ele vem se tornando, cada vez mais, a mais perfeita tradução de Roberto Carlos na cena pop. E este novo trabalho é para embalar os corações à beira-mar.

O teor de novidade do Luau MTV é baixo. Há a razoável inédita Tentei Fugir, entre uma ou outra música até então não registrada por Nando. Caso de Eu e a Felicidade, feita com Samuel Rosa para o último CD do Skank e revisitada em duo com o parceiro Samuel, presente também em Resposta. Negra Livre - feita para Negra Li - também é novidade na discografia do cantor, ainda que destoe do clima romântico do repertório. Negra é a convidada da fraca faixa. Vocalista do grupo baiano Canto dos Malditos na Terra do Nunca, Andréa Martins também une sua voz a de Nando – no caso em Luz dos Olhos. No geral, o projeto nada acrescenta à discografia solo de Nando Reis. Resta esperar o DVD, pois este, ao menos, exibirá a beleza natural da Praia Vermelha, de Ubatuba (SP), onde foi feita a gravação em 21 de janeiro. Embora legal, o CD é mais do mesmo...

Sem Paul, EMI explora o catálogo do ex-Beatle

Se Paul McCartney já não pertence mais ao elenco da EMI, seu catálogo continua sob o domínio da Parlophone - empresa ligada ao grupo inglês. Tanto que a major vai explorar a discografia do ex-Beatle no momento em que ele está prestes a lançar seu primeiro trabalho fora da companhia, Memory Almost Full. A EMI prepara o relançamento dos 30 álbuns da carreira solo do artista. Inclusive os gravados por Paul McCartney com o grupo The Wings. Todos serão disponibilizados em CD e também em formato digital.

Rainha de toda sua gente, Marinês sai de cena

Antes de Elba Ramalho, houve Marinês. Aos 71 anos, a Rainha do Xaxado saiu de cena na segunda-feira, 14 de maio de 2007, vítima de complicações decorrentes do AVC sofrido em 5 de maio. Marinês morreu no Recife, em Pernambuco, Estado onde nasceu em 16 de novembro de 1935 - com o nome de Inês Caetano de Oliveira. Mas sua terra de coração era a Paraíba, para onde se mudou ainda pequena. Lá, ouviu os sucessos de Emilinha Borba no rádio. E o baião de Luiz Gonzaga pelos alto-falantes que irradiavam o som do velho Lua por todo o Nordeste. E foi ele - o Rei do Baião - que ensinou a Marinês as manhas do xaxado, o que acabou fazendo com que ela fosse coroada a soberana deste ritmo acelerado. A Elba de sua era. Como Elba foi a Marinês da era atual.

Marinês começou a gravar discos em 1956. Em 1957, lançou dois sucessos de João do Valle, Peba na Pimenta e Pisa na Fulô. E, por conta das letras maliciosas, enfrentou problema com a Igreja. Foi adiante e gravou regularmente dos anos 50 aos 80 - ainda que seu auge artístico (e comercial) tenha acontecido nas duas primeiras décadas. Primeira mulher a formar um grupo de forró, Marinês e sua Gente, a artista adicionou o Maria ao seu nome para driblar a proibição paterna e poder cantar na rádio. E, por obra e graça de um locutor menos atento, Maria Inês virou Marinês. E assim ela assinou seu nome do primeiro ao último disco, Marinês Canta a Paraíba, editado em 2005. Mais do que a Rainha do Xaxado ou a Rainha do Forró, Marinês reinou soberana entre sua gente. É um símbolo de uma era. Uma cultura. E - como tal - não morre jamais.

Mariano populariza repertório em disco insosso

Resenha de CD
Título: Pedro Mariano
Artista: Pedro Mariano
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * *

É muito impressionante como a carreira de Pedro Mariano somente tem andado para trás após a sua saída da gravadora Trama. Depois de um disco abortado pela EMI e de um projeto ao vivo em que se viu obrigado pela Universal Music a apelar para o repertório da mãe, Elis Regina, o artista lança seu sexto e pior CD, Pedro Mariano. Sempre na linha entre o soft soul e o suingue da canção brasileira, o afinado cantor entoa repertório de tom quase popularesco, moldado para FMs. Tanto que a ficha técnica inclui autores gravados por Sandy & Junior e pelo grupo Roupa Nova. Se morre na praia carioca em Tá Tudo Bem, Pedro Mariano patina no excesso de músicas repetitivas de Jair Oliveira (Intacto, Quarto Vazio, Ventania e Sujou, Camarada). Sem falar nas duas inéditas de Jorge Vercilo, que já parece seguir determinada fórmula de composição, tal como os hitmakers. Poder e Personagem (outra parceria com Ana Carolina) já deixam triste sensação de déjà-vu.

A favor de Mariano, conta o fato de ele estar cantando de maneira mais solta. A opção por gravar o álbum apenas com um quarteto também se mostra acertada. Pai de Pedro, César Camargo Mariano assina seis dos 13 arranjos, deixando os demais para o produtor Otávio Moraes. Há um ou outro bom momento. E a regravação de Só Deus É Quem Sabe - apesar de soar pouco original pelo fato de Mart'nália também ter descoberto a balada de Guilherme Arantes, lançada por Elis Regina em 1980 - é um deles. Mas Pedro Mariano precisa urgentemente redirecionar o foco de sua carreira. Pedro Mariano, o disco, soa artificial e insosso. Até melhora lá pelo fim, com regravações de músicas de Djavan (Além de Amar) e Moska (Procurando por mim). Mas seu único lampejo de beleza, verdade e emoção genuína é a balada Risos e Memórias, de Diego Saldanha, um compositor já gravado pelo Roupa Nova (justiça seja feita, sem preconceito: a música é bonita e ganha interpretação intensa). Um indício de que talvez Mariano devesse aposentar o tom cool blasé que vem minando sua discografia para apostar em emoções reais.

14 de maio de 2007

Padre lança disco no embalo da vinda do Papa

A liderança de padre Marcelo Rossi na lista dos álbuns mais vendidos no Brasil, em 2006, reacendeu a fé das gravadoras nos discos de música religiosa. No embalo da comoção cristã provocada pela vinda do Papa Bento XVI ao Brasil, a major Sony BMG põe nas lojas novo CD de Padre Antônio Maria, Bendito Bento do Brasil. O repertório inclui a inédita Pai, Pastor e Amigo (com participação de Agnaldo Rayol), mas, a rigor, é coletânea com várias músicas já gravadas por Antônio ao longo de sua carreira fonográfica. Entre elas, Aleluia (da seara religiosa de Roberto Carlos) e Romaria (na voz de Elba Ramalho). Mensageiro do Amor tem adesão de Daniel.

Show 'Cê' virará DVD e CD ao vivo no Canecão

Caetano Veloso vai registrar o show . A gravação ao vivo - que irá gerar CD e DVD, nas lojas no segundo semestre via Universal Music - será feita no retorno do espetáculo ao Rio, no Canecão, que abrigará em minitemporada que vai de 25 a 27 de maio. Detalhe: o artista já apresentou o show em palcos cariocas de atmosfera roqueira mais condizente com o espírito do disco que o inspirou. É o caso do Circo Voador. A opção por fazer a gravação no tradicional Canecão não deixa de ser surpresa.

P.S. A gravação do DVD de no Canecão foi cancelada.

Timbaland não faz jus ao nome no primeiro solo

Resenha de CD
Título: Timbaland
Presents Shock Value
Artista: Timbaland
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * *

Uma das grifes mais luxuosas do universo do rap e do r & b, o produtor Timbaland é hábil na criação de batidas vibrantes que turbinam e projetam discos de estrelas como Justin Timberlake e Missy Elliott. Daí a expectativa com o lançamento deste seu primeiro álbum solo. E daí também a conseqüente decepção. Onde está o produtor consagrado por suas levadas? Tudo o que Shock Value não tem são batidas criativas à altura de Timbaland. O elenco de convidados é estelar - e quem ousaria dizer não para um produtor requisitado até por Madonna? - e inclui Justin Timberlake (em Give It to Me, Release e Bounce), Nelly Furtado (Give It to me), 50 Cent (Come and Get me), Fall Out Boy (One and Only), She Wants Revenge (Time) e - até - Elton John (piano em 2 Man Show). Mas nem essa constelação salva um disco que flerta até com o brega na açucarada Apologize. Claro que algo sobressai. Throw It to me - a faixa que agrega o grupo The Hives - desce bem. Assim como Bounce, que reúne Dr. Dre, Missy Elliott e o citado Justin. Só que, no todo, Shock Value parece produto de uma egotrip de Timbaland. É melhor que ele volte a atuar somente nos estúdios em favor de Justin, Elliott, Madonna, 50 Cent e Cia....

Hits cafonas sob desfocada ótica da cena indie

Resenha de CD
Título: Eu Não Sou
Cachorro, Mesmo
Artista: Vários
Gravadora: Allegro
Discos
Cotação: * *

Após tentar redimensionar o repertório de Odair José com a gravação do CD Vou Tirar Você desse Lugar (2005), o tributo em que nomes como Zeca Baleiro recriaram músicas do autor de Pare de Tomar a Pílula, o selo Allegro Discos apresenta o segundo projeto de sua trilogia de releitura do relicário brega - ou cafona, como prefere o produtor Sandro Bello. Em Eu Não Sou Cachorro, Mesmo, bandas da cena indie revisitam o cancioneiro de ídolos dos anos 70 como Benito Di Paula, Evaldo Braga, Fernando Mendes, José Augusto, Márcio Greyck, Reginaldo Rossi e Waldick Soriano, entre outros.

Os hits cafonas são enfocados sob ótica bem irregular. Funciona quando a banda não se acha mais importante do que a música. O grupo português Clã, por exemplo, enobrece Tortura de Amor (clássico de Waldick) em gravação melodiosa cheia de climas. Já vale o CD. Outro belo acerto é o do Laranja Freak, que envenena levemente com sua guitarra Mon Amour, Meu Bem, Ma Femme (hit de Rossi) sem prejuízo da melodia e com o respeito que, aliás, também norteia o registro do Rádio de Outono para De que Vale Ter Tudo na Vida? (sucesso de José Augusto) e a leitura de Érika & Telecats para Ainda Queima a Esperança (hit de Diana). As quatro bandas erguem com êxito e justa reverência a ponte cafona-indie.

Com dose menor de sucesso, aparecem os grupos Ramirez (ainda soando como o clone de Los Hermanos em Meu Pequeno Amigo, uma pérola obscura do cancioneiro de Fernando Mendes), Móveis Coloniais de Acaju (pretensioso em Sorria, Sorria, o standard de Evaldo Braga), The Darma Lovers (Retalhos de Cetim, em registro opaco do samba de Benito Di Paula). Já Los Diaños simplesmente destroem a pulsação vibrante de Você É Doida Demais. Gongados!

No todo, o álbum fica aquém do tributo a Odair. Mas cumpre seu papel de apresentar às jovens gerações um cancioneiro de estilo simplista, mas nem por isso desprezível. Comparado com o brega de hoje, o cafona de ontem é muito chique e resiste bem ao tempo.

13 de maio de 2007

'Discoteca MTV' reacende polêmica de 'Usuário'

Resenha de programa de TV
Título: Discoteca MTV - Usuário (Planet Hemp, 1995)
Exibição: MTV
Data: 11 de maio de 2007
Cotação: * * *

Quarto dos 12 programas da série Discoteca MTV, o bom episódio sobre o álbum Usuário reacendeu a discussão sobre um dos CDs mais polêmicos do pop nacional. “Nossa maneira de dar um tapa na cara do sistema foi falar de maconha”, resumiu Marcelo D2. “A gente botou nossa cara a tapa por crer na legalização”, emendou o rapper B Negão. “Foi legal os caras baterem de frente na questão da legalização, que ainda continua relevante”, avalizou Alexandre, integrante do grupo de reggae Natiruts, num depoimento sucinto.

Editado em 1995, Usuário projetou o grupo carioca Planet Hemp na cena pop nacional. Foi um álbum conceitual sobre a maconha, gravado de forma crua. “Fomos produtores sem ter idéia de como era produzir um disco”, admite o guitarrista Rafael. “Temos outros discos mais bem produzidos, mas Usuário é especial pela história que ele tem”, contextualizou D2, ressaltando a beleza do som cru.

A história começou em 1994, no Festival Super Demo, organizado pela ativista cultural Elza Cohen. Aliás, todos os músicos do Planet Hemp creditam ao festival a abertura de portas no mercado. Mas a tal história esbarrou no conservadorismo das autoridades sobre o tema. Diretora do clipe de Legalize Já, Márcia Leite lembrou que a exibição do vídeo foi liberada somente para depois das 23h. Já B Negão ressaltou a dificuldade de apresentar Não Compre, Plante nos shows. “Se tocasse essa, a gente ia preso”, recorda. Doze anos depois, a questão levantada por Usuário ainda está (bem) acesa.

The Band inspira boa capa de Cachorro Grande

Inspirada numa imagem de álbum do grupo americano The Band, a capa do terceiro disco do Cachorro Grande, Todos os Tempos, mostra os integrantes do grupo gaúcho misturados com populares em imagem que remete às interioranas comunidades agrícolas do Rio Grande do Sul. A imagem sofreu algumas intervenções gráficas dos designers Juan Ginzález e Fabiana Pichulati, donos do projeto.
Puxado pela faixa Você me Faz Continuar, cujo arranjo incorpora naipe de metais, o CD do Cachorro Grande vai chegar às lojas em 5 de junho pela Deckdisc. Eis as 12 músicas (inéditas) do repertório:
1. Você me Faz Continuar
2. Conflitos Existenciais
3. Roda-Gigante
4. Sandro
5. Deixa Fudê
6. Na sua Solidão
7. Hoje meus Domingos Não São Mais Depressivos
8. Nunca Vai Mudar
9. Quando Amanhecer
10. O Que Você Tem
11. Nada pra Fazer
12. O Certo e o Errado

Rob entra na era do DVD com a música de Bach

Gravadora indie voltada para a música instrumental, a Rob Digital entra na era do DVD com um título de área erudita. Bach in Tiradentes reúne sonatas e partitas escritas por Johann Sebastian Bach (1685 - 1750) para solo de violino. Produzida por David Chew, a gravação foi realizada por Haroutune Bedelian - um conceituado violinista de Chipre - na Matriz de Santo Antônio, bela igreja situada em Tiradentes (MG). O cenário barroco da gravação teve tudo a ver com a origem dos seis temas, compostos por Bach em 1720 (a igreja mineira foi construída em 1710). Detalhe: o violino tocado pelo exímio Bedelian é de 1699.

Engenheiros gravam ao vivo de novo em Sampa

Sempre liderado pelo mentor Humberto Gessinger (foto), o grupo Engenheiros do Hawaii vai fazer uma segunda gravação ao vivo consecutiva. O sucessor do bom Acústico MTV da banda gaúcha vai ser um registro de show agendado para 30 e 31 de maio na casa Citibank Hall, em São Paulo (SP). Os ensaios para a gravação já estão acontecendo no Rio de Janeiro, no estúdio Floresta. O CD sai ainda este ano. Assim como o DVD. Entre as inéditas do repertório autoral de Gessinger, Coração Blindado, Luz e Vertical.