15 de maio de 2007

Rainha de toda sua gente, Marinês sai de cena

Antes de Elba Ramalho, houve Marinês. Aos 71 anos, a Rainha do Xaxado saiu de cena na segunda-feira, 14 de maio de 2007, vítima de complicações decorrentes do AVC sofrido em 5 de maio. Marinês morreu no Recife, em Pernambuco, Estado onde nasceu em 16 de novembro de 1935 - com o nome de Inês Caetano de Oliveira. Mas sua terra de coração era a Paraíba, para onde se mudou ainda pequena. Lá, ouviu os sucessos de Emilinha Borba no rádio. E o baião de Luiz Gonzaga pelos alto-falantes que irradiavam o som do velho Lua por todo o Nordeste. E foi ele - o Rei do Baião - que ensinou a Marinês as manhas do xaxado, o que acabou fazendo com que ela fosse coroada a soberana deste ritmo acelerado. A Elba de sua era. Como Elba foi a Marinês da era atual.

Marinês começou a gravar discos em 1956. Em 1957, lançou dois sucessos de João do Valle, Peba na Pimenta e Pisa na Fulô. E, por conta das letras maliciosas, enfrentou problema com a Igreja. Foi adiante e gravou regularmente dos anos 50 aos 80 - ainda que seu auge artístico (e comercial) tenha acontecido nas duas primeiras décadas. Primeira mulher a formar um grupo de forró, Marinês e sua Gente, a artista adicionou o Maria ao seu nome para driblar a proibição paterna e poder cantar na rádio. E, por obra e graça de um locutor menos atento, Maria Inês virou Marinês. E assim ela assinou seu nome do primeiro ao último disco, Marinês Canta a Paraíba, editado em 2005. Mais do que a Rainha do Xaxado ou a Rainha do Forró, Marinês reinou soberana entre sua gente. É um símbolo de uma era. Uma cultura. E - como tal - não morre jamais.

19 Comments:

Anonymous Anônimo said...

nunca a ouvi, mas tinha simpatia por ela de tanto que a elba falava

15 de maio de 2007 às 11:29  
Anonymous Anônimo said...

Marinês e Emilinha não foram rivais na era do rádio?

15 de maio de 2007 às 12:36  
Anonymous Anônimo said...

Marlene e não Marinês anônimo. Agora espero algo da Maria para falar desta cantora que eu não conheço.

15 de maio de 2007 às 13:05  
Anonymous Anônimo said...

Marinês era chamada de "Luiz Gonzaga de saias". Era, de fato, a voz feminina correspondente à de Gonzaga. Durante quase sessenta anos de carreira, ela se manteve coerente, cantou o forró,o xote, o baião, o xaxado (sendo também chamada de Rainha do Xaxado). Foi singular. Manteve-se fiel às tradições e, por isso mesmo, esteve durante muito tempo distante da grande mídia. Marinês deixa uma grande lacuna na música nordestina, ao tempo em que deixa herdeiros consagrados, a exemplo da nossa Elba Ramalho. Acho que o céu agora deve estar uma verdadeira farra, com o encontro de Sivuca, Elino Julião, a nossa Marinês, com o grande Rei, o nosso Gonzagão.

15 de maio de 2007 às 13:32  
Anonymous Anônimo said...

Parabéns Geraldo, belas palavras.

15 de maio de 2007 às 13:50  
Anonymous Anônimo said...

Lembro-me com carinho de um hit de Marinês, "Pode botar na geladeira, não cozinhe não". Sei que ultimamente Marinês desenvolvia o projeto, juntamente com Anastácia e Sarajane, do ensino do forró nas escolas públicas de Recife. Descanse em paz, Marinês!

15 de maio de 2007 às 14:08  
Anonymous Anônimo said...

Passei parte de minha infância no interior do maranhão. São João, na época, era uma festa realmente brasileira. Dançávamos quadrilha ao som de Marinês, Luis gonzaga e afins, uma legítima música nordestina.

Volto pouco àquela região, mas sempre que estou por ali, maranhão, pernambuco, ceará, há sempre alguma coisa (BOA) de Marinês tocando nalgum som.

Marinês E Sua Gente. Bravo!

15 de maio de 2007 às 16:28  
Anonymous Anônimo said...

Mauro, ainda que Luiz Gonzaga tenha ensinado o xaxado a Marinês não custa lembrar que esse ritmo vem do ventre para ela, uma vez que Marinês é filha do ex-cangaceiro do bando de Lampião - Pedro Caetano. Ela se intitulava um dos últimos 'mito vivo' da música nordestina.

15 de maio de 2007 às 17:26  
Anonymous Anônimo said...

Não vejo o menor sentido em chamar Marinês de Luiz Gonzaga de saias. Gonzaga foi um dos grandes compositores deste país, que levou sua música e sua poesia muito além dos limites de sua terra e de sua cultura. Autor de preciosidades como Asa Branca (quando o verde dos teus olhos se espalhar na plantação... - de arrepiar), Que Nem Jiló, Assum Preto, Baião, Xamego, Estrada de Canindé, Légua Tirana, Imbalança (ter no corpo o balanço do mar, fazer cobra de fogo no ar...), são apenas exemplos da grandeza de sua obra (e de seu lirismo).
Marinês, coerente até o último fio de cabelo, foi uma legítima representante da graça, da alegria, da festividade de seu povo. Fez um trabalho respeitável e altamente envolvente.
Luiz Gonzaga, porém, extrapolou o rótulo de 'artista regional' para se transformar, sim, numa referência para todos os artistas de sua região mas, principalmente, em um poeta excepcional que se utilizou do universo ao seu redor para falar de sentimentos e vivências absolutamente humanos e - portanto - universais.
Sem nenhum demérito a esta artista fundamental, se quiserem comparar Gonzaga (pura bobagem) que seja com os grandes compositores e poetas deste país.

15 de maio de 2007 às 17:30  
Blogger dea said...

Marinês era uma voz picante e corajosa! Concordo quando o Geraldo diz que ela era Luiz de saias. Era mesmo! Mulher arretada, cantora mais ainda! Tive contato com a obra dela ainda muito cedo. Ela, junto com o João do Vale, me influenciou no jeito de fazer arte e de ser humano. Dois seres realmente de luz, com missões muito definidas no planeta. Cantar um pedaço tão delicado quanto sofrido deste Brasil!!!!!!!!!
A memória do seu canto estrá sempre no meu!!!!
Déa Trancoso
Cantora

15 de maio de 2007 às 19:09  
Anonymous Anônimo said...

Emanuel Andrade disse....

Não adianta, podem rodar o Brasil e em nehuma outra região se não for o Nordeste jamais vão encotrar gente tarimabada no universo do forró, baião, xaxado, galope.... Marinês fez história. Tem referência,mostrou talento, influenciou muita gente da MPB, como comprovei em recente biografia etc. Ela deixa um legado para ser estudado na França como o poeta Patativa é assunto de disciplina na Sobborne, já que no Brasil, as faculdades estudam porcarias, assassinam nossa cultura de mãos dadas com rádios e TVs "povão", com exceção da TV Cultura. Outra Marinês: jamais!! Outro Luiz Gonzaga, nunca! João do Valle, idem!

15 de maio de 2007 às 19:39  
Anonymous Anônimo said...

Mauro parabéns pelo blog. Déa muito bonitas suas palavras e sua refência à Marinês. Aproveito para parabenizá-la pelo Tum Tum Tum. Ficou muito bonito!

Odimar Feitosa

Fortaleza - CE

15 de maio de 2007 às 23:52  
Anonymous Anônimo said...

Parabéns a todos por traduzirem nas suas palavras o que muitos daqui das regiões de baixo infelizmente desconhece. Culpa da indústria que como bem disse um colega de blog joga no ostracismo tanta gente maravilhosa. Descanse em paz Marinês, se Luiz Gonzaga era a Lua, esta porque não poderia ser apelidada de Sol, sol este que irradiava e aquecia o coração de todos nós.

16 de maio de 2007 às 08:18  
Anonymous Anônimo said...

marinês se foi sem o reconhecimento de seu trabalho, a não ser no nordeste. elba, sua seguidora mais expressiva, sempre a cita quando se fala em boa música nordestina.
o tal forró universiotário do sul maravilha não faz a mínima idéia de quem se trata.
para sua gente, entretanto, marinês dava carta e jogava de mão. grande marinês!

16 de maio de 2007 às 12:28  
Anonymous Anônimo said...

Se ela era tão coerente como dizem , Elba com certeza não é a Marinês da sua geração.

16 de maio de 2007 às 13:28  
Anonymous Anônimo said...

Um pena mesmo, principalmente por causa da pouca luz que deram a Marinês nos ultimos anos ...

Viva a música de Pernambuco e do nosso Nordeste que ela tão bem defendeu .Como já dito nasceu em Pernambuco mas foi criada na Paraíba, em Campina Grande .

Vale lembrar que em 1999 o CD comemorativo dos 50 anos de carreira da cantora, "Marinês e Sua Gente", foi produzido por Elba Ramalho e contou com a participação de Lenine, Dominguinhos, Genival Lacerda, Chico César, Geraldo Azevedo, Antônio Barros (e Cecéu), Moraes Moreira, Alceu Valença, Zé Ramalho, Marco Farias, Margareth Menezes e Ney Matogrosso interpretando sucessos de forró como "Forró do Beliscão", "Coco da Mãe do Mar", "Meu Cariri", "Lamento Sertanejo", "A Noite Toda", "Forró das Comadre" e outros .

Déa ? Que bom que na memória do seu canto estará sempre o da Marinês, acredito que estará em Elba Ramalho, Roberta Sá, Cremilda, Nena Queiroga, Mêvinha Queiroga e outras !


Um abraço
Diogo !
caxias.diogo@hotmail.com

17 de maio de 2007 às 00:03  
Anonymous Anônimo said...

oi tudo bem era muito ligado a rainha do xaxado marines ,,,,, vc tem o cd dela MARINES CANTA A PARIBA que ela gravou com a orquestra sinfonia da paraiba? tbm marines deixou um cd chamado MARINES , OMTEM, HOJE E SEMPRE que ela regravou musicas q os internautas escolheram dai ela gravou volume 1 e esta a venda, o volme 2 e 3 ainda na foi prensado .... emmais marines nao chegou a ouvir esse trabalho ea fez.... desde ja abraçao johann sergio negamalucacgd@bol.com.br

4 de fevereiro de 2008 às 23:56  
Anonymous Anônimo said...

Oi,Mauro!

Há um ano atrás perdemos a grande desbravadora da autêntica música nordestina: Marinês!

Nas minhas andanças pelo Brasil afora, tive o privilégio de conhece-la em Aracaju - SE, quando fazíamos shows no período de São João.

Apesar de ser bem franzina, ela irradiava muita energia.Uma forte luz que só um artista verdadeiro pode emanar.

Parabéns pelo Blog!!!

Um abraço,

Rosana Simpson.

Kwanza Produções
http://www.kwanza.com.br/site/servicos/rosanaSimpson.php

Meu Blog: http://rosanasimpson.blogspot.com/

14 de maio de 2008 às 10:26  
Anonymous Anônimo said...

Nasci no povoado São Pedro município de Grajaú-Ma., em 1951 e cresci ouvindo as músicas de Marinês. Algumas me trazem doces recordaçôes dos meus tempos de menino, como O Beija-Flor e a Procissão, música de Luiz Gonzaga, que Marinês também cantava.
Descanse em paz, Marinês!

19 de maio de 2008 às 20:12  

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