14 de agosto de 2010

'Show-sarau' reitera a força do nome de Ceumar

Resenha de Show
Título: Meu Nome É Ceumar
Artista: Ceumar (em foto de Mauro Ferreira)
Participação: Jussara Silveira (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Sala Funarte Sidney Miller (RJ)
Data: 13 de agosto de 2010
Cotação: * * * 1/2
" sentindo uma boa vibração para uma sexta-feira 13", observou Ceumar, marota, logo no começo do show que a trouxe de volta aos palcos cariocas na noite de sexta-feira, 13 de agosto de 2010. De fato, o público que superlotou a Sala Funarte Sidney Miller - havia gente sentada no chão tamanha foi a procura por ingressos - emanou boas vibrações para a cantora mineira, que apresentou ao seus fiéis fãs cariocas o show Meu Nome É Ceumar. A energia positiva valorizou o show da cantora e compositora, projetada há dez anos com a edição de Dindinha (2000), disco produzido por Zeca Baleiro. Munida apenas de seu violão, de sua voz e de sua sensível musicalidade, a artista fez belo show-sarau - a definição foi dada em cena pela própria Ceumar - que foi crescendo em intensidade e beleza. Se a primeira música do roteiro (Reinvento, parceria da artista com Estrela Ruiz Leminski) até fez supor que a apresentação seria bem convencional, a última - Oração do Anjo (Ceumar e Mathilda Kóvak), número emocionante em que Ceumar canta sem microfone, tocando uma rabeca como sutil repentista enquanto caminha por entre o público - deixou bastante claro que o público estava ali diante de uma artista personalíssima e segura.
Falante, Ceumar desfiou em cena um rosário de pérolas colhidas entre os repertórios de seus quatro discos. "São músicas pessoais - feitas para filhos, amores, problemas e incêndios", conceituou. A música feita para o filho, aliás, Planeta Coração, não chega a impressionar. Já o tema feito pela compositora para sua genitora, Mãe, cativa de imediato sentimento que brota da letra urdida com poético jogo de palavras. Entre um e outro, Ceumar mostrou sua romântica bossa abolerada (Meio Bossa), caiu no samba em Feliz e Triste (Ceumar e Kléber Albuquerque), reviveu sucesso de Zeca Baleiro (Boi de Haxixe), cantou em registro melodioso parceria de Arnaldo Antunes e Luiz Tatit (O Seu Olhar), saudou em Parque da Paz a cidade de São Paulo - onde morou por 14 anos - e recebeu Jussara Silveira para participação especialíssima que começou em Avesso (música repetida no bis, com a convidada já fazendo troça de sua insegurança com a letra lida em cena), prosseguiu bacana em Oferenda (Itamar Assumpção) e culminou no Baião de Quatro Toques (José Miguel Wisnik e Luiz Tatit). As mineiras desgarradas - como Ceumar brincou - uniram suas bonitas vozes em harmonia.
Com delicadeza charmosa, a voz de Ceumar cai bem tanto em um samba como Jabuticaba Madura quanto em tema jocoso como Rãzinha Blues (Lony Rosa), número em que brinca com a voz - cuja extensão é posta à prova quando Ceumar escala notas altas ao fim de Gira de Meninos, parceria da cantora com Sérgio Pererê que incorpora citação de Raça (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1976). Nessa parte, a cantora também apresenta delicioso samba amaxixado de Sinhô (1888 - 1930), Maldito Costume, tema de 1929 que Ceumar gravou no álbum Dindinha, cuja bela faixa-título aparece no bis ao lado de As Perigosas (Josias Sobrinho). Enfim, um show-sarau pautado por boa música e boas vibrações. No palco e na plateia. O nome de Ceumar merece mais atenção!!!!

'Frio' promove CD de estreia de Kessous na Sony

Já está nas rádios o single promocional com Frio, música que puxa o terceiro disco da cantora e compositora carioca Monique Kessous. Produzido por Rodrigo Vidal, o sucessor de Liverpool Bossa (2007) e Com Essa Cor (2008) marca a entrada de Kessous na gravadora Sony Music. O registro vocal da cantora na gravação de Frio lembra muito o de Marisa Monte - o que gerou até certa confusão em rádios especializadas em MPB, já que, ao longo da semana, a Sony Music fez mistério sobre a identidade da dona da voz ouvida no single. Marketing à parte, a canção é legal.

'Retirante' reconta pré-história de Gil em disco

No início de 1966, procurando se estabelecer como compositor em São Paulo (SP), Gilberto Gil gravou fita demo de voz e violão na editora musical Arlequim com 18 músicas, algumas compostas ainda na Bahia. O registro desse repertório seminal - que inclui músicas até hoje inéditas como o sambossa A Última Coisa Bonita (1963), Retirante (1964), o samba Me Diga, Moço (1964) e Rancho da Boa Vinda (1966) - chega pela primeira vez ao disco no álbum duplo Retirante, idealizado por Marcelo Fróes - sob a supervisão de Gilberto Gil - e editado neste mês de agosto de 2010 pelo selo Discobertas. Retirante reúne em dois CDs 31 gravações feitas por Gil entre 1962 e 1966 antes de sua explosão nacional com o LP Louvação, editado em 1967 no rastro da semente tropicalista que já começava a se espalhar pelo mundo da música naquele ano. Além da fita demo da Arlequim, a compilação reapresenta as oito gravações feitas por Gil em Salvador (BA), entre 1962 e 1963, na gravadora JS Discos. Embora tenham alto valor documental, estas oito gravações já foram disponibilizadas em CD em 2002 na coletânea Salvador, 1962 - 1963, incluída na caixa Palco e posteriormente editada de forma avulsa. Para quem desconhece tais registros, Gil debutou em disco como cantor num 78 rotações por minuto de 1962 que trazia dois temas de Everaldo Guedes. Povo Petroleiro é hilário jingle da Petrobrás, empresa da qual Guedes era funcionário. No labo B, havia a marchinha Coça, Coça, Lacerdinha. Na sequência, já em 1963, a JS Discos editou compacto duplo do cantor, Gilberto Gil, sua Música, sua Interpretação - cuja capa (vista acima) foi reaproveitada em Retirante. Compõe este naipe de músicas autorais Serenata do Teleco-Teco (tentativa curiosa de juntar o balanço do samba ao universo da seresta), a sofrida Maria Tristeza, o samba sincopado Vontade de Amar e a seresteira Meu Luar, Minhas Canções. No encarte de 16 coloridas páginas, Marcelo Fróes reconstitui os primeiros passos de Gilberto Gil na música, todos repisados nesta coletânea dupla que reconta a pré-história fonográfica do artista.

Reunião de Paco, Coryell e McLaughlin em DVD

Entre 1979 e 1980, os guitarristas Larry Coryell, John McLaughlin e Paco de Lucia formaram power trio e saíram numa turnê pela Europa. O registro ao vivo da reunião do espanhol Paco com o britânico McLaughlin e com o norte-americano Coryell rendeu um vídeo intitulado Meeting of the Spirits, bom título da Jazz Collection que a gravadora Wet Music está lançando no Brasil neste mês de agosto de 2010. O programa tem cinco temas, incluindo a faixa-título - desenvolvida pelo trio ao longo de 23 minutos - e Manhã de Carnaval (Luiz Bonfá e Antônio Maria, 1959), clássico brasileiro de fama mundial.

Tributo a Paul agrega Kiss, B.B. King e Rodgers

Já entrou em fase de produção um disco que celebra a obra de Paul McCartney no ano em que a carreira solo do ex-Beatle completa 40 anos. O tributo agrega nomes como o grupo Kiss, a lenda viva do blues B.B. King e os cantores Billy Joel e Paul Rodgers. Ainda não há maiores detalhes sobre o CD, mas sabe-se que o Kiss esteve recentemente em um estúdio, na Califórnia (EUA), para fazer a sua gravação de Venus and Mars / Rock Show, o single lançado em 1975 por McCartney com a banda The Wings. Este tema foi escolhido pelo próprio Kiss.

13 de agosto de 2010

Kanye West divulga faixa gravada com Beyoncé

O rapper Kanye West divulgou - na internet - música gravada com Beyoncé e com o cantor de soul e r & b Charlie Wilson. Produzida pelo próprio West com No I.D. e Lex Luthor, a faixa See me Now integra o quinto álbum do (polêmico) artista. Ainda sem título, o CD tem lançamento previsto para novembro de 2010. Músicas como a já divulgada Power integram (supostamente) o repertório.

George Michael vai reeditar 'Faith' em setembro

Um dos melhores e mais bem-sucedidos discos do universo pop, Faith - primeiro álbum individual de George Michael, lançado com toda a pompa em outubro de 1987 - vai ganhar uma edição de colecionador, nas lojas a partir de 27 de setembro de 2010. Com mais de 20 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo, Faith volta às lojas em edição remasterizada e em box de tiragem limitada e numerada. O disco rendeu hits como I Want your Sex, Kissing a Fool e One More Try. A reedição vai ter contéudo extra.

'Atlântico Negro', de Wado, emerge pelo Pimba

Lançado no formato de SMD no segundo semestre de 2009, o quinto álbum de Wado - um talentoso artista catarinense radicado em Alagoas - ganha edição em CD pelo selo Pimba, criado por Leonel Pereda com Ronaldo Bastos. Atlântico Negro cruza com nova capa (foto à esquerda) a fronteira mais tradicional do mercado fonográfico. Mas o (bom) conteúdo é o mesmo. Clique aqui para ler a resenha de Atlântico Negro postada em Notas Musicais.

Cecília & Rodolfo regravam hit do Kid em DVD

Dupla de Campo Grande (MS) que obteve rápida projeção nacional no mercado de sertanejo universitário, Maria Cecília & Rodolfo fazem neste fim de semana - sexta-feira e sábado, 13 e 14 de agosto de 2010 - seu terceiro registro ao vivo consecutivo (o segundo a ser editado em DVD). A gravação acontece em shows no Espaço das Américas, em São Paulo (SP), e conta com a participação especial do grupo de pagode Exaltasamba. Neste segundo DVD, a dupla rebobina hit da fase inicial do Kid Abelha, Como Eu Quero.

12 de agosto de 2010

Rainha Ivone Lara vive noite de justa soberania

"Muito obrigada, gente!!", agradeceu Ivone Lara, repetidas vezes, no nobre palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro (RJ) ao fim da cerimônia de entrega da 21ª edição do Prêmio da Música Brasileira, realizada na noite de 11 de agosto de 2010. Após cantar Sonho Meu rodeada pelos cantores que momentos antes interpretaram seus maiores sucessos sob a regência do maestro Rildo Hora, Ivone - vista no post em fotos de Mauro Ferreira - ainda improvisou Acreditar, outra pérola de sua parceria com Délcio Carvalho. Rainha do samba, a compositora carioca viveu noite de justa soberania. Após a overture instrumental, em que a Orkestra Rumpilezz do maestro Leitieres Leite tocou majestoso medley com músicas de Ivone, a própria homenageada apareceu no palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e cantou Sorriso Negro, o samba que batizou o álbum lançado por ela em 1981 e que se tornaria um de seus temas mais conhecidos. Na sequência dos números musicais, Caetano Veloso cantou Acreditar sem um brilho especial, Ana Costa defendeu Enredo do meu Samba com Nilze Carvalho no mesmo número em que Aline Calixto fez dueto com Luiza Dionizio em Mas Quem Disse que Eu te Esqueço? (em seguida, Diego Moraes se juntou ao quarteto feminino e os cinco retomaram Enredo do meu Samba), Roberta Sá apresentou Cansei de Esperar Você em tom exteriorizado, Arlindo Cruz não chegou a empolgar com Canto de Rainha e Délcio Carvalho - com Casuarina e a autoridade de parceiro fiel de Ivone - cantou medley que uniu Alvorecer, Sereia Guiomar e Candeeiro de Vovó. Último nome a se apresentar antes do final coletivo com Ivone, Lenine fez o melhor número do elenco convidado, interpretando Alguém me Avisou com outra pulsação, sob arranjo majestoso de Rildo Hora que incluiu até citações ao universo da música erudita. Mas a noite foi mesmo de Ivone Lara, que - definitivamente entronizada no posto de rainha do samba - reiterou em cena toda sua nobreza.

21º Prêmio de Música pulveriza seus 39 troféus

Não houve um grande vencedor na 21ª edição do Prêmio da Música Brasileira. Apesar das já previsíveis vitórias de Maria Bethânia na categoria MPB (Melhor Cantora e Melhor Disco, por Encanteria), nenhum dos 105 indicados reinou soberano na festa-show que lotou o Theatro Municipal do Rio de Janeiro (RJ) na noite de quarta-feira, 11 de agosto de 2010. A única soberania coube à rainha do samba, Ivone Lara, a homenageada da noite. Eis a lista dos contemplados com o 21º Prêmio da Música Brasileira:
Pop / Rock / Reggae / Hip Hop /Funk
Grupo: Paralamas do Sucesso
Disco: Rock'n'Roll (Erasmo Carlos)
Cantor: Caetano Veloso
Cantora: Zélia Duncan
Projeto Especial: Dolores Duran - Entre Amigos
Disco Eletrônico: Ultrasom, de Siri
Disco Erudito: Debussy (Nelson Freire)
Disco Infantil: Adriana Partimpim 2
Disco em Língua Estrangeira: Tributo a Ella Fitzgerald (Jane Duboc e Victor Biglione)
DVD: Luz Negra (Fernanda Takai)
Concurso Vale Cantar
Externo: Tony Daniel (Acreditar)
Interno: Cleyton Melo da Silva (Alguém me Avisou)
Instrumental
Grupo: Letieres Leite e Orkestra Rumpilezz
Disco: Luz da Aurora (Yamandú Costa e Hamilton de Hollanda)
Solista: Yamandú Costa
Canção Popular
Grupo: Trilogia
Dupla: Zezé Di Camargo & Luciano
Disco: O Coração do Homem-Bomba ao Vivo Mesmo (Zeca Baleiro)
Cantor: Cauby Peixoto
Cantora: Rita Ribeiro
Projeto Visual: Ocimar Versolato por Beijo Bandido (Ney Matogrosso)
Arranjador: Mario Adnet (AfroSambaJazz - A Música de Baden Powell)
Regional
Grupo: Orquestra Frevo Diabo
Dupla: Chitãozinho & Xororó
Disco: Alma Cabocla (Ana Salvagni)
Cantor: Targino Gondin
Cantora: Elba Ramalho
Voto Popular
Cantor: Juraildes da Cruz
Cantora: Daniela Mercury
Revelação: Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz
Canção: Feita na Bahia (Roque Ferreira)
Samba
Grupo: Casuarina
Disco: Tantinho canta Padeirinho da Mangueira
Cantor: Tantinho
Cantora: Alcione
MPB
Grupo: 4Cabeça
Disco: Encanteria (Maria Bethânia)
Cantor: Ney Matogrosso
Cantora: Maria Bethânia

Carl Barât lança primeiro disco solo em outubro

Paralelamente à retomada da banda The Libertines, criada por ele em 1997, Carl Barât - visto no post em foto de Roger Sargent - agendou para 4 de outubro de 2010 o lançamento de seu primeiro álbum solo e anunciou a edição de um livro de memórias, Three Penny Memoir. Promovido pelo single Run with the Boys, o álbum Carl Barât contabiliza dez faixas. Eis as músicas do álbum:
* The Magus
* Je Regrette, Je Regrette
* She's Something
* Carve my Name
* Run with the Boys
* The Fall
* So Long, my Lover
* What Have I Done
* Shadows Fall
* Ode to a Girl

Limp Bizkit libera segunda faixa de 'Gold Cobra'

O grupo Limp Bizkit liberou esta semana para audição uma segunda música - Walking Away - de seu álbum Gold Cobra, o sucessor de The Unquestionable Truth (Part 1), editado em 2005. O álbum - cujo título Gold Cobra foi anunciado pelo líder Fred Durst via Twitter em dezembro de 2009 - marca o regresso de Wes Borland ao posto de guitarrista, retomando a formação original da banda. Antes de Walking Away, o quinteto tinha divulgado Why Try. Gold Cobra vai ser lançado ainda em 2010.

11 de agosto de 2010

Belle & Sebastian revela capa e título de álbum

Write about Love é o título do oitavo álbum de estúdio de Belle & Sebastian. O grupo escocês revelou o nome e a capa - foto acima - do sucessor de The Life Pursuit (2006) nesta quarta-feira, 11 de agosto de 2010. Gravado no começo do ano em Los Angeles (EUA), Write about Love deverá chegar às lojas ainda em 2010.

Roque não reza pela cartilha de Roberta e Trio

Raro caso de artista que recusa o discurso politicamente correto ao dar entrevista, Roque Ferreira fez ressalvas ao primoroso CD Quando o Canto É Reza, lançado por Roberta Sá e pelo Trio Madeira Brasil neste mês de agosto de 2010. A julgar por recente depoimento dado pelo compositor baiano à repórter Roberta Pennafort, do jornal O Estado de S. Paulo, Roque não reza pela cartilha de Roberta e do trio. Na visão do compositor, o disco "perdeu em baianidade". Eis o que pensa o autor do (belo) samba de roda Chita Fina de acordo com a reportagem do jornal paulista:

"O disco está bem feito. Eu achei legal. Ela (Roberta Sá) canta bonito, é muito afinada. A Roberta e o Trio Madeira Brasil fizeram a leitura deles sobre o meu trabalho. Mas, se fosse eu a gravar, seria diferente. O disco é light, e o samba-de-roda não é light. É um samba que tem grande quantidade de percussão, o que no disco da Roberta não tem. Isso não tira o mérito. Eu fico muito grato pela homenagem. O trio é maravilhoso".

"O disco perdeu em baianidade, ficou mais MPB. Eu sou comprometido com a realidade musical do Recôncavo. As melodias são bonitas, as harmonias são simples. Eles sofisticaram as harmonias. É bonito, mas, se eu mostrar pro pessoal do Recôncavo, eles não vão acreditar".

Embora educado, Roque Ferreira não deixou de expressar certa decepção com o disco no bom depoimento dado à jornalista de O Estado de S. Paulo. É compreensível. Roberta Sá e o Trio Madeira Brasil tiraram o compositor do altar afro-baiano em que está entronizada a maior parte de sua obra. Nisso reside o mérito do irretocável disco. Se seguisse com fidelidade a cartilha de Roque, como faz com muita propriedade a cantora baiana Mariene de Castro, Quando o Canto É Reza talvez não soasse tão ousado, tão sofisticado e tão especial. Talvez não fosse, em suma, o grande disco que é pelo fato de apresentar outra refinada visão para uma obra já tão enraizada nas tradições rítmicas do Recôncavo Baiano.

'Cool Summer' exibe Gordon e Tyner em cena

Título da Jazz Collection editada no Brasil neste mês de agosto de 2010 pela gravadora Wet Music, Cool Summer é DVD que exibe números de shows feitos pelo saxofonista Dexter Gordon (1923 - 1990) - um dos pioneiros do Be Bop - e pelo pianista McCoy Tyner no Harvest Jazz Festival, realizado no Paul Masson Vineyards, na Califórnia (EUA). O show foi gravado nos anos 80. Gordon toca temas como Cheesecake e Skylark. Já Tyner exercita sua Arte em Habana Sol e Walk Spirit Talk Spirit, sendo que The Seeker conta com a adesão do vibrafone de Bobby Hutycherson. Nos extras, o DVD exibe entrevistas e discografias.

Kenny G sopra mel até em CD de r & b clássico

Resenha de CD
Título: Heart and Soul
Artista: Kenny G
Gravadora: Concord
Records / Universal Music
Cotação: * * 1/2

Em tese, Heart and Soul - o 13º álbum de estúdio de Kenny G (descontados os seus projetos natalinos) - é um CD influenciado pelas levadas mais clássicas do r & b, gênero ouvido pelo saxofonista já na adolescência vivida em sua cidade natal, Seattle (EUA). De fato, há algo de r & b em temas como Déjà Vu e Fall Again (no qual o cantor e compositor de r & b Robin Thicke figura como co-autor e solista convidado). Em qualquer gênero, no entanto, Kenny G sopra seu sax com alto teor de glicose. O que justifica temas melosos como Letters from Home e a faixa-título, Heart and Soul. Ambos compostos (assim como a grande maioria das 12 músicas do álbum) por Kenny G com o paulistano Walter Afanasieff, o parceiro fiel e produtor de Heart and Soul. Como diferencial, o disco traz música - No Place Like Home - composta e cantada por Kenny Edmonds, o Babyface. Mas o fato é que seja mergulhado no r & b ou no jazz latino (como em seu último álbum, Rhythm and Romance, editado em 2008), Kenny G sopra seu saxofone na direção dos mesmos ventos que o tornaram um dos instrumentistas mais bem-sucedidos comercialmente no mercado fonográfico norte-americano. Heart and Soul nunca sai do tom.

Elenco de 'Glee' não dá tom próprio a Madonna

Resenha de CD
Título: Glee - The Music,
the Power of Madonna
Artista: Elenco de Glee
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * 1/2

Pode ser que, para os fiéis telespectadores de Glee, faça algum sentido o CD em que o elenco dessa badalada série norte-americana canta sucessos de Madonna. Mas o disco - já o terceiro extraído da primeira temporada de Glee - não justifica todo o ti-ti-ti em torno dele. Os atores - Matthew Morrison, Lea Michele, Jane Lynch, Chris Colfer, Amber Riley e Cory Monteith, entre outros- são todos afinados e a combinação de vozes soa especialmente em vibrante em Like a Prayer e Like a Virgin. Mas o fato é que, desta vez, o coral não dá um toque pessoal a músicas como Express Yourself, Vogue, Borderline e Open your Heart (as duas últimas unidas em medley). Os arranjos são clonados dos registros originais. E, fora do contexto dramatúrgico da série, os sete covers do CD Glee - The Music, the Power of Madonna resultam banais e sequer esboçam o real poder da material girl.

Nando grava 'Bailão' com Gadú, Zezé e Calypso

Nando Reis e os Infernais recebem Maria Gadú, a banda Calypso e a dupla sertaneja Zezé Di Camargo & Luciano no registro ao vivo do Bailão do Ruivão. A gravação começa nesta quarta-feira, 11 de agosto de 2010, e vai ser concluída no dia seguinte. A captação dos dois shows feitos por Nando com os Infernais no Carioca Club, em São Paulo (SP), vai originar CD e DVD da série MTV ao Vivo.

Machete evolui em cena com 'folia no matagal'

Resenha de Show
Título: Extravaganza
Artista: Silvia Machete (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Espaço Tom Jobim (RJ)
Data: 10 de agosto de 2010
Cotação: * * * *

Em fina sintonia com o segundo CD de estúdio de Silvia Machete, Extravaganza, o show homônimo da artista carioca põe em primeiro plano a voz e a musicalidade da cantora. Há um ou outro número circense na folia no matagal - o cenário remete a uma floresta - feita por Machete em cena. Só que as piruetas não dão o tom do show Extravaganza, que chegou ao Rio de Janeiro (RJ) na noite de 10 de agosto de 2010, em bela apresentação única no Espaço Tom Jobim. Machete tem humor inteligente e recorre a ele em suas espirituosas tiradas. Mas o foco está quase o tempo todo na música. Como deve ser, pois o fato é que Machete mostra real evolução do ponto de vista cênico e musical em Extravaganza, show que - como o disco que lhe dá nome e o inspirou - abre com excelente e até então esquecida música de Itamar Assumpção (1949 - 2003), Noite Torta. Na sequência, a cantora reedita seu melhor número - Sucesso, Aqui Vou Eu (Build Up) - num tributo a Rita Lee apresentado entre outubro e novembro de 2009. Menos extravagante, Machete exibe em cena sua latinidade tropical(ista) em músicas como Meu Carnaval (parceria da artista com Márcio Pombo) e Sábado e Domingo, delícia de Domenico Lancellotti e Alberto Continentino. Entre uma e outra, o melodioso registro de Feminino Frágil - música de Erasmo Carlos, letrada por Machete - confirmou que o Tremendão atravessa uma fase inspirada como compositor. Se Guzzy Muzzy (Jorge Mautner, 1974) reitera a fina sintonia entre o canto de Machete e o repertório de Mautner, de quem a cantora degusta também o Manjar de Reis (Jorge Mautner e Nelson Jacobina, 2002), A Cigarra - versão de Machete para Como La Cigarra, tema de María Elena Walsh propagado na voz resistente da saudosa Mercedes Sosa (1935 - 2009) - expõe o faro da artista para garimpar repertório em searas nada óbvias. De alto teor erótico, O Baixo (Silvia Machete) é bom número que exige as habilidades circenses da cantora, que se contorce em contato com um baixo acústico. Machete tem vocação para a cena. No show, ela improvisa diálogos em castalhano e em francês - de forma divertida - e simula estar tocando violão na introdução de Curare (Bororó), número herdado de seu performático show anterior. Se Fim de Festa (Fabiano Krieger) insinua um antíclimax, o calypso Underneath the Mango Tree - popularizado em 1962 na trilha sonora do filme 007 contra o Satânico Dr. No - reinstaura o clima de folia tropical(ista). E, do mato e da cartola dessa maga Machete, ainda saem coelhos como Meu Gato Morreu (Rubinho Jacobina) e Coração Valente (parceria da artista com Hyldon). Extravaganza, o show, pode até ter um ou outro número menos sedutor - caso de Eu Só Quero Saber de Você (Silvia Machete e Cavassa Nickens) - mas lembra o tempo todo que, atrás do circo, existe boa e antenada cantora em ascensão na cena pop brasileira.

10 de agosto de 2010

EMI importa 'Mission Edition' do Iron Maiden

Nas lojas a partir de 16 de agosto de 2010, o 15º álbum de estúdio do Iron Maiden, The Final Frontier, vai ser lançado em formato convencional e em edição especial - intitulada Mission Edition - que vai ser importada para o Brasil pela gravadora EMI Music. À venda no Brasil somente em fins de agosto, a Mission Edition traz conteúdo adicional, incluindo entrevistas, galeria de fotos, wallpaper e o clipe da música Satellite 15.....The Final Frontier, além de acesso ao game online The Final Frontier. É mimo para fã!

Good Charlotte estreia na EMI com 'Cardiology'

Cardiology é o título do quinto álbum de estúdio do grupo norte-americano Good Charlotte. Precedido pelo single Like It's Her Birthday, que já pode ser ouvido no YouTube, o disco tem lançamento agendado para 2 de novembro de 2010. Cardiology marca a estreia da banda na Capitol, gravadora vinculada à EMI Music. Trata-se do sucessor de Good Morning Revival (2007).

Chico Buarque figura no segundo disco de Gulin

Chico Buarque é um dos vários ilustres nomes da ficha técnica do segundo disco da cantora Thaís Gulin. Com lançamento agendado para setembro, o CD traz no repertório inédita de Adriana Calcanhotto - além, claro, de Paixão Passione, um belo tema de Ivan Lins e Vítor Martins, já em rotação na trilha sonora da novela Passione. Gulin editou o primeiro CD em 2006.

Ana Carolina começa parceria com Edu Krieger

Em seu projeto Ensaio de Cores, Ana Carolina inaugura parceria com o compositor carioca Edu Krieger. Já cantada em shows por Ana, Pra Tomar Três é o nome da primeira parceria dos artistas.

9 de agosto de 2010

Ator de 'Lost' estampa capa de disco do Weezer

Nas lojas em 13 de setembro de 2010, puxado pelo single Memories, o oitavo álbum do grupo Weezer, Hurley, vai estampar na capa foto do ator Jorge Garcia, o intérprete do personagem Hurley no finado seriado Lost. A suposta capa do disco (à direita) foi exposta nesta segunda-feira - 9 de agosto - no site da revista Spinner. O líder do Weezer, Rivers Cuomo, disse a Spinner que a foto do ator de Lost tem "energia maravilhosa" e que, diante da dificuldade de encontrar um título para o disco, o grupo optou por chamá-lo de Hurley, já que a escolha da foto de Jorge Garcia levaria o público a identificar o CD como o "álbum do Hurley". Mas o álbum não traz - esclareceu Cuomo - música inspirada em Lost.

Com sua bossa negra, Elza se garante até no jazz

Resenha de Show
Evento: Festival I Love Jazz
Título: My Soul Is Black
Artista: Elza Soares (em fotos de Mauro Ferreira)
Participação especial: Nivaldo Ornelas
Local: Teatro Oi Casa Grande (RJ)
Data: 8 de agosto de 2010
Cotação: * * * 1/2
Quarenta e oito anos depois de Elza Soares ter deslumbrado Louis Armstrong (1901 - 1971) com sua bossa negra, a cantora voltou a celebrar no palco o encontro com o trompetista norte-americano, que conheceu Elza em show feito pela artista no Chile, durante a Copa do Mundo de 1962. A recordação desse encontro deu o start na quarta e última apresentação da intérprete do festival I Love Jazz, que chegou ao fim na noite de 8 de agosto de 2010, no palco do Teatro Oi Casa Grande (RJ), após passar por Belo Horizonte (MG), Brasília (DF) e São Paulo (SP). Embora a programação do festival dirigido por Marcelo Costa tenha incluído atrações internacionais que evocavam o jazz tradicional de New Orleans (EUA), a atração principal foi Elza, que deu com o show My Soul Is Black uma (bela) prévia do seu primeiro disco de jazz - em lento processo de gravação desde 2009. A pronúncia do inglês de Elza pode não ser das mais aceitáveis e a voz pode já não ter toda a potência dos anos 60, mas a tal bossa negra - que batizou álbum antológico de 1960 em que Elza já cantava samba com influência do jazz - ainda está lá e fez com que a mulata ainda assanhada se garantisse entre músicos feras como o guitarrista argentino Victor Biglione (autor dos arranjos) e o saxofonista Nivaldo Ornellas, convidado do show (dos mais cuidados de Elza, nos últimos anos).
Um belo solo do trompete de Altair Martins ambientou a cena e preparou o público para a aparição de Elza. Que abriu seu show com What a Wonderful World (Bob Thiele e George David Weiss, 1968) em homenagem a Louis Armstrong, relatando - com sua habitual verve - o encontro que teve com o trompetista em 1962. Em seu espirituoso discurso, Elza traçou paralelo entre o jazz e o samba antes de cantar (I Love You) For Sentimental Reasons (William Best e Deek Watson, 1945), segundo número de roteiro que alinhou standards do cancioneiro norte-americanos com clássicos brasileiros, a maioria da lavra soberana de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994). Hábil nos scats e modulações vocais, Elza se mostrou à vontade no exercício do jazz, cantado por ela à sua moda. Estava ali no palco do Teatro Oi Casa Grande uma cantora em fina sintonia com o quinteto com quem dividia a cena. Músicas como Cry me a River (Arthur Hamilton, 1953) - com pulsação vibrante em sua parte final - e Retrato em Branco e Preto (Tom Jobim e Chico Buarque, 1968) ganharam interpretações (razoavelmente) sofisticadas, embora o grande momento da noite tenha sido Summertime (George Gershwin, 1935), revivida por Elza em registro gutural que remeteu à histórica interpretação de Janis Joplin (1943 - 1970). Ao fim, o roteiro voltou a recorrer ao cancioneiro atemporal de Jobim em suingante medley que juntou Garota de Ipanema (Tom Jobim e Vinicius de Moraes, 1962) - com a letra alterada por Elza com citações a si mesma - e Só Danço Samba (Tom Jobim e Vinicius de Moraes, 1963). Na sequência, a cantora arrematou o show com afago no ego dos cariocas: Valsa de uma Cidade (Ismael Neto e Antonio Maria, 1954), entoada a capella e sem microfone. Sempre assanhada, a mulata ainda é a tal na valsa, no samba e mesmo no jazz por conta de sua bossa negra.

Lages promete 'emoções sertanejas' sem cortes

Maestro de Roberto Carlos desde 1978, Eduardo Lages revelou recentemente em seu blog que já terminou a pós-produção do DVD Emoções Sertanejas. Nas lojas em setembro de 2010, via Sony Music, o DVD vai trazer o registro integral do show gravado ao vivo em 17 de março de 2010 no Ginásio Ibirapuera (SP). Aliás, Lages promete que as emoções vão poder ser apreciadas no DVD pelos súditos do Rei "sem cortes impostos por horários rígidos de TV". O vídeo apresenta a abertura do show. Nos extras, o DVD vai exibir depoimentos do elenco sertanejo convocado pelo anfitrião.

EMI vai distribuir o disco de inéditas de Bebeto

Bebeto acertou com a gravadora EMI Music a distribuição do disco de inéditas que gravou no Rio de Janeiro (RJ), no primeiro semestre de 2010, sob a batuta do produtor Clemente Magalhães (à direita na foto). Trata-se do primeiro CD de inéditas do cantor carioca em 15 anos. O repertório inclui temas como  Herdeiros da Raça, a música romântica  Valorizando a Vida e o samba-rock Charme. O guitarrista Davi Moraes toca em três músicas do álbum.

8 de agosto de 2010

Tom Zé faz Circo sem recorrer a 'churrascaria'

Resenha de Show
Título: O Pirulito da Ciência
Artista: Tom Zé (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Circo Voador (RJ)
Data: 8 de agosto de 2010
Cotação: * * * 1/2
"... Se vocês querem assim, eu faço churrascaria a noite toda...", ameaçou Tom Zé, irritado com a plateia que não fazia silêncio suficiente para acompanhar o raciocínio político com que o compositor conceituava o roteiro de O Pirulito da Ciência, o show que chegou ao Rio de Janeiro (RJ) já na madrugada deste domingo, 8 de agosto de 2010. Zé estava em seu habitat carioca, o Circo Voador. Diante do impasse, o artista começou a cantar 2001 - sua parceria sertaneja com Rita Lee - e deu a entender que, dali em diante, apenas iria enfileirar sucessos como mero cantor de churrascaria. Mas parte da plateia insistiu para que voltasse atrás e o compositor retomou o roteiro a partir de Ui (Você Inventa), a música-alvo da efêmera discórdia entre público e artista. Com a loucura sã dos verdadeiros artistas, Tom Zé armou seu circo e se confirmou eterno tropicalista sob a lona carioca. Do primeiro (Nave Maria) ao último número (Xique-Xique, o tema forrozeiro composto por Tom com Zé Miguel Wisnick), o show transcorreu agitado, teatral, em eterna ebulição. O pretexto era promover o lançamento do CD e DVD O Pirulito da Ciência - gravados ao vivo em agosto de 2009, em São Paulo (SP) - sob a direção do ex-titã Charles Gavin - e o compositor, sem fazer gênero, cantou até o Jingle do Disco enquanto exibia as capas de seus CDs e DVDs mais recentes. Mas Tom Zé não é artista que bate ponto em cena para cumprir contrato. Daí que, embora O Pirulito da Ciência seja seu primeiro projeto de caráter retrospectivo, nem dá para dizer que o roteiro do show seja mero best of dos 40 anos de carreira fonográfica do artista (o repertório abrange período que vai de 1968 a 2008). Claro que aparecem no roteiro sucessos como 2001 (tema retomado mais tarde em número em que Zé simulou estar se masturbando) e o samba Augusta, Angélica e Consolação (momento em que o cantor vira o microfone para a plateia para evidenciar o coro do público) - ambos alocados na parte do roteiro que o compositor caracteriza como a "fase da alegria". Só que, para o compositor, mais importante do que enfileirar hits colecionados à margem do mercado é conseguir dar o seu recado. Expor ideologia que, de tão delirante, acaba revelando insana lucidez. É para isso que, com incrível vitalidade, o artista de 73 anos apresenta músicas como Menina Amanhã de Amanhã (em que rege o coro da plateia), Menina Jesus e Todos os Olhos. Com o circo armado, o artista desarma o público enquanto monta no microfone como se estivesse cavalgando (em Defeito 3: Politicar) e quando se mistura com a plateia na forrozeira Xique-Xique. É que Tom Zé - eterno tropicalista!! - se recusa a fazer churrascaria.

Brincadeira musical do Pato funciona no palco

Resenha de Show
Título: Música de Brinquedo
Artista: Pato Fu (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Teatro Nelson Rodrigues - Caixa Cultural (RJ)
Data: 7 de agosto de 2010
Cotação: * * * * 1/2
Em cartaz até 8 de agosto de 2010, às 19h30m

Por ter sido urdido de modo artesanal, o som lúdico de Música de Brinquedo - o recém-lançado disco em que o grupo Pato Fu toca sucessos alheios com instrumentos infantis - poderia ser reproduzido no palco com menos charme. Mas o fato é que o show resulta tão sedutor quanto o CD. Ao recrutar o conceituado grupo Giramundo para manipular bonecos em cena, cantando às partes das músicas que no disco cabem às crianças, o quinteto mineiro conseguiu preservar em cena a aura espirituosa de seu primeiro projeto de intérprete. Havia o risco de a brincadeira musical do Pato não funcionar no palco - tanto que a própria Fernanda Takai definiu em cena a primeira apresentação da turnê como um "show de riscos não calculados" - mas funcionou e, de modo geral, tudo correu bem na estreia nacional do show Música de Brinquedo, cujo pontapé inicial foi dado na noite de 7 de agosto de 2010, no Teatro Nelson Rodrigues, da Caixa Cultural do Rio de Janeiro (RJ).

A primeira impressão nem foi das melhores nos segundos iniciais do show. Talvez pelo nervosismo natural de uma estreia nacional, Fernanda Takai (voz), John Ulhoa (guitarra e programações), Ricardo Koctus (baixo), Xande Tamietti (bateria) e Lulu Camargo (teclados) introduziram Primavera sem a vibração inicial do arranjo original - captada no disco. Mas logo tudo entrou no tom intencionalmente infantilizado do álbum e o show transcorreu gracioso. Os bonecos manipulados por dois integrantes do grupo Giramundo seduziram a plateia logo de imediato. Já no segundo número, Sonífera Ilha, ficou claro que muito do charme do show vinha da feliz ideia de convocar o grupo Giramundo - ainda que, musicalmente, o Pato Fu brinque em cena com rara habilidade. Eu - primeiro tema da obra do grupo a aparecer no roteiro - mostrou de cara que a banda soube brincar com o próprio repertório. Com arsenal que incluía até chaveiro, o Pato deu peso a Eu, evocando a sonoridade de seu CD mais hard (Ruído Rosa, 2001). Destaque do CD Música do Brinquedo, Frevo Mulher também se impõe como um dos belos momentos do show. Um dos monstros assume a zabumba enquanto o outro aparece em cena com cabelereira azul que constrasta com a "cabeleira vermelha" citada na letra da música de Zé Ramalho, o que gerou intervenções espirituosas dos bonecos. Que viram cabeludos hippies na hora em que o Pato faz a pregação humanista de Todos Estão Surdos, hit de Roberto Carlos.

Com John Ulhoa no cavaquinho mirim ("É iniciação ao pagode", gracejou o músico), Ovelha Negra soa no palco como no disco enquanto My Girl cresce e aparece em cena. Já Simplicidade - um tema pouco conhecido do Pato Fu, lançado em 2005 no álbum Toda Cura para Todo Mal - se revela o grande achado autoral da banda. Com seu toque ruralista, a singela canção se ajusta perfeitamente ao espírito de Música de Brinquedo e fica sendo um dos melhores momentos do show ao lado de Live and Let Die (com piscar de luzes que realça o clima roqueiro e grandioso do tema composto por Paul McCartney para filme da série de James Bond). Já Perdendo Dentes - música acompanhada em coro pelo público - é número em que o Pato Fu soa mais adulto do que infantil, apesar do uso dos instrumentos de brinquedo. O mesmo pode ser dito de Sobre o Tempo, número que Fernanda Takai recorre a som tirado de um bicho de pelúcia. No bis, Love me Tender acarinha o espectador com seu timbres de caixinhas de música e Bohemian Rhapsody fecha o show em tom brincalhão, por conta das tentativas frustradas do boneco de cantar a ópera-rock do Queen. Enfim, a brincadeira musical do Pato Fu chega ao palco com fôlego para divertir crianças e adultos. O show é fofo!!!!

Pato brinca em cena com 'ópera-rock' do Queen

Clássico instântaneo do quarto álbum do grupo inglês Queen (A Night at the Ópera, 1975), Bohemian Rhapsody foi a surpresa do roteiro do novo show do Pato Fu, Música de Brinquedo, cuja turnê nacional estreou na noite de 7 de agosto de 2010 no Teatro Nelson Rodrigues, na Caixa Cultural do Rio de Janeiro (RJ). A ópera-rock do Queen encerrou o bis do gracioso show em que, além dos 12 covers intencionalmente infantilizados do recém-lançado CD Música de Brinquedo, o grupo mineiro - visto em fotos de Mauro Ferreira - toca temas do seu próprio repertório, como Eu (2001), Simplicidade (2005), Sobre o Tempo (1995) e Perdendo Dentes (2000). Eis o roteiro seguido pelo Pato Fu na estreia nacional da turnê do show Música de Brinquedo com os respectivos intérpretes e anos dos registros originais das músicas:
1. Primavera - Tim Maia, 1970
2. Sonífera Ilha - Titãs, 1984
3. Rock'n'Roll Lullaby - BJ Thomas, 1972
4. Eu - Pato Fu, 2001
5. Frevo Mulher - Amelinha, 1979
6. Ovelha Negra - Rita Lee, 1975
7. Todos Estão Surdos - Roberto Carlos, 1971
8. Simplicidade - Pato Fu, 2005
9. Live and Let Die - Paul McCartney, 1973
10. Pelo Interfone - Ritchie, 1983
11. Twiggy Twiggy - Pizzicato Five, 1991
12. Perdendo Dentes - Pato Fu, 2000
13. My Girl - The Temptations, 1964
14. Ska - Paralamas do Sucesso, 1984
15. Sobre o Tempo - Pato Fu, 1995
Bis:
16. Love me Tender - Elvis Presley, 1956
17. Made in Japan - Pato Fu, 2000
18. Bohemian Rhapsody - Queen, 1975

Bonecos do Giramundo valorizam show do Pato

Grupo de teatro de bonecos criado em 1970 em Lagoa Santa (MG) e radicado desde 1976 em Belo Horizonte (MG), terra natal do Pato Fu, Giramundo foi recrutado pelo grupo mineiro para animar o show Música de Brinquedo, cuja turnê nacional estreou na noite de 7 de agosto de 2010, no Teatro Nelson Rodrigues, da Caixa Cultural do Rio de Janeiro (RJ). No show, os bonecos manipulados por dois integrantes do grupo cantam as partes das músicas que, no recém-lançado álbum Música de Brinquedo, cabem às crianças Nina Takai (filha de Fernanda Takai com John Ulhoa) e Matheus D'Alessandro. As intervenções graciosas dos bonecos do conceituado Giramundo - vistos no post em fotos de Mauro Ferreira - dão charme todo especial ao show e preservam em cena a aura lúdica do disco. Até porque os monstros são fofos!!