14 de agosto de 2010

'Show-sarau' reitera a força do nome de Ceumar

Resenha de Show
Título: Meu Nome É Ceumar
Artista: Ceumar (em foto de Mauro Ferreira)
Participação: Jussara Silveira (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Sala Funarte Sidney Miller (RJ)
Data: 13 de agosto de 2010
Cotação: * * * 1/2
" sentindo uma boa vibração para uma sexta-feira 13", observou Ceumar, marota, logo no começo do show que a trouxe de volta aos palcos cariocas na noite de sexta-feira, 13 de agosto de 2010. De fato, o público que superlotou a Sala Funarte Sidney Miller - havia gente sentada no chão tamanha foi a procura por ingressos - emanou boas vibrações para a cantora mineira, que apresentou ao seus fiéis fãs cariocas o show Meu Nome É Ceumar. A energia positiva valorizou o show da cantora e compositora, projetada há dez anos com a edição de Dindinha (2000), disco produzido por Zeca Baleiro. Munida apenas de seu violão, de sua voz e de sua sensível musicalidade, a artista fez belo show-sarau - a definição foi dada em cena pela própria Ceumar - que foi crescendo em intensidade e beleza. Se a primeira música do roteiro (Reinvento, parceria da artista com Estrela Ruiz Leminski) até fez supor que a apresentação seria bem convencional, a última - Oração do Anjo (Ceumar e Mathilda Kóvak), número emocionante em que Ceumar canta sem microfone, tocando uma rabeca como sutil repentista enquanto caminha por entre o público - deixou bastante claro que o público estava ali diante de uma artista personalíssima e segura.
Falante, Ceumar desfiou em cena um rosário de pérolas colhidas entre os repertórios de seus quatro discos. "São músicas pessoais - feitas para filhos, amores, problemas e incêndios", conceituou. A música feita para o filho, aliás, Planeta Coração, não chega a impressionar. Já o tema feito pela compositora para sua genitora, Mãe, cativa de imediato sentimento que brota da letra urdida com poético jogo de palavras. Entre um e outro, Ceumar mostrou sua romântica bossa abolerada (Meio Bossa), caiu no samba em Feliz e Triste (Ceumar e Kléber Albuquerque), reviveu sucesso de Zeca Baleiro (Boi de Haxixe), cantou em registro melodioso parceria de Arnaldo Antunes e Luiz Tatit (O Seu Olhar), saudou em Parque da Paz a cidade de São Paulo - onde morou por 14 anos - e recebeu Jussara Silveira para participação especialíssima que começou em Avesso (música repetida no bis, com a convidada já fazendo troça de sua insegurança com a letra lida em cena), prosseguiu bacana em Oferenda (Itamar Assumpção) e culminou no Baião de Quatro Toques (José Miguel Wisnik e Luiz Tatit). As mineiras desgarradas - como Ceumar brincou - uniram suas bonitas vozes em harmonia.
Com delicadeza charmosa, a voz de Ceumar cai bem tanto em um samba como Jabuticaba Madura quanto em tema jocoso como Rãzinha Blues (Lony Rosa), número em que brinca com a voz - cuja extensão é posta à prova quando Ceumar escala notas altas ao fim de Gira de Meninos, parceria da cantora com Sérgio Pererê que incorpora citação de Raça (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1976). Nessa parte, a cantora também apresenta delicioso samba amaxixado de Sinhô (1888 - 1930), Maldito Costume, tema de 1929 que Ceumar gravou no álbum Dindinha, cuja bela faixa-título aparece no bis ao lado de As Perigosas (Josias Sobrinho). Enfim, um show-sarau pautado por boa música e boas vibrações. No palco e na plateia. O nome de Ceumar merece mais atenção!!!!

7 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

"Tô sentindo uma boa vibração para uma sexta-feira 13", observou Ceumar, marota, logo no começo do show que a trouxe de volta aos palcos cariocas na noite de sexta-feira, 13 de agosto de 2010. De fato, o público que superlotou a Sala Funarte Sidney Miller - havia gente sentada no chão tamanha foi a procura por ingressos - emanou boas vibrações para a cantora mineira, que apresentou ao seus fiéis fãs cariocas o show Meu Nome É Ceumar. A energia positiva valorizou o show da cantora e compositora, projetada há dez anos com a edição de Dindinha (2000), disco produzido por Zeca Baleiro. Munida apenas de seu violão, de sua voz e de sua sensível musicalidade, a artista fez belo show-sarau - a definição foi dada em cena pela própria Ceumar - que foi crescendo em intensidade e beleza. Se a primeira música do roteiro (Reinvento, parceria da artista com Estrela Ruiz Leminski) até fez supor que a apresentação seria bem convencional, a última - Oração do Anjo (Ceumar e Mathilda Kóvak), número emocionante em que Ceumar canta sem microfone, tocando uma rabeca como sutil repentista enquanto caminha por entre o público - deixou bastante claro que o público estava ali diante de uma artista personalíssima e segura.
Falante, Ceumar desfiou em cena um rosário de pérolas colhidas entre os repertórios de seus quatro discos. "São músicas pessoais - feitas para filhos, amores, problemas e incêndios", conceituou. A música feita para o filho, aliás, Planeta Coração, não chega a impressionar. Já o tema feito pela compositora para sua genitora, Mãe, cativa de imediato sentimento que brota da letra urdida com poético jogo de palavras. Entre um e outro, Ceumar mostrou sua romântica bossa abolerada (Meio Bossa), caiu no samba em Feliz e Triste (Ceumar e Kléber Albuquerque), reviveu sucesso de Zeca Baleiro (Boi de Haxixe), cantou em registro melodioso parceria de Arnaldo Antunes e Luiz Tatit (O Seu Olhar), saudou em Parque da Paz a cidade de São Paulo - onde morou por 14 anos - e recebeu Jussara Silveira para participação especialíssima que começou em Avesso (música repetida no bis, com a convidada já fazendo troça de sua insegurança com a letra lida em cena), prosseguiu bacana em Oferenda (Itamar Assumpção) e culminou no Baião de Quatro Toques (José Miguel Wisnik e Luiz Tatit). As mineiras desgarradas - como Ceumar brincou - uniram suas bonitas vozes em harmonia.

Com delicadeza charmosa, a voz de Ceumar cai bem tanto em um samba como Jabuticaba Madura quanto em tema jocoso como Rãzinha Blues (Lony Rosa), número em que brinca com a voz - cuja extensão é posta à prova quando Ceumar escala notas altas ao fim de Gira de Meninos, parceria da cantora com Sérgio Pererê que incorpora citação de Raça (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1976). Nessa parte, a cantora também apresenta delicioso samba amaxixado de Sinhô (1888 - 1930), Maldito Costume, tema de 1929 que Ceumar gravou no álbum Dindinha, cuja bela faixa-título aparece no bis ao lado de As Perigosas (Josias Sobrinho). Enfim, um show-sarau pautado por boa música e boas vibrações. No palco e na plateia. O nome de Ceumar merece mais atenção!!!!

14 de agosto de 2010 às 17:25  
Anonymous Anônimo said...

Vi este show em Recife dia 07.08, no Teatro Capiba.Ceumar afinadissima, e um público que sabia as letras de todas as canções cantadas ali lindamente.Fazia tempo que esperava uma oportunidade de prestigiar essa cantora maravilhosa.Foi mágico e deixou saudades.

Wilma Araújo

14 de agosto de 2010 às 18:20  
Anonymous Bertrand said...

Ceumar é fantástica e realmente merece mais atenção.

15 de agosto de 2010 às 00:10  
Anonymous Anônimo said...

O Brasil se dá ao (des)luxo de ignorar determinados artistas como Ceumar. Sorte q ainda tem bons jornalistas, dispostos a levantar a bunda da cadeira numa sexta-feira de trânsito no rio, e praticar seu ofício com brilho. Boa, Mauro!

15 de agosto de 2010 às 10:08  
Anonymous Anônimo said...

Ceumar é uma cantora maravilhosa, e se não fosse o Brasil um país cínico que só desponta para o sucesso quem cai nas graças de algum diretor global, Ceumar seria considerada uma das 10 melhores cantoras do Brasil, como são suas pares Jussara, Ná, MÔnica Salmaso, Rita Ribeiro, e outras.

Não, Mauro, o Brasil, infelizmente, não vai dar atenção para Ceumar. O bom é que isso só reforça a coragem e o amor que determinados artistas têm pela música e não pelo sucesso e o dinheiro.

16 de agosto de 2010 às 09:25  
Anonymous Denilson Santos said...

Eu estava lá e pude testemunhar um dos melhores shows a que já assisti nos últimos tempos. Isso sem qualquer auxílio de cenários, banda ou bailarinos, como umas e outras por aí... rsrs

Ceumar é dez!!! Extensão de voz privilegiadíssima. Presença de palco fantástica. Musicalidade extraordinária. No final do show, todos na platéia saíram com expressão de êxtase.

Não concordo com as três estrelas e meia dadas pelo Mauro. Na minha avaliação, dou 5 estrelas.

Fico na torcida para que ela volte em breve.

A Sala Funarte do Rio de Janeiro está com uma programação variada e belíssima, a preços populares. Excelente dica para quem gosta de boa música.

abração,
Denilson

16 de agosto de 2010 às 13:28  
Anonymous Anônimo said...

Já vi Ceumar em outras oportunidades. Muito embora não goste tanto assim do conjunto de sua obra (tenho todos os seus CDs), acho que tem uma das vozes mais doces e mais afinadas da nova safra de cantoras (sem parecer excessivamente técnica a ponto de soar sem emoção) e, o mais importante: sem parecer um genérico das Marisas aos Montes que andam por aí a confundir nossos ouvidos.

16 de agosto de 2010 às 15:12  

Postar um comentário

<< Home