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O aniversário, de 50 anos, é da Bossa Nova. Mas o presente foi dado - tardiamente - aos fãs de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994), cuja discografia, que extrapola o universo da velha bossa nova, está sendo, enfim, reeditada com capricho no mercado brasileiro. Um mês depois de a Universal Music lançar a caixa
Brasileiro (com quatro álbuns originais, a trilha do filme
Garota de Ipanema e três coletâneas) e de reeditar seis títulos da obra de Tom em coleção avulsa, a Warner Music põe nas lojas - em mais uma série dedicada ao cinqüentenário da Bossa Nova - mais quatro álbuns do
Maestro Soberano:
The Wonderful World of Antonio Carlos Jobim (1965 -
capa à esquerda),
A Certain Mr. Jobim (1967),
Urubu (1975) e
Terra Brasilis. Os dois primeiros CDs eram especialmente raros.
Ao todo, são 14 álbuns originais de Jobim que voltam às lojas, permitindo uma audição em retrospectiva que somente corrobora o que já era sabido: o mundo musical de Antonio Carlos Jobim é maravilhoso. Um paraíso de fronteiras universais. Que começou a ser demarcado nos Estados Unidos, em 1963, com a gravação do álbum
The Composer of Desafinado Plays. A Bossa Nova já existia oficialmente desde 1958, mas Jobim precisou esperar cinco anos para ganhar a chance de registrar - nos EUA! - a sua visão das músicas que compusera. Pedras fundamentais no toque de modernidade dado à música brasileira naquele histórico 1958.
Na seqüência,
Caymmi Visita Tom (1964) marca o encontro de Jobim com um certo Dorival que, já anos 30, se banhava em modernas praias harmônicas e melódicas. Após a passagem pelo Brasil, Jobim retorna aos EUA para gravar, via Warner Music,
The Wonderful World of Antonio Carlos Jobim (1965), álbum que, além de apresentar
Bonita e
Surfboard, embalou a obra de Tom com os arranjos de Nelson Riddle (1921 - 1985), o maestro de Frank Sinatra (1915 - 1998). Reza a lenda que Jobim não ficou plenamente satisfeito com as orquestrações de Riddle, habitual a arranjos mais suntuosos quando a música de Jobim pede economia. Pode ser lenda, mas o fato é que Tom passaria a gravar regularmente com o maestro que, no seu entender, soube captar com mais precisão o espírito de sua música: Claus Ogerman, com quem gravaria álbuns como
A Certain Mr. Jobim (1967) - em que Tom apresentou
Zíngaro, o tema instrumental que receberia o título de
Retrato em Branco e Preto ao ganhar letra de Chico Buarque - e
Wave (1967). Primo-irmão de
Wave, inclusive na arte gráfica da capa,
Tide (1970) se diferenciou pelo toque do pianista Eumir Deodato, escolhido para pilotar os ótimos arranjos.
A partir dos anos 70, novamente radicado no Brasil com mais regularidade, Jobim gravaria discos norteados pelo seu amor à natureza. São desta fase
Matita Perê (1973),
Urubu (gravado em 1975, mas lançado no Brasil em 1976) e
Terra Brasilis (1980). É quando aparece de forma mais explícita a influência da obra de Heitor Villa-Lobos (1887 - 1959) na música de Jobim. Sobretudo em
Matita Perê e
Urubu, que ganharam nomes de pássaros e - no caso de
Urubu - os arranjos do fiel Claus Ogerman.
Dos títulos gravados a partir da década de 80 que voltam às lojas,
Passarim (1987) é o que melhor exemplifica a sonoridade da obra de Tom nos derradeiros anos do maestro. Foi a fase em que Tom gravava com a Banda Nova, fiel companheira nos shows feitos pelos quatro cantos do mundo. Enfim, não há um disco de Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim que não prime pela beleza e pela sofisticação. Por isso mesmo, é preciso festejar a volta ao catálogo nacional dessa obra que expõe o Brasil em tom maior. Eis os álbuns originais de Tom Jobim reeditados em 2008: