14 de junho de 2008

Sai de cena Jamelão, voz de alegrias e tristezas

Aos 95 anos, Jamelão saiu de cena na madrugada deste sábado, 14 de junho de 2008. Carioca de São Cristóvão, bairro do subúrbio do Rio de Janeiro (RJ), José Bispo Clementino dos Santos vai ficar para sempre associado à Mangueira. Foi puxando o samba de sua escola verde-e-rosa que Jamelão fez a alegria dos foliões ao exercer com maestria seu ofício de intérprete - e não de puxador, termo que ele detestava e que, uma vez pronunciado em sua presença, atiçava seu mau-humor que, de tão crônico, já tinha virado marca até engraçada de sua personalidade lendária. Sim, Jamelão foi um intérprete. E dos grandes. E, para quem conhecia bem sua obra fonográfica, o vozeirão de Jamelão não propagou somente alegrias. Ele foi mestre também na arte de interpretar os amargurados sambas-canções de Lupicínio Rodrigues (1914 - 1974), o compositor gaúcho que ruminou mágoas e tristezas em sua obra. Na alegria ou na tristeza, a voz de Jamelão vai estar para sempre relacionada entre as maiores do Brasil. O adorável ranzinza foi um grande intérprete de todas os tons - ainda que o verde e o rosa sejam hoje e sempre, no imaginário popular, as cores predominantes em sua (inigualável) voz de extenso volume.

Joss inicia turnê brasileira com show eletrizante

Resenha de show
Título: Joss Stone
Artista: Joss Stone (em foto de divulgação de Ricardo Nunes)
Local: Vivo Rio (RJ)
Data: 13 de junho de 2008
Cotação: * * * * 1/2
Em cartaz no Brasil em São Paulo (16 de junho, na Via Funchal),

Curitiba (18 de junho, Teatro Positivo) e em Porto Alegre (19 de
junho, Pepsi on Stage)

Com agradecimentos efusivos à platéia pela participação calorosa, feitos após encerrar o bis com cover de No Woman no Cry, o reggae de Bob Marley, Joss Stone saiu de cena com a certeza de dever cumprido. "Lovely!", já dissera ela no meio de sua apresentação para o público que se mostrava inteiramente seduzido pelo charme, beleza e voz dessa jovem discípula do soul. Em que pese set mais morno no meio do roteiro com temas como The Chokin' Kind, a cantora inglesa fez show eletrizante na estréia de sua turnê brasileira, na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ), na noite de sexta-feira, 13 de junho de 2008. Começo arrasador!!!
Branca de voz negra, Joss Stone evoca em cena a figura de Janis Joplin, pela forma visceral com entoa temas como Super Duper Love (Are You Diggin' on me?), petardo de seu primeiro álbum, The Soul Sessions (2003), que apareceu com novo arranjo. Super também é a banda que acompanha a cantora no palco, com destaque para o duo de metais e para o trio de vocalistas que seguem os cânones da música negra norte-americana. A ênfase do roteiro enxuto está nas músicas do terceiro álbum da artista - Introducing Joss Stone (2007), em que a cantora experimenta sons mais contemporâneos, flertando inclusive com o rap. Mas o segundo CD de Joss, Mind, Body & Soul (2005), foi representado por faixas poderosas como Right to Be Wrong (já prevista no bis, mas pedida com insistência pelo público), o reggae Less Is More e a inebriante You Had me, de beat acelerado.
A busca por tons mais contemporâneos não tirou a força do soul de Joss Stone. Prova é que alguns dos números mais eletrizantes - Headturner, Tell me 'Bout It (com espaço para solos da banda e dos backing-vocals), Baby Baby Baby e Tell me What We're Gonna Do Now - vieram do repertório do CD Introducing Joss Stone. E o fato é que Joss Stone comprovou ao vivo a excelente impressão que passara em seus três ótimos álbuns. A combinação de charme, beleza, carisma e voz negra resulta explosiva em cena.

Marisa canta inédita no filme de Breno Silveira

Enquanto finaliza a produção do DVD que documenta a gestação e evolução do show Universo Particular, com a identificação de espectadores realçados pelas câmeras ao longo da turnê, Marisa Monte vai ter sua voz projetada nos cinemas em registro inédito, a partir de 25 de julho, quando estréia o segundo filme de Breno Silveira, Era uma Vez. Marisa gravou a canção Uma Palavra, mais uma parceria sua com Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown, ouvida no fim do longa-metragem. A trilha é assinada por Berna Ceppas e inclui gravações inéditas de Luiz Melodia, Martinho da Vila e Mart'nália. A propósito, Martinho e Mart'nália tiveram suas vozes reunidas no samba Vide Gal, composto por Carlinhos Brown e lançado por Daniela Mercury, em 1996, no álbum Feijão com Arroz. Já Luiz Melodia entoa Minha Rainha, samba inédito de Manacéa (1921 - 1995) - sugerido por Marisa para a trilha sonora.

Moraes vai fazer DVD na Feira de São Cristóvão

Turístico reduto de nordestinos radicados no Rio de Janeiro (RJ), a Feira de São Cristóvão vai ser o cenário da gravação do DVD de Moraes Moreira. Na próxima sexta-feira, 20 de junho de 2008, o artista vai subir ao palco Jackson do Pandeiro para gravar o DVD inspirado em seu livro-cordel A História dos Novos Baianos e Outros Versos, editado em 2007. Com direção e roteiro de João Falcão, o show terá a participação do guitarrista Davi Moraes, filho de Moreira. No repertório, sucessos dos Novos Baianos - como Preta Pretinha - e da carreira solo do compositor.

13 de junho de 2008

Com BiD, Chico faz folia moderna e espirituosa

Resenha de CD
Título: Francisco,
Forró y Frevo
Artista: Chico César
Gravadora: Chita Discos
/ EMI Music
Cotação: * * * * 1/2

Depois de abordar o universo erudito em disco introspectivo idealizado com o Quinteto da Paraíba (De Uns Tempos pra Cá, 2005) e de parodiar o universo brega no single Compacto e Simples, também de 2005, Chico César dá nova amostra de sua versatilidade ao armar arraial moderno no álbum Francisco, Forró y Frevo. O artista recorreu ao produtor BiD - mentor do coletivo paulista Funk Como le Gusta, conceituado na cena eletrônica - para fazer um CD que mira tanto as festas juninas (através dos xotes e xaxados agrupados sob o genérico rótulo de forró) como a folia carnavalesca (através dos frevos). E o fato é que o disco é ótimo. Primeiro pelo fato de a safra de inéditas autorais do compositor ser de excelente nível. Segundo porque, com uso dosado dos recursos eletrônicos, BiD aditivou frevos e forrós sem descaracterizar os gêneros. Terceiro porque Chico César criou letras desencanadas, escritas sob ótica espirituosa. Mixado por Mario Caldato, Francisco, Frevo y Forró é disco alegre que fala de amor, sexo e diversão com verve, evocando um tom libertário.
Turbinado por BiD com sintetizadores, scratches e samples, o repertório é cativante - exceto por uma ou outra música menos inspirada, como Zabé, tributo à tocadora de pífano Zabé da Loca. Já na faixa de abertura, o frevo Girassol, as guitarras de Fernando Catatau sinalizam a busca por sonoridades atípicas no gênero. Nos xotes, como Comer na Mão e Ociosa, Chico César pretende realçar as afinidades rítmicas do gênero nordestino com o reggae jamaicano. No bloco dos frevos, houve a intenção de erguer a ponte Pernambuco-Bahia, integrando a habitual pulsação metaleira dos frevos ouvidos em Recife e Olinda com a guitarra baiana. A fusão encorpa Pelado, frevo em que Chico faz bem-humorado protesto contra a carestia dos abadás que garantem o acesso à folia de Salvador. Mestre da guitarra baiana, Armandinho - aliás, reverenciado no frevo Armando - é o convidado da faixa.
Se xotes como Feriado cortejam os festejos juninos, frevos como Humanequim (de longa passagem instrumental) e Solto na Buraqueira foram moldados para animar as folias com seus metais em brasa, soprados no ritmo carnavalesco. Não satisfeito, Chico César ainda requisitou outros três convidados para fortalecer seu arraial. Cantor veterano de frevos, Claudionor Germano solta a voz na Marcha da Cueca (única regravação do CD), unida em medley de alto teor erótico com a Marcha da Calcinha, parceria de César com Pedro Osmar. Dominguinhos põe voz e sanfona a serviço dos versos do xote Deus me Proteja. Já Seu Jorge canta Dentro em registro grave e interiorizado que combina bem com a sensualidade embutida na letra da música. Nem parece Seu Jorge.
Dentro do universo forrozeiro, o CD prioriza os xotes, mas Abaeté, Abaiacu e Namorado tem levada rápida que evoca os xaxados. Na letra, Chico César recorre à metáfora para abordar de forma espirituosa os crimes praticados contra homossexuais na Lagoa do Abaeté, ponto de encontros gays em Salvador (BA). Alertas à parte, Francisco, Forró y Frevo é disco de caráter festivo que mostra que, se usados com moderação, os recursos eletrônicos podem animar tanto raves quanto um arraial. O importante, no caso, foi manter a vibração original de frevos e forrós, pois, como sentencia o compositor em verso da faixa Eletrônica, "música eletrônica sem energia não dá". Ele tem razão!

CD de Maranhão é reeditado com faixa inédita

Pouco mais de um ano depois de seu lançamento, em maio de 2007, o primeiro álbum de Rodrigo Maranhão, Bordado, volta às lojas em reedição que vai trazer inédita faixa-bônus: Samba de um Minuto, gravado por Maranhão em duo com Zé Renato. De início intitulado A Novidade, o belo samba já foi gravado duas vezes por Roberta Sá, colega do artista no elenco do selo MP,B (Maior Prazer, Brasil), que acaba de renovar seu vínculo vitorioso com a gravadora Universal Music, iniciado há oito anos.

Trem mineiro trafega fluente pelo trilho carioca

Resenha de show
Título: Novas Bossas
Artista: Milton Nascimento e Jobim Trio
Local: Canecão (RJ)
Data: 12 de junho de 2008
Cotação: * * * *
Em cartaz em 13 e 14 de junho de 2008

Em cena, o trem mineiro trafega com brilho pelo trilho carioca. Em cartaz desde março de 2008, o show Novas Bossas está de volta ao Rio de Janeiro (RJ) em minitemporada no Canecão. Na estréia, na noite de quinta-feira, 12 de junho, o espetáculo em que Milton Nascimento reverencia a obra de Tom Jobim (1927 - 1994) na companhia do Jobim Trio - com adição do baixista Rodrigo Braga - se revela mais sedutor do que o álbum homônimo. Já na abertura - em que o pianista Daniel Jobim evoca a figura de seu avô ao cantar a valsa Luiza com timbre similar e ao portar chapéu de palha similar ao que era usado pelo Maestro Soberano - fica evidente que uma atmosfera de rara beleza vai envolver o público.
A entrada de Milton em cena, no meio de Só Tinha de Ser com Você, confirma a impressão do início. E o que se vê é show de fina musicalidade. Embora a voz de Milton já não tenha o mesmo alcance de antes, ela está muito bem posta no show a serviço de uma obra tão gigante quanto a sua própria. E é alternando músicas de Jobim com temas do próprio Milton - estes tocados com uma bossa realmente nova - que o roteiro (irretocável) vai sendo apresentado com arranjos que primam pela economia. Nada sobra no toque suave da bateria de Paulo Braga, do piano de Daniel Jobim e do violão de Paulo Jobim, filho de Tom. O bloco romântico que emenda Brigas Nunca Mais (cantada por Milton em dueto com Paulo), Caminhos Cruzados (número divino em que Milton faz vocalises) e Inútil Paisagem arrebata corações. E, na parte instrumental, o arrebatamento maior (já perceptível no CD Novas Bossas) vem com o arranjo que simula o barulho de um trem na introdução de Chega de Saudade, merecidamente bisada.
Nem um ou outro número menos inspirado, como o samba-canção Esperança Perdida, consegue tirar a coesão do espetáculo. Que alcança grandes momentos quando, se valendo dessa nova bossa do Jobim Trio, Milton revive seus clássicos. Desfilam no roteiro Nos Bailes da Vida (com pegada mais delicada), Coração de Estudante (com pulsação mais minimalista) e Fé Cega, Faca Amolada - números em que Milton, além de cantar, toca violão. Ao fim de Cais, Milton divide o piano com Daniel Jobim para simular a célebre passagem instrumental do tema. Já em Para Lennon & McCartney a bossa maior vem do baixo de Rodrigo Braga. Enfim, se o CD perde na comparação com outros títulos da discografia áurea de Milton Nascimento, o show Novas Bossas ratifica em cena o acerto da abordagem realmente nova da obra imortal de Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim. Trem bão.

'Maré' traz Calcanhotto para palcos brasileiros

Depois de passar por Argentina e Portugal com o show de lançamento de seu oitavo álbum, Maré, Adriana Calcanhotto - na foto de Daniel A. Bélgica clicada em cena durante apresentação no Porto - estréia em São Paulo nesta sexta-feira, 13 de junho de 2008, a turnê nacional do espetáculo. Emoldurada por cenário de Hélio Eichbauer que projeta elementos marítimos no palco, a artista extrapola o repertório do CD Maré e apresenta músicas inéditas em sua voz. Sobra do disco, Poética do Eremita é tema composto sobre versos da poeta portuguesa Fiama Hasse Pais Brandão (1938 - 2007). No número, a cantora se acompanha ao violoncelo. Em mais uma prova de sua habilidade ao transitar pelo cancioneiro popular radiofônico, a intérprete está surpreendendo no bis de alguns shows ao reviver Meu Mundo e Nada Mais, balada que em 1976 deu o pontapé inicial na carreira solo de seu autor, Guilherme Arantes. Outras músicas inéditas na voz de Calcanhotto são Deixa o Verão (Rodrigo Amarante) e Rio Longe (Moreno Veloso). O roteiro tem músicas do CD Maritmo (1998).
Com figurinos da artista plástica Gilda Midani (autora da expressionista capa do CD Maré), Adriana Calcanhotto entra em cena com nova banda, formada por Bruno Medina (ex-tecladista do quarteto Los Hermanos), o baterista Domenico Lancellotti, o baixista Alberto Continentino e o percussionista Rafael Rocha, integrante do Brasov, um grupo da cena indie carioca. Base do terceiro DVD da cantora, previsto para 2009, o show Maré vai passar pelas principais capitais brasileiras e ainda regressará a Portugal, país onde Calcanhotto desfruta de grande popularidade.

12 de junho de 2008

Raul reverencia a bossa com arranjos de Donato

O trombonista Raul de Souza rende o seu tributo ao cinqüentenário da boa Bossa Nova no CD Bossa Eterna, gravado em março de 2008 no estúdio da Biscoito Fino, a gravadora que está editando o álbum. Souza sopra seu trombone genial na companhia de feras como Robertinho Silva (bateria), Luiz Alves (baixo) e João Donato (piano). Além de tocar piano, Donato assina os arranjos e é homenageado em A la Donato, um dos três temas assinados por Souza no repertório (os outros dois são Pingo d'Água e a faixa-título). Eis as 10 músicas do álbum Bossa Eterna - já à venda no site oficial da Biscoito Fino:
1. Bossa Eterna (Raul de Souza)
2. Só por Amor (Baden Powell e Vinicius de Moraes)
3. Fim de Sonho (João Donato e João Carlos Pádua)
4. Balanço Zona Sul (Tito Madi)
5. A la Donato (Raul de Souza)
6. Malandro (João Donato)
7. Nuvens (Maurício Einhorn e Durval Ferreira)
8. Lugar Comum (João Donato e Gilberto Gil)
9. Pingo d'Água (Raul de Souza)
10. Bonita (Tom Jobim)

Festiva, Lauper cruza new wave com eurodance

Resenha de CD
Título: Bring Ya
to the Brink
Artista: Cyndi Lauper
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * * 1/2

Enquanto Madonna optou por implorar a benção do mercado norte-americano, recorrendo às batidas de Timbaland e de Pharell Williams no CD Hard Candy, sua outrora rival Cyndi Lauper se volta para a eurodance. Sim, a dona dos antológicos álbuns She's so Unusual (1984) e True Colors (1986) se volta para as pistas européias em Bring Ya to the Brink, primeiro trabalho de inéditas de Lauper desde o obscuro Shine, disco gravado em 2004 para o Japão e praticamente desconhecido nos Estados Unidos. Por conta de faixas como Echo e Rocking Chair (produzida com a colaboração do duo britânico Basement Jaxx), a associação de Bring Ya to the Brink com Confessions on a Dance Floor, o último álbum londrino de Madonna, seria óbvia, mas há particularidades. Enquanto a material girl evocava a disco music neste disco de 2005, a já cinqüentona Lauper cruza a alegria da new wave com a eurodance em trabalho de grande apelo pop dance. Basta ouvir o refrão-chiclete de Raging Storm. Ou a pegada sexy de Into the Nightlife. Ou a batida eletropop de High and Mighty. Até uma balada como Rain on me entra na dança. A garota continua querendo se divertir. Mas com a vantagem de apresentar letras mais consistentes. E o fato é que, depois de classudo álbum de standards (At Last, 2003) e de revisionista projeto de duetos (The Body Acoustic, 2005), Cyndi Lauper volta à cena de olho nas pistas. Talvez não consiga bombar de novo. Contudo, está muito bem na foto em seu 12º CD.

Brown vai lançar na Espanha o clipe de 'Yarahá'

Conhecido no mercado hispânico, Carlinhos Brown vai aproveitar sua apresentação no Rock in Rio Madrid - agendada para 28 de junho de 2008 - para apresentar à imprensa internacional o clipe da música Yarahá, finalizado pelo tribalista no domingo, 8 de junho, com a filmagem de alguns takes no Guetho Square, no bairro do Candeal Pequeno, em Salvador (BA). Na música, Brown presta homenagem a Yemanjá, orixá que reina nas águas. A propósito, o clipe de Yahará começou a ser gravado em 2 de fevereiro, dia de Yemanjá, durante os festejos realizados em Salvador. Amadeu Alban - da produtora baiana Santo Forte - foi o diretor do clipe. Aliás, a foto é um flagrante da gravação do vídeo.

Legend acelera batida no quarto disco, 'Evolver'

Mal lançou o DVD e CD ao vivo Live from Philadelphia, nas lojas dos Estados Unidos desde junho, John Legend já programa para o segundo semestre de 2008 - provavelmente, já para setembro - o lançamento de seu quarto álbum, Evolver, o terceiro de estúdio. Tudo indica que o cantor de soul vai sucumbir às pressões do mercado e padronizar seu som com as batidas mais aceleradas dos rappers will.i.am e Pharell Williams (a metade mais requisitada da dupla The Neptunes). Os dois dividem a produção do sucessor dos primorosos Get Lifted (2004) e Once Again (2006) com outro rapper, Kanye West. Resta aguardar Evolver...

11 de junho de 2008

Público avaliza o samba de Maria Rita em DVD

Ao som de Não Deixe o Samba Morrer, sucesso do primeiro LP de Alcione, Maria Rita encerrou a apresentação do show Samba Meu em que foi gravado o DVD que a cantora vai lançar no segundo semestre. O público jovem que superlotou a pista da casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ), na noite de 10 de junho de 2008, fez coro forte em quase todas as 21 músicas do repertório. Segura, a intérprete se atrapalhou apenas em Festa, mas repetiu Maltratar Não É Direito e Conta Outra por problemas (puramente) técnicos. Houve poucas modificações em relação ao roteiro da estréia da turnê nacional, em 2007: entraram Trajetória, Pagu e Não Deixe o Samba Morrer (música que Rita já vinha cantando no bis em recentes apresentações do show). Saíram Veja Bem, meu Bem e Santa Chuva - esta pedida em vão pelo público. Até mesmo Arlindo Cruz, compositor predominante no roteiro e presente na platéia, ficou decepcionado com a exclusão da canção de Marcelo Camelo. "Ela não cantou aquela da chuva que eu gosto tanto...", lamentou Arlindo no banheiro, logo depois do encerramento da gravação. Eis o roteiro do show captado em DVD, em 10 de junho:
1. Samba Meu (Rodrigo Bittencourt)
2. O Homem Falou (Gonzaguinha)
3. Tá Perdoado (Arlindo Cruz e Franco)
4. Maria do Socorro (Edu Krieger)
5. Novo Amor (Edu Krieger)
6. Trajetória (Arlindo Cruz, Serginho Meriti e Franco)
7. O Que É o Amor (Arlindo Cruz, Maurição e Fred Camacho)
8. Cria (Serginho Meriti e César Belieny)
9. Recado (Rodrigo Maranhão)
10. Muito Pouco (Moska)
11. Pagu (Rita Lee e Zélia Duncan)
12. Encontros e Despedidas (Milton Nascimento/Fernando Brant)
13. Caminho das Águas (Rodrigo Maranhão)
14. A Festa (Milton Nascimento)
15. Cara Valente (Marcelo Camelo)
16. Corpitcho (Ronaldo Barcellos e Picolé)
17. Casa de Noca (Serginho Meriti, Nei Carlos e Elson do Pagode)
18. Num Corpo Só (Arlindo Cruz e Picolé)
19. Maltratar Não É Direito (Arlindo Cruz e Franco)
20. Conta Outra (Edu Tedeschi)
Bis:
21. Não Deixe o Samba Morrer (Edson e Aluísio)

Dorina canta samba com atitude e desenvoltura

Resenha de show
Título: Dorina e Grupo Samba com Atitude
Artista: Dorina e Grupo Samba com Atitude
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 10 de junho de 2008
Cotação: * * * * (Dorina) e * * (Samba com Atitude)

Ao surgir no meio da platéia em direção ao palco do Teatro Rival, já cantando os versos de Zé Tambozeiro, empolgante samba da lavra de Candeia (1935 - 1978), Dorina já mostra a que veio. Ela canta samba. E o faz com alegria, desenvoltura e a intimidade de quem conhece bem o mundo que gera seu repertório. O show feito pela intéprete na noite de terça-feira, 10 de junho de 2008, confirmou o que todo o meio do samba carioca: Dorina é bamba. Falta somente merecida oportunidade mercadológica para que seu canto extrapole os pagodes cariocas e conquiste todo o Brasil.
No show feito no Rival, a cantora dividiu o palco com o Grupo Samba com Atitude, que se alternou com Dorina na apresentação do roteiro. Se deixou boa impressão ao acompanhar a intérprete em sambas como Obaxirê, parceria de Roque Ferreira com Toninho Geraes, parece faltar ao grupo atitude na hora de garimpar seu próprio repertório - a rigor, bastante irregular. Os músicos deviam ser o exemplo de Dorina, que intercalou inéditas de seu próximo disco - como o melódico samba Sonhava, da lavra de Luiz Carlos da Vila com Riko Dorilêo - com uma homenagem a Marlene, prestada com O Apito do Samba, e um tributo a Johnny Alf, de quem Dorina reviveu Eu e a Brisa somente na companhia do violão de Carlinhos Sete Cordas. Outro número surpreendente foi a inserção de Gota d'Água no universo do pagode carioca sem nenhum prejuízo da carga dramática da música de Chico Buarque.
Após apresentar partido de alto quilate colhido no terreiro de Wilson Moreira e Nei Lopes (Fidelidade Partidária, de ritmo marcado pela platéia nas palmas das mãos) e samba dolente de Almir Guineto (Mel na Boca, não incluído no álbum de 2003 dedicado por Dorina ao repertório do compositor), a cantora ainda tira do baú Padroeira, samba que Beth Carvalho lançou em seu álbum Beth, de 1986, e que regravou em dueto com Dorina no próximo CD da colega. Enfim, um show envolvente nas partes da artista. Com atitude, Dorina canta samba da melhor qualidade.

Funkeiro faz a festa no Circo com Sandra de Sá

Bem conhecido nos redutos do funk carioca por conta do Rap do Solitário e de Glamurosa, hits nos bailes da pesada, MC Marcinho vai complementar na quinta-feira, 12 de junho de 2008, a gravação ao vivo de seu primeiro DVD oficial (os artistas do gênero sofrem com edições idealizadas e filmadas pelos fabricantes de vídeos piratas). Intitulado Tudo É Festa, o DVD vai ser complementado em show no Circo Voador (RJ) em que Marcinho recebe convidados como Sandra de Sá (na música Tem que Acreditar). Além do show em si, o vídeo vai apresentar entrevista com o artista - feita por Regina Casé, admiradora do movimento funk carioca. A entrevista terá um caráter biográfico.

AC/DC faz primeiro CD de inéditas desde 2000

Tudo indica que sai até o fim de 2008 - provavelmente em outubro - o primeiro álbum de inéditas do AC/DC em oito anos. Ícone do rock pesado, o grupo australiano prepara um disco produzido por Brendan O' Brien, que já pilotou álbuns de bandas do naipe de Pearl Jam e Velvet Revolver. O último trabalho de inéditas do AC/DC, Stiff Upper Lip, foi editado em 2000. Em 2007, foi anunciado o lançamento de DVD duplo, Plug me in, com 21 registros ao vivo do quinteto.

10 de junho de 2008

U2 relança três primeiros álbuns - com inéditas

Depois de reeditar em 2007 o CD The Joshua Tree (1987), o grupo irlandês U2 vai ter seus três primeiros álbuns relançados em 22 de julho de 2008. Boy (1980), October (1981) e War (1983) voltam às lojas pela Universal Music em reedições remasterizadas repletas de inéditas faixas-bônus. Boy, por exemplo, foi turbinado com Speed of Life, Saturday Night e Cartoon World - músicas gravadas, mas limadas na seleção final - e uma releitura de I Will Follow, também descartada. October virá encorpado com remix de Tomorrow e de registros ao vivo captados em shows feitos pelo grupo em Londres e em Boston (EUA). Já War apresentará a inédita Angels Too Tied to the Ground e takes alternativos de faixas como New Year's Day. Mimos para seus fãs.

Bebeto devora suas pegadas em disco caudaloso

Resenha de CD
Título: Devoragem
Artista: Bebeto Alves
Gravadora: Bank 7
Cotação: * * * 1/2

Em 1978, o gaúcho Bebeto Alves estreava em disco no LP coletivo Paralelo 30, pau-de-sebo que juntava artistas dos Pampas. Trinta anos depois, a despeito de estar mais uma vez radicado no Rio de Janeiro (RJ) e de já ter emplacado hit na voz de Ana Carolina (Uma Louca Tempestade, bela parceria com o conterrâneo Antonio Villeroy), o cantor e compositor continua longe demais das capitais e do mainstream fonográfico. Distância injusta - como prova Devoragem, 16º álbum do artista. O título de caráter antropofágico está em total sintonia com o caráter efervescente da música de Alves, que tritura rock (Se Eu Soubesse, com adição da voz da também conterrânea Luciana Pestano), milonga, canção sentimental (Tchau é flerte chique com o brega) e recursos eletrônicos (como os que adornam O Demolidor e Periferia, dois destaques do repertório autoral) em disco de versos caudalosos que combinam acidez e lirismo. Em temas como Líquido e Globalización, cantados em espanhol, o gaúcho ainda faz a ponte com os países vizinhos do Mercosul. Bebeto Alves já registrou repertórios mais inspirados em álbuns como Pegadas (1987), mas Devoragem é atestado perene da força de sua obra. Merece atenção de quem está perto demais das capitais.

Sonantes sedimenta a projeção de Céu nos EUA

Por conta da boa exposição de Céu no Estados Unidos, onde a cantora vem sendo badalada desde a edição americana de seu primeiro CD, a gravadora Six Degrees está lançando nos EUA o primeiro álbum do coletivo Sonantes. O projeto junta Céu a dois músicos da banda Nação Zumbi (Dengue e Pupillo), ao produtor Rica Amabis (do coletivo Instituto) e ao irmão de Rica, Gui Amabis, parceiro de Céu. Os cinco pilotam Sonantes, mas o álbum gravado em 2007 conta com intervenções de vasto time de convidados que inclui Apollo 9, B Negão, Beto Villares, Fernando Catatau, Jorge Du Peixe, Lúcio Maia e Siba. Eis as faixas de Sonantes, o CD, feito via selos Instituto e Candeeiro:
1. Carimbó
2. Miopia
3. Toque de Coito
4. Mambobit
5. Looks Like to Kill
6. Defenestrando
7. Quilombo te Espera
8. Itapeva
9. Braz
10. Frevo da Saudade

Hyldon abrasileira seu soul com Chico e Baleiro

Projetado nos anos 70 com os sucessos radiofônicos Na Rua, na Chuva, na Fazenda (Casinha de Sapê) e As Dores do Mundo, Hyldon encorpa seu repertório com as 14 inéditas gravadas para o CD Soul Brasileiro, já em fase final de produção. Como o trocadilho do título já anuncia, o cantor - em foto de César Oiticica - dá tom mais nacionalista à obra moldada conforme os cânones da soul music. Das 14 faixas, doze foram compostas recentemente - algumas durante o processo de gravação do disco, iniciado em julho de 2007 - e duas foram retiradas do baú dos anos 70. Rapaz de São Paulo é um soul composto há 35 anos e enfim gravado em Soul Brasileiro com a guitarra de Roberto Frejat. Já Três Éguas, um Jumento e uma Vaca é um samba-rock feito por Hyldon para Emilio Santiago, que não o gravou. O registro tardio do autor conta com intervenções do trombone de Marlon Sette, que toca também em outra música, Domingo Triste.
Soul Brasileiro ostenta time estelar de convidados. A começar por Chico Buarque, que toca kalimba em Medo da Solidão. Zeca Baleiro toca violão em A Moça e o Vagabundo, toada brejeira que compôs em parceria com Hyldon. Carlinhos Brown toca percussão e baixo em Bahia do H. O timbaleiro produziu e mixou a faixa em seu estúdio Ilha dos Sapos, em Salvador (BA). Zé Américo toca sanfona em Forró da Boca Pequena. Afonso Machado toca bandolim em O Choro do Brown, parceria de Hyldon com Ricardo Brasil. O Último Latino-Americano conta com vocais de Karla Sabah e declamação do poeta Mauro Santa Cecília, parceiro de Hyldon na música. Já O Vento que Vem do Mar aglutina as vozes de Carlos Dafé, Dalto, Jorge Vercillo, Tunai e Carlinhos Vergueiro.
Entre inéditas como Brazilian Samba Soul e Copacabana Beach, Hyldon ainda homenageia Guinga no tema isntrumental A Viola e a Moringa (Guinguiana). "O disco é a busca da simplicidade, da coisa orgânica. É muito intuitivo. Não teve nada planejado. As coisas foram acontecendo. No fim, ficou o disco mais brasileiro que eu já fiz. Daí o nome. Eu me deixei levar pela música, sem pensar no mercado, em crise de gravadora ou em jogadas de marketing. O meu sentimento o tempo todo era de uma criança com seu brinquedo predileto: a música. Quem ouvir com o coração aberto vai compartilhar esse sentimento", acredita Hyldon, que, na seqüência da edição do CD Soul Brasileiro, planeja gravar o primeiro DVD com os hits que emplacou nos anos 70. Ou seja, As Dores do Mundo e Na Rua, na Chuva, na Fazenda.

9 de junho de 2008

O mundo maravilhoso de Antonio Carlos Jobim

O aniversário, de 50 anos, é da Bossa Nova. Mas o presente foi dado - tardiamente - aos fãs de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994), cuja discografia, que extrapola o universo da velha bossa nova, está sendo, enfim, reeditada com capricho no mercado brasileiro. Um mês depois de a Universal Music lançar a caixa Brasileiro (com quatro álbuns originais, a trilha do filme Garota de Ipanema e três coletâneas) e de reeditar seis títulos da obra de Tom em coleção avulsa, a Warner Music põe nas lojas - em mais uma série dedicada ao cinqüentenário da Bossa Nova - mais quatro álbuns do Maestro Soberano: The Wonderful World of Antonio Carlos Jobim (1965 - capa à esquerda), A Certain Mr. Jobim (1967), Urubu (1975) e Terra Brasilis. Os dois primeiros CDs eram especialmente raros.

Ao todo, são 14 álbuns originais de Jobim que voltam às lojas, permitindo uma audição em retrospectiva que somente corrobora o que já era sabido: o mundo musical de Antonio Carlos Jobim é maravilhoso. Um paraíso de fronteiras universais. Que começou a ser demarcado nos Estados Unidos, em 1963, com a gravação do álbum The Composer of Desafinado Plays. A Bossa Nova já existia oficialmente desde 1958, mas Jobim precisou esperar cinco anos para ganhar a chance de registrar - nos EUA! - a sua visão das músicas que compusera. Pedras fundamentais no toque de modernidade dado à música brasileira naquele histórico 1958.

Na seqüência, Caymmi Visita Tom (1964) marca o encontro de Jobim com um certo Dorival que, já anos 30, se banhava em modernas praias harmônicas e melódicas. Após a passagem pelo Brasil, Jobim retorna aos EUA para gravar, via Warner Music, The Wonderful World of Antonio Carlos Jobim (1965), álbum que, além de apresentar Bonita e Surfboard, embalou a obra de Tom com os arranjos de Nelson Riddle (1921 - 1985), o maestro de Frank Sinatra (1915 - 1998). Reza a lenda que Jobim não ficou plenamente satisfeito com as orquestrações de Riddle, habitual a arranjos mais suntuosos quando a música de Jobim pede economia. Pode ser lenda, mas o fato é que Tom passaria a gravar regularmente com o maestro que, no seu entender, soube captar com mais precisão o espírito de sua música: Claus Ogerman, com quem gravaria álbuns como A Certain Mr. Jobim (1967) - em que Tom apresentou Zíngaro, o tema instrumental que receberia o título de Retrato em Branco e Preto ao ganhar letra de Chico Buarque - e Wave (1967). Primo-irmão de Wave, inclusive na arte gráfica da capa, Tide (1970) se diferenciou pelo toque do pianista Eumir Deodato, escolhido para pilotar os ótimos arranjos.

A partir dos anos 70, novamente radicado no Brasil com mais regularidade, Jobim gravaria discos norteados pelo seu amor à natureza. São desta fase Matita Perê (1973), Urubu (gravado em 1975, mas lançado no Brasil em 1976) e Terra Brasilis (1980). É quando aparece de forma mais explícita a influência da obra de Heitor Villa-Lobos (1887 - 1959) na música de Jobim. Sobretudo em Matita Perê e Urubu, que ganharam nomes de pássaros e - no caso de Urubu - os arranjos do fiel Claus Ogerman.

Dos títulos gravados a partir da década de 80 que voltam às lojas, Passarim (1987) é o que melhor exemplifica a sonoridade da obra de Tom nos derradeiros anos do maestro. Foi a fase em que Tom gravava com a Banda Nova, fiel companheira nos shows feitos pelos quatro cantos do mundo. Enfim, não há um disco de Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim que não prime pela beleza e pela sofisticação. Por isso mesmo, é preciso festejar a volta ao catálogo nacional dessa obra que expõe o Brasil em tom maior. Eis os álbuns originais de Tom Jobim reeditados em 2008:
* The Composer of Desafinado Plays (1963)
* Caymmi Visita Tom (1964)
* The Wonderful World of Antonio Carlos Jobim (1965)
* A Certain Mr. Jobim (1967)
* Wave (1967)
* Garota de Ipanema (1967)
* Tide (1970)
* Matita Perê (1973)
* Elis & Tom (1974)
* Urubu (1975)
* Terra Brasilis (1980)
* Edu & Tom, Tom & Edu (1981)
* Ella Abraça Jobim (1981)
* Passarim (1987)
* Rio Revisited: Gal Costa & Antonio Carlos Jobim (1992)
* Antonio Carlos Jobim and Friends (1995 - póstumo)

Reeves canta o amor com elegância e apelo pop

Resenha de CD
Título: When You Know
Artista: Dianne Reeves
Gravadora: Blue Note
/ EMI Music
Cotação: * * * *

Ótima cantora americana que transita no mundo do jazz, Dianne Reeves não é nenhuma Sarah Vaughan (1924 - 1990) ou Ella Fitzgerald (1917 - 1996). Mas seu fraseado elegante lhe garantiu respeito entre os jazzistas. Neste When You Know, o primeiro CD de inéditas de Reeves em cinco anos, a intérprete refina 10 temas que abordam os diferentes estágios do amor sob ótica feminina. O álbum é dos mais palatáveis da discografia de Reeves. A começar pelo apelo pop da faixa-título e da escolha de músicas conhecidas como Just my Imagination e Lovin' You, tema em que Reeves consegue impor seu estilo sem procurar reeditar os tons agudos de Minnie Riperton (1947 - 1979), autora da música e intérprete do imbatível registro original. Contudo, uma ambiência jazzística permeia baladas como I'm in Love Again. E, entre canções originais, há cover inspirado de Once I Loved (O Amor em Paz), uma das jóias do baú de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994). Enfim, um belo disco que pode até ser rejeitado por jazzófilos puristas, mas que confirma o talento de Reeves e vai contentar fãs de um som romântico mais sofisticado.

Platão agenda para agosto DVD que traz Zélia

Toni Platão agendou para agosto de 2008 o lançamento de seu primeiro DVD. O vídeo traz a gravação feita em abril, no Rio de Janeiro (RJ), e conta com as participações de Dado Villa-Lobos, Fausto Fawcett e Zélia Duncan. A base do roteiro vem do show Negro Amor, que inspirou o CD de estúdio editado em 2006 pelo cantor. A conferir.

Mautner avaliza estréia de Tendler em novo selo

E mais um selo - o Corredor 5, sediado no Rio de Janeiro (RJ) - entra em cena para disputar uma fatia do magro bolo do mercado fonográfico nacional. Coube ao cantor e compositor Daniel Tendler, ele também carioca, inaugurar o selo com o CD Sorte que Sou Triste, gravado no segundo semestre de 2007 no estúdio Corredor 5, de Clemente Magalhães, diretor artístico do selo. O repertório reúne onze músicas autorais - entre elas, Com a Palavra, Longe da Confusão, 6:59, Balada de um Homem Só, Trem Doido, 12 de Maio - que explicitam influências de Bob Dylan, Joan Baez e Lou Reed. Jorge Mautner ouviu e parece ter gostado muito do álbum. Eis o texto filosófico e apaixonado alinhavado por Mautner para avalizar a entrada de Daniel Tendler no corroído mundo do disco:

"Daniel Tendler irrompe no cenário musical como intérprete e compositor magistral. Sua atmosfera musical é carregada de tempestades, noites serenas de amor e cantigas apaixonadas que possuem um fascínio imemorial. Sua voz e interpretação, letras-poemas, melodias do infinito, são carregasd de sentido profético e dotadas de um carisma de profeta da sedução. São melodias e entonações de um tom folk-urbano, aonde se mesclam todas as dimensões nas quais predomina o som das emoções. Mesmo os mais extremos conflitos e amarguras são transfigurados em bálsamos e belezas de doçuras. Sua paisagem é de encruzilhadas e sombras, escuridões por onde explodem luzes e relâmpagos que são flechadas de amor!". Jorge Mautner.

8 de junho de 2008

Siba e Fuloresta lançam DVD gravado em 2006

No dia 25 de novembro de 2006, quando subiram ao palco do Instituto Itaú Cultural (SP) para fazer o show captado para o 12º DVD da série Toca Brasil, Siba e a Fuloresta ainda não tinham lançado seu segundo festejado disco, Toda Vez que Eu Dou um Passo o Mundo Sai do Lugar (2007), mas já tinham formatado todo o repertório do álbum, base do show ora editado em DVD. Em 18 números, Siba Veloso - poeta, rabequista e compositor projetado nos anos 90 no grupo Mestre Ambrósio - concilia modernidade e tradição ao apresentar com a banda Fuloresta seu mix poético de cirandas, cocos e maracatus compostos com fidelidade aos sons e ritmos ouvidos pela turma na Zona da Mata de Pernambuco. As entrevistas exibidas no making of refazem o percurso de Siba. Pena que o registro audiovisual do DVD Toda Vez que Eu Dou um Passo o Mundo Sai do Lugar tenha sido feito de forma convencional. Tanto a música de Siba e da Fuloresta como o cenário da dupla OsGemeos mereciam filmagem mais requintada - e menos formal...

Fiel ao rock, Satriani evoca reggae e flamenco...

Resenha de CD
Título: Professor
Satchafunkilus and the
Musterion of Rock
Artista: Joe Satriani
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * *

Os fãs de Joe Satriani talvez fiquem bastante surpresos se começarem a ouvir o décimo-terceiro álbum de estúdio do guitarrista -acostumado a jogar nota fora para evidenciar sua notável habilidade com o instrumento - pela introdução da última faixa, Andalusia, em que Satriani assume o violão para evocar clima flamenco condizente com o título do tema. Talvez a surpresa seja ainda maior quando uma batida próxima do reggae fica perceptível quando Out of the Sunrise, outra faixa do CD, já está chegando aos três minutos. São curiosidades de um álbum que, a rigor, não muda o estilo e o som de Satriani. Fiel ao rock, como explicita no título do tema I Just Wanna Rock, o guitarrista esbanja sua técnica em músicas com Overdriver. Mas, justiça seja feita, apresenta ao menos uma excelente composição, Musterion, que abre este álbum de título caudaloso. No todo, é mais um disco de Joe Satriani que vai seduzir quem se deixa enlevar pelos solos virtuosos do guitarrista.

Venturini canta com Mart'nália e cria com Ana

Flávio Venturini (foto) registrou DVD e CD ao vivo em dois shows realizados no Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte (MG), em 5 e 6 de junho de 2008. Além de gravar inédita parceria com a conterrânea Ana Carolina, intitulada Amanheceu em Julho, o cantor e compositor mineiro registrou duetos com Mart'nália (Pierrot), Luiza Possi (Beija-Flor), Marina Machado (Noites com Sol) e com Milton Nascimento (Música, com André Mehmari ao piano). Diretor da gravação, ao lado de Leonel Pereda, Ronaldo Bastos assina com Venturini a inédita Mantra da Criação. Novidades na voz do cantor também são Não se Apague Esta Noite (Lô e Márcio Borges) e Verão nos Andes (Venturini e Aggeu Marques). Chico Neves é o diretor musical do CD e DVD, que sairão ainda em 2008.

Cozza recebe Maria Rita em gravação de DVD

Fabiana Cozza aproveitou a primeira das três apresentações que fez no Auditório Ibirapuera (SP) - em 30, 31 de maio e 1º de junho de 2008 - para gravar seu primeiro DVD. A gravação contou com a presença de Maria Rita, que já declarou publicamente sua admiração pelo trabalho de Cozza. As duas cantoras fizeram duetos em Malandro Sou Eu - samba de Arlindo Cruz, Franco e Sombrinha que Beth Carvalho lançou em 1985 no álbum "Das Bençãos que Virão com os Novos Amanhãs." - e em Trajetória, samba de Arlindo Cruz, Franco e Serginho Meriti que Elza Soares lançou no homônimo CD de 1997 e que Maria Rita regravaria, dez anos depois, em seu terceiro álbum, Samba Meu.
Aberto com Yaô, tema de Pixinguinha que Cozza cantou a capella, o roteiro do show foi baseado no repertório do segundo disco da cantora, Quando o Céu Clarear, lançado em 2007. Na foto acima, clicada por Rodrigo Amaral, a intérprete aparece em cena durante a apresentação de 31 de maio de 2008. Que venha o DVD!