4 de julho de 2009

DVD faz séquito baixar no tecnoterreiro de Rita


Resenha de Show - Gravação de DVD
Título: Tecnomacumba - A Tempo e ao Vivo
Artista: Rita Ribeiro (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Vivo Rio (RJ)
Data: 3 de julho de 2009
Cotação: * * * *
"Hoje é um dia importante. Estamos gravando essa história juntos. E essa história está acontecendo porque vocês quiseram que ela acontecesse. Obrigado pela presença de todos vocês durante todos esses anos". Os afagos de Rita Ribeiro no ego do público que compareceu à gravação do DVD do show Tecnomacumba - realizada na casa carioca Vivo Rio na noite de sexta-feira, 3 de de julho de 2009 - não foram gratuitos. Foi o público fiel do show que garantiu que a tal história - iniciada em 2003 com as primeiras discretas apresentações do show calcado no repertório afro-brasileiro - ganhasse merecido registro audiovisual após ter sido dada como encerrada pela própria Rita. Por isso, a gravação - que transcorreu ágil por conta da segurança da cantora - teve clima festivo. Seguidores da intérprete baixaram no tecnoterreiro para testemunhar o registro ao vivo. Assistir ao Tecnomacumba já virou quase um ritual para a platéia carioca que se espremeu na pista da casa Vivo Rio e dançou ao som de músicas como Domingo 23 (Jorge Ben Jor), Cavaleiro de Aruanda (Tony Osanah), É d'Oxum (Gerônimo e Vevé Calazans) - um número especialmente sedutor pela coreografia do dançarino caracterizado como Oxum que evoluiu pelo palco - e Jurema (ponto de domínio público adaptado por Rita). Capitaneada pelo guitarrista Israel Dantas, a banda Cavaleiros de Aruanda se encarregou de garantir a pressão dos arranjos. Cereja do bolo, a participação de Maria Bethânia em Iansã provocou justa euforia no terreiro. E pouco importou que anfitriã e convidada tenham saudado o orixá Iansã em tempos diferentes. Era noite de festa. Que terminou com a abertura de uma roda no centro da pista para que o Tambor de Crioula As Três Marias evoluísse ao som da música Tambor de Crioula (Junior e Oderdan Oliveira) e entretesse o público enquanto a cantora não voltava para o bis, usado para repetir os números que precisavam ser refeitos por conta da gravação (o set teve a adição do Canto para Oxalá, ponto já tradicionalmente apresentado no bis). Enfim, o santo de Rita Ribeiro é forte ("Sou uma macumbeira insistente", disse a cantora à certa altura da gravação) e não permitiu que Tecnomacumba saísse de cena sem um registro audiovisual que perpetuasse a comunhão entre a artista e seu público. Eparrei!

Rita saúda 'Iansã' com 'orixá' Bethânia em DVD



Número mais esperado da gravação do DVD Tecnomacumba, em show feito por Rita Ribeiro na casa Vivo Rio (RJ) na noite de sexta-feira, 3 de julho de 2009, Iansã contou com a participação de Maria Bethânia - com Rita nas fotos de Mauro Ferreira - e do maestro Jaime Alem ao violão. Bethânia entrou em cena no meio do número, entoando os versos da música de Caetano Veloso e Gilberto Gil que ela canta desde 1972. A intérprete saudou Iansã no seu ritmo, diferente do tempo adotado por Rita na primeira parte. Feito uma única vez, o número expôs a reverência de Rita Ribeiro ao orixá Bethânia, voz-ícone do repertório afro-brasileiro.

Zeca grava DVD no Rio com Ben Jor e Portela

Zeca Pagodinho vai gravar seu atual show, Uma Prova de Amor, para edição em DVD e CD ao vivo. O registro vai ser feito em 10 de julho de 2009, na casa carioca Citibank Hall, no Rio de Janeiro (RJ), com intervenções de Jorge Ben Jor (em Ogum) e da Velha Guarda da Portela - ambos convidados do CD editado em setembro de 2008 que originou o show. Dividido em blocos, o roteiro de Túlio Feliciano inclui tributos ao povo brasileiro, a ícones do samba, à malandragem e à mulher. Zé Carratu assina o cenário. O lançamento do DVD e do CD está previsto para outubro.

Leonardo lança três inéditas em registro ao vivo

Uma das três músicas inéditas do novo registro de show de Leonardo, Esse Alguém Sou Eu foi escolhida para batizar e iniciar a promoção do CD ao vivo que chega às lojas a partir de 14 de julho de 2009 pela gravadora Universal Music. Esse Alguém Sou Eu - Leonardo ao Vivo logo vai estar disponível também no já habitual formato de DVD, previsto para ser lançado em agosto com extras filmados em Goiás, terra natal do artista. Na gravação ao vivo do show, captada na casa Credicard Hall, em São Paulo (SP), em 24 de abril de 2009, Leonardo reverencia Waldick Soriano (1933 - 2008) em número que inclui as músicas Paixão de um Homem, Na Hora do Adeus e o hit Eu Não Sou Cachorro, Não.

3 de julho de 2009

Coletânea 'Hits' festeja 30 anos do Men at Work

Surgida em 1979, na cidade de Melbourne, na Austrália, a banda Men at Work foi uma onda que bateu e passou bem rápido na new wave dos anos 80. Depois de dois álbuns de grande sucesso, Business as Usual (1982) e Cargo (1983), brigas, stress e dissidências precipitaram o fim do grupo, ainda em 1985, no embalo do fracasso de seu terceiro álbum, Two Hearts (1985). A volta aconteceria somente em 1996 para turnê que acabou registrada no Brasil e gerou, em 1998, o CD ao vivo intitulado... Brazil. Essa trajetória é resumida na coletânea Men at Work Hits, idealizada para festejar os 30 anos da criação da banda. Recém-lançada no mercado nacional pela Som Livre, a compilação reúne em 15 faixas os sucessos da banda e músicas que não chegaram a ser propriamente hits. Claro que a seleção inclui Down Under, Who Cant It Be Now? - ambas do primeiro álbum do grupo - e Overkill, o hit do segundo. Eficiente, Men at Work Hits rebobina até o hit solo de Colin Hay, Into my Life, ouvido no registro ao vivo do álbum gravado no Brasil. Uma amostra daquela onda dos anos 80.

Eros segue receita pop italiana em 'Ali e Radici'

Resenha de CD
Título: Ali e Radici
Artista: Eros Ramazzotti
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * 1/2

Para o bem ou para o mal, o som de Eros Ramazzotti é uma das mais perfeitas traduções do pop italiano da atualidade. Ali e Radici - o 11º álbum de estúdio do cantor e compositor - já faz grande sucesso na Europa quando chega ao Brasil em edição da Sony Music. O repertório autoral é formado por músicas compostas por Eros com seus fiéis parceiros Adelio Cogliati e Claudio Guidetti. Este também assina a produção ao lado do artista. E ela - a produção - segue à risca a receita de Eros: pop enraizado nas tradições da canção italiana (sentimental como a brasileira), porém turbinado com elementos de rock e eletrônica. A ótima recepção obtida pela faixa Parla con me ratifica a aceitação popular do trabalho do artista. É a esse público que se destinam temas como Il Cammino (com guitarra de acento roqueiro) e L'Orizzonte (de tom mais orquestral). Ali e Radici não é ruim, mas tampouco consegue ir além da fórmula comercial já aprovada e já banalizada. Soa como mais do mesmo...

Bosco lança 13 inéditas em álbum de tom 'cool'

Com um (entusiástico!) texto de apresentação escrito pelo poeta Eucanaã Ferraz, João Bosco vai lançar na próxima semana seu primeiro álbum de inéditas em sete anos. De tonalidade cool, Não Vou pro Céu, mas Já Não Vivo no Chão tem título extraído do penúltimo verso de Sonho de Caramujo, uma das quatro músicas compostas por Bosco com Aldir Blanc no disco que marca a retomada da célebre parceria iniciada nos anos 70, desativada na década de 80 e retomada em 2006. Navalha, Plural Singular e Mentiras de Verdade são as outras três parcerias de Bosco com Blanc que compõem o repertório do álbum, editado pelo selo MP,B com distribuição da Universal Music. Eis as 13 músicas do sucessor do forte Malabaristas do Sinal Vermelho (2002) e seus autores:
1. Perfeição (João Bosco e Francisco Bosco)
2. Navalha (João Bosco e Aldir Blanc)
3. Pronto pra Próxima (João Bosco e Carlos Rennó)
4. Tanto Faz (João Bosco e Francisco Bosco)
5. Pintura (João Bosco e Carlos Rennó)
6. Desnortes (João Bosco e Francisco Bosco)
7. Tanajura (João Bosco e Francisco Bosco)
8. Mentiras de Verdade (João Bosco e Aldir Blanc)
9. Jimbo no Jazz (João Bosco e Nei Lopes)
10. Plural Singular (João Bosco e Aldir Blanc)
11. Ingenuidade (Serafim Adriano)
12. Alma Barroca (João Bosco e Francisco Bosco)
13. Sonho de Caramujo (João Bosco e Aldir Blanc)

Teresa prepara disco de repertório mais autoral

Teresa Cristina já se prepara para entrar em estúdio ainda em 2009 para gravar seu quinto álbum. O repertório do sucessor do belo Delicada (2007) vai enfatizar a produção autoral da cantora e compositora. Já estão com presença garantida no disco Convite à Tristeza - samba que Teresa já vem mostrando em shows - e Oferendas, parceria da artista com Arlindo Cruz. Como de praxe na obra fonográfica de Teresa, o CD vai ser gravado com o Grupo Semente. Sairá via EMI.

Jota Quest mira Cone Sul com CD em espanhol

Seguindo com atraso a rota já trilhada por outros grupos do pop nacional, como Paralamas do Sucesso e Skank, o quinteto Jota Quest vai conciliar a agenda da turnê La Plata com a gravação de seu primeiro álbum em espanhol. O CD mira o mercado do Cone Sul, formado por Argentina, Chile e Uruguai. Ainda em processo de seleção, o repertório vai ter algumas músicas novas, mas a base será os hits colecionados pelo grupo - em foto de Weber Pádua - desde a estreia no mercado fonográfico (em meados dos anos 90). A gravação do disco vai ser iniciada em agosto, na Argentina, com produção de Afo Verde, que já pilotou trabalhos do grupo Soda Stereo e de Fito Paez - ícones do pop rock argentino. Sai em 2010.

2 de julho de 2009

Milton e Zabé estão entre vencedores de Prêmio


Nem Milton Nascimento (que faturou dois troféus na Categoria MPB por conta do disco Novas Bossas, gravados com o Jobim Trio) e tampouco Zeca Pagodinho (que foi premiado duas vezes na Categoria Samba e ainda viu seu sucesso Uma Prova de Amor ser laureado com o prêmio de Melhor Canção). A artista mais aplaudida - de pé! - pelo público de convidados da cerimônia de entrega do 22º Prêmio da Música Brasileira foi Isabel Marques da Silva, a Zabé da Loca, que, do alto de seus 85 anos, recebeu o justo troféu de Revelação por conta do lançamento em 2008 de seu segundo álbum, Bom Todo, a rigor o disco que deu real projeção a essa compositora e tocadora de pífano que ficou confinada durante 25 anos com seus filhos numa gruta do interior da Paraíba depois que sua casa ruiu. Zabé e Milton (vistos em fotos de Mauro Ferreira) subiram felizes ao palco do Canecão na noite de 1º de julho de 2009 para receber seus prêmios. Eis a lista de vencedores de noite que premiou Lenine (destaque na Categoria Pop Rock pelo CD Labiata), fez justiça ao último grande disco de Chico César (Francisco, Forró y Frevo) e corrigiu falha da edição anterior ao indicar (e premiar) Paula Toller por seu trabalho solo:
CATEGORIA MPB
Melhor disco: Novas Bossas, de Milton Nascimento e Jobim Trio
Melhor grupo: Pedro Luis e a Parede
Melhor cantor: Milton Nascimento
Melhor cantora: Áurea Martins
CATEGORIA CANÇÃO POPULAR:
Melhor disco: Confete e Serpentina, de Maria Alcina
Melhor dupla: Zezé Di Camargo & Luciano
Melhor grupo: Doces Cariocas
Melhor cantor: Zé Renato
Melhor cantora: Maria Alcina
CATEGORIA REGIONAL
Melhor disco: Francisco Forró y Frevo, de Chico César
Mehor dupla: Chitãozinho & Xororó
Melhor grupo: Fim de Feira
Melhor cantor: Chico César
Melhor cantora: Renata Rosa
CATEGORIA INSTRUMENTAL:
Melhor disco: Passo de Anjo ao Vivo, de Spok Frevo Orquestra
Melhor solista: Hamilton de Holanda
Melhor grupo: Spok Frevo Orquestra
CATEGORIA POP/ROCK
Melhor disco: Labiata, de Lenine
Melhor grupo: Bangalafumenga
Melhor cantor: Lenine
Melhor cantora: Paula Toller
CATEGORIA SAMBA:
Melhor disco: Uma Prova de Amor, de Zeca Pagodinho
Melhor grupo: Grupo Fundo de Quintal
Melhor cantor: Zeca Pagodinho
Melhor cantora: Leci Brandão
ARRANJADOR: Jaques Morelenbaum
MELHOR CANÇÃO: Uma Prova de Amor (de Nelson Rufino
e de Toninho Geraes)
PROJETO VISUAL: Adams Carvalho por Francisco, Forró y Frevo
REVELAÇÃO: Zabé da Loca
DVD: Pros que Estão em Casa, de Toni Platão
DISCO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: My Baby Just Cares for me
- Delicatessen
DISCO ERUDITO: Heitor Villa-Lobos Choros n° 2,3,10,12 - Osesp
DISCO INFANTIL: Carnaval Palavra Cantada - Sandra Peres
e Paulo Tatit
PROJETO ESPECIAL: Omara Portuondo e Maria Bethânia
DISCO ELETRÔNICO: 1 Real, de DJ Dolores

Arlindo e Altay fecham noite especial de prêmio

Prêmio da Música Brasileira - 22ª edição
Rio de Janeiro (RJ) - Coube a Altay Veloso, a Arlindo Cruz e a ritmistas da bateria da Portela (em foto de Felipe Panfili) fechar - com apresentação do samba Mineira (João Nogueira) - o tributo a Clara Nunes (1942 - 1983) que pontuou a festa-show da 22ª edição do Prêmio da Música Brasileira, realizada na noite de 1º de julho de 2009, no Canecão. Foi, de fato, uma "noite especial", como enfatizou o idealizador do prêmio, José Maurício Machline, em discurso que o levou a ser aplaudido de pé pelos convidados que ocuparam as mesas da mais tradicional casas de shows do Rio de Janeiro. Foi noite especial porque a retirada do patrocínio por empresa de telefonia fez com que o prêmio fosse realizado pela garra e o esforço coletivo de todos os envolvidos na produção. Sem perda da qualidade - evidenciada, somente para citar um exemplo, na beleza dos cenários criados para cada apresentação dos artistas convidados a cantar na cerimônia. A homenagem a Clara ajudou a dar o brilho da noite. Dez números musicais - quase todos muito bons, como detalhado nos posts abaixo - garantiram a elegância da especialíssima noite, que premiou o empenho de Machline e, sobretudo, a (intensa) produção de música brasileira.

'Menino Deus' brilha na voz e no gestual de Zeca

Prêmio da Música Brasileira - 22ª Edição
Rio de Janeiro (RJ) - "Consegui!", disse Zeca Pagodinho para o maestro Rildo Hora, após cantar Menino Deus (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro) na festa-show que homenageou Clara Nunes (1942 - 1983). Talvez por estar um pouco alto, Zeca achou que nem fosse conseguir defender bem o samba, sucesso de Clara em 1974, mas o fato é que sua interpretação teve uma beleza toda particular, sobretudo pelo gestual com que o sambista enfatizou algumas imagens poéticas da (linda) letra de Paulo César Pinheiro.

Um 'Alvorecer' suave com a categoria de Emílio

Prêmio da Música Brasileira - 22ª Edição
Rio de Janeiro (RJ) - Samba de Ivone Lara e Délcio Carvalho que batizou em 1974 o primeiro álbum de Clara Nunes (1942 - 1983) a conquistar de fato o Brasil, Alvorecer ressurgiu suave no registro impecável de Emílio Santiago (em foto de Mauro Ferreira). Com direito a virtuoso solo de gaita do maestro Rildo Hora, autor dos arranjos da festa-show que reverenciou a obra e a figura de Clara, fã de primeira hora de Emílio, quando o cantor ainda atuava anonimamente na noite carioca. Um dos grandes números da 22ª edição do Prêmio da Música Brasileira pela categoria de Santiago.

Sereno, Lenine entra no mar de Clara com filho

Prêmio da Música Brasileira - 22ª Edição
Rio de Janeiro (RJ) - Em 1975, um lindo samba de Candeia (1935 - 1978), O Mar Serenou, consolidou o sucesso de Clara Nunes (1942 - 1983) ao ser gravado pela cantora no álbum Claridade. Na 22ª edição do Prêmio da Música Brasileira, quem se jogou no mar de Clara foi Lenine, num registro afetuoso e sereno feito em dueto com seu filho, João Cavalcanti, vocalista do grupo Casuarina. O (bom) número exemplificou a linha dos arranjos de Rildo Hora, urdidos num tom mais de gala - sem muita ênfase nas percussões...

Alcione saúda amiga Clara em 'Sem Companhia'

Prêmio da Música Brasileira - 22ª Edição
Rio de Janeiro (RJ) - De todos os intérpretes arregimentados para o tributo a Clara Nunes (1942 - 1983) prestado pelo Prêmio da Música Brasileira, Alcione foi a que teve relação mais afetuosa com Clara. Daí o significado especial do número. Com sua divisão particular, a Marrom reviveu Sem Companhia, música romântica que se tornou um dos sucessos do álbum Brasil Mestiço (1980) ao ser propagada na trilha sonora da novela Coração Alado. 10!

Portela entra na avenida com Aydar e Sapucahy

Prêmio da Música Brasileira - 22ª Edição
Rio de Janeiro (RJ) - Samba que em 1981 alavancou as vendas do penúltimo LP de Clara Nunes (1942 - 1983), Portela na Avenida evoluiu bem no palco do Canecão em número que juntou Mariana Aydar, Leandro Sapucahy (em foto de Mauro Ferreira) e ritmistas da escola de samba carioca que abrigou Clara de braços abertos quando a mineira se converteu ao samba. O desfile foi sedutor e ganhou corpo a partir da entrada dos ritmistas da mágica Portela.

Trecho de 'Brasileiro' com Latorraca e Maestrini

Prêmio da Música Brasileira - 22ª Edição
Rio de Janeiro (RJ) - Em 1974, Clara Nunes (1942 - 1983) estrelou ao lado do ator Paulo Gracindo (1911 - 1995) a segunda montagem de Brasileiro: Profissão Esperança, musical que entrelaça as obras de Antonio Maria (1921 - 1964) e Dolores Duran (1930 - 1959). O espetáculo lotou o Canecão durante meses no mesmo palco nobre onde os atores Ney Latorraca e Alessandra Maestrini reviveram trechos do espetáculo. Cantora de extensão vocal já exibida em musicais, Maestrini deu acento dramático às músicas dos compositores. Latorraca provocou risos com frases de Maria.

Zélia e Bosco põem suingue próprio em 'Nação'

Prêmio da Música Brasileira - 22ª Edição
Rio de Janeiro (RJ) - Samba majestoso que deu título em 1982 ao último álbum lançado por Clara Nunes (1942 - 1983), Nação ainda permanece imbatível no registro original da intérprete mineira. Contudo, o samba de João Bosco, Aldir Blanc e Paulo Emílio foi abordado com elegância e suingue todo próprio por Bosco em dueto com Zélia Duncan. Com direito a um baticum que evoluiu na cadência bonita do samba mais tradicional. Dueto foi interessante.

'Conto de Areia' não seduz no canto de Bethânia

Prêmio da Música Brasileira - 22ª Edição
Rio de Janeiro (RJ) - Momentos depois de receber o troféu de Projeto Especial por seu disco Omara Portuondo e Maria Bethânia, a cantora baiana pisou novamente no palco do Canecão para interpretar Conto de Areia (Romildo e Toninho), primeiro retumbante sucesso de Clara Nunes (1942 - 1983) em escala nacional. Líder das paradas em 1974, o samba tem cadência baiana condizente com a musicalidade de Bethânia (em foto de Mauro Ferreira). Contudo, a insegurança da cantora com a letra - lida em sua maior parte por ela, sem a menor cerimônia - fez com que a cantora perdesse o tempo do samba e se desencontrasse da banda. O número não fez jus à grande expectativa. Foi mecânico...

Cozza abre tributo a Clara em Prêmio de MPB

Prêmio da Música Brasileira - 22º Edição
Rio de Janeiro (RJ) - Coube a Fabiana Cozza fazer o primeiro dos dez números musicais da 22ª edição do Prêmio da Música Brasileira, que homenageou a cantora Clara Nunes (1942 - 1983). Às 21h55m de quarta-feira, 1º de julho de 2009, as luzes do Canecão se apagaram e a voz límpida de Clara ecoou na casa através da gravação de Guerreira, espécie de autorretrato da intérprete mineira. Na sequência, os apresentadores - Aloísio de Abreu, Fernanda Montenegro e Marcello Antony - entraram em cena e falaram da importância de Clara, revivida ao longo de toda a cerimônia através de imagens do telão, de trechos de suas gravações e de textos que explicaram ao público de convidados a importância de cada música apresentada na festa-show. A começar por Um Ser de Luz, samba composto em 1983 por João Nogueira (1941 - 2000) e Paulo César Pinheiro em saudação póstuma à artista. O samba foi defendido por Fabiana Cozza (em foto de Mauro Ferreira) em belo registro camerístico feito com quinteto de cordas. Prenúncio da elegância que pontuou a noite...

1 de julho de 2009

Coleção revive o áureo regionalismo pop de Elba

Resenha de série de reedições em CD
Título: Elba - 30 Anos de Carreira
Artista: Elba Ramalho
Gravadora: Universal Music

Há 30 anos, Elba Ramalho lançava seu primeiro álbum, Ave de Prata (1979), primeiro título de trilogia de caráter denso e rascante que seria completada com Capim do Vale (1980) e Elba (disco de 1981 lamentavelmente ainda inédito em formato digital). Contudo, a intérprete - radicada no Rio de Janeiro (RJ) desde 1974, vinda da Paraíba na corrente migratória dos anos 70 que trouxe cantores e compositores nordestinos para o Sul - somente alcançaria o sucesso nacional ao sair da gravadora CBS (atual Sony Music) e ingressar na então estreante Ariola, dirigida pelo produtor Marco Mazzola. Nessa companhia, Elba estreou em 1981 com o álbum Brazil Night Montreux 81, dividido com Toquinho e Moraes Moreira. Nesse disco, captado ao vivo no Festival de Montreux em 4 de julho de 1981, há o registro original de Bate Coração, xote que impulsionaria sua carreira e que seria regravado em estúdio no quarto LP da cantora, Alegria, gravado e editado em 1982. Alegria integra com Coração Brasileiro (1983), Do Jeito que a Gente Gosta (1984) e Fogo na Mistura (1985) o lote de reedições coordenadas pelo jornalista Rodrigo Faour para a gravadora Universal Music para celebrar as três coerentes décadas da carreira fonográfica de Elba. Vendidas separadamente e produzidas com capricho (as matrizes dos discos passaram por um novo processo de remasterização, os encartes preservam o material gráfico das edições originais e cada álbum vem com texto de Faour sobre a gravação), as quatro reedições integram a série Elba - 30 Anos de Carreira, nas lojas no início deste mês de julho de 2009. A tiragem inicial de cada título é de apenas mil cópias, mas, se as vendas forem boas, outros títulos da discografia da leoa Elba Ramalho podem ser relançados em 2009.

Alegria (1982)
Cotação: * * * * 1/2
Produzido por Aramis Barros, com direção artística de Mazzola, Alegria foi o álbum em que o repertório de Elba começou a ser embalado em formato pop sem perder o acento regional que ainda hoje situa a intérprete paraibana na cena musical brasileira. No embalo do sucesso de Bate Coração, o disco propagou outro tema da autora desse xote, Cecéu. Amor com Café também obteve bom desempenho nas paradas. Alegria trouxe músicas melhores de Lula Queiroga (Essa Alegria - Caboclinhos), Alceu Valença (Chego Já, frevo pouco conhecido do compositor pernambucano), Vital Farias (Sete Cantigas para Voar) e Geraldo Azevedo (Menina do Lido, gravada por Elba em dueto com o autor). Detalhe: Jackson do Pandeiro (1919 - 1982) fez para Elba (em parceria com Kaká do Asfalto) a arretada No Som da Sanfona e ainda tocou pandeiro na faixa. Mas Jackson quase não teve tempo de testemunhar o sucesso da música nos forrós, pois morreu em 10 de julho daquele 1982, ano - apesar dessa perda - alegre para Elba Ramalho, cujo sotaque de sua voz, inicialmente carregado, começava a ser suavizado para se enquadrar no padrão pop. Mas o fato é que sua voz ainda ganharia mais corpo e densidade ao longo dos anos 90.

Coração Brasileiro (1983)
Cotação: * * * * *
O segundo álbum solo de Elba para a Ariola consolidou e expandiu o sucesso da cantora. Por conta do êxito do anterior Alegria, Mazzola se encarregou da produção deste esfuziante Coração Brasileiro. Para começar, o disco abre com Banho de Cheiro, frevo de Carlos Fernando que ainda hoje é número obrigatório no bis dos shows de Elba. Na sequência, há outro hit memorável, Toque de Fole, faixa em que a voz da cantora dialoga com as sanfonas de Sivuca (1930 - 2006), Severo e Zé Américo, este também arranjador de outro destaque do repertório, Ai que Saudade de Ocê (Vital Farias). Nos arranjos, aliás, nota-se a presença mais destacada dos teclados que predominavam nos discos feitos nos anos 80. César Camargo Mariano pilota seus teclados, por exemplo, no terceiro grande hit do álbum, Canção da Despedida, parceria bissexta de Geraldo Azevedo com Geraldo Vandré. Já Francis Hime toca seu piano Yamara e rege Se Eu Fosse o teu Patrão, música de Chico Buarque, gravada por Elba com o compositor, em dueto que remetia ao seu primeiro trabalho de projeção no Rio: a participação como atriz, em 1978, na montagem original do musical Ópera do Malandro. Enfim, o Coração Brasileiro de Elba Ramalho bateu forte naquele ano de 1983 e fez o nome da artista pulsar de Norte a Sul do país. Clássico!

Do Jeito que a Gente Gosta (1984)
Cotação: * * *
Embora tenha alcançado sucesso popular por conta da faixa-título (tema de Severo e Jaguar que foi hit em todos os forrós) e do frevo Energia (de Lula Queiroga), Do Jeito que a Gente Gosta já sinalizou que a receita do regionalismo pop dos dois trabalhos anteriores de Elba começava a desandar. Entre frevo (Moreno de Ouro, tema em que Carlos Fernando - em parceria com Geraldo Amaral - não bisou a inspiração de Banho de Cheiro) e maracatu (Toque de Amor, de José Rocha e João Lyra), Elba caiu no Forró do Poeirão (de Cecéu, também sem a inspiração de Bate Coração e Amor com Café) e fez pulsar sua veia romântica em Amor Eterno (Soneto CXVI), tema de Tadeu Mathias e Ana Amélia, inspirado em versos de Shakespeare (1564 - 1616). Enfim, de sotaque mais pasteurizado e de repertório menos vigoroso, Do Jeito que a Gente Gosta se (re)apresenta como título menor da discografia de Elba (ainda que sua música de abertura, Azedo e Mascavo, de Celso Adolfo, mereça foco). Parece ter sido feito por obrigação. Não é por acaso que a faixa mais forte deste disco, Nordeste Independente (Imagine o Brasil), seja número gravado ao vivo no show inspirado no álbum anterior, Coração Brasileiro.

Fogo na Mistura (1985)
Cotação: * * * *
Como já anuncia o título do último disco da fase de maior popularidade de Elba, Fogo na Mistura dá mexida na fórmula que regia a obra da cantora. O início supõe um disco de tom pasteurizado por conta da faixa-título, tema de Tunai e Sérgio Natureza, impregnado de sintetizadores. Contudo, bem logo na sequência, vem o grande hit do CD, De Volta pro Aconchego, a toada de Dominguinhos e Nando Cordel que - conforme conta Rodrigo Faour no texto - chegou às mãos de Elba no compasso do baião (a ideia de romantizar o tema foi da cantora). Embora a primeira música de trabalho do álbum tenha sido Mexe...Mexe, Funga...Funga (outra parceria arretada da dupla Severo e Jaguar, do hit forrozeiro do ano anterior, Do Jeito que a Gente Gosta), o sucesso eterno do disco foi mesmo De Volta pro Aconchego, num arranjo inspirado de Dori Caymmi que foi propagado em rede nacional pela novela Roque Santeiro. Entre fusões explicitadas já no título (Sambaiãozar) ou no ritmo (Pátria Amada, misto de samba e frevo em que o autor Carlos Fernando celebrava a era cibernética que se instalava no mundo), Elba se permitiu ir além das fronteiras brasileiras, pisando No Caminho de Cuba (tema de Jaime Alem) com seu suingue nordestino e pondo tempero caribenho na receita em Como se Fosse a Primavera (Canción), versão de Chico Buarque para tema de Pablo Milanés com Batista Nicolas Guillen. A faixa ostenta metais em brasa que lhe dão clima caliente no tom explosivo que, aconchegos à parte, norteia Fogo no Mistura. Em seu álbum seguinte, Remexer (1986), Elba continuou a investir nas fusões, mas sem a popularidade obtida na fase áurea que se encerra em 1985 - revivida na atual bela coleção.

DVD de Maga (não) historia o afro-pop-baiano

Resenha de CD e DVD
Título: Movimento
AfroPopBrasileiro
- A História
Idealização: Margareth
Menezes
Artista: Vários
Distribuição: Dirigida
Cotação: * * * 1/2 (CD)
e * * (DVD)

No momento em que Daniela Mercury festeja a obtenção de patrocínio para a produção de seu sonhado documentário, A História Musical do Axé, sobre a música afro-pop-baiana, Margareth Menezes sai na frente e lança - com distribuição dirigida apenas a instituições e a formadores de opinião - o CD e o DVD Movimento Afro Pop Brasileiro - A História. A ideia é feliz, pois põe o foco nos líderes e no repertório dos blocos afros-baianos, base sólida da música rotulada como axé-music. Infelizmente, o resultado é insatisfatório. A rigor, o vídeo nem pode ser caracterizado como documentário. O DVD se limita a intercalar depoimentos ralos de compositores e intérpretes baianos com trechos do show que reuniu vozes expressivas do movimento no Teatro Castro Alves, em Salvador (BA), em 2007. Tais depoimentos mais exaltam o movimento e a iniciativa de Margareth do que propriamente relatam a gênese a evolução da música afro-baiana, enraizada em ritmos como samba-reggae e o ijexá. Melhor resultado alcança o CD com parte do registro ao vivo do show pelo fato de apresentar as gravações na íntegra. O primeiro volume - supõe-se que haja um segundo em produção - apresenta 15 registros, a maioria expressivos. A começar pelo encontro dos Filhos de Gandhi com Tatau para reviver o tema de Gilberto Gil que reverencia o mais tradicional bloco afro da Bahia. No ritmo do ijexá, Mateus Aleluia encerra o disco com Ogundê/Cequecê, exemplo do som afro-brasileiro que molda obra seminal do grupo Os Tincoãs. Entre um fonograma e outro, o ouvinte escuta sambas-reggaes que exaltam as tradições afro-brasileiras de grupos como Ilê Aiyê, Olodum, Malê Debalê e Muzenza. Casos de Fonte de Desejo - samba-reggae no qual Altair celebra o Ilê - e do pot-pourri de temas do Olodum em que brilha a voz poderosa de Tonho Matéria. E por falar em vozes poderosas, a cantora Virgínia Rodrigues alcança momento sublime ao reviver Deus do Fogo e da Justiça - primoroso tema do cancioneiro afro-brasileiro (da lavra de Oswaldo Almeida) - num registro de quase sete minutos que soa como oração. Margareth Menezes também se mostra na melhor das formas em abordagem pulsante de Alegria da Cidade (Lazzo e Jorge Portugal) em que seu caloroso vozeirão interage apenas com o violão de Saul Barbosa. Cantoras que sempre projetaram o melhor repertório do gênero, Daniela Mercury e Mariene de Castro defendem bem Dara (Daniela Mercury) e Novos Rumos (de Jota Maranhão), respectivamente, enquanto o compositor Roberto Mendes enfatiza a contribuição do samba de roda em pot-pourri com clássicos do gênero. Enfim, a música é boa, mas o documentário em si carece de um foco mais nítido. Os diretores e roteiristas Sérgio Siqueira e Rafaela Carrijo não conseguiram fazer com que o material falado - já ralo em sua essência - desse origem a uma narrativa propriamente dita que contasse a história do axé. Até porque os dados biográficos dos grupos afros expostos no filme são ditos de forma professoral, em meio a imagens de desfiles. Que venha o documentário de Daniela!

Inspirado, Costello retorna ao campo do country

Resenha de CD
Título: Secret,
Profane & Sugarcane
Artista: Elvis Costello
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * * *

Talvez somente um artista de obra bem mutante como Elvis Costello seja capaz de criar um álbum de música country a partir de temas compostos por ele para uma ópera sobre a vida amorosa do escritor e poeta dinamarquês Hans Christian Andersen (1805 - 1875). Parece estranho, e é, mas o fato é que Secret, Profane & Sugarcane confirma o vigor da inspiração camaleônica de Elvis Costello - sobretudo se levado em conta de que foi gravado em apenas três dias, num estúdio de Nashville (EUA), meca da música country americana. As belas baladas criadas para a tal ópera inacabada - com destaque para She Handed me a Mirror e She Was no Good - se ajustam com perfeição a um repertório que bebe nas fontes do seminal bluegrass (especialmente na faixa Hidden Shame) e evoca também o espírito do velho folk. Desde a primeira música, Down Among the Wines and Spirits, fica claro que o compositor pisa firme no campo da música country. Aliás, repisa, pois, em 1986, Costello já lançou um álbum calcado nas raízes do gênero, King of America, produzido aliás pelo mesmo T Bone Burnett que pilota esta sua segunda incursão pela música caipira norte-americana. É fato que a música mais bonita do repertório quase todo autoral, Changing Partners, não é da lavra de Costello e, sim, de Lawrence Coleman & Joseph Darion. Contudo, Secret, Profane & Sugarcane transcorre bem coeso em suas 13 faixas, evidenciando as múltiplas cores da obra do camaleão. Vale ouvir.

Sai DVD com obra sinfônica de Charles Mingus

Em 3 de junho de 1989, alguns fãs norte-americanos de jazz tiveram o privilégio de ouvir em primeira mão - no Alice Tully Hall, do Lincoln Center (Nova York, EUA) - a obra sinfônica Epitaph, composta por Charles Mingus (1922 - 1979). Descoberta após a morte do célebre baixista de jazz, a peça é eternizada em DVD que chega ao Brasil 20 anos depois de sua primeira apresentação nos palcos, feita por orquestra regida pelo maestro Gunther Schuller. Editado no exterior em 2008, o DVD Epitaph sai no mercado nacional com o selo da ST2, a empresa que distribui no Brasil os vídeos da Eagle Vision. A execução da suíte dura 130 minutos. A tiragem inicial é de apenas 500 cópias...

Ramiro improvisa rimas no álbum de Dughettu

Ainda em fase de gravação no estúdio NaGaragem, do produtor Plínio Profeta, o primeiro álbum do grupo carioca Dughettu, Questão de Que, ganhou a adesão do rapper André Ramiro (visto na foto acima com dois integrantes da banda, Nino e Marcello Silva). Projetado por seu trabalho como ator no filme Tropa de Elite, Ramiro improvisou rimas na faixa Mete o Pé na Porta. O CD de estreia do Dughettu vai ser lançado ainda este ano.

30 de junho de 2009

Os discos do semestre são de Aydar, Ná e Zélia

Terça-feira, 30 de junho - Três cantoras lançaram os melhores CDs do primeiro semestre de 2009. Mariana Aydar, Ná Ozzetti e Zélia Duncan surpreenderam público e crítica com discos arejados, modernos e sedutores. Sem se afastar do samba, Aydar encontrou sua turma e começou a construir em seu segundo álbum - Peixes Pássaros Pessoas, lançado em abril - um universo particular, urdido com músicas de nomes promissores da atual cena indie - casos de Luisa Maita, Rodrigo Campos, Nenung e Rômulo Fróes, entre outros. Sem falar que Duani - produtor do disco ao lado de Kassin - se revelou interessante compositor de sambas. Já Ná Ozzetti reafirmou a maestria de seu canto tão cool quanto manemolente em Balangandãs, editado em maio. Neste álbum, Ná aborda o fino repertório de Carmen Miranda (1909 - 1995) sem recorrer aos clichês de brasilidade tropical insistentemente associados ao cancioneiro da efusiva Brazilian Bombshell. Notável cantora, Ná deu novas nuances ao repertório de Carmen escorada nos arranjos inventivos de Mário Manga e de Dante Ozzetti. Por sua vez, Zélia Duncan conseguiu manter o alto nível de sua discografia recente em Pelo Sabor do Gesto, álbum editado em junho. Pautado por elegante suavidade, o disco envolve belo repertório inédito numa série de barulhinhos bons criados por seus dois produtores, Beto Villares e John Ulhoa. De quebra, o CD apresentou uma das canções mais redondas dos últimos tempos, Tudo Sobre Você, parceria de Zélia com Ulhoa. Enfim, três belos discos que fizeram valer o semestre fonográfico e que, com toda certeza, já garantiram seus lugares nas listas de melhores álbuns de 2009. Que venha o segundo semestre do ano!!

Joyce canta Chico, Sueli e Alf em 'Slow Music'

Joyce Moreno lança em julho de 2009, pela gravadora Biscoito Fino, um álbum pautado por silêncios e pausas. Apropriadamente intitulado Slow Music, o CD reúne canções de amor que evitam o tom exacerbado da maioria do repertório do gênero. Em Slow Music, a compositora - vista acima em foto de Leonardo Aversa - marca presença somente em uma ou outra faixa, como Valsa do Pequeno Amor, abrindo espaço para a intérprete numa seleção que irmana temas de Chico Buarque (Samba do Grande Amor), Johnny Alf (Olhos Negros, parceria com Ronaldo Bastos), Sueli Costa (Amor Amor, cujos versos são do saudoso poeta Cacaso) e Marcos Valle (O Amor É Chama, música menos conhecida da obra com Paulo Sérgio Valle). Até um bolero clássico - Esta Tarde Vi Llover, da lavra de Armando Manzanero - integra o repertório do CD, gravado com o baterista Tutty Moreno, o baixista Jorge Helder e o pianista Hélio Alves. A artista dedica Slow Music a Bill Evans (1929 - 1980), João Gilberto e a Shirley Horn (1934 - 2005).

Shows do Blur em Londres geram discos ao vivo

Os dois shows que o reativado grupo Blur vai fazer esta semana - quinta e sexta-feira, 2 e 3 de julho de 2009, no Hyde Park, em Londres - serão gravados para edição em CDs comercializados somente pelo site oficial do grupo britânico. Cada apresentação dará origem a um disco duplo ao vivo. Já é possível fazer a pré-venda dos CDs, que terão fotos do show. As tiragens são limitadas.

Ed faz 'Piquenique' com Maria Rita e Rita Lee

Décimo álbum de inéditas de Ed Motta, Piquenique alinha os nomes de Maria Rita e de Rita Lee na ficha técnica. Maria Rita gravou participação na faixa A Turma da Pilantragem, tributo ao grupo dos anos 60 liderado pelo cantor Wilson Simonal (1938 - 2000). Já Rita Lee contribuiu para o repertório com Nefertiti, única música do disco que não traz a assinatura de Ed (Nefertiti é o nome de um dos gatos de Rita). Em Piquenique, o cantor estreia parceria com sua mulher, Edna Lopes, letrista de faixas como Nicole Versus Cheng e Pé na Jaca (cujo arranjo inclui o baixo de Liminha). Edna se inspirou em histórias em quadrinhos e no cinema noir para escrever algumas letras. O álbum - que foi gravado no estúdio caseiro de Ed e vai ser masterizado nos Estados Unidos por Herb Powers - tem lançamento previsto para agosto de 2009, um ano depois de seu antecessor Chapter 9. Na foto acima, extraída do blog do site oficial de Ed, o cantor posa com os co-produtores do álbum, Mario Léo (à esquerda) e Silvera.

Cañas lança em julho 'Hein?', feito com Liminha

Hein? é o título do segundo álbum de Ana Cañas, produzido por Liminha. Sucessor de Amor e Caos (2007), o disco já está no forno da gravadora Sony Music e chega às lojas em julho de 2009.

29 de junho de 2009

Faixas e ensaios de Michael podem gerar discos

Enquanto o mundo acompanha os passos da investigação que vai tentar apontar a causa da morte de Michael Jackson (1958 - 2009), crescem os rumores de que as gravações realizadas pelo cantor desde 2005 para álbum de inéditas podem gerar um CD póstumo. O sucessor de Invincible (2001) estava sendo urdido vagarosamente por Michael - em foto de Joel Ryan, da AP - com temas e intervenções de rappers como will.i.am, Akon e Ne-Yo. Supostamente, já haveria seis músicas gravadas, uma delas intitulada I'm Still the King. Em fevereiro de 2007, outra suposta música do álbum - No Friend of Mine (Gangsta), gravada com adesão do rapper Pras, integrante do extinto trio Fugees - caiu na internet. Há também a hipótese - mais provável - da edição em DVD e em CD de um ensaio da megaturnê This Is It. O ensaio de 23 de junho - antevéspera da morte do cantor - no Staples Center, em Los Angeles (EUA), teria sido filmado em alta definição pela empresa AEG Live, promotora da série de 50 shows que Michael faria em Londres a partir de 13 de julho. O áudio geraria um CD enquanto o registro audiovisual do ensaio (com figurino, cenário e bailarinos) resultaria num DVD. Por ora, no entanto, a empresa nega a edição de qualquer material capturado nos últimos ensaios.

Paramore lança 'Brand New Eyes' em setembro

O terceiro álbum do quinteto Paramore, Brand New Eyes, tem lançamento programado pela Warner Music para 29 de setembro de 2009. O primeiro single do sucessor de Riot! (2007), Ignorance, já vai ser lançado no começo de julho. Produzido por Rob Cavallo, que já trabalhou com bandas como Green Day, o álbum vai ser lançado no formato de CD simples e numa edição deluxe com limitada tiragem de 15 mil cópias. Essa edição luxuosa - disponível para venda apenas no site oficial da banda - virá embalada em caixa que abriga o CD propriamente dito, diário de 40 páginas (com capa dura, letras das músicas e anotações sobre o disco feitas à mão pela líder do Paramore, Hayley Williams), single em vinil colorido de sete polegadas com quatro músicas acústicas, DVD com documentário (com entrevistas, cenas de bastidores, o clipe de Ignorance - e seu making of - e raras vinhetas da banda), encarte com 16 páginas em quatro cores, pôster do Paramore, cinco fotos em papel especial e certificado de autenticidade numerado. Eis - na ordem - as 11 faixas do CD Brand New Eyes:
1. Careful
2. Ignorance
3. Playing God
4. Brick By Boring Brick
5. Turn It Off
6. The Only Exception
7. Feeling Sorry
8. Looking Up
9. Where The Lines Overlap
10. Misguided Ghosts
11. All I Wanted

'The E.N.D.' insere Eyed Peas na cena 'clubber'

Resenha de CD
Título: The E.N.D.
Artista: Black Eyed Peas
Gravadora: Interscope
/ Universal Music
Cotação: * * * 1/2

Nascido em Los Angeles, nos EUA, will.i.am. desde sempre curtiu a cena dance de sua cidade. The E.N.D. - o quinto álbum de seu grupo, Black Eyed Peas - é tentativa bem-sucedida de inserir o rap funkeado do quarteto no universo clubber. Ao lado de MC Taboo, Fergie (cujos vocais podem ser ouvidos com mais destaque na faixa Meet me Halfaway) e de apl.de.ap, o líder will.i.am mixa as levadas habituais do Black Eyed Peas com as batidas de electro e house que se ouve nas pistas mais antenadas do mundo. O resultado tem sido explosivo - como prova o sucesso do primeiro single do álbum, Boom Boom Pow, que liderou as paradas norte-americanas por mais de dois meses. O quarteto soube se associar a nomes importantes da cena dance, como o DJ francês David Guetta, produtor de outro single poderoso, Rock That Body. Com eventual pegada pop, como em I Gotta Feeling, The E.N.D. é disco cheio de energia que quase sempre capta a efervescência das pistas. Há um tom festivo explicitado já no título de músicas felizes como Party All the Time. A ideia de will.i.am é que as 16 faixas soem como o set de um DJ. Conceitos à parte, o fato é que o CD já está seguindo a trilha de sucesso de Elephunk (2003) e Monkey Business (2005), os álbuns que projetaram o som do Black Eyed Peas em escala mundial. E é bom!

Jair volta ao mundo infantil para celebrar filha

Revelado nos anos 80 como integrante do grupo A Turma do Balão Mágico, Jair Oliveira volta ao universo musical infantil com o CD-Livro Grandes Pequeninos, idealizado por Jair com Tania Khalill - mulher do cantor, em evidência atualmente por conta de seu trabalho como atriz na novela Caminho das Índias - para celebrar o nascimento de sua primeira filha, Isabella. Escrito por Mariana Caltabiano, o livro traz encartado um CD com 12 músicas inéditas, compostas e arranjadas por Jair. Para interpretá-las, o artista convidou time de amigos-cantores-pais que inclui Pedro Mariano (Cadê o Manual?), Wilson Simoninha (Passeando com o Papai), Max de Castro (Bebê a Bordo), Luciana Mello (Quanto Brinquedo Legal!) e Seu Jorge (Bom Dia, Bebê). Jair Rodrigues, pai do cantor, solta a voz em faixa apropriada para ele: Vovô e Vovó.

28 de junho de 2009

Paralamas seguem a rota certa em 'Brasil Afora'



Resenha de Show
Título: Brasil Afora
Artista: Paralamas do Sucesso (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Canecão (RJ)
Data: 27 de junho de 2009
Cotação: * * * * 1/2
Calibrada com (ligeira) citação de Every Breath You Take, clássico do grupo inglês The Police, Vital e sua Moto é a música que encerra sintomaticamente o bis do novo show dos Paralamas do Sucesso, Brasil Afora. Sair de cena ao som de seu sucesso juvenil talvez tenha sido uma forma sutil de o trio carioca enfatizar para o público que o sol definitivamente voltou a brilhar para a banda. Brasil Afora, o CD lançado em fevereiro de 2009, apresentou repertório irregular, mas teve o mérito de trazer a banda de volta para sua rota pop, da qual ela se desviara em discos como o melancólico Longo Caminho (2002) por conta de questões extra-musicais. Brasil Afora, o show, é solar e acerta ao diluir o repertório do álbum que lhe inspirou (são apenas cinco músicas entre 27 números) no roteiro pontuado por hits de todas as fases dos Paralamas. Como a banda continua afiada (entrosamento já atestado em espetáculos anteriores), o resultado é show festivo, esplendidamente iluminado por Marcos Olívio com luz calorosa que valoriza e explora bem o pano costurado pelo cenógrafo Zé Carratu com figuras e símbolos que evocam e desenvolvem a arte gráfica do CD Brasil Afora. A combinação de luz e cenário é bela.
Dividem a cena com o trio o tecladista João Fera (já praticamente um quarto paralama), o saxofonista Monteiro Jr. e o trombonista Bidu Cordeiro. Os metais duplos garantem a pulsação explosiva de números como Dos Margaritas, O Beco e Bora Bora. Já os teclados de Fera enfeitam bem Ela Disse Adeus e Lanterna dos Afogados, entre outras músicas presentes na memória afetiva do público do trio. Mas o fato é que Herbert Vianna (voz e guitarra), João Barone (bateria) e Bi Ribeiro (baixo, tão discreto quando infalível) se bastam no palco. Essa salutar auto-suficiência fica clara quando os músicos convidados saem de cena para deixar o trio, sozinho, tocar O Calibre e Meu Erro. A propósito, o coro do público nessa balada da juventude exemplifica a comunhão que há entre Paralamas e seus fãs. Reafirmada no incendiário bloco final em que a banda dispara petardos do calibre de Lourinha Bombril, Alagados (momento catártico que culmina com Herbert puxando o refrão de Sociedade Alternativa, o hit-hino de Raul Seixas) e Uma Brasileira. Sem falar no bis que emenda Sonífera Ilha - efeito da turnê (ainda em trânsito) feita pelo trio com os Titãs - com Ska.
No palco, Brasil Afora desce azeitado do começo ao fim. Com direito a baladas (Romance Ideal, Cuide Bem de seu Amor, Caleidoscópio) e a um set acústico em que Mormaço (bom tema do disco novo) deságua no Rio Severino a bordo da corrente nordestina que irmana as músicas em cena. Entre a boa surpresa de ouvir Barone cantar O Vencedor (com interpretação que roça o registro feito pelo autor Marcelo Camelo em disco da banda Los Hermanos) e a constatação de que Quanto ao Tempo brilha mais como balada (tal como a música de Carlinhos Brown e Michael Sullivan foi gravada por Ivete Sangalo) do que na levada de reggae lhe imposta pelos Paralamas, Brasil Afora transita por estrada ensolarada que sinaliza que, no palco, o trio carioca sabe chegar logo ao seu destino sem tropeços na caminhada. Show impactante!

Paralamas reverenciam Michael em show solar

"Uma criatura única... O grande, grande Michael Jackson...". A saudação de Herbert Vianna a Michael Jackson (1958 - 2009) é feita no início do bis do novo show dos Paralamas do Sucesso, Brasil Afora, enquanto a afiada banda reproduz a batida de Billie Jean, um dos maiores hits do astro morto na última quinta-feira, 25 de junho de 2009. Show inebriante, Brasil Afora estreou em Curitiba (PR), passou por São Paulo (SP) e chegou ao Rio de Janeiro (RJ) neste fim de semana para duas apresentações no Canecão, sexta-feira e sábado, 26 e 27 de junho. Eis o roteiro do show, que surpreende ao incluir música do repertório do grupo Los Hermanos, O Vencedor, em registro do baterista João Barone:

1. Sem Mais Adeus (Carlinhos Brown e Alain Tavares)
2. Dos Margaritas (Herbert Vianna e Bi Ribeiro)
3. Pólvora (Herbert Vianna)
4. O Beco (Herbert Vianna e Bi Ribeiro)
5. Ela Disse Adeus (Herbert Vianna)
6. Cuide Bem do seu Amor (Herbert Vianna)
7. Romance Ideal (Martim Cardoso e Herbert Vianna)
8. Bora Bora (Herbert Vianna)
9. Perplexo (Herbert Vianna)
10. Meu Sonho (Herbert Vianna)
11. A lhe Esperar (Arnaldo Antunes e Liminha)
12. O Calibre (Herbert Vianna)
13. Meu Erro (Herbert Vianna)
14. Mormaço (Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone)
15. O Rio Severino (Herbert Vianna)
16. Caleidoscópio (Herbert Vianna)
17. Uns Dias (Herbert Vianna)
18. O Vencedor (Marcelo Camelo)
19. A Novidade (Gilberto Gil, Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone)
20. Quanto ao Tempo (Carlinhos Brown e Michael Sullivan)
21. Lourinha Bombril (Diego Blanco e Bahiano - Versão: Herbert Vianna)
22. Alagados (Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone)
23. Uma Brasileira (Herbert Vianna e Carlinhos Brown)
Bis:
24. Lanterna dos Afogados (Herbert Vianna)
25. Sonífera Ilha (Branco Mello, Marcelo Fromer, Tony Bellotto, Ciro Pessoa e Carlos Barmack)
26. Ska (Herbert Vianna)
27. Vital e sua Moto (Herbert Vianna)

Outra coletânea para lembrar legado do Smiths

Resenha de CD
Título: The Sound of
The Smiths
Artista: The Smiths
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * * *

Para quem não viveu os anos 80, The Smiths foi influente quarteto britânico que girou fora do círculo deliciosamente frívolo do tecnopop que dominou aquela década movida a egos e sintetizadores. Ao combinar a guitarra melódica de Johnny Marr com a poesia densa do atormentado Morrissey, o grupo criou um dos sons que deixaram marcas no mundo pop. Havia algo de Smiths - para citar somente um exemplo - na Legião Urbana do clássico álbum Dois (1986). A banda existiu de 1982 a 1987, tendo gravado apenas quatro álbuns de estúdio e alguns singles. É esse material que aparece rebobinado na coletânea dupla The Sound of The Smiths, produzida em 2008 e ora lançada no Brasil, via Warner Music, com seis meses de atraso. Como já existem dezenas de coletâneas dos Smiths, esta tenta se escorar nos 22 fonogramas (mais ou menos) raros enfileirados no disco 2 enquanto o disco 1 cumpre sua função de mapear a produção fonográfica oficial do quarteto. O que conta a favor dessa atual compilação é a masterização. O som dos Smiths nunca soou tão claro. E, mesmo para quem já tem todos os álbuns, a seleção de raridades do CD 2 tem lá seus encantos. Como o remix (intitulado New York Vocal) de This Charming Man. Ou o registro ao vivo de What's the World? (cover da banda James), que, de acordo com a ficha técnica do disco, foi lançado em cassete em 1987. Há ainda alguns lados B de singles que podem fisgar fãs do grupo. Contudo, a rigor, The Sound of The Smiths é mais indicada para quem quer se inteirar do legado dessa banda que influenciou gente hoje bem influente. Renato Russo (1960-1996) ouviu muito Morrissey.

Mitos brasileiros inspiram violeiro a criar 'Nuá'

Reza a lenda que - além de um virtuoso violeiro - Paulo Freire é também exímio contador de causos. Dozes deles, todos recolhidos do rico folclore nacional, inspiraram o músico a compor os temas instrumentais que formam o repertório de Nuá - As Músicas dos Mitos Brasileiros. Editado no formato de livro, no qual foi encartado o CD, Nuá tem edição viabilizada pelo selo Vai Ouvindo, do próprio Paulo Freire, e distribuída nas lojas pela Tratore. O livro traz o relato dos doze causos - Cunhado de Lobisomem, Curupira, Dona do Capeta, Serpente Emplumada e Cabeça Voadora, entre outros - que motivaram as composições dos temas, arranjados por nomes como Nailor Proveta, Bocato e Léa Freire. Nuá inclui também comentários da antropóloga Betty Mindline ilustrações de Kiko Farkas. Patrocinado pela Petrobrás, Nuá já é o sétimo álbum da discografia do violeiro Paulo Freire e o preço do CD-livro é R$ 22.

Coletânea dupla dimensiona a obra de Santana

Resenha de CD
Título: Multi
Dimensional Warrior
Artista: Santana
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * * 1/2

Lançada no exterior em outubro de 2008, a coletânea dupla Multi Dimensional Warrior chega ao mercado nacional neste mês de junho de 2009, via Sony Music, com 30 gravações da obra de Santana. Não se trata de compilação que prioriza hits. Tanto que Oye como Va - o eletrificado cover do tema de Tito Puente que projetou o guitarrista em 1970 - e Smooth nem figuram na seleção. O diferencial da coletânea é ter sido produzida pelo artista. Foi o próprio Santana que escolheu os 30 fonogramas que, no entender do guitarrista, dão a apropriada dimensão alcançada por sua música nas últimas quatro décadas. O CD 1 apresenta 16 faixas cantadas (com reprodução das letras no encarte). Entre elas, Spirit, Brotherhood e Right Now. Já o CD 2, instrumental, enfatiza as incursões de Santana pelos ritmos latinos através de gravações virtuosas como a de Sampa Pa Ti, feita originalmente em 1970. Aliás, a compilação expõe o ano e a origem das 30 faixas. No todo, Multi Dimensional Warrior é boa introdução para quem quer se inteirar do som deste músico que transita pelo rock, pelo blues e pela música latino-americana.