12 de junho de 2010

Gaynor simula em cena magia dos dancin' days

Resenha de Show
Título: Gloria Gaynor
Artista: Gloria Gaynor (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Vivo Rio (RJ)
Data: 11 de junho de 2010
Cotação: * *
Em cartaz em Vitória (ES) em 12 de junho de 2010

"I will survive", bradou Gloria Gaynor em 1979, no auge da disco music. Nem ela imaginaria na época que sobreviveria por tanto tempo no rastro do estouro mundial de I Will Survive, o manifesto feminista que lançou naquele ano no álbum Love Tracks. Mas Gaynor sobreviveu. Aos 60 anos, com a voz ainda em forma, ela se alimenta dos resquícios saudosistas dos mágicos embalos da década de 70. Em mais uma vinda ao Brasil, para miniturnê que totaliza três shows (o último acontece neste sábado, 12 de junho de 2010, na Arena Vitória, em Vitória - ES), Gaynor se escora na voz, em covers de hits alheios, na sua figura - ainda mítica para o público GLS, a ponto de gritos de "Diva!" terem sido ouvidos ao longo do show feito pela cantora na casa Vivo Rio na noite de 11 de junho de 2010 - e, claro, em seu hino I Will Survive. Quando foram ouvidos os primeiros acordes da música, ligeiro clima de euforia tomou conta do público que suportou baladas chatas (uma com "mensagem que Deus quis eu passasse para vocês", de acordo com a artista) e temas menores do repertório irregular de Gaynor. Sacrifício compensado pelo prazer ainda redentor de ouvir I Will Survive na voz da intérprete ao fim do morno show. Gaynor sabe do poder de seu maior hit e valoriza o número, interrompendo a música para ressaltar a longevidade de I Will Survive e, depois, retomá-la com levada diferente. Mas - claro - o arranjo logo volta à pegada da emblemática gravação original da diva sobrevivente.

Lançada em disco no mesmo ano de 1975 em que debutou Donna Summer, Gaynor não gravou na era da disco music um repertório tão sedutor quanto o de Summer. O que explica os altos e baixos do roteiro e a necessidade de se valer de covers dos cancioneiros de Barry White (You're the First, the Last, my Everything - em dueto com seu bom vocalista), The Police (Every Breathe You Take - com arranjo que demole a estrutura rítmica do tema já gravado por Gaynor em 1998 no álbum The Power) e Michael Jackson (I'll Be There - em outro dueto com seu vocalista). Covers necessários porque os hits medianos da cantora, como I Never Knew e Goin' Out of my Head, não seguram um show inteiro. Por mais que a voz esteja em forma, há no ar certa atmosfera de decadência, disfarçada num primeiro momento quando Gaynor entra em cena entoando de cara - e a capella - seu segundo maior hit, I Am What I Am, gravado em 1984, um ano depois de a música ter sido lançada na versão musical da peça A Gaiola das Loucas, ora encenada no Rio de Janeiro (RJ). Gaynor emenda I Am What I Am com Never Can Say Goodbye, alentado cover do Jackson 5 que lhe deu projeção em 1974. Gloria Gaynor é o que é: cantora datada que sobrevive por simular em cena a magia dos dancin' days. Quando, já no bis, a cantora recorre a Can't Take my Eyes Off You - na pegada irresistível da gravação do grupo Boys Town Gang - o público embarca na onda. Mas talvez esse público dançasse com o mesmo entusiasmo se estivesse ali a vocalista da banda de Gaynor - que, no meio do show, sola Got To Be Real e apresenta a banda com lentidão enfadonha enquanto a atração principal se ausenta do palco - ou qualquer outro intérprete. Mas, por acaso, era a sobrevivente Gloria Gaynor, intérprete da sempre irresistível I Will Survive. E isso fez a diferença no show de ontem.

Conceito supera a música de Caetano em '95-07'

Resenha de Caixa de CDs
Título: Quarenta Anos
Caetanos - 95-07
Artista: Caetano Veloso
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * 1/2

Ao embalar os álbuns gravados por Caetano Veloso entre 1995 e 2007 para completar a coleção Quarenta Anos Caetanos, a caixa 95-07 mostra que, no período, o conceito do disco passou a ser mais interessante do que a música feita pelo compositor para se ajustar a esse conceito. Exemplo é Livro (1997), álbum cuja arrojada sonoridade foi urdida a partir da interação da percussão afro-baiana com a estética joãogilbertiana de violão e com o cool jazz do pianista Gil Evans (1912 - 1988). Entretanto, nenhuma música (Doideca, Você É Minha, Manhatã, Alexandre, Não Enche, Os Passistas e Pra Ninguém, entre elas) realmente entrou para o repertório de clássicos de Caetano. Ainda que o samba Onde o Rio É Mais Baiano tenha ganhado em Livro o seu registro mais belo. Na sequência dos discos de estúdio, Noites do Norte (2000) voltou a impressionar muito mais pelo conceito do que pela qualidade do repertório inédito e autoral (Zera a Reza, Rock in Raul, 13 de Maio, Cantiga de Boi, Meu Rio, Sou seu Sabiá) que cairia logo em esquecimento. Enraizado na tradição percussiva vinda dos escravos, o sombrio Noites do Norte tocou em temas abolicionistas - a obra do escritor Joaquim Nabuco (1849 - 1910) foi o ponto de partida para a elaboração do conceito do disco - e flertou com a poética negra de Jorge Ben Jor, de quem Caetano regravou (muito bem) Zumbi. O álbum evidenciou a ligação do tropicalista com músicos jovens como o guitarrista Pedro Sá e o baterista Domenico Lancelotti - elo que seria mantido em Eu Não Peço Desculpa (2002) - trabalho mais leve assinado com Jorge Mautner - e reforçado no roqueiro e sexual (2006), último álbum de estúdio da caixa. Em seu flerte com o indie rock, foi pautado por repertório irregular, mas, verdade seja dita, da safra cheia de testosterona, Rocks e Odeio se tornaram reais hits entre o público jovem que recebeu muito bem o disco. , aliás, renovou o público de Caetano, que vinha de um vigoroso, personalíssimo e senhoril tributo à canção norte-americana, A Foreign Sound (2004), em que irmanou Cole Porter (So in Love), Kurt Cobain (Come as You Are) e o brasileiro Morris Albert (Feelings). Pena que o belo show A Foreign Sound não tenha merecido registro ao vivo. A propósito, 95-07 está recheada de discos captados em apresentações do compositor. Fina Estampa ao Vivo (1995), Prenda Minha (1998 - campeão de vendas da discografia do artista por conta do milhão de cópias vendidas no embalo do estouro da gravação despojada de Sozinho, tema de Peninha que havia sido hit na voz de Sandra de Sá), Omaggio a Federico e Giulietta (1999), o duplo Noites do Norte ao Vivo (2001) e Multishow ao Vivo - Cê (2007) não se limitaram a reproduzir as músicas dos discos que o originaram. Ao contrário, as múltiplas conexões feitas por Caetano Veloso nos roteiros de seus shows sempre ampliaram conceitos e repertórios dos álbuns de estúdio com resultados sempre satisfatórios. Em Omaggio a Federico e Giulietta, por exemplo, Caetano recorreu a temas antigos de lavras própria (Cajuína, Coração Vagabundo, Trilhos Urbanos e Lua, Lua, Lua, Lua) e alheia (como o mambo Patrícia e o fado Coimbra) para criar ambiência sonora que remetesse ao tributado universo cinematográfico de Federico Fellini (1920 - 1993) e da atriz Giulietta Massina (1921 - 1994). Seja como for, ao motivar análise em perspectiva destes dez álbuns, a caixa 95-07 evidencia real queda na qualidade do cancioneiro autoral do artista. Com exceções de alguns eventuais acertos, quase não há músicas realmente inspiradas e credenciadas para figurar num autoral best of do compositor, que, inquieto, vem se renovando já há 40 anos.

P.S.: Como a série foi criada para celebrar os 40 anos de Caetano na gravadora hoje denominada Universal Music, na qual o artista ingressou em 1967, a caixa vai até 2007 e exclui Zii e Zie (2009).

Beatles'70 rebobina obra dos Fab Four em 1970

Dando continuidade à (longa) série de discos com regravações do repertório dos Beatles por artistas brasileiros, o produtor Marcelo Fróes põe nas lojas por seu selo Discobertas os dois volumes de Beatles'70. O vol. 01 apresenta regravações do repertório de Let It Be, o último álbum do quarteto a chegar às lojas (em 8 de maio de 1970). A seleção combina gravações inéditas - feitas por nomes como Dr. Sin (Dig a Pony), Profiterolis (Me Mine), Rodrigo Santos & Marília Bessy (For You Blue), Márcio Biaso (Maggie Mae) e a dupla Sá & Guarabyra (Let It Be) - com fonogramas antigos de Zélia Duncan (Two of us - com Os Britos) e Jane Duboc (Across the Universe), entre outros. Embora feitos entre 1999 e 2000, os dois registros de Zé Ramalho (The Long and Widing Road e Isn't a Pity?) também são inéditos em disco. Por sua vez, o vol. 02 concentra regravações - quase todas antigas - de músicas lançadas pelos Fab Four em seus primeiros discos individuais, editados em 1970. Os três únicos registros inéditos da coletânea são os de Beware of Darkness e It Don't Come Easy - ambos na voz de Zé Ramalho - e o de What Is Life (com Lia Sabugosa e Márcio Biaso). Os dois volumes são indicados somente para os Beatlemaníacos...

Richards lança 'Wingless Angels 2' em setembro

Enquanto o grupo Rolling Stones não se reúne para gravar o álbum sucessor de A Bigger Bang (2005), o guitarrista da banda, Keith Richards, se prepara para editar o segundo volume de seu projeto de música sacra rastafari. Wingless Angels 2 vai ser lançado em 23 de setembro de 2010 pelo selo de Richards, Mindless, com renda revertida para a família de Justin Hinds (1942 - 2005), parceiro do guitarrista nesse projeto, iniciado em 1972, ano em que Richards conheceu Hinds - então vocalista do grupo de ska Dominoes - em passagem pela Jamaica. Naquele ano, os dois gravaram o repertório que somente seria lançado em 1997 sob o título Wingless Angels. Já o segundo volume foi feito pouco antes da morte de Hinds. Uma das músicas, Oh What a Joy, está disponível para download no site do projeto.

'No Ar' ventila safra autoral de Valéria Oliveira

Em seu sétimo álbum, No Ar, a boa cantora e (não tão boa) compositora Valéria Oliveira apresenta somente repertório inédito de sua autoria. São 12 músicas, criadas pela artista com parceiros como Luiz Gadelha (Em seus Braços, Romance à Francesa, À Segunda Vista e Dança e Música), Khrystal (Razões e Escuro), Simone Talma (Te Direi um Dia, Injúrias e Madrugadas Frias) e Romildo Soares (Sofrer Faz Parte do meu Vocabulário). Confissão é a única faixa assinada somente por Valéria, que produziu No Ar - ao lado de Eduardo Pinheiro, co-produtor do disco - e criou todos os arranjos de base.

11 de junho de 2010

Paula canta tema de Baleiro em trilha de novela

Contratada da TV Record como jurada do programa Ídolos, Paula Lima é a intérprete de um dos principais temas da trilha sonora da nova novela da emissora, Ribeirão do Tempo. A cantora entoa na trilha Ela É a Tal, parceria de Zeca Baleiro com Lúcia Santos. A música perfila Arminda (Bianca Rinaldi), a protagonista da novela.

Show do Rappa na favela gera DVD e dois CDs

Em princípio intitulado Registro e com previsão para ter sido lançado em abril de 2010,o DVD que documenta show feito pelo grupo carioca O Rappa em 23 de agosto de 2009 na Rocinha - a maior favela do Rio de Janeiro (RJ) e do Brasil - ganha edição neste mês de junho, via Warner Music. O Rappa ao Vivo vai chegar às lojas também nos formatos de CD duplo e CD simples (no caso, com os dois volumes à venda de forma avulsa). Eis o roteiro do show captado por oito câmeras na Rocinha Lajes:
1. Intro
2. Meu Mundo É o Barro
3. Reza Vela
4. Lado B Lado A
5. Hóstia
6. Homem Amarelo
7. Mar de Gente
8. Documento
9. Minha Alma - A Paz que Eu Não Quero
10. Monstro Invisível
11. Hei Joe (Hey Joe)
12. Maneiras
13. Tribunal de Rua
14. Linha Vermelha
15. Meu Santo Tá Cansado
16. O que Sobrou do Céu
17. Rodo Cotidiano
18. Todo Camburão Tem um Pouco de Navio Negreiro
19. 7 Vezes
20. O Salto
21. Vapor Barato
22. Súplica Cearense
23. Me Deixa
24. Pescador de Ilusões
25. Ilê Ayê - Que Bloco é Esse?

Já na rede, segundo CD de Leitte chega às lojas

Já caiu na rede o segundo CD solo de Claudia Leitte, As Máscaras, que vai chegar de fato às lojas na segunda quinzena deste mês de junho de 2010 - um mês depois de ter sido promovido pela artista em entrevista coletiva. O disco, que marca a estreia da cantora na gravadora Sony Music, totaliza 14 faixas. Belo participa de Don Juan enquanto Travie McCoy é o convidado de Famo$.a. - o atual single do álbum. Além da música-título, já promovida por Leitte desde novembro de 2009, As Máscaras tem outra faixa já conhecida: a regravação de Paixão (Kledir Ramil) em ritmo de reggae - em rotação há meses na trilha sonora da novela Tempos Modernos. Bela canção da lavra de Jauperi, Flores da Favela é outra regravação do repertório. Eis as 14 faixas do disco de Leitte:
1. As Máscaras
2. Famo$.a. - com Travie McCoy
3. Trilhos Fortes
4. Paixão
5. Negou o Nagô
6. Sincera
7. Don Juan - com Belo
8. Flores da Favela
9. Água
10. Xô Pirua
11. Ruas Encantadas
12. Faz Um
13. Dum Dum
14. Crime

Peyroux volta mais quente em belo show no Rio

Resenha de Show
Título: Madeleine Peyroux
Artista: Madeleine Peyroux (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Vivo Rio (RJ)
Data: 10 de junho de 2010
Cotação: * * * * 1/2
Agenda da turnê brasileira:
* Brasília (DF) - Teatro Nacional (Sala Villa-Lobos) - 12 de junho
* Porto Alegre (RS) - Teatro do Bourbon Country - 13 de junho
Em sua sexta vinda ao Brasil, Madeleine Peyroux retornou mais quente ao Rio de Janeiro (RJ) - um ano e meio depois de ter feito o show de pré-lançamento de seu álbum Bare Bones (2009) no mesmo palco da casa Vivo Rio que a abrigou na noite de ontem, 10 de junho de 2010. Peyroux superou todas as expectativas com belíssimo show em que apresentou inéditas músicas autorais como Ophelia e The Kind You Can't Afford ("tema sobre uma pessoa pobre falando com uma pessoa rica a respeito do que ela não tem", como explicou a simpática artista em cena) A cantora norte-americana continua circulando ao redor de azeitado mix de jazz, blues e folk. Mas já não soa tão cool. Ao contrário, Peyroux imprimiu certo calor às suas interpretações, criando atmosfera sedutora que aqueceu e envolveu o público que lotou as mesas da casa Vivo Rio. Com o detalhe de que o repertório inédito de autoria da artista de excelente nível. Ophelia - linda balada folk que prioriza no arranjo o violão tocado pela própria Peyroux - foi um dos grandes momentos da apresentação carioca, criando boa expectativa para o novo álbum da artista (já em fase de gravação).
Peyroux acertou ao renovar sua banda. O quinteto formado por Jon Herington (guitarra), Ron Miles (trompete), Darren Beckett (percussão), Barak Mori (baixo) e Gary Versace (teclados e órgão) é luxo só! Como percebido logo no jazzístico primeiro número, I Hear Music (Burton Lane e Frank Loesser), em que a cantora apresenta os músicos. Versace imprime eventualmente aos arranjos um sotaque funky que, mesmo sem desviar Peyroux da rota jazz-blues-folk, se alinha com as tonalidades mais quentes do canto da artista. O trompete de Ron Miles soa divino e contribui bastante para a atmosfera de encantamento que permeia o show. Alternando "canções de amor e de bebida", como caracteriza de forma espirituosa, Peyroux passeia por temas do álbum Bare Bones (I Must Be Saved e a faixa-título, por exemplo) e recorre a números já esperados em suas apresentações. Dance me to the End of Love enfatizou a busca por um tom mais caloroso. Half the Perfect World - tema que deu título ao quarto álbum da cantora, editado em 2006 - foi rebobinado no mesmo clima bossa-novista do show anterior da artista. E cativou tanto quanto a versão mais acolhedora de La Javanaise, número em que os músicos ladeiam Madeleine como se estivessem acompanhando a cantora numa rua de Paris, a cidade-luz evocada também em J'ai Deux Amours, último número do bis, dado depois que a cantora encerra o show com Instead, sua "canção feliz", como conceitua com humor. Felicidade ampliada quando a cantora abre generosos espaços para seus músicos solarem e os apresenta novamente à plateia com justificado orgulho. Enfim, show memorável! Quente ou cool, jazzística ou blueseira, Madeleine Peyroux está em ponto de bala.

10 de junho de 2010

Site da Legião abriga textos inéditos sobre CDs

Anunciado oficialmente esta semana pela gravadora EMI Music, embora já estivesse no ar há algum tempo, o site oficial da Legião Urbana - cujo conteúdo é alimentado por fãs do grupo - abriga na seção Discografia textos inéditos sobre cada um dos álbuns lançados pela banda. Todas as faixas dos discos estão disponíveis para audição em streaming. O site centraliza fotos e vídeos raros.

Trilha de 'Escrito' sai em CD com Zé, Gal e Rita

Nas lojas neste mês de junho de 2010, pela Som Livre, o CD com a trilha sonora nacional da boa novela Escrito nas Estrelas reúne gravações de Gal Costa (Eternamente), Rita Lee (Erva Venenosa, música já utilizada em trilhas de outras novelas no mesmo registro da Ovelha Negra), Zé Renato (Coração de Papel), Fábio Jr. (Pai), Diogo Nogueira (Deixa Eu te Amar), Mart'nália (Mamãe Passou Açúcar em mim), Luiza Possi (Gente Humilde), Moinho (Ela Briga Comigo), Celso Fonseca (Ela Só Pensa em Beijar) e de Arlindo Cruz (Para de Paradinha) - entre outros nomes. Já na loja.

B Negão põe pressão no papo ralo de Elza e Alex

Resenha de Show
Título: No Divã com a Diva
Artista: Elza Soares e Alex Ribeiro (em fotos de Mauro Ferreira)
Participações: B Negão (09/06) e Jorge Aragão (10/06)
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 9 de junho de 2010
Cotação: * *
Em cartaz até quinta-feira, 10 de junho de 2010, 19h30m

Em 1972, ao voltar de seu exílio pessoal na Itália, Elza Soares ouviu na voz do então iniciante Roberto Ribeiro (1940 - 1996) o samba-enredo Alô! Alô! Taí Carmen Miranda, defendido pelo Império Serrano naquele ano. Entusiasmada com a voz do cantor, Elza propôs na gravadora Odeon a feitura de álbum divivido por ela com Roberto. Gravado em três sessões realizadas entre 9 e 19 de outubro de 1972, o LP Sangue, Suor e Raça foi a inspiração do show No Divã com a Diva, em que Elza promove Alex Ribeiro, o filho de Roberto que vem dando seus primeiros passos como cantor e compositor nos últimos anos. Além de baladar Alex, Elza saúda a obra e a voz de Roberto - cuja imagem é vista em cena através da galeria de fotos exposta nos telões laterais do Teatro Rival, a casa carioca em que o show estreou na noite de 9 de junho de 2010. Não por acaso, o roteiro abre com a (morna) interpretação de Elza para o samba-enredo do Império Serrano e, na sequência, a Mulata Assanhada revive Swing Negrão, o fraco samba que fez para o colega e que abriu o (excelente!) LP de 1972.
De título populista, No Divã com a Diva é show feito com boa produção. Azeitada banda de dez músicos acompanha Elza e Alex em cena, incluindo feras como o baterista Paulinho Black. Mas a produção não disfarça a gordura e o conceito ralo do show (mal) dirigido por Bruno Lucide. Ao se sentar no divã para conversar com a diva Elza, Alex engata papo enfadonho e redundante com a cantora sobre seu pai. Esse falatório - a rigor, pouco informativo - prejudica o ritmo do show, cujo roteiro aloca no bloco inicial músicas gravadas por Elza e Roberto no álbum Sangue, Suor e Raça. Casos de Brasil Pandeiro (Assis Valente), samba que serve de veículo para a cantora exercitar sua habilidade nos scats, e de Cicatrizes (Miltinho e Paulo César Pinheiro), música solada por Alex. Sem ter a voz e o carisma de Roberto Ribeiro, Alex deixa impressão apenas correta como cantor e compositor quando se refugia no repertório do pai - Vazio (Está Faltando uma Coisa em mim) e Resto de Esperança, das lavras de Nelson Rufino e de Dedé da Portela com Jorge Aragão, respectivamente - e quando entoa temas próprios, entre partido alto, samba de terreiro e saudação à dinastia da Serrinha (Império de Bambas). Depois, Elza reassume o microfone e canta Chora, inédito samba lento de Alex e Jorge Lourenço. O telão exibe imagem de Britney Spears em lágrimas!!...
Falta sangue, suor e raça ao show. Quem pôs alguma pressão no papo-clichê de Elza e Alex foi o rapper B Negão, convidado da estreia. De início, Elza engoliu Negão ao entortar Malandro com seu suingue particular, deixando pouco espaço para o improviso do colega. Mas Negão virou o jogo ao reviver (Funk) Até o Caroço, clássico de seu repertório. Em seguida, A Carne - tema lançado pelo grupo Farofa Carioca já recorrente nos roteiros dos shows de Elza - manteve a pressão do show, fechando a tampa. No bis, o trio saudou São Jorge ao cantar Líder dos Templários e Todo Menino É um Rei, hit de Roberto Ribeiro, que completaria 70 anos em 2010 e merecia tributos mais envolventes do que este show - dos mais fracos apresentados por Elza nos últimos tempos. Sem raça e suor!

Martinho cria espaço autoral para as suas 'crias'

Programado de início para ter sido posto no mercado entre março e abril, o CD Lambendo a Cria - em que Martinho da Vila recebe cinco de seus oito filhos - teve seu lançamento remarcado pela MZA Music para o primeiro semestre de 2011 para não colidir com a chegada às lojas de Poeta da Cidade, o disco editado pela Biscoito Fino em que Martinho celebra o centenário de nascimento de Noel Rosa (1910 - 1937). Em Lambendo a Cria, o sambista abre espaço para que seus filhos - entre eles, o ainda pouco conhecido Tunico Ferreira - mostrem repertório autoral. Mas há também sambas do artista e de compositores como Claudio Jorge.

9 de junho de 2010

Universal contrata Dablio, jovem astro sertanejo

Dablio Moreira é o novo contratado da Universal Music. No rastro do sucesso do jovem Luan Santana, atual sensação do mercado sertanejo que pertence ao elenco da Som Livre, a Universal vai apostar em Dablio, goiano de 22 anos que despontou como ator no filme 2 Filhos de Francisco (2005) ao encarnar o cantor Zezé Di Camargo na adolescência. Após formar dupla com um amigo (Daniel) e atuar em novelas da TV Record, o rapaz - que a partir de agora assina apenas Dablio, limando o Moreira do nome artístico - vai iniciar carreira solo na música. A nova promessa sertaneja entra em estúdio no segundo semestre de 2010 para gravar seu primeiro CD individual. Um dos trunfos do repertório é uma música de autoria do próprio Dablio, Refém de mim, cujo clipe já está em rotação no YouTube. Na foto acima, Dablio posa na assinatura de contrato ao lado de José Eboli (Presidente da Universal Music, sentado à esquerda), Daniel Silveira (Gerente de A & R) e de Marcia Santos (Diretora de Marketing da gravadora).

Volantes lança compacto em vinil pelo Vigilante

Grupo gaúcho de indie rock que transita pelo universo dance, Volantes lança um compacto em vinil pelo selo Vigilante, da gravadora Deck. Editado neste mês de junho de 2010, o compacto traz as músicas Maçã e No Corredor, Ali. A banda - formada por Otávio Mastroberti (sintetizadores, vocais e tambor), Arthur Teixeira (voz, guitarra e tambor), Rodrigo Mello (bateria), João Augusto (guitarra, sintetizador, tambor e voz) e Bernard Simon (baixo, sintetizador e tambor) - debutou no mercado fonográfico em 2009 com Sobre Gostar e Esperar, EP cultuado na cena indie do Sul e indicado três vezes ao Prêmio Açoriano de Música.

'O Bicho Pega' consolida o canto de Chico Salles

Resenha de CD
Título: O Bicho Pega
Artista: Chico Salles
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * * *

Quinto bom álbum do cantor, compositor e cordelista Chico Salles, O Bicho Pega amplia as conexões do artista e, de quebra, consolida obra fonográfica iniciada sem visibilidade há dez anos com o disco ao vivo Confissões (2000). Foi somente a partir do terceiro título - Forrozando (2005), marco inaugural da união de Salles com o produtor José Milton - que a discografia do forrozeiro começou a ganhar relevância. Também produzido por Milton, O Bicho Pega sedimenta o forró deste paraibano que se radicou no Rio de Janeiro (RJ) há cerca de 40 anos - um cabra valente cujo canto se insere na dinastia iniciada com Luiz Gonzaga (1912 - 1989). Coeso, o álbum inaugura a parceria de Salles com Edu Krieger, co-autor do belo baião Masculina, que abre o disco com apaixonada declaração de amor à Paraíba natal. Entre coco do cordelista baiano Bule-Bule (O Bicho Pega, tema que dá título ao CD), xote romântico de Miltinho Edilberto (Como Alcançar uma Estrela, um hit na voz do autor) e recordação de sucesso de Jackson do Pandeiro (Não Vem que Não Tem, de autoria de José Orlando), Salles recebe Fagner - presença não muito iluminada no Forró do Apagão (Maciel Melo) - e Alfredo Del-Penho (na matuta Cumeeira de Aroeira Lá da Casa Grande, tema de quilométrica poesia sertaneja). Juntando o canto ao ofício de cordelista, o artista entoa textos de sua lavra musicados por Adelson Vianna - que encaixou os versos de Bala Perdida no compasso do baião - e João Lyra (Caminhos do Brasil, tema mais próximo do estilo dos repentistas). Entre trivial samba à moda carioca (Não Vá Fazer, do próprio Salles) e temas mais apropriados para os arrasta-pés nordestinos (Forró do Sapateiro, de Petrúcio Amorim), Salles linka a Paraíba ao Rio, bem mais para lá do que para cá. A beleza poética e melódica de faixas como Circo das Ilusões - parceria do baiano João Bá com o cearense Klecius Albuquerque - é água no deserto musical povoado pelas bandas que tocam forró eletrônico e ralo produzido em escala industrial. Por isso mesmo, a populista Pedala, Seleção - faixa encaixada como bônus de olho no lance da Copa do Mundo - parece fora do tom. Ainda assim, mesmo quando o bicho pega, Chico Salles se salva - intacto! - na selva das cidades.

Adolfo e Carol fazem jazz de lá com bossa de cá

Resenha de CD
Título: Lá e Cá
Here and There
Artista: Antonio Adolfo
e Carol Saboya
Gravadora: AAM Music
Cotação: * * * *

Em 2009, dois anos depois de terem lançado o CD Ao Vivo - Live (2007), o pianista Antonio Adolfo e a cantora Carol Saboya fizeram show na série Jazz Impressions, na Flórida (EUA), com quarteto liderado pelo músico carioca. O roteiro da apresentação norteou a escolha do repertório de Lá e Cá - Here and There, disco gravado no Rio de Janeiro (RJ), em dezembro de 2009, por Adolfo e Carol com adesões dos músicos Leo Amuedo (guitarra), Jorge Helder (baixo), Rafael Barata (bateria) e Serginho Trombone (trombone). Captado em estúdio como se fosse ao vivo, Lá e Cá está sendo lançado no Brasil neste mês de junho de 2010. O título alude ao fato de pai e filha viverem na ponte entre Brasil e Estados Unidos. E traduz com perfeição o conceito do CD. Trata-se de um disco de jazz em que Adolfo reitera sua maestria ao piano ao tocar músicas próprias (como Cascavel, composto em 1974) e alheias (como Sabiá, a parceria de Antonio Carlos Jobim e Chico Buarque que voa alto no embalo do canto leve de Carol). Mas é o jazz de lá tocado com a bossa de cá. Exemplo perfeito da interação é Easy to Love. O tema de Cole Porter (1891 - 1964) é ambientado em clima de samba-jazz à moda do som feito no Beco das Garrafas na década de 60. Solista convidada de cinco das doze faixas, Carol Saboya brilha em suas intervenções, experimentando tons ligeiramente lânguidos em So in Love (outro tema de Cole Porter) e imprindo tanta suavidade a All the Things You Are (Jerome Kern e Oscar Hammerstein) que seu canto parece flutuar sobre a melodia da canção norte-americana. Saboya também pôs sua voz límpida a serviço de A Night in Tunisia (Dizzy Gillespie, Frank Paparelli e Jon Hendricks) e de Time After Time (Sammy Cahn e Jule Styne). Mas o brilho maior é de Adolfo - livre, leve e solto no exercício do jazz brazuca. Ao fim do disco, quando combina seu tema Toada Jazz (O Retirante) com outra obra-prima do fino cancioneiro de Cole Porter (1891 - 1964), Night and Day, Adolfo reforça o elo da música de cá com a canção de lá, ratificando o êxito de um disco que não inventa moda - visto que tal fusão jazzística vem sendo repetida desde os anos 60 - mas que expõe a harmonia da união de exímio pianista com ótima cantora que, por acaso, são pai e filha...

Braga erra ao ofuscar harpa em 'Feito um Peixe'

Resenha de CD
Título: Feito um Peixe
Artista: Cristina Braga
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * *

Harpista brilhante, Cristina Braga erra ao ofuscar sua rara habilidade no instrumento em Feito um Peixe, álbum em que se aventura como cantora e compositora sem de fato brilhar em nenhum dos dois ofícios. Já estabelecida no mundo erudito, inclusive por ser a harpista número 1 da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Braga busca interação com o universo pop - Kassin é o co-piloto da produção assinada por Ricardo Medeiros - e abre parcerias com compositores de música popular. O sambista Moacyr Luz, por exemplo, é parceiro de Braga e Maria Teresa Moreira em Restos, faixa ambientada em clima camerístico. Jorge Mautner é o letrista de Vendaval, cujos versos intensos são desvalorizados pelo canto frio de Braga. A voz da artista se ajusta mais às faixas de ameno clima bossa-novista como No Silêncio, na Chuva (tema de Pedro Braga, Cristina Braga e Ricardo Medeiros) e Me Avisa (outra parceria de Cristina com Medeiros). Fora da seara autoral, a harpista exibe sua maestria no instrumento ao solar o choro Brasileirinho (Waldir Azevedo) - a faixa instrumental que encerra o disco - e ao tocar Insensatez (Tom Jobim e Vinicius de Moraes - com o detalhe de que o crédito do Poetinha é omitido na contracapa) em andamento acelerado. Se a voz da harpista não consegue expor toda a beleza poética de Detrás del Muro de los Lamentos (Fito Paez), tema gravado em tributo a Mercedes Sosa (1935 - 2009), Peixe (Luiz Capucho) consegue emergir como um dos poucos momentos realmente bonitos de disco que se afoga na tentativa de realçar a voz opaca de Cristina Braga em prejuízo da exímia harpa tocada pela artista.

8 de junho de 2010

Corcos não suja pop do Capital em 'Das Kapital'

Resenha de CD
Título: Das Kapital
Artista: Capital Inicial
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * *

A audição de Ressurreição, faixa que abre 0 12º álbum de inéditas do Capital Inicial, Das Kapital, faz supor leve alteração na receita pop do grupo que, embora surgido no início da década de 80, conseguiu chegar ao fim dos anos 2000 com público renovado e rejuvenescido. Há certa sujeira na (boa) faixa - provável efeito da escalação de David Corcos (um fã de metal que já trabalhou com o Planet Hemp) para produzir o CD - que sinaliza mudança na fórmula. Contudo, tal mudança não se confirma ao longo das onze músicas do disco. Já distante do punk de sua origem brasiliense, o quarteto continua, em essência, o mesmo - como mostra o grudento refrão pop de Depois da Meia-Noite, faixa estrategicamente escolhida pela gravadora Sony Music para promover o álbum nas rádios e televisões. O que, no caso, não é exatamente ruim. Entre rocks como Melhor e baladas como Eu Quero Ser Como Você, Das Kapital se situa no mesmo bom nível de Rosas e Vinho Tinto (2002) e giGAntE! (2004), superando Eu Nunca Disse Adeus (2007), álbum raso em que o quarteto se refugiou no universo adolescente. A propósito, a colaboração de Alvin L. nas letras de nove das 11 músicas não basta para desviar o Capital dessa rota juvenil - como atestam os versos de A Menina que Não Tem Nada. Mas é justo reconhecer que Alvin contribui para elevar o nível (não muito alto) das letras cantadas por Dinho Ouro Preto de maneira geralmente uniforme. Como uniformes também parecem soar os solos do guitarrista Yves Passarell. No todo, a produção de David Corcos azeita o som do Capital sem trair o atual conceito do grupo no mercado e, sobretudo, sem fazer vir à tona a alma punk do início. Músicas como Eu Sei Quem Eu Sou e Vamos Comemorar (com boa pegada que vai ganhando intensidade à medida em que a faixa avança) são destinadas a um público que talvez nem conheça a velha Veraneio Vascaína que assombrava alguns jovens da Capital que, num dia já distante, expressaram algum inconformismo com o chamado sistema. Homens roqueiros que, hoje a caminho dos 50 anos, já compactuam com esse sistema que devora ideologias, mas premia com a longevidade os que se submetem às suas leis de mercado...

Coletânea revive 20 gravações italianas do 'Rei'

Sem fazer disco na Itália desde 1978, Roberto Carlos tem lançada nesta terça-feira, 8 de junho de 2010, uma coletânea dupla com 20 gravações em italiano, a grande maioria feita na década de 70. O CD I Miei Successi expõe na capa uma foto tirada pelo cantor em 1978 e rebobina no idioma falado no Vaticano sucessos como Amada Amante, Um Jeito Estúpido de te Amar, Amigo, O Show Já Terminou e Proposta. Eis as 20 músicas da compilação, editada somente na Itália e sem previsão de lançamento no Brasil:
CD 1
1. Testardio Io
2. Lady Laura
3. Tu Meraviglia
4. Non Scordati di me
5. Il Lento
6. Amico
7. Io ti Ricordo
8. Solo con te
9. Io ti Propongo
10. Canzone per te

CD 2
1. A Che Serve Volare
2. La Donna de un Amico mio
3. Amore mi Sbagliai
4. Amato Amore
5. L'Artista
6. Lo Show É Giá Finito
7. Tanti Amici
8. Attitudini
9. Il Mio Difetto É di Volerti Troppo Bene
10. Frammenti

Iron Maiden cruza The Final Frontier em agosto

Décimo-quinto álbum de estúdio do Iron Maiden, The Final Frontier vai estar nas lojas a partir de 16 de agosto de 2010. Como aperitivo, o grupo inglês disponibilizou para download em seu site oficial a faixa El Dorado. A capa do CD expõe ilustração de Melvyn Grant. Produzido por Kevin Shirley entre Nassau e Los Angeles, o sucessor de A Matter of Life and Death (2006) contabiliza 10 faixas. Eis - na ordem - as músicas inéditas do disco:
1. Satellite 15.....The Final Frontier
2. El Dorado
3. Mother of Mercy
4. Coming Home
5. The Alchemist
6. Isle of Avalon
7. Starblind
8. The Talisman
9. The Man Who Would Be King
10. When The Wild Wind Blows

'Umbabarauma' volta a campo com Ben e Mano

Um dos hinos futebolísticos compostos e gravados por Jorge Ben na década de 70, Ponta de Lança Africano (Umbabarauma) - tema que abriu o álbum África Brasil (1976) - volta a campo em registro que junta Ben Jor com Mano Brown, rapper do grupo Racionais MC's. Feita em março de 2010, em São Paulo (SP), a gravação está sendo lançada neste mês de junho, de olho no lance da Copa do Mundo da África do Sul. A tabelinha de Ben com Brown pôs na área músicos e produtores como Daniel Ganjaman, Pupillo (baterista da Nação Zumbi), Gabriel Ben Menezes (filho de Jorge), Duani Martins e o DJ Zegon. O coro foi feito pelo trio Negresko Sis - formado pelas cantoras Anelis Assumpção, Céu e Thalma de Freitas. De caráter beneficente, a regravação de Ponta de Lança Africano (Umbabarauma) está sendo vendida em lojas virtuais por R$ 1,99. O registro também é editado em CD vendido nas lojas da Nike - a empresa esportiva que patrocinou a gravação.

Tucunduva ecoa Raul com acidez antimoderna

Resenha de CD
Título: Antimoderno
Artista: Marcio
Tucunduva
Gravadora: Etanoise
Cotação: * * * 1/2

Certo de que a vida pode ser cheia de som e fúria, Marcio Tucunduva fala o que pensa, sem papas na sua língua ácida - opção escancarada pelo bocão aberto exposto na capa de seu mordaz CD Antimoderno. "Eu que não nasci no berço da MPB / Não vou brincar de fazer samba", avisa logo na faixa-título, que abre o disco já no tom roqueiro do trabalho produzido e arranjado pelo próprio Tucunduva em parceria com Marcos Ottaviano. No berço do rock, guitarras dialogam com a MPB e com música nordestina - como em Parafuso Horário, cantado no tempo veloz da embolada e do repente mais arretado - sem deixar de explicitar a influência de Raul Seixas (1945 - 1989), o roqueiro brasileiro que cruzou com sagacidade os sons de Elvis Presley (1935 - 1977) e Luiz Gonzaga (1912 - 1989). Impossível ouvir Entre a Cana e o Tédio sem lembrar da ironia corrosiva do Maluco Beleza. Até porque a voz de Tucunduva lembra a de Raulzito, sobretudo em Que Sabe a Cabra? - cuja letra incorpora versos de Cotidiano (Chico Buarque) e cita Papagaio do Futuro, de Alceu Valença, outra referência que ecoa ao longo das 10 faixas deste disco que expõe o tédio urbano que anestesia e desnorteia o Homem. "Olha quanta banda para lançar / Quanto lixo para ouvir / Mas não eu tô legal, hein... / Vou parar o meu carro / Passeio ao contrário / Do que pede o movimento", alerta Tucunduva em Olha Quanta Coisa. Entre ecos fortes de Raul, o roqueiro paulista destila sua crítica ácida e tira onda dos mudernos, injetando adrenalina e sangue quente na veia do já anêmico rock brazuca dos anos 2000.

7 de junho de 2010

Pato brinca com música de Paul no 10º álbum

Em seu 10º álbum, Música de Brinquedo, nas lojas entre julho e agosto de 2010, o Pato Fu recria músicas dos repertórios de Paul McCartney (Live and Let Die, 1973) e de Tim Maia (Primavera, 1970), entre outros nomes, com sonoridade lúdica. O disco foi todo gravado com instrumentos de brinquedos, miniaturas de instrumentos e com instrumentos ligados à educação musical infantil - como flauta, xilofone, kalimba e escaleta. Crianças foram arregimentadas para participar das faixas sem a intenção de formar um coral infantil. Já finalizado, Música de Brinquedo não é “um disco de música infantil, mas um disco de música normal filtrada por essa sonoridade”, de acordo com o release postado por Fernanda Takai, John Ulhoa, Lulu Camargo, Ricardo Koctus e Xande Tamietti no site oficial do grupo - no qual há fotos (como as duas reproduzidas acima) e vídeos das gravações do CD.

'Shame' junta Robbie com Barlow, do Take That

Single inédito de Robbie Williams que alavanca a promoção de seu projeto retrospectivo In and Out of Consciousness – The Greatest Hits 1990 - 2010 (nas lojas a partir de 11 de outubro de 2010 em CD duplo e DVD distribuídos em âmbito mundial pela EMI Music), Shame reúne o cantor britânico com Gary Barlow, integrante do grupo Take That, boyband que projetou Robbie na metade inicial da década de 90. Trata-se do primeiro dueto de Robbie e Barlow, compositores do tema. É também a primeira vez que ambos compõem e gravam juntos desde que Robbie deixou o grupo Take That, em 1995. Além de Shame, a coletânea rebobina 39 hits do astro inglês - atualmente em evidência na mídia por ter revelado que pretende adotar uma ou duas crianças órfãs do Haiti.

Flaming Lips edita 'cover' de 'Dark Side' em CD

Lançado originalmente em formato digital, em 22 de dezembro de 2009, e numa limitada tiragem em vinil, o cover de Dark Side of the Moon - o álbum de 1973 que se transformou na obra-prima do Pink Floyd - pelo grupo norte-americano The Flaming Lips vai ganhar edição convencional em CD. O lançamento do disco está agendado para 28 de junho de 2010. O Flaming Lips regravou o repertório de Dark Side of the Moon com adesões de Henry Rollins (ex-vocalista do Black Flag, intérprete de sete das nove faixas do CD), Peaches e da banda Stardeath and the White Dwarfs.

Marjorie se prepara para gravar terceiro álbum

Atriz que também desenvolve carreira como cantora, Marjorie Estiano vai aproveitar as férias das novelas - ela vai voltar ao ar somente no segundo semestre de 2011, na próxima trama de Aguinaldo Silva - para gravar e lançar o seu terceiro álbum. O conceito e a sonoridade do sucessor de Flores, Amores e Blablablá (2007) surgiram a partir do show Combinação sobre Todas as Coisas, estreado por Marjorie em maio de 2009 no Rio de Janeiro (RJ). A cantora vai entrar em estúdio em breve.

Interpol agenda para setembro edição de álbum

O grupo norte-americano Interpol anunciou em seu site oficial que o quarto álbum de inéditas da banda - gravado no Electric Lady Studios, em Nova York (EUA), e intitulado Interpol - vai ser lançado em meados de setembro de 2010. Desde fins de abril, o quarteto disponibilizou para download uma das músicas do disco, Lights. Mixado por Alan Moulder em Londres, Interpol é o último álbum da banda gravado com o baixista Carlos Denger, que deixou o grupo em maio, após as gravações. Cogita-se extra-oficialmente que Denger vai ser substituído por David Pajo, que já tocou em grupos como Stereolabs, Yeah Yeah Yeahs e Zwan.

6 de junho de 2010

João pretende gravar DVD em templo no Japão

João Gilberto tem planos de gravar DVD em templo de Kyoto, no Japão. A revelação foi feita pelo próprio cantor - visto no post em foto de Beti Niemeyer - à repórter Sofia Cerqueira, da revista Veja Rio. O suplemento carioca da revista Veja publica na histórica edição deste fim-de-semana um resumo das conversas telefônicas mantidas pela jornalista com João ao longo dos últimos seis meses. Além de anunciar a intenção de gravar o DVD em Kyoto ("É coisa especial, espetacular"), o recluso artista voltou a criticar as gravadoras, revelando que a PolyGram (atual Universal Music) mexeu na gravação do álbum João (1991) - "O disco saiu do jeito que não é" - e reiterando seu descontentamento com a coletânea O Mito (1988), motivo da pendenga com a EMI Music que ainda se arrasta na Justiça e impede as reedições em CDs dos álbuns Chega de Saudade (1959), O Amor, O Sorriso e a Flor (1960) e João Gilberto (1961): "A EMI lançou uma caixa especial com os (três) discos arbitrariamente invadidos, mexidos. Ficou horrível, desagradável. A gravadora esculhambou, adulterou, tirou o harmônico, a coisa que talvez comunique, que passe o físico, o metafísico. É como mudar a cor de uma obra, o texto de um livro. Protestei, teve uma liminar e eles foram recolhidos. Foi feito um laudo nos Estados Unidos que prova as mudanças. A história está na Justiça e os originais continuam fora do mercado. Por não concordar com a EMI, há trinta anos estou sem contrato e sem receber os direitos autorais por esses discos, que antes da adulteração eram vendidos", lamentou João ao telefone com Sofia.

'Remix' oscila ao mexer no electro-pop de Gaga

Resenha de CD
Título: The Remix
Artista: Lady Gaga
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * 1/2

Em sua boa forma original, o electro-pop de Lady Gaga já é petardo certeiro nas pistas. Talvez por isso mesmo The Remix - o disco lançado em escala mundial em maio de 2010, com 17 versões de músicas dos dois álbuns da artista do momento - oscile bastante ao remexer em som já tão entranhado no universo dance. Entre os destaques, vale ressaltar Boys Boys Boys no Manhattan Clique Remix - único caso em que o remix supera o fonograma original. Já o remix de Stuart Price para Paparazzi faz a nova Madonna soar como... Madonna - proeza até óbvia se for levado em conta que Price foi o produtor do aclamadíssimo álbum Confessions on a Dance Floor (2005) da Material Girl. Da mesma forma, os Pet Shop Boys põem sua personalidade - leia-se batida - em Eh Eh com resultado satisfatório (a mesma música soa menos sedutora no remix de FrankMusic). Já Marilyn Manson não chega a assustar ao inserir seus vocais fantasmagóricos no gótico remix de Lovegame urdido por Chew Fu. O tema é desossado e reconstruído com maior criatividade no Robots to Mars Remix. Mas mais surpreendente ainda é a versão acústica de Pokerface - à moda de um cabaré - captada ao vivo em performance de Gaga na Cherrytree House. Enfim, apesar dos acertos, The Remix é disco excessivo - e, não raro, até enfadonho - que parece ter sido criado apenas para manter Gaga sob os holofotes enquanto a artista não apronta seu terceiro álbum. Outro factóide da vida de Lady mídia.

Zeca regrava 'Poxa', samba de Gilson de Souza

Samba que deu projeção nacional ao compositor Gilson de Souza, em 1975, Poxa ganha regravação de Zeca Pagodinho, 35 anos depois de ter sido lançado na voz do seu autor. Poxa figura no repertório do disco de inéditas que Zeca - visto no post em foto de Washington Possato - vai lançar no segundo semestre de 2010, com produção de Rildo Hora. Para quem não associa o nome do compositor à obra, Gilson de Souza é também autor de Orgulho de um Sambista, tema lançado por Jair Rodrigues na década de 70 e recriado por Adriana Calcanhotto em seu álbum Enguiço (1990).

Solo, Badi faz 'dança dos tons' em DVD estiloso

Resenha de DVD
Título: Badi Assad
Artista: Badi Assad
Gravadora: Biscoito
Fino
Cotação: * * * 1/2

Exímia violonista que se transformou em cantora, sem jamais abandonar o instrumento que lhe deu projeção mundial, Badi Assad repassa duas décadas de carreira fonográfica - iniciada em 1989 com o CD Dança dos Tons - em seu primeiro DVD solo, Badi Assad, filmado em março de 2008 no estúdio Patto Rocco, no Rio de Janeiro (RJ), e posto no mercado neste primeiro semestre de 2010 em edição da gravadora Biscoito Fino. Badi sintetiza sua obra com estilo, sob a direção do sobrinho Rodrigo Assad, filho de Sérgio, uma das metades do virtuoso Duo Assad. Não se trata de protocolar registro ao vivo de show. Mas de uma sequência de 15 números - captados por uma única câmera - distribuídos em três cenários diferentes. O resultado é um vídeo de grande beleza plástica, construída tanto pela direção de arte de Martin Macias Trujillo como pela fotografia de José Luis Rios, rica em cores e tons. Beleza posta a serviço da musicalidade peculiar de Badi. Que no cenário 1 - um casarão vazio - exercita a vertente mais experimental de sua obra ao descontruir músicas como A Bela e a Fera (Chico Buarque e Edu Lobo) e Bachelorette (Björk). No cenário 2, urdido com rendas e luminárias, a artista se permite entoar canções sem alterar tanto a estrutura rítmica e harmônica. É quando Badi faz o medley que costura Drume Negrita (Ernesto Negret) com O Mundo É um Moinho (Cartola). É quanto também simula bem nas cordas de seu violão a batida do trem mineiro que percorre os lindos trilhos de Ponta de Areia (Milton Nascimento e Fernando Brant). No cenário 3, emoldurada por quadrados verdes e azuis, a artista expõe sua peculiar brasilidade ao usar o violão como instrumento de percussão - no medley que alinha Asa Branca (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) com Ai que Saudade d'Ocê (Vital Farias) - e ao desmontar Vacilão (Zé Roberto), samba do repertório de Zeca Pagodinho, irreconhecível na releitura cool da Badi Assad. Enfim, um belo retrato da violonista/cantora que completa a maioridade profissional - com total fidelidade aos seus princípios artísticos - e refaz a sua dança de tons em DVD estiloso.

DVD 'Sticky & Sweet' prolonga mágica da turnê

Resenha de CD / DVD
Título: Sticky
& Sweet Tour
Artista: Madonna
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * * *

"Todo mundo aqui é capaz de fazer mágica", afirma Madonna logo no início do (corriqueiro) documentário Behind the Scenes, filmado sob a direção de Nathan Rissman e Nick Wickham para ser exibido nos extras do DVD que registra a Sticky & Sweet Tour, captada em dezembro de 2008 em Buenos Aires. Editado em escala mundial neste primeiro semestre de 2010, em edição dupla que agrega CD com 13 dos 25 números do show feito na capital na Argentina, o DVD prolonga a mágica da turnê que manteve Madonna entronizada no reino pop. O show foi o que passou pelo Brasil na sequência da escala em Buenos Aires, com a diferença de que Madonna afaga o ego dos hermanos ao incluir Don't Cry for me Argentina no roteiro. O tema do musical Evita reaparce em versão acústica, de estilo folk, que evidencia os limites vocais da artista que se vale da mise-en-scène circense e hi-tech de seus shows para continuar reinando no mundo pop. Mas isso pouco importa, pois, no circo pop das grandes turnês mundiais, conta mais a magia do que a música propriamente dita. E as belas imagens captadas em Buenos Aires enfatizam a aura de encantamento que rege uma apresentação de Madonna. Na Argentina ou em qualquer outro país ocidental. Celebração reiterada pelo documentário sobre a turnê, narrado pela própria Madonna. Com imagens em preto e branco, o filme refaz parte da rota da Stick & Sweet Tour com escalas em Paris, Roma, New Jersey, Miami e Rio de Janeiro, entre outras cidades. A tensão provocada pelas chuvas durante a passagem da turnê pelo Rio de Janeiro (RJ) é enfocada sem rodeios pelas câmeras. Que mostram inclusive a trupe cogitando debandar rapidamente do estádio Maracanã se a chuva obrigasse o show carioca a ser interrompido. No todo, entretanto, o filme feito com a intimidade consentida foca Madonna em dias de tempo bom, se irmando com os bailarinos como uma "família" e festejando a vibração de cada show da turnê. E o fato é que, bastidores à parte, o grandioso show parece crescer ainda mais no DVD de áudio exemplar e imagens envolventes. Os diretores do vídeo também sabem fazer mágica....