8 de junho de 2010

Tucunduva ecoa Raul com acidez antimoderna

Resenha de CD
Título: Antimoderno
Artista: Marcio
Tucunduva
Gravadora: Etanoise
Cotação: * * * 1/2

Certo de que a vida pode ser cheia de som e fúria, Marcio Tucunduva fala o que pensa, sem papas na sua língua ácida - opção escancarada pelo bocão aberto exposto na capa de seu mordaz CD Antimoderno. "Eu que não nasci no berço da MPB / Não vou brincar de fazer samba", avisa logo na faixa-título, que abre o disco já no tom roqueiro do trabalho produzido e arranjado pelo próprio Tucunduva em parceria com Marcos Ottaviano. No berço do rock, guitarras dialogam com a MPB e com música nordestina - como em Parafuso Horário, cantado no tempo veloz da embolada e do repente mais arretado - sem deixar de explicitar a influência de Raul Seixas (1945 - 1989), o roqueiro brasileiro que cruzou com sagacidade os sons de Elvis Presley (1935 - 1977) e Luiz Gonzaga (1912 - 1989). Impossível ouvir Entre a Cana e o Tédio sem lembrar da ironia corrosiva do Maluco Beleza. Até porque a voz de Tucunduva lembra a de Raulzito, sobretudo em Que Sabe a Cabra? - cuja letra incorpora versos de Cotidiano (Chico Buarque) e cita Papagaio do Futuro, de Alceu Valença, outra referência que ecoa ao longo das 10 faixas deste disco que expõe o tédio urbano que anestesia e desnorteia o Homem. "Olha quanta banda para lançar / Quanto lixo para ouvir / Mas não eu tô legal, hein... / Vou parar o meu carro / Passeio ao contrário / Do que pede o movimento", alerta Tucunduva em Olha Quanta Coisa. Entre ecos fortes de Raul, o roqueiro paulista destila sua crítica ácida e tira onda dos mudernos, injetando adrenalina e sangue quente na veia do já anêmico rock brazuca dos anos 2000.

4 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Certo de que a vida pode ser cheia de som e fúria, Marcio Tucunduva fala o que pensa, sem papas na sua língua ácida - opção escancarada pelo bocão aberto exposto na capa de seu mordaz CD Antimoderno. "Eu que não nasci no berço da MPB / Não vou brincar de fazer samba", avisa logo na faixa-título, que abre o disco já no tom roqueiro do trabalho produzido e arranjado pelo próprio Tucunduva em parceria com Marcos Ottaviano. No berço do rock, guitarras dialogam com a MPB e com música nordestina - como em Parafuso Horário, cantado no tempo veloz da embolada e do repente mais arretado - sem deixar de explicitar a influência de Raul Seixas (1945 - 1989), o roqueiro brasileiro que cruzou com sagacidade os sons de Elvis Presley (1935 - 1977) e Luiz Gonzaga (1912 - 1989). Impossível ouvir Entre a Cana e o Tédio sem lembrar da ironia mordaz do Maluco Beleza. Até porque a voz de Tucunduva lembra a de Raulzito, sobretudo em Que Sabe a Cabra? - cuja letra incorpora versos de Cotidiano (Chico Buarque) e cita Papagaio do Futuro, de Alceu Valença, outra referência que ecoa ao longo das 10 faixas deste disco que expõe o tédio urbano que anestesia e desnorteia o Homem. "Olha quanta banda para lançar / Quanto lixo para ouvir / Mas não eu tô legal, hein... / Vou parar o meu carro / Passeio ao contrário / Do que pede o movimento", alerta Tucunduva em Olha Quanta Coisa. Entre ecos fortes de Raul, o roqueiro paulista destila sua crítica ácida e tira onda dos mudernos, injetando adrenalina e sangue quente na veia do já anêmico rock brazuca dos anos 2000.

8 de junho de 2010 às 09:43  
Anonymous Anônimo said...

Só um comentário que diz tudo sobre isso:

"(...)no mundo da arte a atitude pseudorrebelde mal consegue esconder o processo de domesticação e enquadramento de todas as diferenças."

Luciano Trigo em "A Grande Feira"

Fui.

8 de junho de 2010 às 13:12  
Anonymous Felipe Melo said...

Fiquei curioso, anda tão dificil um disco de rock nacional com qualidade!

9 de junho de 2010 às 01:13  
Anonymous Anônimo said...

Não vai fazer samba, mas faz algo ainda mais óbvio: a maldita, ditada e regrada, fusão de "MPB" com um Rock bem caxias. O sonho das gravadoras.

9 de junho de 2010 às 21:03  

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