'O Bicho Pega' consolida o canto de Chico Salles
Resenha de CD
Título: O Bicho Pega
Artista: Chico Salles
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * * *
Quinto bom álbum do cantor, compositor e cordelista Chico Salles, O Bicho Pega amplia as conexões do artista e, de quebra, consolida obra fonográfica iniciada sem visibilidade há dez anos com o disco ao vivo Confissões (2000). Foi somente a partir do terceiro título - Forrozando (2005), marco inaugural da união de Salles com o produtor José Milton - que a discografia do forrozeiro começou a ganhar relevância. Também produzido por Milton, O Bicho Pega sedimenta o forró deste paraibano que se radicou no Rio de Janeiro (RJ) há cerca de 40 anos - um cabra valente cujo canto se insere na dinastia iniciada com Luiz Gonzaga (1912 - 1989). Coeso, o álbum inaugura a parceria de Salles com Edu Krieger, co-autor do belo baião Masculina, que abre o disco com apaixonada declaração de amor à Paraíba natal. Entre coco do cordelista baiano Bule-Bule (O Bicho Pega, tema que dá título ao CD), xote romântico de Miltinho Edilberto (Como Alcançar uma Estrela, um hit na voz do autor) e recordação de sucesso de Jackson do Pandeiro (Não Vem que Não Tem, de autoria de José Orlando), Salles recebe Fagner - presença não muito iluminada no Forró do Apagão (Maciel Melo) - e Alfredo Del-Penho (na matuta Cumeeira de Aroeira Lá da Casa Grande, tema de quilométrica poesia sertaneja). Juntando o canto ao ofício de cordelista, o artista entoa textos de sua lavra musicados por Adelson Vianna - que encaixou os versos de Bala Perdida no compasso do baião - e João Lyra (Caminhos do Brasil, tema mais próximo do estilo dos repentistas). Entre trivial samba à moda carioca (Não Vá Fazer, do próprio Salles) e temas mais apropriados para os arrasta-pés nordestinos (Forró do Sapateiro, de Petrúcio Amorim), Salles linka a Paraíba ao Rio, bem mais para lá do que para cá. A beleza poética e melódica de faixas como Circo das Ilusões - parceria do baiano João Bá com o cearense Klecius Albuquerque - é água no deserto musical povoado pelas bandas que tocam forró eletrônico e ralo produzido em escala industrial. Por isso mesmo, a populista Pedala, Seleção - faixa encaixada como bônus de olho no lance da Copa do Mundo - parece fora do tom. Ainda assim, mesmo quando o bicho pega, Chico Salles se salva - intacto! - na selva das cidades.
Título: O Bicho Pega
Artista: Chico Salles
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * * *
Quinto bom álbum do cantor, compositor e cordelista Chico Salles, O Bicho Pega amplia as conexões do artista e, de quebra, consolida obra fonográfica iniciada sem visibilidade há dez anos com o disco ao vivo Confissões (2000). Foi somente a partir do terceiro título - Forrozando (2005), marco inaugural da união de Salles com o produtor José Milton - que a discografia do forrozeiro começou a ganhar relevância. Também produzido por Milton, O Bicho Pega sedimenta o forró deste paraibano que se radicou no Rio de Janeiro (RJ) há cerca de 40 anos - um cabra valente cujo canto se insere na dinastia iniciada com Luiz Gonzaga (1912 - 1989). Coeso, o álbum inaugura a parceria de Salles com Edu Krieger, co-autor do belo baião Masculina, que abre o disco com apaixonada declaração de amor à Paraíba natal. Entre coco do cordelista baiano Bule-Bule (O Bicho Pega, tema que dá título ao CD), xote romântico de Miltinho Edilberto (Como Alcançar uma Estrela, um hit na voz do autor) e recordação de sucesso de Jackson do Pandeiro (Não Vem que Não Tem, de autoria de José Orlando), Salles recebe Fagner - presença não muito iluminada no Forró do Apagão (Maciel Melo) - e Alfredo Del-Penho (na matuta Cumeeira de Aroeira Lá da Casa Grande, tema de quilométrica poesia sertaneja). Juntando o canto ao ofício de cordelista, o artista entoa textos de sua lavra musicados por Adelson Vianna - que encaixou os versos de Bala Perdida no compasso do baião - e João Lyra (Caminhos do Brasil, tema mais próximo do estilo dos repentistas). Entre trivial samba à moda carioca (Não Vá Fazer, do próprio Salles) e temas mais apropriados para os arrasta-pés nordestinos (Forró do Sapateiro, de Petrúcio Amorim), Salles linka a Paraíba ao Rio, bem mais para lá do que para cá. A beleza poética e melódica de faixas como Circo das Ilusões - parceria do baiano João Bá com o cearense Klecius Albuquerque - é água no deserto musical povoado pelas bandas que tocam forró eletrônico e ralo produzido em escala industrial. Por isso mesmo, a populista Pedala, Seleção - faixa encaixada como bônus de olho no lance da Copa do Mundo - parece fora do tom. Ainda assim, mesmo quando o bicho pega, Chico Salles se salva - intacto! - na selva das cidades.
3 Comments:
Quinto bom álbum do cantor, compositor e cordelista Chico Salles, O Bicho Pega amplia as conexões do artista e, de quebra, consolida obra fonográfica iniciada sem visibilidade há dez anos com o disco ao vivo Confissões (2000). Foi somente a partir do terceiro título - Forrozando (2005), marco inaugural da união de Salles com o produtor José Milton - que a discografia do forrozeiro começou a ganhar relevância. Também produzido por Milton, O Bicho Pega sedimenta o forró deste paraibano que se radicou no Rio de Janeiro (RJ) há cerca de 40 anos - um cabra valente cujo canto se insere na dinastia iniciada com Luiz Gonzaga (1912 - 1989). Coeso, o álbum inaugura a parceria de Salles com Edu Krieger, co-autor do belo baião Masculina, que abre o disco com apaixonada declaração de amor à Paraíba natal. Entre coco do cordelista baiano Bule-Bule (O Bicho Pega, tema que dá título ao CD), xote romântico de Miltinho Edilberto (Como Alcançar uma Estrela, um hit na voz do autor) e recordação de sucesso de Jackson do Pandeiro (Não Vem que Não Tem, de autoria de José Orlando), Salles recebe Fagner - presença não muito iluminada no Forró do Apagão (Maciel Melo) - e Alfredo Del-Penho (na matuta Cumeeira de Aroeira Lá da Casa Grande, tema de quilométrica poesia sertaneja). Juntando o canto ao ofício de cordelista, o artista entoa textos de sua lavra musicados por Adelson Vianna - que encaixou os versos de Bala Perdida no compasso do baião - e João Lyra (Caminhos do Brasil, tema mais próximo do estilo dos repentistas). Entre trivial samba à moda carioca (Não Vá Fazer, do próprio Salles) e temas mais apropriados para os arrasta-pés nordestinos (Forró do Sapateiro, de Petrúcio Amorim), Salles linka a Paraíba ao Rio, bem mais para lá do que para cá. A beleza poética e melódica de faixas como Circo das Ilusões - parceria do baiano João Bá com o cearense Klecius Albuquerque - é água no deserto musical povoado pelas bandas que tocam forró eletrônico e ralo produzido em escala industrial. Por isso mesmo, a populista Pedala, Seleção - faixa encaixada como bônus de olho no lance da Copa do Mundo - parece fora do tom. Ainda assim, mesmo quando o bicho pega, Chico Salles se salva - intacto - na selva das cidades.
Acabei de ouvir todo o álbum no site do Chico Salles, e é um trabalho maravilhoso, que nos enche de orgulho e dá esperança à Boa Música que se faz (ainda) no Brasil, graças a Deus!
Vou comprar o CD em breve!
Eu vi o Edu Krieger dizendo numa entrevista que a família materna dele é paraibana. Talvez por isso ele tenha acertado em cheio ao compor "Masculina" junto com o Chico Salles. Ficou linda!
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