Gaynor simula em cena magia dos dancin' days
Resenha de Show
Título: Gloria Gaynor
Artista: Gloria Gaynor (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Vivo Rio (RJ)
Data: 11 de junho de 2010
Cotação: * *
Em cartaz em Vitória (ES) em 12 de junho de 2010
"I will survive", bradou Gloria Gaynor em 1979, no auge da disco music. Nem ela imaginaria na época que sobreviveria por tanto tempo no rastro do estouro mundial de I Will Survive, o manifesto feminista que lançou naquele ano no álbum Love Tracks. Mas Gaynor sobreviveu. Aos 60 anos, com a voz ainda em forma, ela se alimenta dos resquícios saudosistas dos mágicos embalos da década de 70. Em mais uma vinda ao Brasil, para miniturnê que totaliza três shows (o último acontece neste sábado, 12 de junho de 2010, na Arena Vitória, em Vitória - ES), Gaynor se escora na voz, em covers de hits alheios, na sua figura - ainda mítica para o público GLS, a ponto de gritos de "Diva!" terem sido ouvidos ao longo do show feito pela cantora na casa Vivo Rio na noite de 11 de junho de 2010 - e, claro, em seu hino I Will Survive. Quando foram ouvidos os primeiros acordes da música, ligeiro clima de euforia tomou conta do público que suportou baladas chatas (uma com "mensagem que Deus quis eu passasse para vocês", de acordo com a artista) e temas menores do repertório irregular de Gaynor. Sacrifício compensado pelo prazer ainda redentor de ouvir I Will Survive na voz da intérprete ao fim do morno show. Gaynor sabe do poder de seu maior hit e valoriza o número, interrompendo a música para ressaltar a longevidade de I Will Survive e, depois, retomá-la com levada diferente. Mas - claro - o arranjo logo volta à pegada da emblemática gravação original da diva sobrevivente.
Lançada em disco no mesmo ano de 1975 em que debutou Donna Summer, Gaynor não gravou na era da disco music um repertório tão sedutor quanto o de Summer. O que explica os altos e baixos do roteiro e a necessidade de se valer de covers dos cancioneiros de Barry White (You're the First, the Last, my Everything - em dueto com seu bom vocalista), The Police (Every Breathe You Take - com arranjo que demole a estrutura rítmica do tema já gravado por Gaynor em 1998 no álbum The Power) e Michael Jackson (I'll Be There - em outro dueto com seu vocalista). Covers necessários porque os hits medianos da cantora, como I Never Knew e Goin' Out of my Head, não seguram um show inteiro. Por mais que a voz esteja em forma, há no ar certa atmosfera de decadência, disfarçada num primeiro momento quando Gaynor entra em cena entoando de cara - e a capella - seu segundo maior hit, I Am What I Am, gravado em 1984, um ano depois de a música ter sido lançada na versão musical da peça A Gaiola das Loucas, ora encenada no Rio de Janeiro (RJ). Gaynor emenda I Am What I Am com Never Can Say Goodbye, alentado cover do Jackson 5 que lhe deu projeção em 1974. Gloria Gaynor é o que é: cantora datada que sobrevive por simular em cena a magia dos dancin' days. Quando, já no bis, a cantora recorre a Can't Take my Eyes Off You - na pegada irresistível da gravação do grupo Boys Town Gang - o público embarca na onda. Mas talvez esse público dançasse com o mesmo entusiasmo se estivesse ali a vocalista da banda de Gaynor - que, no meio do show, sola Got To Be Real e apresenta a banda com lentidão enfadonha enquanto a atração principal se ausenta do palco - ou qualquer outro intérprete. Mas, por acaso, era a sobrevivente Gloria Gaynor, intérprete da sempre irresistível I Will Survive. E isso fez a diferença no show de ontem.
Título: Gloria Gaynor
Artista: Gloria Gaynor (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Vivo Rio (RJ)
Data: 11 de junho de 2010
Cotação: * *
Em cartaz em Vitória (ES) em 12 de junho de 2010
"I will survive", bradou Gloria Gaynor em 1979, no auge da disco music. Nem ela imaginaria na época que sobreviveria por tanto tempo no rastro do estouro mundial de I Will Survive, o manifesto feminista que lançou naquele ano no álbum Love Tracks. Mas Gaynor sobreviveu. Aos 60 anos, com a voz ainda em forma, ela se alimenta dos resquícios saudosistas dos mágicos embalos da década de 70. Em mais uma vinda ao Brasil, para miniturnê que totaliza três shows (o último acontece neste sábado, 12 de junho de 2010, na Arena Vitória, em Vitória - ES), Gaynor se escora na voz, em covers de hits alheios, na sua figura - ainda mítica para o público GLS, a ponto de gritos de "Diva!" terem sido ouvidos ao longo do show feito pela cantora na casa Vivo Rio na noite de 11 de junho de 2010 - e, claro, em seu hino I Will Survive. Quando foram ouvidos os primeiros acordes da música, ligeiro clima de euforia tomou conta do público que suportou baladas chatas (uma com "mensagem que Deus quis eu passasse para vocês", de acordo com a artista) e temas menores do repertório irregular de Gaynor. Sacrifício compensado pelo prazer ainda redentor de ouvir I Will Survive na voz da intérprete ao fim do morno show. Gaynor sabe do poder de seu maior hit e valoriza o número, interrompendo a música para ressaltar a longevidade de I Will Survive e, depois, retomá-la com levada diferente. Mas - claro - o arranjo logo volta à pegada da emblemática gravação original da diva sobrevivente.
Lançada em disco no mesmo ano de 1975 em que debutou Donna Summer, Gaynor não gravou na era da disco music um repertório tão sedutor quanto o de Summer. O que explica os altos e baixos do roteiro e a necessidade de se valer de covers dos cancioneiros de Barry White (You're the First, the Last, my Everything - em dueto com seu bom vocalista), The Police (Every Breathe You Take - com arranjo que demole a estrutura rítmica do tema já gravado por Gaynor em 1998 no álbum The Power) e Michael Jackson (I'll Be There - em outro dueto com seu vocalista). Covers necessários porque os hits medianos da cantora, como I Never Knew e Goin' Out of my Head, não seguram um show inteiro. Por mais que a voz esteja em forma, há no ar certa atmosfera de decadência, disfarçada num primeiro momento quando Gaynor entra em cena entoando de cara - e a capella - seu segundo maior hit, I Am What I Am, gravado em 1984, um ano depois de a música ter sido lançada na versão musical da peça A Gaiola das Loucas, ora encenada no Rio de Janeiro (RJ). Gaynor emenda I Am What I Am com Never Can Say Goodbye, alentado cover do Jackson 5 que lhe deu projeção em 1974. Gloria Gaynor é o que é: cantora datada que sobrevive por simular em cena a magia dos dancin' days. Quando, já no bis, a cantora recorre a Can't Take my Eyes Off You - na pegada irresistível da gravação do grupo Boys Town Gang - o público embarca na onda. Mas talvez esse público dançasse com o mesmo entusiasmo se estivesse ali a vocalista da banda de Gaynor - que, no meio do show, sola Got To Be Real e apresenta a banda com lentidão enfadonha enquanto a atração principal se ausenta do palco - ou qualquer outro intérprete. Mas, por acaso, era a sobrevivente Gloria Gaynor, intérprete da sempre irresistível I Will Survive. E isso fez a diferença no show de ontem.
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"I will survive", bradou Gloria Gaynor em 1979, no auge da disco music. Nem ela imaginaria na época que sobreviveria por tanto tempo no rastro do estouro mundial de I Will Survive, o hino feminista que lançou naquele ano no álbum Love Tracks. Mas Gaynor sobreviveu. Aos 60 anos, com a voz ainda em forma, ela se alimenta dos resquícios saudosistas dos mágicos embalos da década de 70. Em mais uma vinda ao Brasil, para miniturnê que totaliza três shows (o último acontece neste sábado, 12 de junho de 2010, na Arena Vitória, em Vitória - ES), Gaynor se escora na voz, em covers de hits alheios, na sua figura - ainda mítica para o público GLS, a ponto de gritos de "Diva!" terem sido ouvidos ao longo do show feito pela cantora na casa Vivo Rio na noite de 11 de junho de 2010 - e, claro, em seu hino I Will Survive. Quando foram ouvidos os primeiros acordes da música, ligeiro clima de euforia tomou conta do público que suportou baladas chatas (uma com "mensagem que Deus quis eu passasse para vocês", de acordo com a artista) e temas menores do repertório irregular de Gaynor. Sacrifício compensado pelo prazer ainda redentor de ouvir I Will Survive na voz da intérprete ao fim do morno show. Gaynor sabe do poder de seu maior hit e valoriza o número, interrompendo a música para ressaltar a longevidade de I Will Survive e, depois, retomá-la com levada diferente. Mas - claro - o arranjo logo volta à pegada da emblemática gravação original da diva sobrevivente.
Lançada em disco no mesmo ano de 1975 em que debutou Donna Summer, Gaynor não gravou na era da disco music um repertório tão sedutor quanto o de Summer. O que explica os altos e baixos do roteiro e a necessidade de se valer de covers dos cancioneiros de Barry White (You're the First, the Last, my Everything - em dueto com seu bom vocalista), The Police (Every Breathe You Take - com arranjo que demole a estrutura rítmica do tema já gravado por Gaynor em 1998 no álbum The Power) e Michael Jackson (I'll Be There - em outro dueto com seu vocalista). Covers necessários porque os hits medianos da cantora, como I Never Knew e Goin' Out of my Head, não seguram um show inteiro. Por mais que a voz esteja em forma, há no ar certa atmosfera de decadência, disfarçada num primeiro momento quando Gaynor entra em cena entoando de cara - e a capella - seu segundo maior hit, I Am What I Am, gravado em 1984, um ano depois de a música ter sido lançada na versão musical da peça A Gaiola das Loucas, ora encenada no Rio de Janeiro (RJ). Gaynor emenda I Am What I Am com Never Can Say Goodbye, cover do Jackson 5 que lhe deu alguma projeção em 1982. Gloria Gaynor é o que é: uma cantora datada que sobrevive ao apelar para a magia dos dancin' days. Quando, já no bis, a cantora recorre a Can't Take my Eyes Off You - na pegada irresistível da gravação do grupo Boys Town Gang - o público embarca na onda. Mas talvez esse público dançasse com o mesmo entusiasmo se estivesse ali a vocalista da banda de Gaynor - que, no meio do show, sola Got To Be Real e apresenta a banda com lentidão enfadonha enquanto a atração principal se ausenta do palco - ou qualquer outro intérprete. Mas, por acaso, era a sobrevivente Gloria Gaynor, intérprete da sempre irresistível I Will Survive. E isso fez a diferença no show de ontem.
quem vai a um show de gloria deve esperar exatamente isso que tá escrito aí, nada mais
Só uma correção: I am what I am foi lançada em 1983.
Vou discordar em parte da resenha do Mauro - não quanto ao show, que não fui, mas à carreira da Gloria.
De fato, a Gloria tem pouquíssimos grandes hits - basicamente I Will Survive, Never can Say Goodbye e I am What I am.
Mas sua importãncia no cenário musical é bem maior que isso.
"Never Can Say Goodbye", que é de 1974, não pode ser classificada como um mero "cover" do Jackson 5. Essa canção foi uma muito bem sucedida VERSÃO soul em ritmo soul-disco, que literalmente revolucionou o chamado som das boates do início dos anos 70. Produzida pelo lendário Disc Jockey Tom Moulton, a canção compõe um medley com Honey Bee e Reach Out I'll Be There, em versões longas, naquele que é reconhecido como o primeiro 12" single de todos os tempos.
"You're The First, The Last..", muito mais que cover para completar repertório de show, foi gravada há 15 anos (em 1995) pela Gloria num belíssimo dueto com ninguém menos que Isaac Hayes (que influenciara o próprio Barry White), em homenagem ao maestro, na éoca recentemente falecido. Do mesmo disco, a versão de "I'll be There".
Apesar de uma carreira muito mal conduzida e errática, a beleza e poder da voz soul da Gloria e o fato de nunca haver renegado ser uma cantora disco (o que a Donna Summer fez inúmeras vezes) faz dela um nome relevante na história desse estilo musical - cujo valor é cada vez mais reconhecido, 30 anos após haver sido declarado "morto".
Sandro, grato pelo comentário tão elucidativo. Eu imaginei que 'Never Can Say Goodbye' era dos anos 70, mas acabei botando o ano em que a música saiu num álbum de Gaynor. Abs, mauroF
O engraçado que "I will survive", dentre outras músicas da época da Disco Dance, não era música de gay, como hoje é considerada.
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