30 de maio de 2009

Eles e elas cantam Chico em compilação dupla

Dois meses depois de pôr nas lojas a ótima coletânea dupla Djavan por Eles e por Elas, a gravadora Som Livre apresenta, nos mesmos moldes, Chico Buarque por Eles e por Elas. A compilação é editada nos formatos de dois CDs simples - vendidos separadamente - e de box (capa à esquerda). Entre os 28 fonogramas eleitos, figura gravação inédita de A História de Lily Braun em registro da cantora paulista Maria Gadú, aposta da companhia para 2009. A sedutora seleção mostra que, embora o fino cancioneiro de Chico seja em sua grande parte moldado para vozes femininas, eles também abordam com êxito a obra do compositor. Eis as 28 (belas) faixas de Chico Buarque por Eles e por Elas:
Chico por Eles
1. A Rita - Zeca Pagodinho
2. Gente Humilde - Renato Russo e Hélio Delmiro
3. Beatriz - Milton Nascimento

4. Samba do Grande Amor - João Nogueira
5. Samba e Amor - Caetano Veloso
6. Até o Fim - Zeca Baleiro
7. Cotidiano - Marcelinho da Lua (com Seu Jorge)
8. Bye Bye Brasil - Ed Motta e João Donato
9. Tatuagem - Djavan
10. Sonho de um Carnaval - Paulinho da Viola
11. A Banda - Wilson Simonal
12. Roda Viva - Ivan Lins e Nó em Pingo D'Água
13. Construção - Ney Matogrosso
14. Baticum - Lenine


Chico Buarque por Elas
1. Partido Alto - Cássia Eller
2. Apesar de Você - Clara Nunes
3. Olhos nos Olhos - Nara Leão
4. Deixa a Menina - Ivete Sangalo
5. Com Açúcar, com Afeto - Fernanda Takai
6.Quem Te Viu, Quem Te Vê - Mônica Salmaso
7. Atrás da Porta - Elis Regina
8. Anos Dourados - Miúcha
9. O Meu Amor - Maria Bethânia - Alcione
10. Sobre Todas as Coisas - Maria Rita
11. A História de Lilly Braun - Maria Gadú
12. Ciranda da Bailarina - Adriana Calcanhoto
13. O Meu Guri - Beth Carvalho
14. Valsinha - Monique Kessous

Yoko lança EP em junho e álbum em setembro

Yoko Ono voltará ao disco em dose dupla neste ano de 2009. Em 9 de junho, a artista - que reativou a Plastic Ono Band - lança o EP Don't Stop me! (capa à direita). Na sequência, em setembro, Yoko apresenta o álbum Between my Head and the Sky, cujo título faz referência ao nome do livro editado pela artista no início de 2009, Yoko Ono - Between the Sky and my Head. O EP, que vai ser editado somente via iTunes, tem quatro músicas: Calling, Ask the Elephant, The Sun Is Down! e Feel the Sand. O último álbum de Yoko - Yes, I'm a Witch - foi editado em 2007.

Chega às lojas trilha nacional de 'Caras & Bocas'

Com fartas 19 faixas, o CD com a trilha sonora nacional da novela Caras & Bocas está chegando às lojas, pela Som Livre. O quinteto Jota Quest figura com dois temas: a bela canção Vem Andar Comigo (extraída do último álbum da banda, La Plata) e De Volta ao Planeta, música de seu repertório inicial, selecionada para pontuar a trama que envolve o macaco que movimenta a história de Walcyr Carrasco. A trilha inclui fonogramas de Frejat (Nada Além, um dos poucos destaques de seu CD Intimidade entre Estranhos), Wanderléa (Te Amo, tema romântico do casal protagonista Dafne e Gabriel), Moinho (Saudade da Bahia), Titãs (Antes de Você), Marisa Monte (Mais uma Vez), Silvia Machete (Simplesmente Mulher) e Elba Ramalho (É Só Você Querer). O grupo Chicas gravou para o disco a música inédita que dá título à novela e é ouvida na abertura de Caras & Bocas. A trilha é legal.

Fafá emerge intensa das águas de disco de 1977


Resenha de Show
Título: Água
Artista: Fafá de Belém (em fotos de Mauro Ferreira)
Participação especial: Mariana Belém
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 29 de maio de 2009
Cotação: * * * * 1/2
Em cartaz até sábado, 30 de maio de 2009, às 19h30m
Projetada de forma nacional em 1975, ao gravar o samba-de-roda Filho da Bahia para a trilha sonora da novela Gabriela, Fafá de Belém teve sua carreira fonográfica consolidada em 1977 com o êxito artístico e comercial do LP Água, seu melhor trabalho na brejeira fase inicial de sua discografia. Trinta e dois anos depois de lançar o álbum que logo pôs nas paradas sucessos como Sedução (Milton Nascimento e Fernando Brant) e o bolero Foi Assim (Paulo André e Ruy Barata), Fafá revisitou o repertório do disco em show idealizado a convite da organização da edição de 2009 da Virada Cultural paulista. Foi esse lindo show que a cantora trouxe esta semana ao Rio de Janeiro para três apresentações no Teatro Rival.
Fafá emerge forte das águas deste repertório denso, de textura regional. Sua voz ainda transita pelos mesmos tons das gravações originais, só que com a vantagem de ter encorpado e ganhado maturidade. A abertura do show é especialmente envolvente. Quem aparece no palco é Mariana Belém, filha da cantora, evocando a imagem juvenil da Fafá dos anos 70 ao cantar Tamba-Tajá. Esta música deu título ao primeiro LP de Fafá e foi a partir do roteiro do show homônimo - estreado em maio de 1976 no Teatro Casa Grande, no Rio de Janeiro (RJ) - que a intérprete começou a pescar o repertório que iria compor o disco Água, reeditado uma mísera vez em CD, em 1993, na (desleixada) série Colecionador.
Finda a abertura, na qual Fafá se encontra com Mariana, a cantora começa a cantar propriamente o repertório do disco, enfileirando as 12 músicas de Água na ordem em que elas aparecem no LP original, produzido por Roberto Santana, a quem faz generosos elogios em cena. Pauapixuna (Paulo André e Ruy Barata) - o tema que abria o disco - ganha interpretação marcada por coreografias intensas. Na sequência, Araguaia (Rinaldo Barra) é veículo para o momento de maior brilho de Mariana Belém, que sustenta bem o refrão urdido em tons altos. A excelência do repertório - que conjuga climas sensuais e interioranos - é valorizada pela ótima banda que divide o palco com Fafá. Com o detalhe de que dois músicos - o baterista Ricardo Costa e o violonista Chiquito Braga, também diretor musical do atual show - tocaram no álbum Água.
Intérprete de recursos teatrais, Fafá vai da densidade emocional de Leilão (Hekel Tavares e Joracy Camargo) à leveza da Canção Passarinho (Luiz Violão), desaguando no lirismo empostado de Ontem ao Luar (Catulo da Paixão Cearense e Pedro de Alcântara), cantiga à moda antiga que ela entoa sentada na rede posicionada numa das extremidades do palco. Na sequência, pela ordem do disco, deveria vir Raça (Milton Nascimento e Fernando Brant) - número que serve de pretexto para rodopios e para a longa apresentação da banda - mas Fafá antecipa Cidade Pequenina, a bela (e única!) parceria de Caetano Veloso com Roberto Menescal.
Retomada a ordem do disco, a partir de Raça, chegam os hits Sedução e Foi Assim. Em Sedução, Mariana Belém, até então eficiente nos backing-vocals, volta ao centro do palco para dueto com Fafá, sem mostrar maturidade para encarar música cheia de malícia. Em Foi Assim, é Fafá quem não aproveita todas as possibilidades da música, entoada com alegria incondizente com a melancólica resignação expressada nos versos sobre o fim de uma paixão. O rigor estilístico que norteia o show é recuperado a partir do sublime número seguinte: o medley que une O Andarilho (Dalton Vogeler e Orlando Silveira) com a sofrida Ave Maria dos Retirantes, tema de grande interiorização em que Zé Canuto cita na flauta a Ave Maria de Gounod. Um fecho de ouro para um dos melhores shows de Fafá de Belém, que, no bis, então já fora do repertório do disco, surpreende ao cantar Elomar (O Pedido) antes de reviver seus hits iniciais Filho da Bahia e Emoriô nas águas do regionalismo brejeiro que pontou seu memorável início de carreira. Que ela volte a mergulhar nessas águas em futuro CD...

29 de maio de 2009

Pedro lança CD pop que EMI recusou em 2004

Resenha de CD
Título: Incondicional
Artista: Pedro Mariano
Gravadora: Nau
Cotação: * * *

Em 2003, Pedro Mariano saiu da Trama - a gravadora na qual havia obtido alguma projeção - e assinou contrato com a EMI Music, para a qual tinha sido convidado com todas as honras pelo então diretor artístico da companhia, Jorge Davidson. Só que o CD que marcaria a estreia do cantor na EMI, embora finalizado, não chegou a ir para às lojas. Incondicional - ora editado, cinco anos depois, como título inaugural do selo de Mariano, Nau - foi recusado em março de 2004 pelo executivo que assumia a empresa, Marcos Maynard, que apresentou ao artista a proposta (imediatamente rejeitada) de gravar um disco de bolero ou de bossa nova. Fora da EMI, Mariano foi fazer registro de show pela Universal Music, onde gravou DVD e CD ao vivo com quatro músicas que agora podem ser ouvidas nas versões originais de estúdio: Três Moedas (Frejat, George Israel e Mauro Santa Cecília), Memória Falha (de Jair Oliveira), Quase Amor (de Jorge Vercillo) e Colorida e Bela (Jair Oliveira). A última é a melhor delas. Com bela letra que resiste sem a música (já em si sedutora), Colorida e Bela mostra que a produção autoral de Jair Oliveira merece mais atenção de público e crítica. No entanto, como já foi gravada por Mariano, a melhor novidade de Incondicional é Simplesmente, parceria de Samuel Rosa com Chico Amaral que tem todo jeito de hit radiofônico (no caso, a novidade reside no registro de Mariano, pois a canção já ganhou desde 2004 gravações como a de Marina Machado). A propósito, Incondicional é um disco de pegada explicitamente pop e contemporânea. Os arranjos valorizam o suingue de músicas como Reação. Ainda assim, o repertório - que destaca parceria de Marcos Valle com Lulu Santos, Próxima Atração - não se mostra coeso ao longo das 14 faixas. Mariano ainda não fez CD estupendo.

Multishow ao vivo tem a marca da zorra de Rita

Resenha de CD / DVD
Título: Multishow
ao Vivo
Artista: Rita Lee
Gravadora: Biscoito
Fino
Cotação: * * *

Sim, é certo que Rita Lee poderia ter aproveitado a grande chance de figurar no elenco da gravadora Biscoito Fino para fazer um já necessário disco de inéditas - algo que não faz desde 2003, ano em que lançou Balacobaco, um de seus melhores álbuns. Contudo, o Multishow ao Vivo da roqueira tem seu inegável encanto. Trata-se da gravação de Pic Nic, show hi-tech que estreou em janeiro de 2008 com a marca da zorra de Rita. As duas medianas inéditas - Se Manca e Insônia - não têm fôlego para dar um ar de novidade ao projeto, o segundo consecutivo da artista no gênero (o último disco de Rita até então era um MTV ao Vivo editado em 2004). Contudo, o espetáculo resulta sedutor, sobretudo em DVD, veículo necessário para que se possa apreciar o histrionismo de Vingativa, uma das músicas inéditas na voz da cantora (o tema foi gravado pelas Frenéticas em 1977). Aliás, Rita sabe fazer jogo de cena. Mesmo que este seja repetido. Vítima, por exemplo, reedita o número de clima noir lançado em 1995 no show A Marca da Zorra - com a diferença de que o helipcóptero, antes real, agora é visto em projeção. Assim como O Bode e a Cabra - a gaiata (sub)versão de I Want to Hold your Hand - é herança de Yê-Yê-Yê de Bamba, espetáculo de 2002 que merecia ter sido perpetuado em DVD. No mais, são os hits de sempre (Flagra, Saúde, Lança-Perfume, Doce Vampiro, Mutante, Ovelha Negra) e uma ou outra novidade como a boa ideia de inserir o nome do presidente dos Estados Unidos Barack Obama na letra de Bwana. Entre medley que exalta o orgulho feminino (com Cor de Rosa Choque bem-costurada a Todas as Mulheres do Mundo) e número que evoca seu passado tropicalista (Baby, com citação de várias músicas da época), Rita Lee continua sendo uma das mais perfeitas traduções do carnavalesco rock brasileiro. E não é por acaso que seu bom Multishow ao Vivo termina com a marcha Chiquita Bacana. Rita ainda é tropicalista...

Fafá regrava hit de Dalva para tributo a Ataulfo

Já finalizado, o álbum duplo produzido pela gravadora Lua Music para celebrar o centenário de nascimento do compositor Ataulfo Alves (1909 - 1969) tem a adesão de Fafá de Belém (à direita no estúdio em que registrou sua participação no CD). Fafá pôs voz no hit Errei Sim, música gravada por Dalva de Oliveira (1917 - 1972) em julho de 1950 e lançada como o lado A do disco de 78 rotações editado em setembro do mesmo ano. Composta somente por Ataulfo, Errei Sim é uma das músicas inspiradas na - turbulenta - separação de Dalva e Herivelto Martins (1912 - 1992).

Nei Lopes chuta o balde em CD de tom mordaz

Resenha de CD
Título: Chutando o Balde
Artista: Nei Lopes
Gravadora: Fina Flor
Cotação: * * *

No anúncio que propaga o lançamento do CD de inéditas de Nei Lopes, Chutando o Balde, nas lojas neste mês maio de 2009, a gravadora Fina Flor enfatiza o fato de o compositor ser autor de Gostoso Veneno, Goiabada Cascão e Tempo de Don Don. Os dois primeiros sambas são dos anos 70. O terceiro foi lançado por Zeca Pagodinho em 1988, ou seja, há mais de 20 anos. De lá para cá, Nei Lopes nunca parou de compor. Chutando o Balde prova com suas 16 inéditas autorais que a produção do compositor paira acima da média do gênero. Com parceiros como Ruy Quaresma (produtor e arranjador do disco), Cláudio Jorge, Luís Felipe de Lima e os integrantes do paulista Quinteto em Branco e Preto (Everson Pessoa, Magnu Sousá e Maurílio de Oliveira), Nei apresenta CD de tom mordaz, coerente com o título e a capa ilustrada por Mello Menezes. "Mas pra chutar / Tem que saber / Onde é que o balde vai bater / Pra coisa entrar / Sem ofender", admite na letra da faixa-título. Ainda assim, as ironias de suas letras nem sempre são finas. Pala pra Trás destila preconceito velado contra os gays no fim da letra que perfila o mané que usa o boné para trás. Pombajira Halloween ironiza a real valorização da cultura norte-americana no Brasil. Já Samba de Fundamento defende certo purismo no samba - retratado como seita que deve ser penetrada somente por iniciados em seus rituais - enquanto Dicionário se vale do significado original de palavras como axé, roqueiro e sertanejo para de forma indireta diminuir o valor de quem transita por outros ritmos musicais. A língua continua viva.

De toda forma, o disco soa mais interessante quando o compositor deixa de lado a crítica pura e simples para fazer crônicas do cotidiano à moda dos pagodes cariocas. Saracuruna-Seropédica, o maior destaque da safra de inéditas, relata com verve - entre o samba e a rumba - o caso de ovni surgido no trajeto que dá título ao samba. Ondina traça o perfil de baiana bissexual numa levada deliciosa. Outro trunfo, Oló também é uma delícia e pede registro de uma voz vigorosa, como a de Alcione, para obter força e brilho.

Letras à parte, Chutando o Balde é CD urdido com economia percussiva. Habilidoso dublê de cantor, o compositor se aventura por ritmos como samba-de-breque (Águia de Haia), samba de gafieira (Deusas e Devassas), partido alto (Confraria) e samba-enredo (Samba Emprestado). Não se trata do melhor disco de Nei Lopes. Ainda assim, Chutando o Balde expõe com propriedade os (rígidos!) valores que norteiam a obra coerente do compositor.

28 de maio de 2009

Em junho, Zélia lança CD 'Pelo Sabor do Gesto'

Pelo Sabor do Gesto é o inusitado título do nono álbum solo de Zélia Duncan. Nas lojas a partir de 9 de junho de 2009, via Universal Music, o CD foi produzido por John Ulhoa e por Beto Villares. A faixa eleita para iniciar os trabalhos promocionais é Tudo Sobre Você. O último disco de Zélia foi Amigo É Casa, dividido com Simone e editado em 2008. Desde Pré-Pós-Tudo-Bossa-Band (2005), a artista não apresentava repertório inédito.

Primeiro disco de Maria Gadú vai sair em junho

Como noticiado neste blog em post datado de 6 de novembro de 2008, Maria Gadú é a aposta mais alta do selo SLAP, até então mais conhecido como Som Livre Apresenta. Puxado pela música Shimbalaiê, já em rotação em algumas rádios, o primeiro CD da cantora paulista vai chegar às lojas neste mês de junho de 2009. A foto acima, de Marcos Hermes, foi feita para o ensaio do disco. Gadú não obteve a projeção esperada na minissérie Maysa - Quando Fala o Coração - em que gravou pequena participação como cantora de uma boate - mas, já cercada de aura hype, ela continua sendo uma (forte) prioridade da Som Livre para este ano.

Convidados animam o arraial populista do trio

Resenha de CD
Título: Isso Aqui Tá
Bom Demais
Artista: Trio Virgulino
Gravadora: LGK Music
Cotação: * * 1/2

Perto do período de festas juninas, as gravadoras põem nas lojas (as que restam) CDs voltados para o mercado que consome a música nordestina. É nesse contexto que se insere Isso Aqui Tá Bom Demais, disco do Trio Virgulino que soaria até trivial não fosse o time de convidados que aceitou gravar com Enok Virgulino (sanfona), Roberto Pinheiro (zabumba) e Adelmo Nascimento (triângulo). Alceu Valença, Dominguinhos, Leo Maia, Zeca Baleiro e Zélia Duncan valorizam o arrasta-pé do trio que, vez por outra, escorrega no terreno populista por abarcar no repertório músicas como Pelados em Santos e Melô da Pipa (Tá com Medo, Tabaréu), esta um hit do efêmero grupo Superbacanas cuja letra de duplo sentido até se ajusta no universo malicioso dos forrós. Das faixas gravadas com os convidados, a melhor é a que traz Alceu Valença, Forró Lunar, tema pouco batido de autoria do compositor pernambucano - de quem o trio regrava também Estação da Luz. Já o xote Eu Só Quero um Xodó - revisitado com Zélia Duncan - tem sua beleza diluída no ritmo acelerado moldado para os arrasta-pés. Lançado por Gilberto Gil em 1973, o xote é parceria de Anastácia com Dominguinhos, convidado de Pedras que Cantam, sucesso que deu título ao álbum lançado por Fagner em 1991. Já Zeca Baleiro chora as mágoas de Qui Nem Jiló no tom arretado do Trio Virgulino. Que lembra com Leo Maia o elo nordestino da obra do pai deste, Tim Maia (1942 - 1998), no medley que une Coroné Antonio Bento (1970) e A Festa do Santo Reis (1971), hits da fase áurea em que o Síndico juntava a pegada da soul music com o balanço dos ritmos genericamente rotulados como forró. Entre temas direcionados para as festas juninas (Chegada de São João e No Lume da Fogueira), o Trio Virgulino arma arraial no ritmo populista do mercado fonográfico nacional.

27 de maio de 2009

E elas cantaram Roberto em todos os sentidos...

Resenha de Show
Ciclo Itaú Brasil
Título: Elas Cantam Roberto - Divas
Artistas: Adriana Calcanhotto, Alcione, Ana Carolina,
Celine Imbert, Claudia Leitte, Daniela Mercury, Fafá de
Belém, Fernanda Abreu, Hebe Camargo, Ivete Sangalo,
Luiza Possi, Marília Pêra, Marina Lima, Mart'nália, Nana
Caymmi, Paula Toller, Rosemary, Sandy, Wanderléa
e Zizi Possi
Participação especial: Roberto Carlos
Local: Theatro Municipal de São Paulo (SP)
Data: 26 de maio de 2009
Foto: Mauro Ferreira
Cotação: * * * 1/2

Entre altos e baixos, foram muitas as emoções vividas no palco e na platéia do Theatro Municipal de São Paulo (SP) na noite de 26 de maio de 2009. E a maior delas foi ver as 20 cantoras do elenco do show Elas Cantam Roberto - Divas reunidas no palco para cantar Roberto em todos os sentidos. Antes do bis coletivo, dado com É Preciso Saber Viver (1974), todas as intérpretes dividiram o palco e a letra de Como É Grande o meu Amor por Você (1967). Cada uma se dirigiu ao Rei - estrategicamente posicionado ao redor delas - entoando um ou dois versos da canção num número delicioso em que a diretora Monique Gardenberg aproveitou o título dúbio do show para criar jogo de sedução das intérpretes com Roberto. Foi o clímax do belo espetáculo, um dos cinco eventos especiais do ciclo Itaú Brasil, idealizado para celebrar os 50 anos de carreira de Roberto Carlos. Um momento memorável!!

Com arranjos orquestrais, à moda dos ouvidos nos padronizados discos do homenageado, o diretor Guto Graça Mello preparou a cama - com cordas, metais e percussões - para que elas cantassem o repertório de Roberto Carlos. Mais identificadas com o estilo romântico do Rei, cantoras como Ana Carolina, Fafá de Belém e Hebe Camargo - um dos destaques do elenco - deitaram e rolaram nessa cama. Em contrapartida, o trio de intérpretes oriundas do universo afro-pop-baiano (Cláudia Leitte, Daniela Mercury e Ivete Sangalo) se mostrou menos confortável. Da mesma forma que Sandy mostrou que sua voz não cresceu juntamente com ela. Nana Caymmi e Zizi Possi reafirmaram sua classe. Marília Pêra entrou em cena como a grande atriz que sempre foi. E arrasou! Já Adriana Calcanhotto, Marina Lima e Mart'nália fizeram bonito ao trazer o repertório de Roberto para seus (respectivos) universos musicais.

"Nunca pensei na minha vida que eu fosse viver uma noite como essa, com essas meninas maravilhosas, essas cantoras incríveis", derramou-se Roberto Carlos ao aparecer no palco, já no fim do show, para cantar Emoções. Ao reviver este fox de 1981, um de seus últimos suspiros como grande compositor, o Rei sublinhou o verso em que afirmava viver esse "momento lindo". Sim, contra todos os prognósticos pessimistas por conta da (de fato) inusitada escalação do elenco e das ausências sentidas (Maria Bethânia, Simone, Gal Costa e Marisa Monte, sobretudo), o espetáculo Elas Cantam Roberto - Divas teve momentos realmente lindos. Que vão poder ser conferidos na noite do próximo domingo, 31 de maio de 2009, quando a TV Globo exibir a gravação do show. E que, mais tarde, vão ser eternizados com a edição de CD e de DVD.

Ivete aniquila uma música e erra letra de outra

Itaú Brasil Elas Cantam Roberto - Divas
Artista: Ivete Sangalo
Foto: Divulgação / Marcos Hermes
Cotação: * *

Além de ter sido a porta-voz do elenco feminino do show Elas Cantam Roberto ("Em nome delas, digo que nós estamos muio honradas de fazer parte da noite dele, o nosso Rei"), Ivete Sangalo foi a única cantora que fez dois números individuais no espetáculo que lotou o Theatro Municipal de São Paulo na noite de 26 de maio de 2009. Apesar de tantos privilégios, a popular cantora baiana decepcionou. Em Os Seus Botões (1976), a interpretação de Ivete sequer esboçou a sensualidade da música, um dos hits da fase motel da obra de Roberto Carlos nos anos 70. Em Olha (1975), a artista se saiu melhor, adotando um registro mais suave que contou com o piano de Eduardo Lages. Ainda assim, Ivete pecou ao errar a letra. No lugar do verso original "Te juro, meu amor...", ela cantou "desculpe, meu amor...". Entre um número e outro, Ivete fez seu (já costumeiro) charme com a platéia, quebrando o protocolo de espetáculo que transcorreu de maneira mecanizada.

Ana põe voz tamanha a favor de Força Estranha

Itaú Brasil Elas Cantam Roberto - Divas
Artista: Ana Carolina
Foto: Mauro Ferreira
Cotação: * * * *

Favorecida por um dos mais ousados arranjos do show Elas Cantam Roberto, a interpretação de Ana Carolina para Força Estranha (1978) foi um dos pontos altos do espetáculo realizado no Theatro Municipal de São Paulo (SP) na noite de 26 de maio de 2009. A canção de Caetano Veloso ganhou outra pulsação rítmica - calcada na bateria - e a intérprete pôs sua voz tamanha com a intensidade permitida pela letra. Foi merecidamente ovacionada!!

Um número para ninguém se esquecer de Nana

Itaú Brasil Elas Cantam Roberto - Divas
Artista: Nana Caymmi
Foto: Mauro Ferreira
Cotação: * * * * 1/2

Não poderia ter sido mais previsível a música escolhida por Nana Caymmi para fazer sua participação no show Elas Cantam Roberto. No entanto, pela habitual grande forma vocal, Nana foi um dos destaques da noite ao entoar, emocionada e emocionante, a canção Não se Esqueça de mim (1977), gravada por ela em 1998 no álbum Resposta ao Tempo em dueto com Erasmo Carlos - o parceiro de Roberto na música - e regravada em dezembro de 2008 (novamente com o Tremendão) sob encomenda para a trilha sonora da novela Caminho das Índias. Cantora sempre irretocável, Nana deu a intenção exata a cada verso da letra, em interpretação emoldurada pelo piano de Cristóvão Bastos. Divina!

Falando sério, Leitte desafina ao cantar Roberto

Itaú Brasil Elas Cantam Roberto - Divas
Artista: Cláudia Leitte
Foto: Divulgação / Marcos Hermes
Cotação: *

Se houve momento quase constrangedor no show Elas Cantam Roberto, foi a participação de Claudia Leitte em Falando Sério (1977). Além de sair do tom, a estrela do axé mostrou pouca (ou nenhuma) compreensão da letra da canção romântica. Bola fora!!!

Calcanhotto canta Roberto do seu jeito estiloso

Itáu Brasil Elas Cantam Roberto - Divas
Artista: Adriana Calcanhotto
Foto: Divulgação / Marcos Hermes
Cotação: * * *

Apesar da escolha preguiçosa da música, já gravada por ela em 1996 em dueto com Erasmo Carlos para disco do Tremendão, Adriana Calcanhotto reafirmou seu estilo ao entoar Do Fundo do meu Coração (1986) no show Elas Cantam Roberto. A ponto de ter dispensado a suntuosa orquestra para fazer bom número de voz-e-violão. A canção é das últimas realmente belas de Roberto...

Mart'nália faz (samba)charme ao cantar o 'Rei'

Itaú Brasil Elas Cantam Roberto - Divas
Artista: Mart'nália
Foto: Canivello Comunicação / Marcos Hermes
Cotação: * * * 1/2

Coube a Mart'nália defender a única música desconhecida do roteiro do show Elas Cantam Roberto. Só Você Não Sabe - tema gravado por Roberto Carlos em seu álbum de 1989 - foi o veículo para que a artista exercitasse seu suingue e fizesse (samba)charme. À vontade no palco do Theatro Municipal de São Paulo, Mart'nália cantou Roberto sem sair de seu universo musical. A cantora se virou bem, mas o samba - a rigor, insosso - não ajudou.

Sandy canta Roberto em registro infanto-juvenil

Itaú Brasil Elas Cantam Roberto - Divas
Artista: Sandy
Foto: Canivello Comunicação / Marcos Hermes
Cotação: * 1/2

Uma guitarra - de acento blues - se fez escutar na introdução de As Canções que Você Fez pra mim (1966), número destinado a Sandy no show Elas Cantam Roberto. Contudo, a interpretação da cantora transitou pelo mesmíssimo registro infanto-juvenil de sua carreira adolescente. A voz de Sandy não cresceu com ela. É pena.

À meia-voz, Marina põe atitude em 'Como 2 e 2'

Itaú Brasil Elas Cantam Roberto - Divas
Artista: Marina Lima
Foto: Divulgação / Marcos Hermes
Cotação: * * *

Mesmo com seu habitual registro à meia-voz, Marina Lima pôs atitude, personalidade e estilo na sua interpretação de Como 2 e 2 (1971), música - de Caetano Veloso - que lhe coube no roteiro do show Elas Cantam Roberto por sugestão do próprio Roberto Carlos. Munida de sua guitarra, a artista mostrou que ter boa voz - às vezes - não é fator crucial para o sucesso de uma interpretação.

Teatral, Marília triunfa na velocidade do drama

Itaú Brasil Elas Cantam Roberto - Divas
Artista: Marília Pêra
Foto: Divulgação / Marcos Hermes
Cotação: * * * * *

Estranha no ninho de cantoras do show Elas Cantam Roberto, apesar de já ter gravado discos e de ter no currículo atuações consagradas em musicais, a atriz Marília Pêra foi um dos destaques do elenco. Foi a grande atriz que entrou em cena para apresentar interpretação teatral de 120... 150... 200 Km por Hora (1970). Na alta velocidade do drama, a artista foi acentuando progressivamente o estado de desilusão e desespero dos versos em número de (grande) efeito cênico. Forte e inusitada presença!!

Toller percorre sem curvas a estrada de Santos

Itaú Brasil Elas Cantam Roberto - Divas
Artista: Paula Toller
Foto: Divulgação / Marcos Hermes
Cotação: * * 1/2

Paula Toller normalmente brilha em projetos coletivos, mas não reeditou seu alto padrão de qualidade no show Elas Cantam Roberto. A cantora tinha a responsabilidade de dar voz a uma das melhores músicas de Roberto Carlos, As Curvas da Estrada de Santos (1969), mas percorreu a melodia em rota linear, sem a pulsação vibrante da música, já gravada pelo Kid Abelha. Toller deveria ter entoado tema mais calmo, adequado à sua voz afinada.

Pregação pacifista de Fernanda não surte efeito

Itaú Brasil Elas Cantam Roberto - Divas
Artista: Fernanda Abreu
Foto: Divulgação / Marcos Hermes
Cotação: * *

Em 1971, seguindo a tradição dos spirituals norte-americanos no embalo do sucesso de Jesus Cristo (1970), Roberto e Erasmo Carlos compuseram o hino pacifista Todos Estão Surdos. A música pode resultar empolgante em registros ao vivo, mas a pregação humanista da letra meio falada não surtiu efeito no show Elas Cantam Roberto na voz (no caso, inadequada) de Fernanda Abreu, embora o arranjo tenha sido inspirado na bela gravação do Rei e a cantora tenha tido suingue e o auxílio de seis vocalistas. Abreu é dona de trabalho solo interessante, mas não tem voz para encarar uma música desse porte. Faltou vigor! Erro de escalação...

Rosemary canta Roberto com insípida correção

Itaú Brasil Elas Cantam Roberto - Divas
Artista: Rosemary
Foto: Canivello Comunicação / Marcos Hermes
Cotação: * *

Último nome a entrar no elenco do show Elas Cantam Roberto, por conta de pedido do próprio Roberto Carlos à direção do evento, Rosemary entoou com insípida correção Nossa Canção, música de Luiz Ayrão que é associada ao repertório do Rei desde que foi lançada pelo cantor em 1966. Bela e esquecível presença...

Com ternura, Wanderléa lembra o hit 'Esqueça'

Itaú Brasil Elas Cantam Roberto - Divas
Artistas: Daniela Mercury e Wanderléa
Foto: Canivello Comunicação / Marcos Hermes
Cotação: * * *

Não poderia faltar Wanderléa, claro, em show em que 20 cantoras interpretam o repertório de Roberto Carlos. E não faltou! Com ternura, Wandeca lembrou - em dueto com Daniela Mercury - uma das canções mais simples e bonitas do universo da Jovem Guarda, Esqueça, lançada por Roberto Carlos em 1966. Ao fundo, um retrato antigo do Rei evocava as jovens tardes de domingo. As vozes e os figurinos das cantoras se mostraram em harmonia. Contudo, foram a força e a popularidade do repertório da Jovem Guarda que saltaram logo aos ouvidos: desde os primeiros versos, o público acompanhou a canção em coro. Pena que, na sequência, em correto número solo, a Ternurinha não tenha surpreendido. Wanderléa cantou Você Vai Ser o meu Escândalo (1968), tema de seu repertório habitual. Se tivesse ousado na escolha, iria arrasar!

Daniela pensa que a música de Roberto é axé...

Itaú Brasil Elas Cantam Roberto - Divas
Artista: Daniela Mercury
Foto: Mauro Ferreira
Cotação: * *

A eletricidade de Daniela Mercury não impediu que seu número no show Elas Cantam Roberto tivesse que ser interrompido logo após sua vivaz entrada em cena. É que o microfone estava desligado. Resolvida a questão técnica, Daniela refez o número - aliás, um dos mais equivocados do espetáculo. Como se uma das melhores músicas de Roberto Carlos, Se Você Pensa (1968), fosse um hit de axé music, a cantora surgiu em cena elétrica, dançando ao lado de dois bailarinos. Sua movimentação foi tão frenética que a música acabou em segundo plano. Como o Theatro Municipal de São Paulo não é a Praça Castro Alves (BA), Daniela não empolgou.

Celine canta Roberto distante da naturalidade

Itaú Brasil Elas Cantam Roberto - Divas
Artista: Celine Imbert
Foto: Canivello Comunicação / Marcos Hermes
Cotação: * * *


Único nome do elenco do show Elas Cantam Roberto que foi recrutado no universo erudito, Celine Imbert entoou A Distância (1972) com a naturalidade possível para voz acostumada aos rigores do canto lírico. Foi correto. E só!! Participação esquecível.

Fafá mostra afinidade com universo de Roberto

Itaú Brasil Elas Cantam Roberto - Divas
Artista: Fafá de Belém
Foto: Divulgação / Marcos Hermes
Cotação: * * * * *

Sem pudor de mergulhar fundo no universo sentimental da música de Roberto Carlos, Fafá de Belém brilhou ao interpretar Desabafo (1979) e se impôs como um dos grandes destaques do espetáculo Elas Cantam Roberto. Com seu registro habitualmente intenso e enfático, a cantora valorizou cada verso da música. Foi um dos (poucos!) números em que interpretação, arranjo e repertório estiveram em total sintonia. Até porque Fafá continua cantando muito bem, sem precisar baixar os tons. Que faça CD à sua altura...

Alcione canta Sua Estupidez com brilho próprio

Itaú Brasil Elas Cantam Roberto - Divas
Artista: Alcione
Foto: Mauro Ferreira
Cotação: * * * 1/2

O arranjo misturou cordas, metais e coro, mas não conseguiu soar tão exuberante quanto a voz de Alcione em Sua Estupidez (1969), um dos bons números do show Elas Cantam Roberto, realizado na noite de 26 de maio de 2009 no Theatro Municipal de São Paulo (SP). Com seu fraseado particular, cheio de nuances, a Marrom mostrou que - quando canta bom repertório - figura no primeiro time de intérpretes da música popular brasileira. Bonito!

Em italiano e em português, Zizi esbanja classe

Itaú Brasil Elas Cantam Roberto - Divas
Artista: Luiza Possi e Zizi Possi
Foto: Mauro Ferreira
Cotação: * * (Luiza e Zizi) e * * * * (Zizi)

Talvez por conta de provável nervosismo, Luiza Possi não rendeu tudo o que poderia render - e ela já mostrou desenvoltura e leveza ao participar de outras gravações ao vivo - no show Elas Cantam Roberto. O dueto de Luiza com sua mãe, Zizi Possi, em Canzone per te (música defendida por Roberto Carlos em 1968 no Festival de San Remo, na Itália) fluiu mal, quase fora do tom. Talvez pelo fato de Luiza ter começado a cantar sozinha antes de Zizi entrar no palco. Na sequência, em número solo, Zizi esbanjou classe ao reviver Proposta (1973) em registro de intensidade que crescente que reafirmou a habilidade da cantora para conjugar técnica e emoção. Zizi Possi precisa urgentemente gravar um CD...

Você não sabe como Hebe cantou bem Roberto

Itaú Brasil Elas Cantam Roberto - Divas
Artista: Hebe Camargo
Foto: Divulgação / Marcos Hermes
Cotação: * * * 1/2

Coube a Hebe Camargo fazer a abertura do show Elas Cantam Roberto. Às 21h33m da noite de 26 de maio de 2009, a octagenária apresentadora de TV - que já se aventurou como cantora nos anos 50 antes de se consagrar na televisão - apareceu no palco do Theatro Municipal de São Paulo para cantar Você Não Sabe, música lançada por Roberto Carlos em seu álbum de 1983. Emoldurado por cordas, o registro doce e afetivo de Hebe seduziu e surpreendeu de imediato o público. Mesmo sem expressar a melancolia contida na letra, a apresentadora cantou com muita elegância e fez jus ao elogio ("Gracinha!!!") gritado por espectador.

26 de maio de 2009

Beastie Boys finalizam comitê do molho picante

Hot Sauce Committee I - e não Tadlock's Glasses, como fora anunciado - é o título do oitavo álbum de estúdio dos Beastie Boys. O sucessor do instrumental The Mix-Up (2007) já está em fase final de produção. Não há informações sobre o repertório e a data de lançamento. Sabe-se somente que a rapper Santigold já gravou participação no disco a convite de Michael Diamond (Mike D), Adam Yauch (MCA) e Adam Horovitz (Ad-Rock). Vai sair logo.

Série de reedições do 'Rei' exclui álbum de 1987

Em 2006 e 2007, a Sony Music reembalou quase toda a obra de Roberto Carlos na série de seis caixas da coleção Pra Sempre. Neste ano de 2009, uma nova coleção - formada por 50 títulos avulsos da discografia do Rei - chegou às lojas em maio para celebrar os 50 anos de carreira do cantor. Contudo, a série exclui o álbum de 1987, editado com a música O Careta, alvo de acusação judicial de plágio. Mesmo sem a polêmica faixa, o álbum havia sido reeditado na caixa da série Pra Sempre dedicada aos anos 80. Mas acabou excluído na atual coleção. Em contrapartida, há entre os 50 títulos o disco em inglês editado no Brasil em 1981.

Wanderléa grava enfim Beatles com Tinta Preta

Embora o repertório de boa parte do elenco da Jovem Guarda tenha gravitado em torno do pop estrangeiro, em especial da obra dos Beatles, Wanderléa nunca tinha gravado uma música dos Fab Four. A primeira vez foi neste mês de maio de 2009. A Ternurinha pôs voz em I Me Mine, música de George Harrison (1943 - 2001), composta em 1969 e lançada no álbum Let It Be (1970). Wanderléa, na realidade, registrou sua participação na faixa da banda paulistana Tinta Preta. A gravação foi feita para o álbum produzido por Marcelo Fróes - autor da foto que flagra a cantora no estúdio - com recriações da obra criada pelos Beatles em 1969.

Dughettu agrega Mart'nália, Lucinda e Gerson

Mart'nália (foto), Gerson King Combo, Elisa Lucinda e Gabriel Moura integram o time de convidados do primeiro álbum do grupo carioca Dughettu, liderado pelo vocalista Marcello Silva, apresentador do programa de TV Conexões Urbanas. Plínio Profeta assina a produção do CD. Ligado ao universo do soul e do hip hop, Dughettu convocou King Combo para participar da faixa Meu Cabelo Black, da lavra autoral de Marcello Silva. O disco - que vai se chamar Questão de Q? - está em fase (inicial) de gravação.

25 de maio de 2009

Registro inédito de Zé na coletânea de Lennon

Sexto (bom) título da série de coletâneas Letra & Música, produzida por Marcelo Fróes para seu selo Discobertas, o volume dedicado à recriações da obra de John Lennon (1940 - 1980) inclui registro inédito de Zé Ramalho. O paraibano regravou Jealous Guy, música lançada por Lennon no álbum Imagine (1971). Longe da obviedade, a seleção inclui a leitura de Norwegian Wood (This Bird Has Flown) feita por Milton Nascimento em falsete ao lado de Beto Guedes e do grupo Som Imaginário. A gravação foi lançada em compacto de 1975. Outras gravações quase nunca badaladas incluídas na coletânea são Because - registro do álbum Cobra de Vidro que reuniu os conjuntos MPB-4 e Quarteto em Cy - e Come Together, em abordagem feita por Wilson das Neves para o raro LP Samba-Tropi, editado em 1970. Distribuído nas lojas pela gravadora Coqueiro Verde Records, o CD John Lennon - Letra & Música fecha com gravação ainda inédita de Help (de janeiro de 2009) nas vozes dos cantores do conjunto Demônios da Garoa.

Johansson divide seu segundo álbum com Yorn

Após lançar um controvertido disco todo dedicado à obra do compositor norte-americano Tom Waits, Anywhere I Lay my Head (2008), Scarlett Johansson dá continuidade à sua pálida carreira fonográfica e lança - em 15 de setembro de 2009 - o seu segundo álbum. Contudo, Break Up - CD dividido pela artista com Pete Yorn - foi feito há três anos, em 2006, a convite do músico americano. A idéia de Yorn foi evocar com a atriz o espírito da parceria entre Serge Gainsbourg e Brigitte Bardot. Produzido por Sunny Levine, neto de Quincy Jones, o CD reúne oito músicas que abordam os vários estágios de um amor, do começo ao fim do relacionamento.

Calmo e com classe, Iggy transita por clássicos

Resenha de CD
Título: Préliminaires
Artista: Iggy Pop
Gravadora: Virgin
Cotação: * * * 1/2

Longe de soar bizarra na voz de Iggy Pop, a regravação de How Insensitive - a versão em inglês de Insensatez, um dos vários clássicos universais do repertório de Tom Jobim (1927 - 1994) - é um dos destaques de Préliminaires, o inusitado álbum que Iggy Pop lança na Europa nesta segunda-feira, 25 de maio de 2009. Com sua voz grave, Iggy entoa com classe a canção de Jobim emoldurado por batida que remete ao tic-tac linear de um relógio. Inspirado no polêmico livro A Possibilidade de uma Ilha, do escritor francês Michel Houellebecq, o disco flagra o roqueiro - precursor do punk nos anos 60 com seu grupo The Stooges - em momento de paz. A propagada influência do jazz de Nova Orleans (EUA) aparece em uma ou outra faixa, como King of the Dogs, cujo clima de cabaré faz evocar o som de uma big-band da era do swing. Je Sais que Tu Sais combina sussurros sensuais em francês com leve levada de blues. Contudo, Préliminaires é - em essência - um disco de canções como I Want to Go to the Beach e Spanish Coast, esta embalada com cordas. Há, sim, algum resquício do passado roqueiro do artista em Nice to Be Dead, mas, no todo, o disco é de fato calmo e suave. A ponto de ser aberto e fechado com Les Feuilles Mortes, um standard da canção francesa da década de 40. As duas versões combinam eletrônica, tom jazzy (em especial a que fecha o disco) e a voz cavernosa de Iggy Pop, que abre o disco recitando versos em francês. Esse velho moço está bem diferente!!

Rob Digital lança no Brasil série de world music

Dedicado ao genérico rótulo de música do mundo, o selo britânico World Music Network tem editados no Brasil alguns títulos de seu catálogo pela gravadora carioca Rob Digital. O primeiro pacote de lançamentos inclui cinco compilações da coleção The Rough Guide to... - foto acima - e já está nas lojas. O volume intitulado Gypsy Swing é inspirado na obra do guitarrista belga Django Reinhardt (1910 - 1953), que uniu o balanço da música cigana ao suingue do jazz norte-americano. Mediterraneam Cafe Music é apresenta sons mediterrâneos com embalagens mais modernas. Indian Lounge mixa a música de origem hindu com batidas eletrônicas ocidentais. Latin Jazz reforça a influência dos ritmos cubanos sobre o jazz dos EUA. Por fim, Asian Underground expõe o elo entre a Inglaterra e as músicas do continente asiático.

Altos e baixos de Manson em 'High End of Low'

Resenha de CD
Título: The High
End of Low
Artista: Marilyn Manson
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * *


Em seu sexto álbum, Eat me, Drink me (2007), Marilyn Manson baixou (um pouco) o tom e mostrou que os satânicos também amam. O peso estava mais nas letras sombrias - reflexos das dores provocadas pelo término de uma paixão - do que nos arranjos. Dois anos depois, Manson parece recuperar o ânimo em seu sétimo álbum de estúdio, The High End of Low, lançado nesta segunda-feira, 25 de maio de 2009. A primeira música, Devour, até engana com mandolim e um inicial clima acústico - até que, aos dois minutos e meio, a faixa subitamente adquire o tom pesado que pontua temas posteriores como Leave a Scar (de acabamento industrial) e Pretty as A. The High End of Low é um disco de altos e baixos que marca a retomada da parceria de Manson com o baixista Twiggy Ramirez. Não espere um petardo coeso como Mechanical Animals (1998), álbum de textura mais eletrônica. Contudo, Manson - fiel ao forjado caráter satânico - destila fúria e energia em temas irados como Arma-Goddamn-Motherfucking-Geddon, faixa turbinada com guitarras explosivas que remete aos momentos áureos do artista. O clima de terror esboçado em I Just to Look up Just to See Hall caberia bem em álbuns de bandas metaleiras. Já I Want to Kill You Like They Do in the Movies - música já disponibilizada antes do álbum - seduz pelo tom meio épico. Enfim, foi-se a (gótica) introspecção do inusitado álbum anterior. Embora mais previsível, The High End of Low é título que se ajusta com - algum... - peso à discografia do artista.

24 de maio de 2009

Com graça, romance de Orth vai do lixo ao luxo


Resenha de Show
Título: Romance Vol. II
Artista: Marisa Orth (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 23 de maio de 2009
Cotação: * * *
Em cartaz no Rio até domingo - 24 de maio - às 19h30m
E em Santos (SP), no dia 20 de junho, no Teatro Coliseu
Paralelamente à carreira de atriz que a projetou nacionalmente na televisão e no teatro, Marisa Orth sempre fez sua incursões pela música. Integrou nos anos 80 o grupo paulista Luni e, na década seguinte, revirou o baú brega da MPB ao lado da Banda Vexame. Há, a propósito, muito da graça da Vexame no show solo de Orth, Romance Vol. II, que, após temporada em São Paulo (SP), chegou ao Rio de Janeiro (RJ) no Teatro Rival, onde fica em cartaz até este domingo, 24 de maio de 2009. Com humor, a intérprete costura músicas e textos em roteiro que retrata os altos e baixos da paixão. Embora nem seja original, o conceito funciona com ela.
O repertório vai do lixo - Massage for Men, único hit de Sharon, a dançarina de TV que ensaiou carreira de cantora em 1982 no embalo do sucesso popular de Gretchen - ao luxo com a mesma graça. Não importam, no caso, os limitados dotes vocais de Orth. O que está em cena é um show performático, veículo para a artista exercitar seu talento de comediante. Como a platéia embarca de imediato na proposta, Romance Vol. II - cuja graça já começa no título, pois nunca houve o primeiro volume - resulta leve e divertido. Sobretudo quando a atriz se mistura com a cantora. Como em Lama, o número em que Orth simula estar bêbada. E como no momento em que relata as suas primeiras experiências afetivas em cidade do interior paulista - com humor ácido e ferino.
Após abrir o espetáculo com rocks do repertório de Erasmo Carlos (Minha Fama de Mau, 1965) e Rita Lee (Fruto Proibido, 1975), a artista vai pontuando cada música com seus comentários espirituosos. Entre os dois hits undergrounds do Luni (Oi e The Best, este bisado no fim em dueto com a diretora do show, Natália Barros), há números de platéia e um clima que vai do cabaré ao vitrolão das casas nordestinas. A hilária Insanidade Temporária - parceria de André Abujamra com Flávio de Souza que versa sobre a mulher que dilacerou o marido numa crise de TPM - exemplifica a habilidade da intérprete ao brincar com o universo da música dita cafona, base do roteiro dos shows da saudosa Banda Vexame.
Do ponto de vista estritamente musical, é preciso ressaltar a qualidade da banda - Carneiro Sândalo (bateria, egresso da banda Vexame), Paulo Bira (baixo), Alê Prade (nos teclados), Marco Camarano (guitarra, violão e cavaquinho) e Hugo Hori (saxofone e flauta) - e também o acerto de reviver no ritmo do blues Sofre, amargurado lado B da obra de Tim Maia (1942 - 1998). É quando a voz de Orth cresce e aparece. Entre hit do efêmero grupo inglês 10cc (I'm Not in Love, cantado no original em inglês e depois traduzido à moda dos programas de flashbacks das FMs) e tema menos conhecido do fino repertório do grupo Secos & Molhados (Amor), o show desce redondo até o número final, As Dores do Mundo, um dos clássicos do primeiro álbum de Hyldon. No bis, a artista se leva a sério como cantora em Demais, a música de Tom Jobim e Aloysio de Oliveira, inevitavelmente associada a Maysa (1936 - 1977). Mas é ao falar de amor com humor que Marisa Orth realmente entretém sua platéia. Como cantora, ela é (ótima) atriz.

Maravilhosa visão da obra de Wonder em DVD

Resenha de DVD
Título: Live at Last
A Wonder Summer's
Night
Artista: Stevie
Wonder
Gravadora: Motown /
Universal Music
Cotação: * * * * *

Demorou, mas - doze anos após o surgimento do DVD no mercado fonográfico americano - um dos maiores gênios da música produzida nos Estados Unidos lança o seu primeiro registro de show no formato. Por ironia, Live at Last capta Stevie Wonder em Londres, na Inglaterra, em duas apresentações da turnê mundial A Wonder Summer's Night na 02 Arena, filmadas em 30 de setembro e em 1º de outubro de 2008. E o que o vídeo oferece é uma maravilhosa visão da música de Wonder. Como deve(ria) ocorrer em todo DVD, mas quase nunca ocorre, a qualidade do áudio 5.1 e da imagem é de altíssimo nível (Live at Last está sendo editado também em blu-ray, inclusive no Brasil). O espectador tem a sensação de ser transportado para a lotada arena onde Wonder faz retrospecto completo de sua obra aglutinadora elementos de funk, pop, soul e r & b. Os closes nos rostos embevecidos do público evidenciam o prazer com que a platéia de 15 mil espectadores vê e ouve o artista reviver sucessos como Higher Ground. E eles, os hits, estão todos no roteiro, condensados sobretudo na segunda parte do show. Na primeira, Wonder celebra a obra seminal de Miles Davis (1926 - 1991) com All Blues - tema apresentado logo após a abertura - e faz bissexta incursão pelo repertório do pianista de jazz Chick Corea em Spain, depois de celebrar o rock de Beatles e Rolling Stones no longo UK Medley. Mas são seus clássicos que fazem a platéia delirar. O "la la la... la la la" ouvido em coro em My Cherie Amour - música inicialmente cantada somente pelo público, para júbilo de Wonder - é sedutor. Sir Duke, Part-Time Lover, Overjoyed, Superstition, Lately... Os sucessos se sucedem no roteiro com arranjos, em essência, fiéis aos registros originais das músicas. E, como a voz de Wonder preserva seu vigor e alcance, tudo soa na melhor das formas. Em Isn't She Lovely?, o cantor e músico toca sua gaita personalíssima. Já You Are the Sunshine of my Love é ouvida inicialmente com os vocalistas da afiada banda. Depois é que entra a voz inconfundível do autor. E o fato é que Live at Last celebra de forma inebriante a música de Stevie Wonder - enfim!! - em DVD.

Herbert presenteia Gurus com a voz e a guitarra

Herbert Vianna canta e toca guitarra em A Vida É um Presente, uma das 12 faixas do terceiro álbum da banda carioca Gurus. Intitulado Evolução, o CD traz também na ficha técnica o nome de Carlos Maltz, o baterista da formação original do grupo Engenheiros do Hawaii. Maltz é co-autor de quatro músicas - Miss Sunshine Dance da Internet, Terra de Ninguém, Brincar de te Perder e A Resposta - do repertório do CD.

Eminem encara vícios e demônios em 'Relapse'

Resenha de CD
Título: Relapse
Artista: Eminem
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * *

Na capa do quinto álbum de Eminem, Relapse, o primeiro de inéditas em cinco anos, um bom punhado de comprimidos forma a imagem do controvertido rapper norte-americano. É uma alusão ao tema que permeia a maior parte das 20 faixas do CD, lançado no exterior em 18 de maio de 2009, mas já vazado na internet dias antes. Eminem encara seus demônios e seus vícios (em medicamentos) em músicas como Deja Vu. Relapse não ostenta as ousadias estilísticas de seu antecessor Encore (2004). Há sons extraídos da universo musical islâmico em Bagpipes from Baghdad e há faixas de pegada cativante (em especial, Insane), mas, no todo, as batidas seguem a cartilha convencional do hip hop produzido em escala industrial nos Estados Unidos. O que inclui as presenças de Dr. Dre (em Old's Time Sake e em Crack a Bottle) e de 50 Cent, o afilhado de Eminem. 50 Cent figura em Crack a Bottle, primeira música do disco a ganhar exposição pública, em janeiro de 2009. A fórmula inclui também os versos corrossivos de Eminem, que faz ácida crítica ao mundo fútil das celebridades em We Made You - o primeiro single oficial do álbum - e volta a marretar sua mãe, lendário desafeto, em My Mon, faixa em que acusa sua genitora de misturar medicamentos à comida que lhe dava na infância. Enfim, para o bem e para o mal, Eminem continua sendo Eminem em Relapse. Seu quinto álbum pode não lhe devolver a popularidade obtida com seus três primeiros bons discos, mas tampouco alterará seu status no mercado fonográfico.