29 de novembro de 2008

Aydar grava segundo disco com Kassin e Duani

Uma das grandes revelações de 2006 por conta de seu primeiro álbum, Kavita 1, Mariana Aydar enfrenta a prova do segundo disco em 2009. A cantora está gravando novo CD com produção dividida entre Duani e Kassin. Duani já assinou a produção de algumas faixas de Kavita 1 (a maioria foi pilotada por BiD). Já a parceria da cantora com o (cada vez mais) requisitado Kassin é inédita. O álbum de Aydar vai ter distribuição da Universal Music.

Graças à vida pela voz resistente de Mercedes...

Resenha de Show
Título: Corazón Libre
Artista: Mercedes Sosa
Local: Vivo Rio (RJ)
Data: 28 de novembro de 2008
Foto: Mauro Ferreira
Cotação: * * * * 1/2

Aos 73 anos, Mercedes Sosa continua percorrendo o Mundo com seu repertório que simboliza a resistência dos povos da América Latina na luta contra ditaduras e contra qualquer outra forma de opressão. Enquanto grava projeto de duetos com artistas de diversos países (Caetano Veloso já pôs voz na sua canção Coração Vagabundo), a cantora argentina permanece em turnê com o show inspirado em seu último álbum de estúdio, Corazón Libre (2005). Foi esse show que chegou ao Rio de Janeiro (RJ) na noite de sexta-feira, 28 de novembro de 2008, em apresentação única que emocionou o público que encheu a casa Vivo Rio. A voz de Sosa é - ela própria - um símbolo de resistência numa fase em que a intérprete, já sem o vigor de outrora, se apresenta sentada o tempo todo, com a impressão de que lê algumas letras. Contudo, dessa voz ativista (ainda) emanam força e sentimentos profundos.
Já no primeiro número, Como la Cigarra, fica explícito o tom combativo do cancioneiro de Mercedes Sosa. Logo fica evidente também que uma carga grande de espiritualidade dá sentido extra-musical a músicas como Corazón Libre (entoada em registro suave) e Zamba para Olvidarte, um tema de tom lamentoso como tantos gravados por Mercedes ao longo de 43 coerentes anos de carreira fonográfica (seu primeiro álbum foi editado em 1965). Seja nos temas mais animados como a chacarera Sólo Pa' Bailarla (cujo ritmo remete à música folclórica argentina do século 19) ou nas músicas mais poéticas (caso de Alfonsina y el Mar), Sosa vai desfiando pungente rosário de canções de luta num recital emoldurado pela luz que acerta ao deixar a artista na penumbra durante as passagens instrumentais tocadas pelo sóbrio quarteto.
É com indisfarçável e justo orgulho que a intérprete apresenta cada música, citando os nomes dos compositores e fazendo que o público saiba, por exemplo, que a bela balada Aquellas Pequeñas Cosas foi composta por Joan Manuel Serrat em 1973. Entre tantas músicas emblemáticas na voz da cantora, como as inevitáveis Gracias a la Vida e Volver a los 17 (cujo refrão é cantado em coro pela platéia) Amarse Como Antes se impõe no roteiro pelo arranjo inicialmente seco que vai ganhando pulsação crescente. Contudo, nenhum arranjo ofusca as letras das músicas entoadas por Sosa. E as velhas emoções se renovam quando ela canta com densidade temas como Yo Vengo a Ofrecer mi Corazón (Fito Paez) ou Desarma y Sangra, linda canção do roqueiro Charly García, um dos muitos pontos altos do roteiro amarrado pela costura política.
Em sua incansável cruzada pela liberdade da América Latina, Mercedes Sosa volta e meia fez conexões com músicas e artistas brasileiros. Solo Le Pido a Dios, revivida no show, já tinha sido gravada pela cantora com Beth Carvalho em dueto pungente que fechava o álbum Beth (1986). Coração de Estudante, um dos grandes sucessos de Milton Nascimento nos anos 80, aparece na versão em espanhol gravada por Mercedes, com o palco iluminado com as cores da Bandeira do Brasil. O número mereceu aplausos entusiasmados antes do fim. Já Coração Vagabundo foi cantada num português até desenvolto - ainda que a intérprete, de antemão, já se desculpasse, avisando que ia cantar a música de Caetano Veloso em portunhol. Ao fim do show, com Mercedes enfim de pé ao som do prefixo de Maria Maria (Milton Nascimento e Fernando Brant), a sensação era de felicidade na platéia da casa Vivo Rio. Como se o público estivesse, no seu íntimo, dando graças à vida pela oportunidade de ver e ouvir Mercedes Sosa, boa voz da resistência nas lutas latino-americanas.

Sosa canta com Márcia Castro em show no Rio

Ao cantar com Márcia Castro, Mercedes Sosa surpreendeu o público que foi assistir ao show feito pela artista argentina na casa Vivo Rio (RJ) na noite de sexta-feira, 28 de novembro de 2008. Quase no fim do show, Sosa convidou a cantora baiana - em ascensão no mercado por conta da ótima receptividade obtida por seu primeiro CD, Pecadinho (2007) - para entrar em cena e fazer dueto em Insensatez (Tom Jobim e Vinicius de Moraes, 1961). Na seqüência, Castro interpretou sozinha A Palo Seco - a música cortante que em 1974 deu título ao primeiro álbum de Belchior - e deixou boa impressão em público que certamente não a conhecia.

Pitty revive hit do Ultraje para trilha de novela

Pitty invadiu a praia do Ultraje a Rigor. Sob a batuta do produtor Rafael Ramos (com a artista na foto feita no estúdio da gravadora Deckdisc), a cantora regravou o debochado pop rock que deu título ao primeiro e melhor álbum do grupo de Roger Moreira, Nós Vamos Invadir sua Praia (1985), para a segunda trilha sonora da novela Três Irmãs, exibida pela Rede Globo às 19h. Em tempo: Pitty já prepara seu quarto álbum, que tem repertório inédito e lançamento previsto para o primeiro semestre de 2009.

28 de novembro de 2008

Vanessa faz primeiro DVD sob 'banho de chuva'

Crônica de Gravação de DVD
Título: Vanessa da Mata - Multishow ao Vivo
Artista: Vanessa da Mata
Local: Centro Histórico de Paraty (RJ)
Data: 27 de novembro de 2008
Foto: Divulgação Multishow / Publius Vergilius

Paraty (RJ) - Parecia combinado. Quando Vanessa da Mata teve que repetir Ai, Ai, Ai... ao fim da gravação de seu primeiro DVD, filmado na noite de quinta-feira, 27 de novembro de 2008, em show feito ao ar livre no Centro Histórico de Paraty, uma garoa fina desceu sobre a praça onde se aglomerava o público, criando naturalmente um efeito que deu especial sentido ao verso "O que a gente precisa é tomar um banho de chuva". E o público dançou banhado pela chuva rala. O clima era bucólico, inclusive pelo belíssimo cenário urdido com folhas e flores que se iluminavam sob a ação dos refletores. Na platéia, um padre vestido com sua batina - egresso provavelmente da igreja situada ao lado do palco - se destacava na pequena multidão. Assim como um bêbado que circulava pelo público seguido por sua cachorra preta. Todos, em maior ou menor grau, felizes pela oportunidade de assistir a um show inédito, montado por Vanessa - sob a direção musical de Mario Caldato e Kassin, produtores de seu último álbum, Sim (2007) - para gerar especial de TV do canal Multishow e ser editado pela gravadora Sony BMG no primeiro semestre de 2009 em CD e DVD (produzidos dentro da série Multishow ao Vivo).

Captado pelas câmeras dirigidas por Joana Mazzuchelli, o show foi apresentado em três blocos distintos. No primeiro, Vanessa recebeu a dupla jamaicana Sly & Robbie - referência mundial de boa cozinha no reggae jamaicano - para cantar músicas como Vermelho, Pirraça e Absurdo. No segundo bloco, Cezinha assumiu a bateria e, com sua própria banda, a cantora reviveu músicas de seus três álbuns. Em algumas, como Não me Deixe Só, o ritmo estava enfatizado na guitarra de Davi Moraes, que mereceu câmera exclusiva para enfocar seus movimentos. A balada Amado - popularizada na trilha sonora da novela A Favorita - foi naturalmente bem acolhida pelo público, fazendo Vanessa evoluir pelo palco enquanto o público repetia o verso "Quero dançar com você", num efeito pré-combinado com a platéia. No terceiro set, de tom acústico, entrou em cena, numa participação especial, o violonista Rogério Caetano, virtuose do 7 Cordas. Ao lado de músicos como Donatinho (no acordeom), Caetano fez a cama para que Vanessa interpretasse As Rosas Não Falam, uma das obras-primas de Cartola (1908 - 1980), com tons modernos que fizeram paradoxal link com a sonoridade dos conjuntos regionais da primeira metade do século 20. Contudo, se entrar no DVD, As Rosas Não Falam vai ter que desabrochar no único take realizado. Um novo banho de chuva (desta vez não tão rala...) fez água literalmente e a produção do Multishow optou por finalizar a gravação - já, a rigor, em seus momentos derradeiros - para evitar danos nos equipamentos e não expor a cantora e os músicos ao perigo. Isso realmente não estava combinado, mas não tirou o brilho especial da gravação do primeiro DVD de Vanessa da Mata.

Mata canta Arantes e põe 'Esperança' em DVD

Paraty (RJ) - Além de cantar Acode, música que havia dado para a cantora Shirle de Moraes mas que permanecia inédita em sua voz, Vanessa da Mata compôs na Jamaica uma música especialmente para seu primeiro registro ao vivo. Intitulada Esperança, a única música inédita do primeiro DVD de Vanessa estava no roteiro do show apresentado ao ar livre, no Centro Histórico de Paraty (RJ), na noite de quinta-feira, 27 de novembro de 2008. Entretanto, Esperança vai ganhar registro de estúdio, a ser feito pela cantora com o duo jamaicano Sly & Robbie, o (único) convidado do show.

Um Dia, um Adeus - bela balada lançada por seu autor, Guilherme Arantes, em 1987 - foi a outra surpresa do roteiro do show que vai gerar o CD e DVD Vanessa da Mata Multishow ao Vivo. Ao lado de As Rosas Não Falam, a canção de Arantes foi gravada em set acústico, com direito a um terceiro figurino de Vanessa da Mata (vista na foto neste momento mais intimista da gravação). Eis o roteiro do (inédito) show apresentado pela artista em Paraty:


* Vermelho - com Sly & Robbie
* Pirraça - com Sly & Robbie
* Absurdo - com Sly & Robbie
* Ilegais / No No No - com Sly & Robbie
* Minha Herança: Uma Flor
* Boa Sorte / Good Luck - com Sly & Robbie
* Baú
* Ainda Bem
* Viagem / Mamãe Passou Açúcar em mim
* Eu Sou Neguinha
* Joãozinho
* Quando um Homem Tem uma Mangueira no Quintal
* Case-se Comigo
* Meu Deus
* Fugiu com a Novela
* Amado
* História de uma Gata
* Você Vai me Destruir
* Acode
* Não me Deixe Só
* Ai, Ai, Ai...
* Um Dia, um Adeus
* As Rosas Não Falam

Cozinha de Sly & Robbie tempera DVD de Mata

Conhecida mundialmente como Sly & Robbie, a dupla formada pelos jamaicanos Sly Dunbar e Robbie Shakespeare - ambos nascidos em Kingston, cidade natal do reggae - tocou no terceiro álbum de Vanessa da Mata, Sim (2007), e se reencontrou com a cantora na gravação do primeiro DVD da artista, Vanessa da Mata - Multishow ao Vivo, captado em show apresentado no Centro Histórico de Paraty (RJ) na noite de quinta-feira, 27 de novembro de 2008. O baterista Sly e o baixista Robbie foram os convidados do primeiro dos três blocos do show, tocando em músicas como Vermelho (a cor do primeiro figurino da cantora - como pode ser visto na foto de Publius Vergilius), Absurdo e Ilegais. O duo ainda vai se juntar a Vanessa no registro de estúdio da única música inédita do DVD, Esperança, de autoria da artista.

Ivete aposta em música de Brown para Carnaval

Chega às rádios nesta sexta-feira, 28 de novembro de 2008, a música que Ivete Sangalo espera emplacar no próximo Carnaval. Trata-se de Cadê Dalila? - parceria inédita de Carlinhos Brown com Alain Tavares. A música vai estar no CD e DVD Pode Entrar, o projeto de duetos da cantora que tem lançamento previsto pela Universal Music para o primeiro semestre de 2009. Cadê Dalila? já vinha sendo incluída por Ivete Sangalo em shows mais recentes.

Céu bisa parceria com Villares no segundo disco

Idealizado desde o começo de 2008, o segundo álbum de Céu já está em fase inicial de produção. A cantora bisa a parceria com o produtor Beto Villares, que pilotou o incensado CD de estréia da artista paulistana, editado em 2005 pela Ambulante Discos e, posteriormente, distribuído pela Warner Music. O álbum - que sai em 2009 - vai ter participação de Luiz Melodia, admirador de Céu.

27 de novembro de 2008

Moska expõe sua paixão por música e fotografia

A bela imagem de Mart'nália vista acima foi captada pelas lentes criativas de Moska durante a participação da cantora no programa Zoombido, comandado pelo artista no Canal Brasil. Feita através de tijolo de vidro, a foto é uma das 78 imagens que compõem a exposição Zoombido Através do Tijolo de Vidro, que vai ser aberta no sábado, 29 de novembro de 2008, no Centro Cultural Hélio Oiticica, no Centro do Rio de Janeiro (RJ). Em cartaz até 3 de janeiro de 2009, de terça-feira a sábado, a exposição acompanha o lançamento, em CD e DVD editados pela gravadora Biscoito Fino, do primeiro volume de registros fonográficos do programa Zoombido. Nesse primeiro DVD, há encontros e duetos de Moska com artistas como Chico César, Lenine, Pedro Luís, Zeca Baleiro e a própria Mart'nália, que canta a música Entretanto com o colega.

Mais um 'best of' dos Carpenters chega às lojas

Coletâneas da adocicada dupla The Carpenters existem aos montes. A que gravadora Som Livre está pondo nas lojas neste mês de novembro de 2008, intitulada The Best of Carpenters, foi idealizada para o mercado brasileiro e tem boa seleção de repertório assinada por Sérgio Motta. No entanto, a rigor, ela é (quase) idêntica às muitas compilações da dupla formada por Richard Carpenter com sua irmã Karen Carpenter (1950 - 1983). A compilação rebobina 14 sucessos da dupla que começou a gravar em 1969 - com o álbum Ticket to Ride - reinou nas paradas na primeira metade dos anos 70. Do segundo álbum dos Carpenters, Close to You (1970), a coletânea inclui We've Only Just Begun e (They Long to Be) Close to You. De Carpenters (1971), aparecem For All We Know, Rainy Days and Mondays e Superstar. Bless the Beasts and Childen (1971) está representado pela música-título. De A Song for You (1972), aparece a menos badalada Hurting Each Other. Now and Then (1973) comparece com Sing e Yesterday Once More enquanto Horizon (1975) fornece os megahits Only Yesterday e Please, Mr. Postman, além da pouco ouvida balada Solitarie. Já A Kind of Hush (1976) emplaca a música que lhe inspirou o título, There's a Kind of Hush. Como sempre, a Som Livre se exime de dar informações sobre a origem dos fonogramas. Ainda assim, The Best of Carpenters tem munição para conquistar fãs de última hora para a dupla que marcou sua época com um som tão adocicado quanto envolvente.

Filme de Marisa deveria ser bom extra do show

Resenha de DVD + CD
Título: Infinito
ao meu Redor
Artista: Marisa Monte
Gravadora:
Phonomotor
/ EMI Music
Cotação: * * *

Nas lojas desde 14 de novembro de 2008, o kit de DVD e CD de Marisa Monte, Infinito ao meu Redor, frustra por perder a oportunidade de registrar um dos shows mais refinados feitos no Brasil. Universo Particular - o espetáculo visto por 750 mil espectadores ao longo de 18 meses de uma turnê que passou por 50 cidades de 15 países de cinco continentes - gerou mais um DVD de caráter documental. A idéia (até boa) foi fazer um filme que acompanhasse todo o processo de criação e lançamento de um disco - no caso, os dois álbuns editados em março de 2006, Infinito Particular e Universo ao meu Redor - bem como a dura rotina da turnê gerada a partir desse disco. Narrado pela própria Marisa, que assina o roteiro com Cláudio Torres, o documentário de 65 minutos tem tom superficial e, por vezes, até didático. Não vai fundo na exposição do jogo de poder que envolve artistas, assessores e imprensa quando a notícia é o lançamento de um disco de uma estrela de primeira grandeza - como Marisa Monte. No começo, o filme dirigido por Vicente Kubrusly até parece que vai descortinar de fato esses bastidores, mostrando a rotina cansativa das entrevistas promocionais em que artistas são obrigados a dar incontáveis vezes a mesma resposta para perguntas que pouco ou nada variam. Contudo, a narrativa logo segue por caminhos mais convencionais e, ao mostrar o cotidiano da estrada, entre hotéis e aeroportos, acaba se assemelhando a um típico making of inserido nos extras de DVD de shows. Aliás, o filme deveria ser o saboroso extra de um DVD que perpetuasse o show Universo Particular na íntegra. Mas o extra, no caso de Infinito ao meu Redor, é a própria música - a rigor, o motor que aciona toda a poderosa engrenagem do showbiz parcialmente documentada por Marisa no filme. Do roteiro do espetáculo, urdido com ambiência cinematográfica, chegam ao DVD (e ao CD que vem como bônus) nove músicas captadas na filmagem da turnê em 13 de agosto de 2006 na casa Citibank Hall, no Rio de Janeiro (RJ). Entre elas, figura Não É Proibido, a parceria inédita de Marisa com Dadi e Seu Jorge que vem reinando nas rádios desde setembro, devolvendo à cantora a popularidade perdida entre o chamado povão, que não se deixou seduzir pela sonoridade sofisticada dos CDs Infinito Particular e Universo ao meu Redor. E, nesse quesito, Marisa Monte merece palmas pela habilidade de ser popular sem perder a classe. Não É Proibido é uma delícia como os doces listados na letra da lúdica música, cujo balanço remete aos sucessos de Tim Maia (1942 - 1998) na década de 70. Outro hit em potencial, Pedindo pra Voltar transita em atmosfera brega-chique em registro que está a anos-luz à frente da primeira gravação da canção de Carlinhos Brown e Alain Tavares, lançada pelo grupo Timbalada no álbum Alegria Original (2006). Dentre as nove músicas (Alta Noite, Carnavália, Aconteceu, Pernambucobucolismo e os temas que deram título aos dois álbuns de 2006), a autoral Mais Uma Vez merece menção especial por ser semi-inédita. A canção tinha sido registrada pela cantora somente num breve take de Barulhinho Bom, outro vídeo de tom documental lançado por Marisa, mas com resultado mais satisfatório do que Infinito ao meu Redor.

Damon Albarn anuncia a volta do Blur em 2009

Sem lançar um álbum desde 2003, ano em que apresentou Think Tank, o grupo britânico Blur vai voltar à cena em 2009 - e com a provável presença do guitarrista Graham Coxon. O anúncio foi feito por Damon Albarn na última terça-feira, 25 de novembro de 2008, nos estúdios da rádio BBC de Londres, durante a gravação de sua ópera Monkey: A Journey to the West. De acordo com Albarn, o quarteto vai se reunir em estúdio para ensaiar e (tentar) gerar material para um CD de inéditas - esperado por fãs da banda.

26 de novembro de 2008

Sensacional, Leny celebra Brasil com Lubambo

Resenha de Show
Título: Lua do Arpoador
Artista: Leny Andrade e Romero Lubambo
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 26 de novembro de 2008
Foto: Mauro Ferreira
Cotação: * * * * 1/2
Em cartaz até 29 de novembro de 2008, às 20h

Em 1961, Leny Andrade lançou seu primeiro LP. O título era A Sensação porque a jovem cantora vinha causando frisson no efervescente Beco das Garrafas com sua voz volumosa, cheia de suingue jazzístico. Pois qualquer espectador que for ao Teatro Rival (RJ) assistir ao show Lua do Arpoador - feito por Leny na companhia do violonista Romero Lubambo até sábado, 29 de novembro de 2008 - vai comprovar que, quase 50 anos depois de sua feliz estréia nos palcos e nos discos, a intérprete continua sensacional. Seja pelo senso rítmico apuradíssimo (reafirmado em números como Só Danço Samba e Samba de uma Nota Só), pela capacidade de reinventar uma música sem descaracterizá-la (e Leny e Lubambo fazem milagre em Aos Pés da Cruz e em Triste) ou pela perfeita emissão vocal (capaz de encarar melodias sinuosas como Refém da Solidão), Leny Andrade ainda é, aos 65 assumidos anos, uma sensação. Até pela fidelidade aos princípios artísticos...
Na estréia do show, na noite de quarta-feira, 26 de novembro, Leny disse em cena que uma cantora é grande somente se tiver grandes músicos ao seu lado. Pois ao seu lado no palco nu do Rival está um gigante do violão, Romero Lubambo, músico radicado desde 1985 nos Estados Unidos, país onde gravou em dueto com Leny dois álbuns, Coisa Fina (1994) e Lua do Arpoador (2006). Embora o último dê título ao show, o roteiro equilibra músicas dos dois CDs numa espécie de celebração do Brasil, explicitada logo na abertura quando, sozinho em cena, Lubambo toca o Hino Nacional Brasileiro. Na seqüência, já com Leny em cena, a dupla emenda Desenredo (G.R.E.S.Unidos do Pau Brasil) - bissexta parceria de Ivan Lins com Gonzaguinha (1945 - 1991) e No Pedaço (Moacyr Luz e Sérgio Natureza), dois sambas que alfinetam o Brasil ao mesmo tempo em que o afagam. Contudo, Leny e Lubambo celebram o País através de uma de suas maiores riquezas: a música. E aí cabe tanto um samba do recorrente Ivan Lins (Essa Maré, parceria com Ronaldo Monteiro de Souza) como uma canção de Roberto e Erasmo Carlos (Olha, com cacos postos por Leny na letra). Ou ainda um dos temas desiludidos de Lupicínio Rodrigues (1914 - 1974), Esses Moços, ponto alto do show pela interpretação soberba de Leny. E, como a música não tem fronteiras, cabe também um tema instrumental como Bluesette (Toots Thieleman), prato cheio para Leny reeditar sua habilidade nos scats e para Lubambo expor sua fluência no idioma jazzístico. Mesmo quando uma ou outra música não está à altura da cantora e do violonista - e o samba que dá título ao disco e ao show, Lua do Arpoador, não é dos mais inspirados da lavra de Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza - Leny Andrade e Romero Lubambo causam sensação pela rara interação e pela felicidade de estarem dividindo o palco brasileiro do Teatro Rival. É coisa fina!!

Akon lança 'Freedom' com Wyclef e Lil Wayne

Rapper norte-americano, mas de origem senegalesa, Akon vai lançar seu terceiro álbum, Freedom, na próxima terça-feira, 2 de dezembro de 2008. O sucessor dos CDs Trouble (2004) e Konvicted (2006) tem produção assinada pelo próprio artista ao lado de Giorgio Tuinfort. O primeiro single do álbum, Right Now (Na Na Na), foi lançado há um mês, mas Akon já promove nova faixa, I'm So Paid, no qual figuram Lil Wayne & Young Jeezy. Freedom reúne 13 inéditas. Entre elas, We Don't Care, Go Go Dancer e I Love It. O rapper Wyclef Jean participa de Sunny Day.

Performance de Roberta valoriza a noite de Ivan

Resenha de Show
Título: Accenture Performances 2008
Artista: Ivan Lins - com Roberta Sá e New York Voices
Local: Morro da Urca (RJ)
Data: 25 de Novembro de 2008
Foto: Mauro Ferreira
Cotação: * * * 1/2
Em Cartaz no Bourbon Street (SP) em 1º e 2 de dezembro de 2008

Bem no fim do show feito por Ivan Lins na noite de terça-feira, 25 de novembro de 2008, um espectador pediu Madalena - como é lei nas apresentações do compositor. Solícito, o cantor atendeu o pedido - emendando o samba que impulsionou sua carreira em 1970 na voz imortal de Elis Regina (1945 - 1982) com Vitoriosa, outro hit radiofônico de sua vasta obra - e saiu de cena. Talvez Madalena já estivesse mesmo designada para fechar o roteiro. Contudo, Ivan Lins não subiu o Morro da Urca para fazer um show convencional de sucessos, ainda que o motivo da apresentação fosse prestar um tributo ao compositor na 3ª edição do projeto Accenture Performances, idealizado pela empresa Accenture para promover shows inéditos com encontros inusitados (Marcos Valle e Tim Maia foram os homenageados de 2006 e 2007). Por mais que a idéia fosse passar em revista a trajetória de Ivan, tarefa da qual se incumbiu seu filho Cláudio Lins, pontuando cada bloco com textos reforçados por imagens de arquivo projetadas no telão, o compositor reavivou velhos sucessos com novos arranjos. E a participação inspirada de Roberta Sá - convidada do show, assim como o quarteto New York Voices - abrilhantou um show que, ao longo de duas horas e meia, afugentou parte da platéia de convidados por sair do tom requentado com que, em geral, são feitos tais espetáculos-tributos de caráter retrospectivo.

Roberta Sá tinha a difícil função de sintetizar a importância das intérpretes na carreira de Ivan Lins -notadamente, Elis Regina e Simone, as mais assíduas e importantes na propagação da música do compositor. No primeiro de seus seis números, o samba Roda Baiana, Roberta parecia que ia ficar confinada ao seu habitual universo musical, pontuado por sambas buliçosos. Na seqüência, a cantora já cresceu em cena ao encarar Me Deixa em Paz, o samba que Ivan lançou em 1971 no LP Deixa o Trem Seguir e que Elis tomou para si ao regravá-lo no ano seguinte no álbum Elis (1972). E mais e melhor ainda estava por vir: Roberta valorizou a letra magoada de Não Tem Perdão, dirigida aos algozes que oprimiam o Brasil na época (o samba foi composto em 1972 e apresentado por Ivan no festival Phono 73), mas que podia ter leitura meramente romântica - como Roberta ressaltou em cena, lembrando que a inclusão de Não Tem Perdão no roteiro foi sugestão de Cláudio Lins, que acumulou as funções de mestre de cerimônias e diretor de cena do show. Em seguida, Vieste reafirmou a limpidez da emissão vocal da cantora, que apresentou um registro lindo dessa balada de 1986. Mantendo os tons suaves, Roberta mergulhou na poesia romântica de Água Doce, fechando com o samba Porta Entreaberta bloco luminoso, arranjado por Rodrigo Campello, em sintonia com o conceito inusitado do show.

Compositor que bebeu na fonte do jazz e da Bossa Nova, como ressaltou em cena, Ivan Lins construiu obra que alterna lirismo e vivacidade rítmica. Tudo com harmonias que lhe abriram as portas do mercado do jazz nos Estados Unidos. Esse recorte jazzístico ficou evidente já nas passagens instrumentais do bloco que abriu o show, emendando Daquilo que Eu Sei, A Gente Merece Ser Feliz e O Meu País. A bordo de seu piano percussivo, Ivan experimentou tonalidades vocais mais delicadas na abordagem dessas músicas. No todo, esse primeiro bloco - que também teve medley com Novo Tempo e Ô Abre Alas - seguiu o estilo mais jazzístico experimentado no CD e DVD Saudades de Casa (2007). O que possibilitou maior liberdade aos músicos da banda que destacou Marcelo Martins, inspiradíssimo nos sopros. A interação entre Ivan e seus músicos ficou evidente no xote Ouro em Pó, composto em saudação a João do Vale (1933 - 1996) e, por isso mesmo, incrementado com a citação de Pisa na Fulô, de Vale.

Na parte final, o quarteto New York Voices entrou em cena para sinalizar o alcance internacional da obra de Ivan Lins, referência mundial de música brasileira desde que, por influência do maestro Quincy Jones, o cantor George Benson gravou Love Dance em 1981. Love Dance, claro, esteve no bloco do New York Voices (em registro plácido) ao lado de Velas Içadas, Dandara (número que permitou ao grupo mostrar maior vivacidade) e de Orozimbo e Roseclair, tema instrumental de caráter jazzístico. Foi endereçado ao Zimbo Trio, mas nunca chegou ao seu destino. No fim, Ai, Ai, Ai, Ai... possibilitou uma efusiva jam entre Ivan, sua banda e o New York Voices. Por mais que tenha faltado maior interação entre artista e platéia, inclusive pela longa duração do show, a performance de Ivan Lins atestou a riqueza de uma música que merece todas as reverências. Inclusive dos que pedem Madalena.

Lobão põe na rede a releitura de música de 1998

Lobão (visto à esquerda em foto de Jorge Bispo) disponibilizou para audição em seu reformulado site oficial um novo registro da música Hora Deserta, lançada por ele em 1998 no seu álbum Noite. Intitulada A Hora Deserta Bonanza, a releitura foi gravada solitariamente pelo artista, que, além de cantar, optou por tocar todos os instrumentos no novo registro. "Na época, eu não gostei muito do arranjo, meio eletrônico. Hoje ela com uma pegada do jeito que eu queria, mais clássica", compara Lobão, em seu site.

25 de novembro de 2008

Elba planeja dois álbuns para celebrar 30 anos

Elba Ramalho planeja lançar dois álbuns inéditos em 2009 para festejar 30 anos de carreira fonográfica iniciada em 1979 com o LP Ave de Prata (a ser reeditado em breve pela Sony BMG na série Meu Primeiro Disco). O primeiro é o CD Balaio de Amor, trabalho de tom forrozeiro produzido por Cezinha. O segundo vai ser totalmente dedicado ao cancioneiro de Zé Ramalho, de quem Elba já (re)gravou Chão de Giz e Vila do Sossego, em 1996 e 1997.

Dupla Edson & Hudson anuncia sua separação

A dupla Edson & Hudson, que transita no mercado sertanejo mais populista, anunciou sua separação em comunicado oficial enviado à imprensa pela gravadora EMI Music nesta terça-feira, 25 de novembro de 2008. Contudo, a dupla não vai se dissolver de imediato. A separação vai ocorrer, em tese, em 31 de dezembro de 2009 com a gravação de CD e DVD que vão registrar a turnê Despedida, com a qual Edson & Hudson pretendem percorrer o Brasil ao longo de 2009. Antes, no primeiro trimestre de 2009, a dupla ainda lança o disco No Estúdio e ao Vivo. Soa estranho...

Garganta vira a página (e as esquinas da Lapa)

Resenha de CD
Título: Quando a Esquina
Bifurca
Artista: Garganta
Profunda
Gravadora: Rob Digital
Cotação: * * * 1/2

Garganta Profunda, o quinteto que dá vozes a novos autores em seu nono álbum, Quando a Esquina Bifurca, pouco guarda em comum com o grupo vocal criado em 1985 pelo maestro Marcos Leite (1953 - 2002). Houve época em que o Garganta chegou a agregar 23 cantores. Atualmente, da formação original, permanecem somente Kátia Lemos (mezzo-soprano) e Regina Lucatto (contralto), viúva do fundador do grupo. Às duas veteranas, uniram-se Maurício Detoni (barítono), Marcelo Caldi (tenor) e Fabiano Salek (tenor), filho de Marcos Leite. Enfim, é um outro grupo. Por isso, não espere ouvir a efervescência vocal de outrora neste nono título de discografia que já rendeu álbuns temáticos sobre a Bossa Nova e a Tropicália. O Garganta Profunda virou a página. E também as esquina da Lapa, o boêmio bairro do Centro do Rio de Janeiro (RJ) alçado a cenário da renovação do samba. Por lá, passam ou já passaram jovens compositores como Edu Krieger, Edu Kneip, Nilze Carvalho e Rodrigo Maranhão, entre outros. Essa turma fornece o repertório de Quando a Esquina Bifurca, CD que toma emprestado o título de música de Thiago Amud, outro talento projetado nos arredores da Lapa, celeiro de sambas como Motivo pra Sorrir, parceira de Fabiano Salek com Nilze Carvalho que se destaca na atual seleção do grupo. Com direção musical do pianista Marcelo Caldi, o Garganta solta suas cinco vozes com competência num repertório do presente que, no caso do animado samba Bora, de Edu Krieger, parece paradoxalmente se situar em algum lugar do passado nobre da música brasileira. Assim como os vocais a capella que entoam Poente, tema de Maurício Detoni. Ou como as flautas tocadas por PC Castilho em Sonho que evocam todos os Pífanos de Caruaru (PE). Sonho, não por acaso, é outro atestado do talento de Rodrigo Maranhão, compositor que transita com rara habilidade pop por vias que atravessam a fronteira sonora carioca. Nessa linha nordestina, Caldi manda o Xote enquanto Embarcação (Francisco Vervloet e Paloma Espínola) segue rota que lembra até o apuro melódico de Francis Hime, curiosamente parceiro de Chico Buarque numa bela música de 1982 também chamada Embarcação. Enfim, ao renovar seu repertório e ao se reciclar, o Garganta Profunda abre bons caminhos para seu futuro.

Calcanhotto se repete ao relatar 'bad trip' lusa

Resenha de Livro
Título: SAGA LUSA - O
Relato de uma Viagem
Autoria: Adriana
Calcanhotto
Editora: Cobogó
Cotação: * * *

Alvo de natural interesse da mídia voraz por se tratar do primeiro livro de Adriana Calcanhotto, que até então somente tinha se aventurado no universo da (fina) escrita musical, Saga Lusa traz o relato da bad trip enfrentada pela cantora em Portugal tão logo iniciou a turnê (inter)nacional do (ótimo) show Maré. Um equivocado coquetel de medicamentos - receitado para atacar o que deveria ser apenas uma gripe - gerou um surto psicótico que fez a artista alucinar na Terrinha. Bem, qualquer espectador dos shows de Calcanhotto sabe que a artista é dona de humor inteligente. As observações feitas pela cantora em cena são pontuadas por fina ironia. Essa espirituosidade permeia o relato da saga lusa e dá leveza à narrativa. Contudo, o valor literário é ralo e reside mais nas entrelinhas que deixam entrever uma mente de estado naturalmente alerta. O texto é mais apropriado para um blog e, se chegou a gerar um livro, é pelo fato de a autora ser quem é. No começo, a saga lusa envolve mais o leitor pela verve da autora. À medida que a narrativa avança, o estilo vai se revelando linear (apesar de uma ou outra ousadia na forma) e a piada, repetida, já não tem tanta graça. Contudo, trata-se de um livro de Adriana Calcanhotto e, como tal, Saga Lusa merece uma conferida. É um extra em forma de livro, com cenas de bastidores.

24 de novembro de 2008

Samuel Rosa 'dá moral' para o trio Relespública

Formado em Curitiba (PR), em 1989, o trio Relespública põe nas lojas seu quarto álbum de estúdio, Efeito Moral, editado pelo selo MNF Music. O trabalho chega ao formato físico de CD neste mês de novembro de 2008 depois de ter tido sua audição liberada em 11 de setembro no portal MySpace e no site oficial do grupo. Vocalista e guitarrista do Skank, Samuel Rosa dá moral para o Relespública e participa da balada Tudo que Eu Preciso. Nas 14 faixas do disco, o trio mistura canções e rocks de atmosfera punk.

Íntima, Adriana Maciel engrandece dez canções

Resenha de CD
Título: Dez Canções
Artista: Adriana Maciel
Gravadora: Navitrola
/ EMI Music
Cotação: * * * *

Quatro anos depois de lançar grande disco (Poeira Leve, 2004) que merecia ter obtido repercussão maior no Brasil, Adriana Maciel volta a surpreender positivamente com um dos CDs mais sedutores de 2008. Dez Canções procura - e consegue - realçar o essencial: as boas dez canções que lhe dão título. Com delicadas molduras sonoras, bem urdidas pelos produtores Chico Neves e Bernardo Bosísio, a cantora põe seu canto íntimo - e é íntimo por opção, pois ela expôs sua potência vocal logo ao ser projetada nos anos 90 no coro de peça dirigida por Moacyr Góes - a serviço de músicas que, ouvidas em seqüência, montam painel de uma paradoxal densidade poética. Compositor recorrente na discografia de Maciel, Vitor Ramil se impõe na seleção de autores de Dez Canções. Sozinho, Ramil assina duas belas baladas - Cadê Você? e Perto do Coração Selvagem - e revela verve mais irônica em Cão (Like a Dog). Com Luciano Mello, Ramil é também o autor de Fórmica Blue, tema de estranheza destoante do universo despojado do álbum. A propósito, em sintonia com a suavidade das interpretações da cantora, os arranjos seguem uma linha minimalista com instrumentos certeiros. Que podem ser tanto a guitarra terna de Christiaan Oyens - que adorna Tardes Vazias, angustiada canção de George Israel e Cris Braun - como a harpa de Cristina Braga, trunfo na construção da atmosfera envolvente da faixa Sertão, parceria de Moreno Veloso com Caetano Veloso que ganha seu mais bonito registro. Ou ainda o melotron tocado pelo produtor Chico Neves em Vida em Marte, a versão de Life on Mars (David Bowie) feita por Seu Jorge para a trilha de filme. A gravação de Adriana supera a de Jorge por ressaltar a beleza escondida no registro banal do versionista. Merece menção ainda a inserção de Copo Vazio, um dos temas mais filosóficos da lavra de Gilberto Gil nos anos 70. Enfim, Adriana Maciel apresenta mais outro belo disco, grandioso em sua simplicidade. Tomara que Dez Canções dê à cantora a projeção que ela há muito merece. É dez!!

Chiefs retomam a boa forma no terceiro álbum

Resenha de CD
Título: Off With
Their Heads
Artista: Kaiser Chiefs
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * * 1/2

Por ter sido alçado ao olimpo pop logo no lançamento de seu grande álbum de estréia, Employment (2005), o quinteto inglês Kaiser Chiefs deixou no ar uma certa decepção quando apresentou seu segundo disco. Yours Truly, Angry Mob (2007) desfez a aura de magia alimentada em torno do grupo por conta da irregularidade do repertório. No entanto, em seu terceiro CD, Off With Their Heads, a banda desfaz a má impressão com um trabalho cheio de energia, perceptível já nas primeiras duas faixas, Spanish Metal e Never Miss a Beat, ambas logo transformadas em singles certeiros como os riffs da guitarra de Andrew Whitey White. Mark Ronson e Eliot James assinam a produção azeitada que agrega os vocais de Lily Allen em Always Happens Like That, a ligeira psicodelia de Tomato in the Rain e os sintetizadores (pilotados por Nick Baines) que preparam a cama para You Want History, faixa que remete ao tecnopop dos anos 80. Há ainda espaço para as orquestrações típicas de David Arnold (leia-se Björk) - em Like It Too Much - e para canção, Remember You're a Girl, entoada pelo baterista Nick Hodgson ao fim deste álbum de aura (Brit)pop que, embora não reedite a inspiração de Employment, já redime o Kaiser Chiefs...

Ao vivo, Duran se abriga no túnel do seu tempo

Resenha de Show
Título: Red Carpet Massacre Tour
Artista: Duran Duran
Local: Vivo Rio (RJ)
Data: 23 de novembro de 2008
Foto: Mauro Ferreira
Cotação: * * *

Por mais que tenha tentado (em vão) se reposicionar na cena pop, convocando Timbaland e Justin Timberlake para colaborar em seu último (fraco) álbum, Red Carpet Massacre (2007), o Duran Duran sempre vai ter a cara dos anos 80. Com seu tecnopop de aura new romantic, o grupo britânico marcou presença na década em que a MTV dava as cartas no jogo fonográfico com uma série de hits que permanecem na memória afetiva de quem viveu aquele tempo. Como ficou comprovado mais uma vez na noite de domingo, 23 de novembro de 2008, na volta do grupo aos palcos cariocas - vinte anos depois de sua apresentação, em 1988, no (lendário) festival Hollywood Rock - em show na casa Vivo Rio.
O visual já não é o mesmo. Assim como a formação da banda. Contudo, nela permanecem o vocalista Simon Le Bon, o baterista Roger Taylor, o tecladista Nick Rhodes e o baixista John Taylor. Elétrico, tentando esbanjar simpatia com frases-clichês como "Nós Amamos Vocês", Le Bon chegou ao ponto de aparecer no bis vestido com a camisa do Flamengo para, enrolado na Bandeira do Brasil, encerrar o show com a infalível Rio - marco da fase de maior popularidade do Duran - depois de improvisar alguns versos de Papa Was a Rolling Stone. Funcionou, mas, a rigor, a temperatura do show oscilou bastante, ficando morna sempre que o Duran tocava o irregular repertório do álbum Red Carpet Massacre - do qual somente a balada Falling Down é digna de registro - e, claro, subindo quando a banda se abrigava no túnel de seu tempo áureo, revivendo hits como Notorious, The Reflex e Wild Boys - todos turbinados com o coro da platéia nostálgica. Ainda assim, alguns sucessos antigos - em especial, A View to a Kill - foram tocados sem a pulsação da gravação original. Em contrapartida, a balada Save a Prayer - com Le Bon ao violão - ganhou a forma de oração, num belo momento de comunhão entre artista e platéia. Fora do repertório dos anos 80, somente as baladas Ordinary World e Come Undone - ambas do álbum de 1993 que representou o último suspiro do Duran nas paradas - conseguiram animar a platéia. Contudo, mesmo com o efeito gangorra do roteiro, o grupo britânico aplacou a saudade do público ao entrar no providencial túnel do seu tempo e - justiça seja feita - soube reembalar os velhos sucessos com novas e contemporâneas levadas que realçaram sua competência técnica.

EMI encaixota álbuns de Simone com disco raro


O único álbum de Simone ainda inédito no formato de CD, Festa Brasil (gravado em 1974 com o violonista João de Aquino - sob a direção de Hermínio Bello de Carvalho), vai enfim chegar ao formato digital, em 2009, na caixa que embala os onze álbuns lançados pela Cigarra na Odeon entre 1973 e 1980. Feito para o exterior, o LP Festa Brasil registra o show - idealizado por Hermínio para turistas com um mix de música e dança - apresentado por Simone por Canadá e Estados Unidos de março a junho de 1974. A cantora dividiu o palco com o violonista João de Aquino e o grupo folclórico Viva a Bahia, que também participa do disco. Em Festa Brasil, Simone interpreta somente seis músicas. Duas, Nosso Amor Não Deu em Nada (João de Aquino e Paulo Frederico) e Qui Nem Jiló (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira), seriam regravadas pela cantora na seqüência em seu álbum Quatro Paredes (1974). Já as outras quatro faixas - Cantos de Maculelê, Sambas de Roda da Bahia, Sapos e Grilos (João de Aquino e Paulo Frederico) e Oração de Mãe Menininha (Dorival Caymmi) - são fonogramas dispersos na discografia de Simone, embora os dois primeiros já tenham sido editados em CD em 2002 na coletânea dedicada pela EMI Music à cantora na série The Essential. Os dois últimos são (bem) raros.

Idealizada por Rodrigo Faour, a caixa tem lançamento previsto pela gravadora EMI Music para o primeiro semestre de 2009. Com exceção de Festa Brasil e de Simone (álbum de 1980 que saiu em CD somente em 1993 na série 2 em Um) os títulos embalados na caixa já tinham merecido boas reedições em CD (o que ainda não ocorreu com os discos gravados por Simone na CBS/Sony Music na década de 80). O catálogo de Simone na EMI compreende os álbuns Simone (1973), Expo-Som '73 - Ao Vivo (1973), Brasil-Export 73 Agô Kelofé (1973), Festa Brasil (1974), Quatro Paredes (1974), Gota D'Água (1975), Face a Face (1977), Cigarra (1978), Pedaços (1979), Simone ao Vivo (1980) e Simone (1980). Que venha a caixa da Cigarra!

23 de novembro de 2008

Bublé (se) excede no charme em show vibrante

Resenha de Show
Título: Call me Irresponsible
Artista: Michael Bublé (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Vivo Rio (RJ)
Data: 22 de novembro de 2008
Cotação: * * * *

Quando saiu do palco da casa carioca Vivo Rio, logo depois de dispensar o microfone para entoar no gogó e a capella trecho da balada Song for You, Michael Bublé nem conseguiu despertar toda a atenção do público para sua potência vocal. A platéia abastada - que pagou até R$ 900 para assistir na noite de sábado, 22 de novembro de 2008, à única excelente apresentação da Call me Irresponsible Tour no Rio de Janeiro - até estava eletrizada. Mas não exatamente pela bela voz do cantor canadense, um discípulo pop de Frank Sinatra (1915 - 1998). Naquela altura, Bublé tinha extasiado seu público sobretudo pelo charme, pela simpatia e pelo jogo de sedução que estabeleceu com a platéia desde que entrou em cena para cantar I'm Your Man, tema do compositor Leonard Cohen. Tanto que fãs mais atiradas invadiram o palco - como se estivessem num show de Fábio Jr. - para agarrar o artista em cena.
Por mais que seja um cantor de recursos, e ele figura entre os melhores de sua geração, Michael Bublé se comporta no palco como um entertainer. No show carioca, ele chegou a (se) exceder no charme e na graça. A ponto de praticamente se atirar no meio do público após abusar da sensualidade ao cantar Me and Mrs. Jones e Fever. "Eu sou a Amy Winehouse do jazz", brincou Bublé, momentos antes de reger o coro da platéia numa improvisada citação de Rehab, o maior hit da cantora britânica. Foi apenas o primeiro excesso de um show que, volta e meia, adquiria caráter performático. Bublé tirou sarro dos músicos (ao apresentar a majestosa big-band que o acompanhava em cena), imitou os requebros sensuais de Elvis Presley (1935 - 1977) ao improvisar That's All Right Mama e brincou com o universo gay ao reviver Y.M.C.A. - sucesso do grupo Village People - em outro gracejo que não fazia parte do roteiro formal (ou talvez faça desde a estréia...).
Nem era preciso fazer tanta piada. Quando levou a música a sério, Bublé mostrou que sabe deixar seu público inebriado ao cantar músicas próprias (como as baladas Home e Lost) e alheias (Feeling Good, Call me Irresponsible, I've Got the World on a String, The Way You Look Tonight). O astro canadense torna pop o que é jazz e, na contramão, dá eventual toque jazzístico ao que é pop num roteiro palatável que é apresentado sob a elegante moldura de esplendoroso desenho de luz. Toda a atmosfera contribui para tornar inebriante o show de Bublé. Números já naturalmente sedutores como Save the Last Dance for me e A Crazy Little Thing Called Love (do repertório de Freddie Mercury) ficam irresistíveis pela aura de simpatia construída por Michael Bublé em cena. Belo!

A música de Tom Jobim por Caetano e Roberto

Intitulado A Música de Tom Jobim, o CD que reúne Caetano Veloso e Roberto Carlos (em foto de Marcos Hermes) apresenta 16 números do show gravado ao vivo em agosto de 2008, no Auditório Ibirapuera (SP), dentro da série ItaúBrasil, idealizada pelo Banco Itaú em tributo aos 50 anos da Bossa Nova. Quatro músicas - Chega de Saudade, Garota de Ipanema, Tereza da Praia e Wave - são interpretadas em dueto pelos cantores. Da parte solo de Caetano, entraram no CD Por Toda Minha Vida, Ela É Carioca, Inútil Paisagem, Meditação e O Que Tinha de Ser. Do majestoso set individual do Rei, o CD inclui Eu Sei que Vou te Amar (com a declamação do Soneto da Fidelidade, de Vinicius de Moraes), Insensatez, Lígia, Por Causa de Você e Samba do Avião (este emendado no roteiro com Corcovado por cariocas afinidades geográficas). Está prevista na seqüência a edição de um DVD com o registro integral do show. A Música de Tom Jobim chegará às lojas com distribuição da gravadora que lançou todos os discos de Roberto Carlos desde 1961, a Sony BMG, mas sua edição foi viabilizada graças a um acordo inédito entre a Sony e a Universal Music, companhia que tem Caetano Veloso no elenco desde 1967.

Duetos de Pavarotti revivem ecletismo do tenor

Além de ter propagado o canto operístico como nenhum outro tenor, Luciano Pavarotti (1935 - 2007) soube transitar pela cena pop com grande desenvoltura, interagindo com intérpretes de diversos gêneros na bela série Pavarotti & Friends, realizada entre 1992 e 2000. O DVD Pavarotti - The Duets reúne 14 encontros musicais em que o tenor atravessou a fronteira erudita ao lado de nomes como Celine Dion (I Hate You Then I Love You), Eric Clapton (Holy Mother), Maria Carey (Hero), Sting (Panis Angelicus), Bono Vox (Miss Saravejo, com adesões de The Edge e Brian Eno), Lionel Richie (The Magic of Love) e James Brown (It's a Man's World). Em tempo: a coletânea também está sendo editada, pela gravadora Universal Music, no formato de CD.

Kit de CD/DVD eterniza turnê que reuniu Police

Por mais que a interação entre Sting, Andy Summers e Stewart Copeland tenha sido artificial e movida a interesses financeiros, a lucrativa turnê que reuniu o trio inglês The Police - entre maio de 2007 e agosto de 2008 - teve caráter histórico. É esse valor documental que justifica o registro de Certifiable - Live in Buenos Aires, kit de DVD e CD que capta a The Reunion Tour em sua passagem pela Argentina, em dezembro de 2007, uma semana antes de a turnê chegar ao Brasil em show que lotou o estádio do Maracanã (RJ). O CD apresenta 14 dos 19 números da apresentação de Buenos Aires, registrada na íntegra no DVD dirigido por Jim Gable. Eis o repertório do kit de CD/DVD:
* Message in a Bottle
* Synchronicity II
* Walking on the Moon
* Voices Inside my Head / When the World Is Running Down / You Made the Best of What's Still Around (somente no DVD)
* Don't Stand so Close to me
* Driven to Tears
* Hole in my Life (somente no DVD)
* Truth Hits Everybody (somente no DVD)
* Every Little Thing She Does It Magic
* Wrapped Around your Finger (somente no DVD)
* De Do Do Do, De Da Da Da
* Invisible Sun (somente no DVD)
* Walking in your Footsteps
* Can't Standing Losing You / Regatta de Blanc
* Roxanne
* King of Pain
* So Lonely
* Every Breath You Take
* Next to You