23 de fevereiro de 2008
Mais relaxada, Aydar volta bem à cena carioca
Título: Kavita 1
Artista: Mariana Aydar
Local: Caixa Cultural
Data: 22 de janeiro de 2008
Cotação: * * * *
"Faz um ano que eu não canto aqui. Então estou com a corda toda", avisou Mariana Aydar logo após abrir com o samba Minha Missão (João Nogueira e Paulo César Pinheiro, 1981) a primeira das duas apresentações cariocas de seu show Kavita 1 programadas pelo Caixa Cultural. Foi o retorno da cantora paulista ao Rio de Janeiro quase um ano depois de a sua gravadora - a Universal Music - ter promovido um show no Centro Cultural Carioca para apresentar oficialmente a artista aos formadores de opinião da cidade. Sem a tensão daquela apresentação de 7 de março de 2007, dirigida aos críticos e vips, Aydar se mostrou mais relaxada no palco. Ou nem tanto. "Estava nervosinha antes do show", confidenciou a cantora ao público já no fim da apresentação, depois de cantar Festança, parceria com Duani, e antes de fechá-la com Menino das Laranjas.
Se estava nervosa, Aydar não deixou transparecer o nervosismo em cena. Ela já entrou no palco com segurança, reafirmando sua forte presença cênica e uma intensidade vocal que não salta aos ouvidos com a audição de seu (ótimo) primeiro álbum, Kavita 1, cujo repertório sustenta o roteiro do show. Aliás, houve poucas modificações no roteiro neste intervalo de um ano em que Aydar ficou fora do Rio. As boas novidades foram 1, 2, 3 - uma música do repertório da cantora francesa Camille, de estilo moderninho - e Beleza Pura, o sucesso de Caetano Veloso que o Skank rebobinou para a trilha sonora da novela homônima recém-estreada na Rede Globo e que Aydar já havia interpretado antes no programa Som Brasil dedicado ao compositor e exibido pela mesma TV Globo. "Eu quero deixar claro que a a gente já fazia essa música antes da novela", se apressou em explicar Aydar antes de entoar o primeiro verso. E nem era preciso. Sob a cama percussiva de Fumaça e da bateria de Duani, a cantora reviveu o tema de 1979 com graça. No todo, o show deixou a certeza de que Mariana Aydar voltou muito bem à cena carioca - com direito à cúpula da Universal na platéia.
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22 de fevereiro de 2008
Mart'nália faz baile black com samba charmoso
Título: Sambacharme
Artista: Mart'nália
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 21 de fevereiro de 2008
Cotação: * * * 1/2
Mart'nália entra em abril no estúdio da Biscoito Fino para gravar seu segundo disco de estúdio pelo selo Quitanda. A idéia inicial é misturar o samba com o suingue black do soul e do charme (um tipo de funk mais melódico) - fusão que a filha de Martinho da Vila já experimentou em seu segundo e pouco ouvido álbum, Minha Cara (1997), e que ela retoma em seu novo show, o azeitadíssimo Sambacharme, que teve a sua estréia nacional no Teatro Rival, na noite de quinta-feira, 21 de fevereiro, com direito à presença da veterana cantora cubana Omara Portuondo na platéia hiperlotada.
Uma releitura de Don't Worry, Be Happy - cantada por Mart'nália em um inglês esforçado e temperada com a batida do samba - abre e fecha o show. Ou baile, como caracteriza a artista em cena. Seja como for, a platéia parece se contagiar mais com o samba do que com o charme da cantora. E, com perdão do trocadilho, o samba de Mart'nália está de fato mais charmoso porque ela já adota em cena uma postura mais profissional sem prejuízo de sua natural espontaneidade. Mart'nália parece se sentir em casa no palco. E é totalmente à vontade que ela canta o samba Cabide (Ana Carolina) cheia de atitude, que esboça o seu autoretrato em Pra Mart'nália (Fred Camacho e Jorge Agrião) e que, espirituosa, brinca com os versos de Disritmia, um dos standards do repertório de seu pai, Martinho da Vila, cujos 70 anos são devidamente saudados antes de Ex-Amor. Tudo com um carisma que bota sua platéia no bolso.
O que Mart'nália necessita é aprimorar sua dicção. Nem sempre é possível entender com clareza os versos de músicas como Mulata no Sapateado - a parceria bissexta de Ary Barroso (1903 - 1964) com Vinicius de Moraes (1913 - 1980) que ela recordou no CD Pé do meu Samba (2002) - e Soneto do teu Corpo (Moska e Leoni). Até porque, enquanto canta, ela às vezes toca pandeiro e comanda um arsenal percussivo que, no caso de Tiro ao Álvaro (Adoniran Barbosa), dá um molho todo especial ao arranjo do tema. Merece ainda destaque nesta primeira parte, mais voltada para o samba, a interpretação feliz de Formosa, samba de Vinicius e Baden Powell (1937 - 2000) que exalta a mulher e se ajusta ao perfil da cantora.
"Esse negócio de sambacharme é o que a gente já faz mesmo...", já admite Mart'nália em cena, após cantar Fato Consumado, samba de Djavan que, no show, faz a transição do samba para o charme. De fato, o suingue black não é novidade na música de Mart'nália e é neste segundo bloco, mais voltado para o charme, que se nota a direção musical do baixista Arthur Maia, parceiro do recorrente Djavan em Alívio, o primeiro número desta segunda metade. No começo, músicas como Contradição (Mart'nália e Viviane Mosé) fazem o show perder pique. Falta um colorido até mesmo quando a artista arranha o violão para mostrar Pára Comigo (Mart'nália e Paulinho Black). O problema não está no balanço, azeitado, porém na irregularidade do repertório desse baile que esquenta quando a intérprete lança mão de composições mais inspiradas como Cada Um Cada Um (Cláudio Zoli), Baixo Rio (música de Ed Motta com a qual a cantora ensaia uma falsa saída de cena), Chega (Mart'nália e Mombaça) e - já no bis - Entretanto (Mart'nália e Mombaça) e You Are the Sunshine of my Life, um dos clássicos de Stevie Wonder. Sim, Mart'nália é puro charme com a sua genuína pretinhosidade.
Skank adia acústico e grava inéditas com Dudu
Moinho põe Ana e Nando no CD 'Hoje de Noite'
Show de Tom na Mangueira vira DVD no Japão
21 de fevereiro de 2008
'Best of' de Jagger revela faixa feita por Lennon
1. God Gave me Everything - Faixa do álbum Goodess in the Doorway (2001)
2. Put me in the Trash - Faixa do álbum Wandering Spirit (1993)
3. Just Another Night - Faixa do álbum She's the Boss (1985)
4. Don't Tear me Up - Faixa do álbum Wandering Spirit (1993)
5. Charmed Life - Gravação inédita em disco (1992)
6. Sweet Thing - Faixa do álbum Wandering Spirit (1993)
7. Old Habits Die Hard (com Dave Stewart) - Faixa da trilha sonora do filme Alfie (2004)
8. Dancing in the Street (com David Bowie) - Faixa de single de 1985
9. Too Many Cooks (Spoil the Soup) - Gravação inédita em disco (1973)
10. Memo From Turner - Faixa da trilha sonora do filme Performance (1969)
11. Lucky in Love - Faixa do álbum She's the Boss (1985)
12. Let's Work - Faixa do álbum Primitive Cool (1987)
13. Joy - Faixa do álbum Goddess in the Doorway (2001)
14. Don't Call me up - Faixa do álbum Goddess in the Doorway (2001)
15. Checkin' up on my Baby - Gravação inédita em disco (1992)
16. (You Got to Walk and) Don't Look Back -Faixa do álbum Bush Doctor (1978), de Peter Tosh
17. Evening Gown - Faixa do álbvum Wandering Spirit (1993)
Alejandro põe seu 'trem' na linha de montagem
1. El Tren de los Momentos
2. En la Planta de Tus Piés (também no CD)
3. Quisiera Ser (também no CD)
4. Enseñame Tus Manos (também no CD)
5. La Primera Persona
6. La Peleita (também no CD)
7. Quando Nadie me Ver
8. Corazón Partío (também no CD)
9. Donde Convergemos (também no CD)
10. Regalame la Silla
11. Se Los Dice Tu (também no CD)
12. Labana
13. My Soledad y Yo / La Fuerza del Corazón / Amiga
14. El Alma al Aire (também no CD)
15. Try 2 to Save your Song
16. Los Ves?
17. Te lo Agradezco, pero no
18. No Es lo Mismo (também no CD)
Faixa-bônus:
19. Te lo Agradezco, pero no - Dueto com Shakira (também no CD)
Geraldo grava parceria com Baleiro no 16º disco
Brit Awards 2008 coroa Paul e premia Monkeys
* Prêmio Especial - Paul McCartney
* Melhor Grupo Britânico - Arctic Monkeys
* Melhor Álbum Britânico - Favourite Worst Nightmare (Arctic Monkeys)
* Melhor Cantor Britânico - Mark Ronson
* Melhor Cantora Britânica - Kate Nash
* Melhor Canção Britânica - Shine (Take That)
* Melhor Performance ao Vivo Britânica - Take That
* Revelação Britânica do Ano - Mika
* Escolha da Crítica Britânica - Adele
* Melhor Artista Masculino Internacional - Kanye West
* Melhor Artista Feminino Internacional - Kylie Minogue
* Melhor Grupo Internacional - Foo Fighters
* Melhor Álbum Internacional - Echoes, Silence, Patience & Grace
20 de fevereiro de 2008
'Single' beneficente junta U2 e Connor na rede
E por falar em U2, o grupo acaba de voltar ao estúdio, em Dublin, Irlanda, para dar continuidade às gravações do álbum que vai ter produção de Brian Eno e Daniel Lanois. O disco será o sucessor do (aclamado) How to Dismantle an Atomic Bomb - de 2004.
Madonna entra na pista do hip hop e do r & b
Maria Rita grava primeiro clipe de 'Samba Meu'
Som Livre inaugura com Dudu (mais uma) série
1. Tempo de Don Don
2. Vou Botar teu Nome na Macumba - com Zeca Pagodinho
3. Água da minha Sede (ao vivo)
4. Goiabada Cascão
5. Faixa Amarela - Zeca Pagodinho com participação de Dudu Nobre
6. Estava Perdido num Mar
7. Posso até me Apaixonar (ao vivo) - com Gabriel O Pensador
8. No Mexe-Mexe, no Bole-Bole
9. Chegue Mais
10. Meu Drama
11. Levada desse Tantã
12. Faz o Pagode Explodir
13. Quebro, Não Envergo
14. Quero um Cafuné
15. Pega Geral
16. A Grande Família
19 de fevereiro de 2008
Tributo de Johansson traz Bowie em duas faixas
Simone e Pablo cantam no álbum de Represas
Osesp confunde popular e erudito com Salmaso
Título: Orquestra
Sinfônica do Estado
de São Paulo
Artista: Osesp / John
Neschling - com Mônica
Salmaso e Banda
Mantiqueira
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * * 1/2
As tênues fronteiras entre as músicas popular e erudita caem mais uma vez por terra neste CD em que a Osesp, sob a regência de John Neschling, toca (seis) clássicos da MPB acompanhada por Mônica Salmaso, cujo canto é pautado por rigor erudito. E o que se escuta são registros que beiram o sublime. Por mais que Salmaso já tenha interpretado Beatriz (Chico Buarque e Edu Lobo) algumas vezes, a leitura com a Osesp - arranjada pelo clarinetista Nailor Azevedo, o Proveta - chega a rivalizar com o registro original feito por Milton Nascimento em 1983 para a trilha do belo balé O Grande Circo Místico. Salmaso dá conta do recado mesmo nas músicas que lhe exigem uma verve que ela não tem - caso do samba Conversa de Botequim (Noel Rosa e Vadico) e de Chiclete com Banana (Almira Castilho e Gordurinha). A ligeira empostação de seu canto em Eu te Amo também está em total sintonia com o arranjo suntuoso do pianista André Mehmari para esta parceria de Tom Jobim e Chico Buarque. O bacana é que as orquestrações dão novas nuances aos temas - especialmente o arranjo do maestro Chiquinho de Moraes para Menina, Amanhã de Manhã, música de Tom Zé e Perna que Salmaso já tinha regravado em seu álbum Iaiá (2004). Gravado ao vivo em 2006, em concerto na Sala São Paulo (SP), este novo disco da Osesp (con)funde noções de popular e erudito. E, rótulos à parte, o álbum cativa por oferecer música da melhor qualidade.
Deckdisc passa a comercializar o disco de Takai
18 de fevereiro de 2008
Solo de Claudia anula 'upgrade' do Babado Novo
Título: Claudia Leitte
Artista: Claudia Leitte
Local: Praia de Copacabana (RJ)
Data: 17 de fevereiro de 2008
Cotação: * *
"Meu nome é Claudia Leitte". Nem era preciso avisar. Mas tal aviso foi ouvido em off - na voz da ex-vocalista do grupo Babado Novo - antes que Claudia Leitte, sob as bençãos da uma imagem do Cristo Redentor projetada no telão, aparecesse no imponente palco de 15 metros de altura (e 36 de boca) armado nas areias da Praia de Copacabana para a gravação de seu primeiro CD e DVD individual. Estrategicamente posicionados em frente ao palco, integrantes de fãs-clubes garantiram a animação para as câmeras e tiveram seus egos afagados em cena pela artista. Na condição de fãs, pouco se importaram com o banal rap inserido por Gabriel O Pensador em Exttravasa. Por serem fãs, sabiam de cor versos e coreografias de músicas como Safado, Cachorro, Sem-Vergonha e Caranguejo - unidas em medley que teve direito a passos de dança típicos das micaretas. Um desses fãs, Tito, foi saudado pela artista por ser o autor de Horizonte, insossa canção deste jovem admirador que figura entre as sete fracas inéditas selecionadas para a gravação. No todo, o show foi morno por conta de sucessivas interrupções.
Aliás, a julgar pelos refrões populistas de músicas como Beijar na Boca e Quem É de Fé Balança, o primeiro projeto solo de Claudia Leitte vai representar retrocesso em relação ao último álbum do Babado Novo, Ver-te Mar, em que ficou evidente ligeiro e salutar upgrade no repertório não muito bem recebido pelo público (o CD estacionou nas 50 mil cópias vendidas). Em seu primeiro trabalho individual, Claudia desce ladeira com inéditas pouco empolgantes como No Carnaval de Salvador e a balada Pássaros. Para garantir, salpicou no roteiro hits como Bola de Sabão (incrementado com os vocais emos de Badauí, do grupo CPM 22, bisando o encontro realizado em 2007 no programa Estúdio Coca-Cola, da MTV) e o reggae A Camisa e o Botão. Mas pouco apelou para os hits alheios.
O caráter populista do roteiro comportou até releitura quente de Fogo e Paixão, hit de Wando em 1985. Estranho no ninho baiano, o próprio Wando foi convocado para reviver seu sucesso no pique do axé. E ele bem que tentou, mas nunca conseguiu acompanhar a pegada de Claudia Leitte, que, no fim das contas, impressiona mais pela forma física e pela dança do que propriamente por seu canto corriqueiro. Contudo, a mais nova candidata a rainha do axé tem carisma, força, presença de palco e soube encarar uma leoa como Daniela Mercury. O dueto das divas baianas em Cidade Elétrica foi o número mais explosivo de uma gravação que, no todo, pareceu ter sido realizada com energia industrial. Fãs-clubes à parte. Sim, o nome dela é Claudia Leitte, mas pode chamá-la de Ivete Sangalo.
Eletricidade de Daniela aquece solo de Claudia
Parecia que a baiana Daniela Mercury estava se sentindo em casa na gravação do CD e DVD solo de Claudia Leitte. A explosiva participação da cantora na música Cidade Elétrica, de levada e refrão contagiantes, foi o momento mais quente do mega-show realizado pela ex-vocalista do Babado Novo na Praia de Copacabana na noite de domingo, 17 de fevereiro. As intérpretes estavam entrosadas e as coreografias, bem ensaiadas, fizeram jus ao histórico de Daniela, que, ao fim de sua apresentação, puxou o coro de Cidade Maravilhosa, em tributo ao Rio que a acolheu de forma incendiária em 1992. O dueto das cantoras (acima em foto de Thiago Teixeira) valeu o show, mas não redimiu o roteiro ruim.
Brown regrava 'Busy Man' quase no fim do show
Pensador abre gravação do DVD solo de Claudia
17 de fevereiro de 2008
Tradições de Brasil e Cuba com Maria e Omara
Os generosos elogios recíprocos trocados entre Maria Bethânia e Omara Portuondo foram feitos em depoimentos que compõem o documentário pilotado pelo diretor Bruno Natal para o DVD que vem com a edição dupla do disco Omara Portuondo e Maria Bethânia - nas lojas a partir de 28 de fevereiro, pela gravadora Biscoito Fino, nos formatos de CD e de CD + DVD. Produzido por Jaime Alem (o maestro de Bethânia já há mais de 20 anos) e pelo violonista Swami Jr., o álbum foi idealizado a partir de encontro entre Bethânia e Omara em 2005, quando a cantora cubana veio ao Brasil para fazer alguns shows. "Quando Omara esteve no Rio, fomos almoçar juntas e ela pensou em fazer um disco comigo... E aquilo ficou em nossas cabeças", conta Bethânia no documentário.
A boa idéia do disco foi concretizada em janeiro de 2007 quando Bethânia e Omara - em foto de Leonardo Aversa - o gravaram no Rio de Janeiro, sob absoluto sigilo, no estúdio da Biscoito Fino. O lançamento do álbum será acompanhado por turnê internacional que junta as cantoras no palco em show inédito. A estréia será no Canecão (RJ), em temporada de duas semanas que vai de 7 a 16 de março. No show, as intérpretes vão mostrar o repertório do disco, que junta 14 músicas em 11 faixas. A seleção foi feita com base em pesquisa feita sob encomenda por Mozá Menezes e Rodrigo Faour.
Quase todo inédito nas vozes das cantoras, o repertório entrelaça músicas antigas de compositores de Brasil e Cuba. Algumas faixas foram gravadas em dueto por Bethânia e Omara. Entre elas, Para Cantarle a mi Amor - a música da lavra do compositor e pianista cubano Orlando de la Rosa (1919 - 1957), entoada em castelhano - e Só Vendo que Beleza (Marambaia), parceria de Rubens Campos (1912 - 1985) e Henricão (1915 - 1984), revivida pelas cantoras em português. A música foi sucesso com Carmen Costa (1920 - 2007).
Alguns boleros cubanos até já foram gravados anteriormente por Omara. São os casos de El Amor de mi Bohío, de Julio Brito (1908 - 1968), e Tal Vez, de Juan Formell, baixista que fundou a popular orquestra Los Van Van. Outro tema já gravado pela diva cubana é Palabras (Marta Valdés), que reaparece na voz de Omara reunido a Palavras (Gonzaguinha - na voz de Bethânia) e ao Poema LXIV, de Dulce María Loynaz. Ainda na seleção cubana, capitaneada por Omara, há Lacho (rara parceria do pianista Facundo Rivero com o flautista Juan Pablo Miranda que abre o CD), Mil Congojas (bolero do citado Juan Pablo Miranda) e Nana para un Suspiro (Semillita), acalanto de Pedro Luis Ferrer. Pérola do disco caracterizado por Bethânia como humaníssimo no documentário incluído no álbum.
Na parte brasileira, Bethânia selecionou Caipira de Fato (Adauto Santos), Menino Grande (Antônio Maria), Arrependimento (um já esquecido bolero composto por Dolores Duran com Fernando César) e Você, parceria de Hekel Tavares (1896 - 1969) com Nair Mesquita bem mais conhecida como Penas do Tiê. Enfim, o disco Omara Portuondo e Maria Bethânia parece totalmente fiel aos universos musicais e afetivos das intérpretes, que costuram tradições musicais com as memórias afetivas do Brasil e de Cuba.
O repertório e o roteiro de Bethânia com Omara
1. Lacho (Facundo Rivero e Juan Pablo Miranda)
2. Menino Grande (Antonio Maria)
3. Nana para un Suspiro (Semillita) (Pedro Luís Ferrer)
4. Poema LXIV (Dulce María Loynaz)
/ Palavras (Marta Valdés) / Palavras (Gonzaguinha)
5. Tal Vez (Juan Formell)
6. Você (Hekel Tavares e Nair Mesquita)
7. Arrependimento (Fernando César e Dolores Duran)
8. Mil Congojas (Juan Pablo Miranda)
9. Só Vendo que Beleza (Marambaia) (Rubens Campos e Henricão)
10. Para Cantarle a mi Amor (Orlando de la Rosa)
11. Caipira de Fato (Adauto Santos)
/ El Amor de mi Bohío (Julio Brito)
Eis o roteiro da turnê de Maria Bethânia e Omara Portuondo:
* Rio de Janeiro - Canecão, de 7 a 16 de março
* São Paulo - Via Funchal, 28 e 29 de março
* Belo Horizonte - Palácio das Artes, 4 e 5 de abril
* Maceió - Teatro Gustavo Leite, 9 de abril
* Olinda - Teatro Guararapes, 12 e 13 de abril
* Brasília - Teatro Nacional Cláudio Santoro, 17 e 18 de abril
* Aracajú - Teatro Tobias Barreto, 23 de abril
* Salvador - Teatro Castro Alves, 25 e 26 de abril
* Fortaleza - Siara Hall, 30 de abril
* Curitiba - Teatro Guaíra, 8 de maio
* Porto Alegre - Teatro do Sesi, 10 de maio
* América Latina (Argentina e Chile) - junho
Sacerdotes afirmam fé inabalável na Mangueira
Título: Velha Guarda da
Mangueira - Convidados
Especiais
Artista: Velha Guarda da
Mangueira (com Alcione,
Beth Carvalho, Duani,
Dudu Nobre, Guilherme de
Brito, Leci Brandão, Leila
Pinheiro, Lenine, Nelson
Sargento, Velha Guarda do
Salgueiro e Roberta Sá)
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * * * 1/2
"A Mangueira representa um sacerdócio. Vou à Mangueira como se estivesse indo a uma igreja", filosofa Jamelão. Ícone da Estação Primeira, o veterano intérprete é um dos muitos sacerdotes que professam fé inabalável na escola verde-e-rosa no primeiro DVD da Velha Guarda da Mangueira. É o primeiro registro audiovisual do grupo de bambas. Editada também em CD, a gravação ao vivo foi feita em 29 de agosto de 2005 no Teatro Municipal de Niterói (RJ). Mas o roteiro de Marcos Salles entremeiam os números do show com belos encontros externos realizados com as presenças de convidados na quadra da escola e na sede carioca do Centro Cultural Banco do Brasil. Breves depoimentos dos integrantes da Velha Guarda e de seus convidados costuram a narrativa que, ao extrapolar um registro puro e simples de show, explicita o amor genuíno que todos sentem pela Mangueira - apesar dos pesares...
A presença de Jamelão em Exaltação à Mangueira é o cartão-de-visitas que abre o CD e o DVD. Mesmo com a voz já bem cansada, o intérprete se impõe em cena. E o que se vê / ouve em seguida é um desfile de belos sambas que saúdam a Mangueira nas vozes nobres dos veteranos bambas com intervenções (captadas na quadra da escola) de Beth Carvalho (muito à vontade em Sei Lá, Mangueira), Lenine (até reverente em Os Meninos da Mangueira), Dudu Nobre (Pranto de Poeta) e Leila Pinheiro (Piano na Mangueira), Roberta Sá (A Flor e o Espinho), Duani (bem em O Sol Nascerá) e Alcione (Não Quero Mais Amar a Ninguém). E os números são calorosos, inclusive pela inteligente decisão de juntar três convidados em um bloco. Exemplo: Roberta solou A Flor e o Espinho na presença de Duani e Alcione. Da mesma maneira que Lenine gravou no mesmo dia que Dudu e Leila. O coro da Velha Guarda valoriza os registros.
Ao perfeito roteiro do show gravado em Niterói, foram agregados Guilherme de Brito (emocionado e emocionante em Folhas Secas, numa das últimas gravações do parceiro de Nelson Cavaquinho), Leci Brandão (firme como sempre em Jequitibá), Nelson Sargento (Agoniza, Mas Não Morre), Xangô da Mangueira (Quando Vim de Minas, com adesão de Tantinho), Toque de Arte (Valeu, Cartola - harmonioso tributo ao autor de Sim e Alvorada, sambas também lembrados pelos bambas no roteiro), Velha Guarda do Salgueiro (pot-pourri de sambas em que a escola afilhada da Tijuca saúda a sua madrinha) e Alvinho (pot-pourri com trechos de sete sambas-enredos antológicos defendidos pela Mangueira nos anos 80 e 90).
Enfim, Velha Guarda da Mangueira, o CD e o DVD, é sublime documento do rico legado desta escola de raiz firme no Carnaval carioca. Quando os componentes da Velha Guarda interpretam Agoniza, Mas Não Morre, em registro a capella, enquanto rolam os créditos do DVD, paira a sensação de que, por mais atribulado que seja o momento atual da Mangueira, a histórica verde-e-rosa permanecerá viva por conta da fé de seus (devotados) sacerdotes.
DVD revive 60 anos da Atlantic, casa de Ahmet
Título: Atlantic Records 60
- The House that Ahmet Built
Direção: Susan Steinberg
Narração: Bette Midler
Gravadora: Atlantic Records
/ Warner Music
Cotação: * * * *
Depois de amargar anos de fracassos na Columbia, Aretha Franklin ingressou na Atlantic Records em 1967 e iniciou fase de grande êxito artístico e comercial. A contratação da cantora foi outro capítulo de sucesso na folhetinesca trajetória de Ahmet Ertegun (1923 - 2006), turco que fundou a Atlantic Records nos EUA em 1947. O DVD Atlantic Records 60 - The House that Ahmet Built reconstitui alguns momentos importantes das seis décadas de vida da gravadora que consolidou o sucesso de Ray Charles (a partir de 1952), abriu suas portas para o Cream e para o rock em 1966, lançou o Led Zeppelin (cuja recente reunião foi articulada em nome de Ahmet...) e editou discos áureos de Phil Collins a partir de 1981, entre outros feitos.
Feito para a TV, o filme é narrado pela atriz e cantora Bette Midler. A narrativa é cativante por apresentar imagens antigas e raras de artistas como Ruth Brown - boa cantora de r & b que foi a primeira contratada da Atlantic - e por recontar a vida de um executivo da indústria fonográfica também ele raro por ter gostado de música e por ter aberto uma gravadora em nome de um ideal. Os encontros afetuosos de Ertegun com Mick Jagger, Ray Charles, Phil Collins e Aretha Franklin - entre muitas outras estrelas - mostram como o turco nunca foi visto como (mais um) executivo por seus artistas.
Ao longo da narrativa, outros fiéis moradores da casa de Ahmet - como o hábil engenheiro de som Tom Dowd, contratado logo no primeiro ano da Atlantic, e o sócio Jerry Wexler - têm o seu valor ressaltado. Em seu depoimento, Wexler reconhece que a aposta de Ahmet no rock dos 60 posssibilitou a sobrevivência da companhia quando o jazz e o r & b não conseguiram manter mais a casa de pé. Ainda assim, a adesão ao rock não impediu a venda da gravadora para a Warner em 1967 por 17 milhões de dólares. Mesmo sem a aura dos tempos áureos, a marca Atlantic Records continua firme no mercado fonográfico graças ao ideal de um turco que não viu e ouviu como mera fonte de lucro a rica música do país que adotou.