Mart'nália faz baile black com samba charmoso
Resenha de show
Título: Sambacharme
Artista: Mart'nália
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 21 de fevereiro de 2008
Cotação: * * * 1/2
Mart'nália entra em abril no estúdio da Biscoito Fino para gravar seu segundo disco de estúdio pelo selo Quitanda. A idéia inicial é misturar o samba com o suingue black do soul e do charme (um tipo de funk mais melódico) - fusão que a filha de Martinho da Vila já experimentou em seu segundo e pouco ouvido álbum, Minha Cara (1997), e que ela retoma em seu novo show, o azeitadíssimo Sambacharme, que teve a sua estréia nacional no Teatro Rival, na noite de quinta-feira, 21 de fevereiro, com direito à presença da veterana cantora cubana Omara Portuondo na platéia hiperlotada.
Uma releitura de Don't Worry, Be Happy - cantada por Mart'nália em um inglês esforçado e temperada com a batida do samba - abre e fecha o show. Ou baile, como caracteriza a artista em cena. Seja como for, a platéia parece se contagiar mais com o samba do que com o charme da cantora. E, com perdão do trocadilho, o samba de Mart'nália está de fato mais charmoso porque ela já adota em cena uma postura mais profissional sem prejuízo de sua natural espontaneidade. Mart'nália parece se sentir em casa no palco. E é totalmente à vontade que ela canta o samba Cabide (Ana Carolina) cheia de atitude, que esboça o seu autoretrato em Pra Mart'nália (Fred Camacho e Jorge Agrião) e que, espirituosa, brinca com os versos de Disritmia, um dos standards do repertório de seu pai, Martinho da Vila, cujos 70 anos são devidamente saudados antes de Ex-Amor. Tudo com um carisma que bota sua platéia no bolso.
O que Mart'nália necessita é aprimorar sua dicção. Nem sempre é possível entender com clareza os versos de músicas como Mulata no Sapateado - a parceria bissexta de Ary Barroso (1903 - 1964) com Vinicius de Moraes (1913 - 1980) que ela recordou no CD Pé do meu Samba (2002) - e Soneto do teu Corpo (Moska e Leoni). Até porque, enquanto canta, ela às vezes toca pandeiro e comanda um arsenal percussivo que, no caso de Tiro ao Álvaro (Adoniran Barbosa), dá um molho todo especial ao arranjo do tema. Merece ainda destaque nesta primeira parte, mais voltada para o samba, a interpretação feliz de Formosa, samba de Vinicius e Baden Powell (1937 - 2000) que exalta a mulher e se ajusta ao perfil da cantora.
"Esse negócio de sambacharme é o que a gente já faz mesmo...", já admite Mart'nália em cena, após cantar Fato Consumado, samba de Djavan que, no show, faz a transição do samba para o charme. De fato, o suingue black não é novidade na música de Mart'nália e é neste segundo bloco, mais voltado para o charme, que se nota a direção musical do baixista Arthur Maia, parceiro do recorrente Djavan em Alívio, o primeiro número desta segunda metade. No começo, músicas como Contradição (Mart'nália e Viviane Mosé) fazem o show perder pique. Falta um colorido até mesmo quando a artista arranha o violão para mostrar Pára Comigo (Mart'nália e Paulinho Black). O problema não está no balanço, azeitado, porém na irregularidade do repertório desse baile que esquenta quando a intérprete lança mão de composições mais inspiradas como Cada Um Cada Um (Cláudio Zoli), Baixo Rio (música de Ed Motta com a qual a cantora ensaia uma falsa saída de cena), Chega (Mart'nália e Mombaça) e - já no bis - Entretanto (Mart'nália e Mombaça) e You Are the Sunshine of my Life, um dos clássicos de Stevie Wonder. Sim, Mart'nália é puro charme com a sua genuína pretinhosidade.
Título: Sambacharme
Artista: Mart'nália
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 21 de fevereiro de 2008
Cotação: * * * 1/2
Mart'nália entra em abril no estúdio da Biscoito Fino para gravar seu segundo disco de estúdio pelo selo Quitanda. A idéia inicial é misturar o samba com o suingue black do soul e do charme (um tipo de funk mais melódico) - fusão que a filha de Martinho da Vila já experimentou em seu segundo e pouco ouvido álbum, Minha Cara (1997), e que ela retoma em seu novo show, o azeitadíssimo Sambacharme, que teve a sua estréia nacional no Teatro Rival, na noite de quinta-feira, 21 de fevereiro, com direito à presença da veterana cantora cubana Omara Portuondo na platéia hiperlotada.
Uma releitura de Don't Worry, Be Happy - cantada por Mart'nália em um inglês esforçado e temperada com a batida do samba - abre e fecha o show. Ou baile, como caracteriza a artista em cena. Seja como for, a platéia parece se contagiar mais com o samba do que com o charme da cantora. E, com perdão do trocadilho, o samba de Mart'nália está de fato mais charmoso porque ela já adota em cena uma postura mais profissional sem prejuízo de sua natural espontaneidade. Mart'nália parece se sentir em casa no palco. E é totalmente à vontade que ela canta o samba Cabide (Ana Carolina) cheia de atitude, que esboça o seu autoretrato em Pra Mart'nália (Fred Camacho e Jorge Agrião) e que, espirituosa, brinca com os versos de Disritmia, um dos standards do repertório de seu pai, Martinho da Vila, cujos 70 anos são devidamente saudados antes de Ex-Amor. Tudo com um carisma que bota sua platéia no bolso.
O que Mart'nália necessita é aprimorar sua dicção. Nem sempre é possível entender com clareza os versos de músicas como Mulata no Sapateado - a parceria bissexta de Ary Barroso (1903 - 1964) com Vinicius de Moraes (1913 - 1980) que ela recordou no CD Pé do meu Samba (2002) - e Soneto do teu Corpo (Moska e Leoni). Até porque, enquanto canta, ela às vezes toca pandeiro e comanda um arsenal percussivo que, no caso de Tiro ao Álvaro (Adoniran Barbosa), dá um molho todo especial ao arranjo do tema. Merece ainda destaque nesta primeira parte, mais voltada para o samba, a interpretação feliz de Formosa, samba de Vinicius e Baden Powell (1937 - 2000) que exalta a mulher e se ajusta ao perfil da cantora.
"Esse negócio de sambacharme é o que a gente já faz mesmo...", já admite Mart'nália em cena, após cantar Fato Consumado, samba de Djavan que, no show, faz a transição do samba para o charme. De fato, o suingue black não é novidade na música de Mart'nália e é neste segundo bloco, mais voltado para o charme, que se nota a direção musical do baixista Arthur Maia, parceiro do recorrente Djavan em Alívio, o primeiro número desta segunda metade. No começo, músicas como Contradição (Mart'nália e Viviane Mosé) fazem o show perder pique. Falta um colorido até mesmo quando a artista arranha o violão para mostrar Pára Comigo (Mart'nália e Paulinho Black). O problema não está no balanço, azeitado, porém na irregularidade do repertório desse baile que esquenta quando a intérprete lança mão de composições mais inspiradas como Cada Um Cada Um (Cláudio Zoli), Baixo Rio (música de Ed Motta com a qual a cantora ensaia uma falsa saída de cena), Chega (Mart'nália e Mombaça) e - já no bis - Entretanto (Mart'nália e Mombaça) e You Are the Sunshine of my Life, um dos clássicos de Stevie Wonder. Sim, Mart'nália é puro charme com a sua genuína pretinhosidade.
20 Comments:
Adoro Marti'nália, tenho todos os cds e dvds dela, espero que o show pinte no Recife. Ela faz muito sucesso aqui.No reveillon arrasou!
Nivaldo
adoro Mart'nália, acho que ela é única no atual cenário da música brasileira, mas sua dicção é realmente um problema.
Qualquer cantor ou cantora, de qualquer estilo, tem obrigação de ter uma boa dicção. Em alguns momentos até dos cds de estúdio, não dá pra entender o que ela está dizendo...
Mauro, Ary Barroso faleceu em 1964, e não 1968.
Obrigado, Leo. Já corrigi o texto.
Também adoro Mart'nália, mas achei o repertório muito parecido com o de seu show anterior. Espero que o cd de estúdio traga muitas novidades.
Anderson Falcão
Brasília - DF
Por que será que não suporto essa mulher? Pra mim ela não canta nada!
Mrs. Portuondo na platéia??? É, essa moça cresceu...
11:09, ela não canta nada e tem a boca mole. Será que a moda pegou? Agora é assim no futebol, no mais alto escalão da República e na canção.
Saudades de Elis Regina e de sua dicção perfeita, mesmo quando amolecia as consoantes.
TAÍ, QUERIA MUITO OUVIR YOU ARE THE SUNSHINE OF MY LIFE NA "VOZ" DESTA CANTORA, EU SOU SUPER FÃ DE TODO O TRABALHO DE STEVIE WONDER E ACHO QUE ESSA CANÇÃO É CHEIA DE AGUDOS E GRAVES AO MESMO TEMPO, A CANTORA EM QUESTÃO DEVE TER ASSASSINADO A MELODIA DA CANÇÃO, MAS VOU PROCURAR OUVIR, MAS O RESULTADO É PREVISÍVEL!!!!!
SÓ FALTOU A BETH CARVALHO PRA DIVIDIR OS VOCAIS DESTA CANÇÃO COM ELA!!!
O FATO DE PORTUONDO ESTAR NA PLATÉIA NÃO QUER DIZER QUE MART´NÁLIA CRESCEU ARTISTICAMENTE, SUAS AMIZADES CONSEGUEM TUDO O QUE ELA QUER, BETHANIA QUE O DIGA!!!!
Fiquei curioso ...
Martinália cantando " You Are the Sunshine of my Life " e " Don't Worry, Be Happy " ? Só faltou " Killing me softly with his song "
Elis e sua dicção perfeita? Nem tanto! Em muitas canções de Elis é possível fazer alguma confusão com relação aos muitos versos. Exemplo clássico: "mas é você que é mal passado e que não vê" (rs). Sei que não é isso que ela diz, mas é o que se ouve.
Quando a Mart'nália quer,ela é capaz de fazer o melhor show de samba do mundo. Podem acreditar.
Por que ela nunca quer? :>)
Jose Henrique
Martinália fica em cena dando a impressão de que está no boteco da esquina rodeada só por amigos. Aí canta mole, brinca com os músicos. Tudo em casa. Outro mestre na arte da " disciplicência" é Zeca Baleiro que num show de homenagem a Maysa disse que não sabia letra da música. Ou seja, não fêz o trabalho de casa. Isso é brincar com o público pagante. Eu não paguei para ver as gracinhas do Baleiro nem pagaria para ver o ar de " deixa andar" da Martinália. Profissionalismo Já!!
O show da Mart'nália no Canecão em 2007 foi um dos melhores que já assisti. Claro que esse não é um show recomendado aos senhores,que pelo visto, são uns chatos que ficam com suas pernas cruzadas e cheias de varizes segurando um copo de vinho,do alto de seu troninho.
Martnália é exemplo de que estilo e personalidade ainda têm valor. Com uma vozinha medíocre mas cheia de melodia e ginga faz um som bastante agradável.
Essa não ofende nem o que come. Ela se diverte e é só. As vezes contagia, as vezes enche o saco.
ui, " Killing me softly with his song " seria demais pra ela
Sou mto fã da cantora Marti'nália,espero vê-la algum dia na minha cidade Cuiabá-MT.Ela tem uma voz linda,um ritimo de samba maravilhoso,ela é demais!
Olha pessoal, é mto fácil julgar, criticar uma pessoa sem conhecê-la pessoalmente e nunca se quer ter pisado num palco. É mto difícil cantar em público, não pisar num fio, não errar ou esquecer a letra de uma música, então sejam mais coerentes e sensatos antes de ficar falando besteiras.
A Martinalia não é perfeita, mas é filha de um dos grandes bambas do samba, filho de peixe ...
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