9 de dezembro de 2006

DVD-áudio de 'Falso Brilhante' fica para janeiro

A gravadora Trama anunciou esta semana que vai lançar em janeiro de 2007 o projeto Falso Brilhante - Edição Especial. Trata-se de caixa que agrega DVD-áudio e CD com nova versão em estéreo deste disco emblemático de Elis Regina, editado em 1976 com base no show homônimo que estreou em fins de 1975 e ficou em cartaz até o início de 1977. Foi neste forte trabalho que apareceram dois clássicos do repertório da cantora, Fascinação e Como Nossos Pais, entre músicas como Gracias a la Vida, Velha Roupa Colorida, Jardins da Infância e O Cavaleiro e os Moinhos.

A exemplo do que já fez com o álbum Elis & Tom (1974), a Trama restaurou, remixou e remasterizou o áudio de Falso Brilhante. Sob a coordenação de João Marcello Bôscoli, o técnico Luis Paulo Serafim - o mesmo que trabalhou na primorosa reedição de Elis & Tom - recebeu a missão de mixar o álbum em som 5.1 surround para gerar o DVD-áudio e de produzir a nova versão em estéreo do CD sem alterar o som original. "Mudou a panorâmica do áudio. A diferença para o ouvinte comum é que ele vai ficar mais envolvido com estéreo, e no formato 5.1, terá um som de cinema", exulta, com orgulho, João Marcello, filho da cantora (e diretor da Trama).

A idéia é que o DVD-áudio transporte o ouvinte para o estúdio como se ele estivesse presenciando a gravação do disco. Para tal, foram preservadas falas de Elis e dos músicos - assim como ruídos de estúdio. Entre eles, a providencial batida de pés no chão para marcar os tempos das músicas. E o brilhante vai voltar a reluzir...

LCD apresenta 'som de prata' em 20 de março

Sound of Silver é o título do aguardado segundo álbum do LCD Soundsystem, cujo lançamento está agendado para 20 de março de 2007. O mentor do LCD, James Murphy (à esquerda na foto), vai tentar repetir o êxito do primeiro CD, cultuado em boa parte do mundo (inclusive no Brasil) pela mistura de eletrônica, rock, funk e disco music. Time to Get Away, Watch the Tapes, All my Friends, Someone Great e Get Innocuous! são músicas do álbum.

Blige lidera Grammy que indica Sérgio Mendes

Com oito indicações, a cantora de r & b e soul Mary J. Blige é uma das grandes favoritas da 49ª edição do Grammy. Os vencedores serão conhecidos em Los Angeles (EUA), em 11 de fevereiro. Por conta do álbum The Breakthrough, que deu novo fôlego à sua carreira, Blige é a líder de indicações e concorre em categorias bem importantes como Gravação do Ano (Be Without You) e Canção do Ano (por Be Without You).

Dois concorrentes da artista nestas categorias são James Blunt - que acumulou cinco nomeações graças ao sucesso da canção You're Beautiful - e Corinne Bailey Rae, que disputa o troféu por conta do hit Put your Records on, música de seu primeiro álbum, popularizada no Brasil a partir de sua inclusão na trilha da novela Páginas da Vida. Aliás, Blunt e Rae também estão no páreo pelo prêmio de Best New Artist. Em bom e claro português, Revelação.

O disputado troféu de Álbum do Ano poderá ir parar nas mãos de Dixie Chicks (Taking the Long Way), duo Gnarls Barkley (St. Elsewhere), John Mayer (Continuum), Red Hot Chili Peppers (Stadium Arcadium) ou de Justin Timberlake (FutureSex / LoveSounds). Detalhe: Mayer também concorre com seu trio ao prêmio de Álbum de Rock por Try!, CD em que abraçou o blues...

De certa forma, o Brasil está duplamente representado na obscura categoria 27, Best Urban / Alternative Performance, com as duas indicações de Sérgio Mendes pelas gravações de Mas que Nada (o hit de Jorge Ben, rebobinado por Mendes com will.i.am) e That Heat, lançadas por Mendes em seu (renovador) álbum Timeless.

Rival premia independentes com informalidade

Marcelo Camelo (com o microfone, ao lado de Kassin e de Ângela Leal) saudou o tio Bebeto Castilho no discurso de agradecimento pelo troféu de Produtor Artístico, recebido pelo hermano na festa de entrega do 5º Prêmio Rival Petrobrás de Música, dedicado aos artistas e discos do mercado independente. Camelo e Kassin foram contemplados com o prêmio pela produção de Amendoeira, o cultuado segundo álbum como cantor do baixista do Tamba Trio.

Em clima de excessiva espontaneidade, Ângela Leal (proprietária do velho Teatro Rival) e sua filha, a atriz Leandra Leal, entregaram 15 troféus para artistas que militam na (cada vez mais ampla) cena indie. "Já nem sei mais o sentido disso aqui, pois, hoje em dia, todo mundo ficou independente", observou Leandra, astutamente, logo no início da cerimônia de premiação, realizada na noite de sexta-feira, 8 de dezembro, no ssmpre popular teatro da Cinelândia (RJ).

Pela ordem, os premiados foram Renato Braz (Cantor, pelo CD Por Toda a Minha Vida, em que interpreta canções de Jean e Paulo Garfunkel) Jussara Silveira (Cantora, pelos belos discos Nobreza e Entre o Amor e o Mar), Casuarina (Grupo Musical, pelo disco Casuarina), Aldir Blanc (Compositor, pelo CD Vida Noturna), Laércio de Freitas (Arranjador, pelo álbum Remexendo), Galo Preto (Grupo Instrumental, por 30 Anos), Louis Marcel Powell (Instrumentista Solo, pelo CD Aperto de Mão), Marcelo Camelo e Kassin (Produtor Artístico, por Amendoeira), Zé da Velha e Silvério Pontes (Tributo, pelo CD Só Pixinguinha), José Mauro Brant (Atitude, pela produção do projeto infantil Contos, Cantos e Acalantos), Ana Costa (Revelação, pelo primeiro disco solo, Meu Carnaval), Olivia Hime (Excelência, pela direção artística da gravadora Biscoito Fino), Marcos Valle (Embaixador da MPB, pela divulgação da música brasileira no exterior), Tantinho da Mangueira (Aval do Rival) e, ufa, Luiz Carlos da Vila (Aclamação).

A quinta edição do prêmio homenageou Aracy de Almeida (1914 - 1988), saudada como pioneiro símbolo da independência pessoal e artística. O repertório de Aracy foi revivido por dez cantoras em show feito após a entrega dos troféus. Após dois números solos de cada intérprete, Mart'nália, Roberta Sá, Mariana Baltar, Ana Costa, Dorina, Leila Pinheiro, Nilze Carvalho, Thalma de Freitas, Mariana Bernardes e Olivia Byington (que em 1997 lançou CD, A Dama do Encantado, com o repertório da Araca) cantaram juntas sambas como Com que Roupa?, Coisas Nossas e Tenha Pena de mim. Dez!!

Antes da entrega dos troféus, Ângela Leal anunciou que o maestro e pianista Antonio Adolfo será o homenageado da sexta edição do Prêmio Rival Petrobrás de Música em 2007 por conta dos exatos 30 anos da gravação do disco Feito em Casa (1977), o primeiro título independente do mercado fonográfico brasileiro. Merecido!

Retrô 2006 - O êxito do judeu que canta reggae

Ainda é cedo para avaliar se ele vai resistir a outros verões, mas, em 2006, um judeu que canta reggae sob a ótica de sua religião causou merecida sensação por conta da união de dois universos tão distintos. O sucesso veio com o álbum Youth, que seria mais um (competente) disco de reggae - turbinado com batidas de rap e a pegada do rock - se o seu intérprete não fosse um rapaz norte-americano, Matthew Miller, criado em Nova York e convertido judeu com o nome de Matisyahu (foto), alvo de várias manchetes.

Youth foi, a rigor, seu terceiro disco (o segundo de estúdio), mas o primeiro a causar sensação e a transformar Matisyahu em astro do mercado fonográfico, sobretudo nos Estados Unidos. O jovem rapaz inovou, mas nem por isso deixou de pedir a benção ao velho Bob Marley em músicas como What I'm Fighting for. O diferencial foi que Matisyahu se utilizou da batida pop do reggae para passar seu recado espiritual. A letra da ótima faixa-título, Youth, pregou lição de moral na juventude, 'o motor do mundo', de acordo com o refrão. Temas como Indestructable convidaram o jovem a dançar enquanto procuraram fazer sua cabeça com mensagens positivas.

Livre de ideologias, a pegada do som foi garantida pelo produtor Bill Laswell, que ostenta no currículo trabalhos com Iggy Pop e a dupla Sly & Robbie. Matisyahu conseguiu realmente soar original quando aliou o reggae a elementos da música judaica, como em Ancient Lullabye, mas, esmaecida a aura de novidade, será que ele terá fôlego para encarar 2007? O tempo rei é quem vai dizer...

8 de dezembro de 2006

Ana Carolina peca por excessos em disco duplo

Resenha de CD
Título:
Dois Quartos
Artista:
Ana Carolina
Gravadora:
Sony BMG
Cotação:
* *

Título que alude ao fato de o quarto álbum solo de Ana Carolina ser duplo, Dois Quartos traduz também a dualidade da boa cantora e compositora mineira neste trabalho marcado por excessos. Há duas Anas no CD. A que anseia por renovação, ciente do desgaste iminente de seu cancioneiro confessional, e a que se sente cobrada (pela gravadora Sony BMG e por ela própria) a se manter em alta nas paradas radiofônicas. Para estas, há - por ora - a banal Rosas, música do gaúcho Antonio Villeroy aditivada com levada de pop rock pelo produtor Marcelo Sussekind (pouco afeito a ousadias...).

A propósito, o eclético time de produtores - formado por Dunga, Guto Graça Mello e Nilo Romero, com colaborações eventuais de Afo Verde, DJ Zé Pedro, Ana e do citado Sussekind - trabalhou em parceria com a artista, aparentemente decidida a tomar as rédeas de seu trabalho. Mas, talvez justamente pela liderança onipresente da artista, faltou rigor na seleção do repertório. Dois Quartos poderia ter rendido um ótimo CD simples. Em seu formato duplo, dividido em dois discos subintitulados Quarto e Quartinho, acaba resultando repetitivo. Com uma (ligeira) supremacia do primeiro.

"Meninas sangrando na boca / E no meio das pernas / No meio da noite / Tomando cacete / Sem dente, sem leite", indignam-se os versos de Nada te Faltará (Ana e Antonio Villeroy), a música que abre o Quarto, com intervenção do cantor africano Lokua Kanza, já sinalizando a poética forte de parte do repertório. Se Ana pega pesado nos versos, como comprovam as altamente erotizadas Eu Comi a Madona (Ana, Mano Mello e Antonio Villeroy) e Cantinho (Ana e Gastão Villeroy), a voz soa mais suave, menos gritada. Ana abaixou o tom, mesmo quando reafirma sua bissexualidade em Homens e Mulheres (somente de Ana), pontuada pelo bandoneón de Ubirajara Correa. A redução do volume vocal minimiza erros...

Versando sobre o trinômio 'amor, sexo e política', com ênfase nas questões sentimentais, as letras por vezes esbarram nos clichês românticos, como na boa balada Ruas de Outono (Ana e Antonio Villeroy). A propósito, o CD está apinhado de canções passionais típicas da obra da artista. Algumas bacanas, como a abolerada Tolerância (Ana e Antonio Villeroy). Outras mais comuns, casos de Corredores (somente de Ana) e de Claridade (Ana com Aleh).

É preciso garimpar o repertório para encontrar o ouro escondido em Dois Quartos. Há, claro, faixas reluzentes como o tango pop Manhãs (Ana, Antonio Villeroy e Bebeto Alves) e a ótima O Cristo de Madeira, tema somente de Ana, em que, sob a batida áspera da bateria de Jean Dolabella, a cantora traça o perfil de um assassino posto à solta, perplexo no mundo. O Cristo de Madeira indica que há caminhos a serem percorridos pela autora na busca salutar de renovação. Os temas instrumentais do Quartinho - La Critique, de tom mais exótico, e o belo Sen.ti.mentos - sublinham a diferença deste para outros discos da artista, como Estampado (álbum de 2003 marcado por maior e recomendável variedade de parceiros) e Ana Carolina (o primeiro e ainda melhor CD de Ana, de 1999).

Pautados pela similaridade estética, Quarto e Quartinho abrem espaço para numerosas baladas arranjadas com cordas - ora por Lui Coimbra, como na melodiosa Aqui (mais uma feita por Ana e Antonio Villeroy), ora por Carlos Trilha, como em Um Edifício no Meio do Mundo, nova parceria de Ana com Jorge Vercilo, menos vocacionada para o sucesso popular do que a recente Eu que Não Sei Nada do Mar, composta sob encomenda para Maria Bethânia.

Infelizmente, não couberam ótimos sambas nos Dois Quartos. A compositora já mostrou intimidade com o gênero. O belo Vestido Estampado, de 2003, foi bordado sob medida para o universo da velha guarda. Mas 1.000, 00 (Nega Marrenta), Chevette (de ritmo marcado pelo pandeiro) e o bossa-novista Milhares de Sambas não têm o corte de alta costura urdido, por exemplo, em Cabide, bom samba de Ana gravado por Mart'nália no CD Menino do Rio.

Enfim, Dois Quartos peca pelo excesso de músicas, nem sempre merecedoras de um registro. Mas vai abrigar fãs da cantora, uma das mais populares do Brasil nos últimos anos. Para o bem e para o mal, Ana Carolina (em foto de André Schiliró) procurou mudar, só que, em essência, continua a mesma. É bom ou ruim? Você decide.

Contratada pela Deck, Leila Maria grava CD gay

Contratada pela indie gravadora carioca Deckdisc, a cantora Leila Maria (foto) vai entrar em estúdio na segunda-feira, 11 de dezembro, para começar a gravar o disco em que interpretará somente músicas que abordam, explicita ou mesmo implicitamente, o universo gay. Intitulado Canções de Amor de Iguais, o CD trará no repertório, entre outras, Nature Boy (clássico de Eden Ahbez que já mereceu bela versão de Caetano Veloso, intitulada Encantado e gravada por Ney Matogrosso), Um Certo Alguém (balada pop composta por Lulu Santos com letra de Ronaldo Bastos e lançada por Lulu em LP de 1983), Mapa-múndi (Marina Lima e Antonio Cícero, gravada por Marina em 1982 no disco Desta Vida, Desta Arte...) e Sexuality (da compositora canadense k.d. Lang, lésbica assumida). Time bem heterogêneo...

A seleção inicial de Leila Maria incluía também Seu Tipo (parceria de Eduardo Dussek e Luiz Carlos Góes que batizou disco gravado por Ney Matogrosso em 1980) e a linda Ilusão à Toa (Johnny Alf), revivida por Caetano Veloso no show de lançamento do disco .

Leila Maria - vale lembrar- é autora de música, Bom É Beijar, que tem sido propagada nos últimos anos na parada do orgulho gay do Rio de Janeiro (geralmente com a presença da excelente cantora).

Bethânia tem um hit de 1979 revivido em novela

Não obstante Maria Bethânia ter acabado de lançar dois belos CDs com várias músicas inéditas, Mar de Sophia e Pirata, a gravação mais ouvida atualmente no Brasil na voz da cantora foi realizada em 1979. É Cheiro de Amor, música do disco Mel, aliás reeditado em agosto na série Maria Bethânia 60 Anos. É que Cheiro de Amor - a rigor, um jingle de motel, criado pelo publicitário Duda Mendonça em parceria com Paulo Sérgio Valle - está tocando diariamente na trilha da novela Pé na Jaca, exibida às 19h pela Rede Globo. A música foi escolhida para ser o tema romântico do casal Maria (Fernanda Lima) e Lance (Marcos Pasquim). Como tem sido muito executada, a tendência é a de que Cheiro de Amor acabe ofuscando as músicas menos radiofônicas dos novos CDs da Abelha Rainha (em foto de Leonardo Aversa).

Retrô 2006 - Prince voltou a reinar nas paradas

E Prince voltou a reinar neste 2006, inclusive do ponto de vista comercial. Lançado em março nos Estados Unidos, o álbum 3121 (à direita) entrou direto no topo da parada da revista Billboard - a mais importante e respeitada do mercado americano. Foi a primeira vez que um disco de Prince já estreou na liderança da parada. A vendagem de 183 mil cópias do CD na primeira semana foi até modesta para os padrões dos EUA, mas sinalizou o ótimo momento do artista. Desde 1989, quando lançou a trilha de Batman, Prince não chegava ao topo da parada. Fato até corriqueiro na década de 80, quando chegou a disputar o trono com Michael Jackson e Madonna pela incomum inventividade mostrada em seus discos. Em 1984, Purple Rain chegou ao primeiro posto (mas não na primeira semana). No ano seguinte, o CD Around the World in a Day repetiria a façanha.

Por conta de crise artística e pessoal, que o motivou inclusive a adotar como nome artístico um símbolo impronunciável, Prince havia se afastado das paradas. Não por acaso, o sucesso começou a voltar quando reviu sua postura e passou novamente a assinar seus discos como Prince, em decisão acompanhada de trabalhos mais consistentes como o recente Musicology, álbum de 2004.

A propósito, Prince começou a voltar a ser Prince em 2004 com o lançamento de Musicology, um álbum à altura de sua produção áurea dos anos 80. 3121 apenas confirmou o retorno à boa forma. Trata-se de um disco exuberante e consistente que pôs Prince de novo no mesmo patamar artístico alcançado por ele na década em que lançou petardos como Sign o' Times. Aliás, Get on the Boat - o funkaço à moda antiga que fecha o CD - foi apenas um exemplo da capacidade do mestre de aglutinar rock, funk e soul em grooves incendiários e antenados com a modernidade. A boa novidade foi um toque (cool) de latinidade em músicas como Te Amo Corazón.

3121 chegou às lojas recheado de amostras de que a velha chama voltara, sim, a acender: o rock funkeado Fury, a balada Satisfied, a incursão pelo rap em Beautiful, Loved & Blessed... Um funk como Black Sweat em nada destoaria do repertório de qualquer álbum editado pelo cantor nos anos 80. Para completar, Prince tocou vários instrumentos e exibiu vocais luminosos. Ou seja, se firmou novamente como um dos grandes criadores da música americana.

P.S.: Aproveitando que Prince voltou à boa forma e às paradas, a Warner Music - a gravadora dona do acervo do artista em sua fase áurea - lançou em agosto a compilação dupla Ultimate Prince. O disco 1 reúne 17 sucessos do astro que se impôs na década de 80 com saborosa fusão de soul, funk, pop e r & b.. Entre os vários hits, Purple Rain, Sign 'O' Times, 1999, Controversy, Uptown, Nothing Compares 2 U (em versão ao vivo) e Diamonds and Pearls. O disco 2 enfileira remixes e versões estendidas de 11 músicas diferentes, incluindo o clássico Kiss, de 1986. Ultimate Prince é para quem não tem os álbuns originais ou sequer uma compilação do artista.

Trilha de Pé na Jaca traz Elis, Milton e Caetano

Valorizada pelo delicioso tema inédito da abertura da novela (Eu Ando Ok, versão de Ridin' High, de Cole Porter, na voz de Zizi Possi), a trilha de Pé na Jaca vai ser lançada em CD (foto) pela Som Livre até o fim do ano. O disco traz gravações de Caetano Veloso (Rocks), Milton Nascimento (Fazenda), Elis Regina (Corsário), Ângela RoRo (Chance de Amar), Céu (Lenda), Negra Li (Você Vai Estar na Minha), Vanessa da Mata (Ainda Bem), Luiza Possi (Escuta), Lenine (Tudo por Acaso), Cidade Negra (Hoje), Marisa Monte (Infinito Particular) e Clara Becker (Paixão) - entre outros nomes.

7 de dezembro de 2006

Korn grava 'Acústico MTV' com Cure e Amy Lee

O grupo Korn (foto) vai gravar CD e DVD na série MTV Unplugged neste sábado, 9 de dezembro. O lançamento do disco e a exibição do programa na emissora estão previstos para fevereiro de 2007. O grupo The Cure, Amy Lee (a vocalista da banda Evanescence) e Chester Bennington (do Linkin Park) participarão da gravação, a ser realizada em um estúdio da MTV norte-americana, em Times Square. Alex Coletti assinará a produção do unplugged do Korn.

Beth oscila entre documentar e festejar samba

Resenha de CD / DVD
Título:
40 Anos de Carreira ao Vivo no Theatro Municipal
Artista:
Beth Carvalho
Gravadora:
Andança / Sony BMG
Cotação: * * *


Em 1º de dezembro de 2005, véspera do Dia Nacional do Samba, Beth Carvalho exerceu mais uma vez seu poder aglutinador e reuniu diversas gerações de sambistas no palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. O show foi gravado e seu registro está sendo lançado, um ano depois, em DVD e em CD duplo (com dois volumes vendidos separadamente). Ambos inauguram o selo da cantora, Andança, batizado com o nome da música que projetou a artista (em 1967).

O DVD começa em tom documental. Após emocionante entrada do Jongo da Serrinha, com Vapor da Paraíba, jongo de Mestre Fuleiro, vem a reprodução de valioso depoimento do seminal João da Baiana - captado em conversa com Donga e Pixinguinha - sobre a repressão policial sofrida pelo samba dos anos 10 aos 30. "Pandeiro dava (enquadramento por) porte de arma", corrobora logo depois Monarco, um dos convidados do show. É a deixa para a apresentação de Delegado Chico Palha com o toque luxuoso do Quinteto em Branco e Preto. Detalhe: o delegado que deu nome ao antigo samba de Hélio e Campolino existiu e entrou tristemente para a História por perseguir (e espancar) os pioneiros sambistas.

A reunião dos bambas no palco (elitista) do Municipal tem valor antropológico por simbolizar a vitória do samba contra quem o oprimiu ao longo de décadas - simbologia já exposta na letra de Tempos Idos, parceria de Cartola e Carlos Cachaça, revivida pelo Quinteto em Branco e Preto. Mas, infelizmente, o tom documental vai se esmaecendo à medida que o DVD avança e o registro acaba se limitando à apresentação do longo roteiro dividido em blocos temáticos pelo diretor Túlio Feliciano, com direito às presenças ilustres de Vó Maria (viúva de Donga, cheia de vitalidade em Pelo Telefone), Dona Ivone Lara (majestosa na bela Acreditar) e Diogo Nogueira (em evolução como cantor, como prova sua leitura de O Poder da Criação, a jóia de seu pai João Nogueira). É uma pena...

Como é impossível historiar o desenvolvimento do samba em 28 números, autores emblemáticos como Noel Rosa ficaram ausentes do roteiro. Se falta documento, sobra festa, sobretudo no redentor pagode armado no palco do Municipal com a reunião de nomes do porte de Zeca Pagodinho, Luiz Carlos da Vila, Dudu Nobre e Almir Guineto. Algumas músicas dessa segunda metade do show já são recorrentes na voz de Beth Cavalho e foram, inclusive, registradas no primeiro DVD da intérprete, A Madrinha do Samba ao Vivo Convida, editado em 2004 com capa que lembra o atual DVD pela repetição do figurino da artista. O roteiro é semelhante.

No fim, a Bateria da Mangueira entra em cena e faz o Carnaval em números como Coisinha do Pai (com intervenção afetiva de Luana Carvalho, filha de Beth) e Vou Festejar. Mais celebrando do que documentando a evolução do samba, 40 Anos de Carreira ao Vivo no Theatro Municipal reforça o poder já matriarcal de Beth Carvalho, cujo currículo pautado pela devoção ao samba a credencia a comandar o espetáculo de caráter histórico e festivo.

Bahiana revisa, 30 anos depois, a MPB dos 70

Mestra do moderno jornalismo musical, com textos invariavelmente pautados pelo equilíbrio e pela clareza, Ana Maria Bahiana reedita livro fundamental para quem quer recordar ou mesmo conhecer a música brasileira produzida nos anos 70. Editado originalmente em 1979, Nada Será Como Antes - MPB Anos 70 - 30 Anos Depois (foto) traz textos e entrevistas feitos no Rio pela jornalista tanto para veículos alternativos, caso do Jornal da Música, como para a grande imprensa, notadamente O Globo, um matutino carioca no qual Bahiana trabalhou na década.

Uma simples reposição do livro em catálogo já seria valiosa, mas Bahiana criou tempero especial que confere charme à reedição da editora Senac Rio: comentários sucintos que contextualizam e até reavaliam tudo o que foi escrito e publicado há três décadas. Com lucidez exemplar na época e na atualidade, Bahiana disserta sobre compositores que (sabe-se hoje) viviam seu auge criativo naquela década erroneamente tida como perdida. Há precisas entrevistas com nomes como Caetano Veloso, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Chico Buarque, Rita Lee, além de radiografias de astros que despontavam, com maior ou menor brilho, na época. Casos de Ney Matogrosso, Simone, Sidney Magal, Peninha e Walter Franco. Há ainda perfis (inéditos e censurados) de Raul Seixas e Tim Maia.

Céu vai chegar aos EUA e à Inglaterra em 2007

Revelação de 2005 com seu primeiro álbum, reeditado este ano pela Warner Music com o acréscimo do remix de Manemolência, a cantora e compositora paulista Céu (foto) terá seu CD lançado nos Estados Unidos e na Inglaterra em 2007. O lançamento nos EUA está programado para abril com o aval e apoio do selo Six Degrees Records - no qual Bebel Gilberto alcançou projeção mundial em 2000 - e de turnê promocional que será feita por Céu na época. Já a edição inglesa do disco ainda não tem data para chegar às lojas britânicas. Mas deverá ser ainda no primeiro semestre de 2007...

Retrô 2006 - Simon não surpreendeu com Eno

Pilar do art rock na fase inicial do grupo Roxy Music, com os pirotécnicos efeitos tirados de pioneiros sintetizadores, Brian Eno foi a surpresa anunciada no título do primeiro álbum de inéditas de Paul Simon em seis anos, lançado em junho. Além de pôr sua eletrônica a serviço da novíssima safra autoral do compositor norte-americano (celebrizado pelo folk feito em dupla com Garfunkel nos anos 60), Eno também assinou três das 11 músicas em parceria com Simon.

Obviamente, a sonoridade do trabalho do artista foi alterada com os arranjos de Eno. Mas não a ponto de realmente surpreender. Há 20 anos, Simon fundava os cânones da chamada world music com o histórico álbum Graceland, reeditado em 2004 pela Warner Music. De lá para cá, ele não conseguiu lançar outro trabalho tão marcante. Surprise resultou igual ao seu antecessor You're the One (2000): soou honesto, mas sem chegar a empolgar. Para fãs saudosos do som de Simon & Garfunkel, um destaque foi Beautiful.

Sim, o coro de Wartime Prayers emocionou, o discurso engajado continuou afiado e o CD certamente calou fundo em corações da América de Bush porque Simon sempre soube ser politizado sem ser panfletário. Só que, no fim das contas, a única faixa feita sem a colaboração de Eno - Father and Daughter, composta para a trilha do filme Os Thornborrys - assinalou ironicamente que a maior surpresa do álbum pouco acrescentou à música de Paul Simon.

6 de dezembro de 2006

Nelson Freire interpreta sonatas de Beethoven

A gravadora Universal Music lança no mercado nacional o disco em que o exímio pianista brasileiro Nelson Freire toca apenas sonatas de Ludwig Van Beethoven (1770 - 1827). O disco (foto) foi idealizado este ano para a gravadora inglesa Decca. Piano Sonata No. 21 in C Major, OP.53 "Waldstein" é o tema de abertura. Freire é um dos poucos nomes da música erudita do Brasil a ter fama mundial.

Pedro junta time de craques no terceiro CD solo

Faltam as participações de Leny Andrade e de Roberto Menescal para Pedro Lima (em foto de Bruno Casting) finalizar as gravações de seu terceiro CD solo, intitulado Futebol Musical Brasileiro Social Clube. O disco reúne onze músicas que versam sobre o esporte preferido da Nação. André Agra - do selo Sala de Som - é o produtor.

Lima reúne craques no CD. Nilze Carvalho bate bola com o cantor em Meio de Campo, uma composição de Gilberto Gil. Já o maestro Rildo Hora entrou em campo para tocar gaita em Um a Zero, clássico de Pixinguinha e Benedito Lacerda, letrado posteriormente por Nelson Ângelo. Já Neguinho da Beija-flor foi convocado para reforçar os vocais de O Campeão, música de sua autoria. Tal CD será lançado no primeiro semestre de 2007.

Vocalista do grupo Garganta Profunda por cerca de 15 anos, Pedro Lima está jogando nas onze. Atualmente integra o time de atores do musical Império, escrito e dirigido por Miguel Falabella, em cartaz no (histórico) Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro (RJ).

Pausini rebobina hits italianos em CD de covers

Cantora italiana revelada em 1993, ano em que venceu o Festival de San Remo com a música La Solitudine, Laura Pausini conseguiu com seus últimos (fracos) trabalhos se desvincular da imagem teen alimentada por seu repertório inicial. Aos 32 anos, a artista investe em covers de músicas italianas em seu oitavo álbum de estúdio gravado no seu idioma natal, Io Canto (foto), lançado esta semana no mercado brasileiro pela gravadora Warner Music.

Astro do pop latino, o cantor colombiano Juanes participa do CD em dueto com Pausini em Il mio Canto Libero, sucesso de 1972. Tiziano Ferro é o convidado de Non me lo so Spiegare, música de sua própria autoria, de 2003. A faixa-título, Io Canto, é de 1979. Como de praxe em toda a discografia de Laura Pausini, o álbum já está sendo lançado simultaneamente em uma edição em espanhol.

Retrô 2006 - A cantada (irresistível) de Justin

Num 2006 em que veteranos como Bob Dylan, Elton John e Neil Young lançaram grandes e belos álbuns, à altura de seus currículos, um ex-integrante de boyband mostrou que veio realmente para ficar e que o grupo 'NSync é mesmo coisa do passado. O segundo disco solo de Justin Timberlake, FutureSex / LoveSounds (capa à direita), é um dos grandes álbuns internacionais de 2006.

A bem da verdade, a evolução de Timberlake já ficara nítida no CD Justified, seu estupendo primeiro álbum solo, editado em 2002. Seu segundo trabalho individual somente veio confirmar o talento incomum do artista e - o que é realmente surpreendente... - jamais ofereceu mais do mesmo (como Beyoncé no segundo CD, B'Day).

Se Justified evocava os áureos momentos de Michael Jackson, o sedutor FutureSex/LoveSounds esteve bem mais para Prince, embora a influência de Michael ainda seja sentida, sobretudo nas quebradas envolventes de Love Stoned (I Think She Knows). Só que, acima de comparações, Timberlake está criando sua própria personalidade musical. Antenadíssimo com seu tempo, ele reuniu os beats poderosos da grife do produtor Timbaland em boas faixas como SexyBack (o primeiro single, uma das melhores músicas de 2006) e o funkeado rap Chop me Up (outro real destaque, em que figuraram como vocalistas Three 6 Mafia e o próprio Timbaland).

Com letras bacanas, estruturadas no binônio amor e sexo, o álbum ofereceu competente mix de pop, r & b, rap e timbres eletrônicos, só que fora dos padrões usuais. Sexy Ladies teve até batida meio tribal. Sim, houve também canções de formato mais convencional como (Another Song) All Over Again - a única faixa de tom mais meloso - e What Goes Around... Comes Around. Mas o disco foi quente. Bastava ouvir a turbinada balada My Love para constatar que já era impossível resistir às cantadas do sedutor Timberlake...

Sivuca traz Luiz Gonzaga para universo erudito

Admirador da música de Luiz Gonzaga (1913 - 1989), Sivuca traz a obra do Rei do Baião para o universo erudito em seu CD Sivuca Sinfônico (capa à esquerda), editado esta semana pela Biscoito Fino. Aberto pela Rapsódia Gonzaguiana, tema em que o maestro e acordeonista alinha temas como Boiadeiro e Juazeiro, o disco fecha com o Concerto Sinfônico para Asa Branca. Sivuca Sinfônico foi gravado entre 21 e 26 de agosto em shows no Teatro da Universidade Federal de Pernambuco. À frente da septuagenária Orquestra Sinfônica de Recife, sob a regência do maestro Osman Giuseppe Gioia, o velho sanfoneiro também dá um tratamento clássico a músicas de sua autoria - como Feira de Mangaio (parceria com Glória Gadelha, popularizada na voz de Clara Nunes em 1979) e João e Maria (valsa letrada por Chico Buarque na década de 70). Vale conferir!!

5 de dezembro de 2006

DVD de Madonna sai em janeiro com CD-bônus

Com lançamento mundial agendado para fim de janeiro, o novo DVD de Madonna, The Confessions Tour (foto), trará um CD-bônus com algumas músicas extraídas do registro da atual turnê da artista. A gravação foi feita em agosto para especial da rede de TV NBC. Assim como os últimos trabalhos da diva, o DVD tem sua arte gráfica assinada pelo designer brasileiro Giovanni Bianco. E para quem não aguentar esperar até janeiro, um aviso: o canal HBO vai transmitir a gravação do show para o público brasileiro nesta quinta-feira, 7 de dezembro. O registro foi feito em Londres.

Jane Duboc revive Ella e canta o blues mineiro

Jane Duboc (foto) vai entrar em 2007 com dois novos projetos fonográficos. Um deles é o DVD Dear Ella, em que vai abordar o repertório da cantora americana de jazz Ella Fitzgerald (1917 - 1996). O outro é um CD criado em homenagem a Minas Gerais, intitulado Blues in Minas. O último trabalho de Jane foi o CD Glow, gravado para o exterior com o saxofonista Vinicius Dorin e o bom violonista Arismar do Espírito Santo. Aliás, Glow foi editado este ano no Brasil via EMI.

Bio romanceada não decifra o enigma de Milton

Resenha de livro
Título: Travessia

A Vida de Milton Nascimento
Autoria: Maria Dolores
Editora: Record
Cotação: * * *


Milton Nascimento é difícil enigma que ainda permanece indecifrado. Se teve a improvável oportunidade de desvendá-lo, Maria Dolores - jornalista criada na interiorana cidade de Três Pontas (MG), assim como o artista que biografa com texto fluente e enxuto - não o fez. "O Milton é assim mesmo, misterioso. O jeito dele não dá pistas nunca", corrobora o parceiro Caetano Veloso (em depoimento na página 139 do livro).

Travessia - A Vida de Milton Nascimento refaz os passos do genial cantor e compositor em narrativa romanceada que cativa e prende a atenção. Mas ainda não é o retrato definitivo de Bituca, por demais idealizado em um livro cujo mérito é a reconstituição precisa da saga profissional do astro. O homem - com todas as contradições inerentes a qualquer mortal - fica esmaecido face à abordagem do percurso público do artista de talento descomunal.

Mesmo sem procurar decifrar a alma de Milton com profundidade, como Regina Echeverria fez com Elis Regina em Furacão Elis, Maria Dolores não se furta a contar episódios desagradáveis que marcaram a vida do sensível autor de San Vicente e Cais. Como as tristes manifestações de racismo que o impediram de ser o anjo nas procissões da Semana Santa e de entrar no clube que depois, hipocritamente, o homenageou quando Travessia conquistou o Brasil no II Festival Internacional da Canção, em 1967. Ou a justa irritação de Milton com o fato de, já famoso, correr o mundo com seus shows e receber pouco (ou nenhum) dinheiro do falecido empresário Márcio Ferreira. Ou ainda as provações vividas em São Paulo no início da carreira, quando Milton chegou a passar fome enquanto tentava se firmar nos bailes da vida. Sem falar no diabetes que quase lhe tirou a vida em 1996 e que rendeu boatos na imprensa de que a doença do cantor seria aids. E na proibição de pisar em São Paulo em meados dos anos 70. A arbitrariedade cometida pela ditadura contra Milton o afastou forçosamente do filho, Pablo, e fez o artista sofrer calado - outra imposição do duro regime da época. A (triste) passagem é das mais tocantes do livro.

Vicissitudes à parte, o contato inicialmente visceral de Milton com Márcio Borges - o amigo com quem o artista dividiu a paixão pelo cinema na juventude - exemplifica toda a magia fraterna das esquinas mineiras, revividas com detalhes que encantarão quem não leu o ótimo livro Os Sonhos Não Envelhecem, escrito por Márcio e editado em 1996 (vale correr atrás deste - já raro - livro).

Enfim, a travessia pública de Milton Nascimento, de Três Pontas para o mundo, é história interessante que Maria Dolores conta com o aval do biografado. Para quem admira o artista, a biografia é altamente recomendada, ainda que fique muito longe de decifrar o enigma do homem de uma genialidade singular capaz de fazê-lo atravessar as fronteiras com música tão mineira quanto universal.

Leonardo inaugura série global de compilações

No embalo do êxito comercial da coleção Perfil (pela qual acaba de chegar às lojas a primeira coletânea do grupo carioca Los Hermanos), a gravadora Som Livre lança outra série de compilações. Audiência abre com CD de Leonardo (capa à direita). A reunião de músicas tocadas em novelas e programas de auditório da Rede Globo norteia a seleção de repertório da nova série. O disco de Leonardo inclui Sinhá Moça, tema gravado pelo intérprete para a abertura da homônima novela exibida em 2006.

Retrô 2006 - A reedição oficial de Tim Racional

Até então disponível somente em reedições piratas ruins ou em raros exemplares de LPs, vendidos a peso de ouro nos sebos, o cultuado disco Tim Maia Racional foi, enfim, relançado oficialmente em CD em abril de 2006. Coube à gravadora Trama - depois de vencer disputa travada com a Biscoito Fino - restaurar o áudio (extraído de cópia de vinil) deste disco mais comentado do que propriamente ouvido. Mas, infelizmente, o contrato com os herdeiros de Tim Maia previu inicialmente apenas a reedição do primeiro volume (foto). Na seqüência, a Trama lançou neste fim de ano CD com remixes do repertório, feitos por nomes como Max de Castro, João Marcelo Bôscoli, Mad Zoo e (o coletivo) Instituto.

Lançados originalmente em 1975, os dois volumes de Tim Maia Racional tinham aura mítica pelo fato de o cantor ter renegado posteriormente o trabalho, idealizado e gravado quando o Síndico pertencia à seita Universo em Desencanto, então comandada pelo guru Manuel Jachinto na Baixada Fluminense (RJ). Tim vivia seu auge artístico ao se tornar adepto da tal doutrina, em 1974. Ao se desligar da seita, desencantado, o artista destruiu as matrizes dos discos. Só que a reedição da Trama, com a capa original encoberta por luva, provou que o volume um resiste a uma audição racional.

Então na melhor forma vocal, o cantor fez sua pregação em ritmo de soul e funk de ótima qualidade. Na época, a obra de Tim ainda não havia sido contaminada pelo vírus brega que a enfraqueceria progressivamente a partir da década de 80. Mas é preciso separar letra e música em Tim Maia Racional. O discurso é meio pirado porque construído unicamente para propagar a supremacia do tal "mundo racional" idealizado por Manuel Jachinto. A devoção de Tim era tamanha que ele até se dignou a fazer uma música, O Grão Mestre Varonil, para exaltar seu guru. Felizmente, algumas letras - sobretudo as de Imunização Racional (Que Beleza) e Bom Senso - conseguiram extrapolar o universo da seita e, por isso mesmo, se tornaram mais populares. Mas há outras pérolas no rosário de fé cega e som amolado. O funkaço Rational Culture, que dura quase 12 minutos, é exemplo de que, mesmo dentro da seita, Tim não se desencantou com o soul que tão bem soube traduzir para o Brasil.

4 de dezembro de 2006

Série reedita 26 trilhas de novelas e programas

Cinco anos após ter reeditado trilhas antológicas de novelas como O Bem Amado (1973) e Gabriela (1975) na série Campeões de Audiência, a gravadora Som Livre relança mais 26 títulos do gênero em bela coleção que engloba trilhas nacionais de novelas, séries e programas humorísticos. A partir de hoje nas lojas, a série Som Livre Masters - Trilhas tem a grife do titã Charles Gavin e traz para o CD trilhas de tempos em que as seleções musicais das novelas apresentavam temas originais de grandes compositores, convidados pela Rede Globo para criar canções especialmente para os seus folhetins. Eis as 26 relíquias tiradas do baú por Gavin:

Minha Doce Namorada - A trilha da novela de Vicente Sesso, exibida em 1971, reúne gravações de Marília Pêra (Sex Appeal) e Marília Barbosa (Tia Miquita, tema da personagem homônima vivida com sucesso pela atriz Célia Biar). O hit foi Você Abusou, bela música de Antonio Carlos e Jocafi, gravada por Maria Creuza.

O Homem que Deve Morrer - De 1971, a trilha da novela de Janete Clair incluiu parceria bissexta de Edu Lobo com Ronaldo Bastos (Porto do Sol) e rara música de Gonzaguinha (Zambi Rei).

O Primeiro Amor - Assinada pela dupla Antonio Carlos e Jocáfi, a trilha da novela de 1972 destacou o tema Hey Shazan, tocado por Osmar Milito e Quarteto Forma. Shazan era o personagem vivido pelo ator Paulo José. Shazan fazia dupla com Xerife (Flávio Migliaccio). Os dois fizeram tanto sucesso que sobreviveram em um seriado criado e exibido após o fim da trama de Walter Negrão.

O Bofe - É um dos títulos mais importantes esperados da série porque a novela de Bráulio Pedroso, de 1972, teve trilha assinada por Roberto e Erasmo Carlos. Foi o único trabalho da dupla no gênero. Nenhuma música fez sucesso. Talvez pelo fato de fugirem do estilo dos autores. E Roberto e Erasmo nem cantam no disco...

Uma Rosa com Amor - Trilha da novela de 1972, de Vicente Sesso. O ator Felipe Carone, integrante do elenco, interpretou Buona Sera Serafina. Serafina era o nome da protagonista vivida por Marília Pêra. Maria Alcina defendeu a marchinha Xuxu Beleza.

Cavalo de Aço - A novela de Walter Negrão, de 1973, teve trilha nacional assinada por Guto Graça Mello e Nelson Motta em tom épico e eventualmente rural. Só que a seleção não obteve sucesso.

O Semideus - A trilha desta novela de Janete Clair teve a autoria luxuosa de Baden Powell e Paulo César Pinheiro. Foi lançada em 1973 e merece ser (re)descoberta. É um dos destaques da coleção.

Os Ossos do Barão - A trama teatral de Jorge Andrade estreou em outubro de 1973 com trilha assinada pelos irmãos Marcos e Paulo Sérgio Valle. Djavan, ainda desconhecido do público, canta Qual É? em sua primeira gravação em disco. A faixa-título traz o próprio Marcos Valle. A atriz Bibi Vogel defende Mundo em Festa.

Supermanoela - A dupla Antonio Carlos e Jocafi compôs os 12 temas da trilha da história de Walter Negrão, exibida em 1974. Djavan e Maria Creuza estão no (irregular!) elenco de intérpretes.

O Espigão - Novela de Dias Gomes, exibida em 1974. Popular na época, Zé Rodrix assina a faixa-título. Tom Zé, figura raríssima em trilhas de novelas, é autor e intérprete de Botaram Tanta Fumaça. O bamba Nei Lopes, estreante, assina Você Vai Ter que me Aturar.

O Rebu - Outra histórica trilha por ter sido toda composta por Raul Seixas, na época parceiro constante de Paulo Coelho. Como Vovó Já Dizia foi lançada na novela de Bráulio Pedroso, em 1974.

Cuca Legal - Trama jovem de 1975. Gilberto Gil é o compositor da música que batiza a novela de Marcos Rey. Só que o grande hit da trilha foi Linha do Horizonte, que projetaria o grupo Azymuth.

Novela das Seis vols. 1, 2 e 3 - Charles Gavin teve a feliz idéia de reunir em três coletâneas as trilhas de várias novelas das 18h que marcaram os anos 70. Na época, as trilhas das tramas das seis eram lançadas apenas em compactos. Inclui temas de Senhora (1975), Vejo a Lua no Céu (1976), A Escrava Isaura (1976), À Sombra dos Laranjais (1977) e Maria Maria (1978). Dez!!!

Locomotivas - A trilha desta novela de Cassiano Gabus Mendes, de 1977, representa fase em que as seleções musicais dos folhetins já não eram originais. Mas o irado tema que batizou a novela foi composto e cantado por Rita Lee especialmente para o disco. Alô Alô Brasil trouxe a assinatura do então iniciante Eduardo Dusek. Um dos hits foi Coleção, jóia de Cassiano. Destacou Cláudia Telles.

O Astro - Estreado ainda em 1977, o megasucesso de Janete Clair propagava na abertura a música Bijuterias, cantada e composta (com letra de Aldir Blanc) por João Bosco. Mas os sucessos foram Saco de Feijão (com Beth Carvalho), Que Pena (Peninha) e, claro, Um Jeito Estúpido de te Amar, na voz (intensa) de Maria Bethânia.

Te Contei - Rita Lee compôs e Sonia Burnier cantou a música pop que batizou a novela de Cassiano Gabus Mendes, exibida em 1978.

Malu Mulher - A bela foto da capa mostra a reunião de cantoras promovida pelo especial Mulher 80, exibido vai Globo em 1979 na seqüência do sucesso da série Malu Mulher, protagonizada por Regina Duarte e recentemente lançada em DVD. A trilha não traz gravações originais, mas foi marcante por retratar a explosão de cantoras naquele fértil ano de 1979. Tem Simone, Gal, Marina...

Chico City - Trilha do programa humorístico apresentado por Chico Anysio entre 1973 e 1980. O destaque é Isso É Muito Bom, de Anysio (com Arnaud Rodrigues) - nas vozes de Kris & Cristina.

Lingüinha - Antes de estrelar Chico City, o humorista Chico Anysio apresentou o seriado diário Lingüinha X Mr. Yes entre 1971 e 1972. O (bom) disco com a trilha do programa, editado em novembro de 1971, é dos títulos mais raros e obscuros da coleção.

Norminha - Trilha de 1972 inspirada na personagem vivida pelo humorista Jô Soares em seu programa na Rede Globo. É mais uma raridade da coleção. O próprio Jô assinou as músicas em parceria com o maestro Guio de Moraes e com humorista Haroldo Barbosa.

Pirlimpimpim - É a deliciosa trilha do especial infantil de 1982. Lançou o sucesso Lindo Balão Azul (de Guilherme Arantes) entre gravações inéditas de nomes como Ângela RoRo (Cuca), Bebel Gilberto (Narizinho) e Ivone Lara (Festa Animada). Um clássico!!!

Plunct Plact Zuuum - Ainda no rastro da grande repercussão de Pirlimpimpim, a TV Globo produziu e exibiu em 1983 este especial de trilha também primorosa. Em alta, Guilherme Arantes bisava sua inspiração com Brincar de Viver, canção gravada por Maria Bethânia. Raul Seixas voltou às paradas com O Carimbador Maluco. Fafá de Belém lançou Sereia, de Lulu Santos. Estouraram.

A Era dos Halley - De trilha menos inspirada, este especial infantil de 1985 misturou gravações de Tim Maia (Kruel), Titãs (Planeta Morto) e Roupa Nova (Halleyfante). LP não fez sucesso...

TV Colosso - Triha da série infantil exibida entre 1993 e 1997. Zeca Pagodinho defende um partido alto, Tá Ruim pra Cachorro.

Lô lança 'BHanda', CD criado com seus músicos

Grande parceiro de Milton Nascimento no antológico álbum duplo Clube da Esquina, editado em 1972, Lô Borges (foto) volta ao mercado fonográfico com o CD BHanda, assim intitulado por ter sido concebido e gravado em Belo Horizonte (MG) por Lô em parceria com os integrantes de sua atual bhanda.

O 11º título da discografia de Lô Borges reúne 10 músicas. Cinco (Carnaval de Cor, Gira, Nossa Mágica, Trem das Coisas e Universo Paralelo) são parceria do artista com seu irmão Márcio Borges. Letrista de alguns sucessos do grupo Skank, Chico Amaral assina os versos de Segundas Mornas Intenções e O Tempo É Esse. Por falar em Skank, o novo parceiro de Samuel Rosa, o guitarrista César Maurício, é co-autor de duas faixas do CD - Bicho de Plástico e Pode Esquecer.

O último CD de Lô Borges, Um Dia e Meio, foi lançado em 2003. BHanda, a propósito, foi gravado em 2005, mas está chegando às lojas somente neste fim de ano, via Distribuidora Independente.

Bena Lobo grava DVD em que canta Edu Lobo

Bena Lobo (em foto de André Wanderley) grava seu primeiro DVD nesta segunda-feira, 4 de dezembro, em apresentação do show Sábado ao Vivo no Teatro Rival (RJ). Com direção de João Elias, Bena vai cantar música de seu pai, Edu Lobo. Clássico do repertório de Edu, Ponteio terá intervenção de Carlos Malta e Pife Muderno. O roteiro concilia ainda as composições do artista com temas de Caetano Veloso (It's a Long Way), Chico Buarque (Quem te Viu, Quem te Vê) e Tom Jobim (Borzeguim e Boto). Ainda estão previstas as participações de João Donato e do próprio Edu Lobo.

Miúcha canta três cariocas em show e em disco

O roteiro do show que Miúcha (foto) apresenta desde meados de 2006, Uma Cantora e Três Cariocas, vai ser o mote do próximo CD da artista. Os três cariocas do título são Vinicius de Moraes, Tom Jobim e Chico Buarque. Do Poetinha, aliás, a cantora já reviveu a produção autoral solo em seu último belo CD, Miúcha Canta Vinicius & Vinicius, em que reuniu os temas em que o autor de Serenata do Adeus assinou letra e música. O novo álbum deverá sair em 2007.

Retrô 2006 - O lindo 'Duos II' de Luciana Souza

Ainda não foi em 2006 que o Brasil descobriu a linda voz de Luciana Souza. Editado desde 2005 nos Estados Unidos, país em que a intérprete paulista é respeitada no meio musical e já coleciona até indicações ao Grammy no nicho já vago do jazz, o último CD da artista, Duos II (foto), saiu no Brasil em fevereiro com magérrima tiragem de mil cópias e sem a merecida repercussão. Uma pena, pois tal disco está entre os melhores do ano. Sem favor nenhum...

Sem o acento nordestino do CD Brazilian Duos (2002) e sem o piano de Norte e Sul (2003), Duos II é disco de voz e violões - os de Romero Lubambo, Marco Pereira, Swami Jr. e Guilherme Monteiro, que se revezam entre as 12 faixas. O que impressiona é a absoluta perfeição das interpretações de Luciana, que transita entre o samba e a canção brasileira. Mesmo um tema associado a Elis Regina, como Atrás da Porta (Chico Buarque e Francis Hime, 1972), ressurgiu em releitura imponente que conjuga técnica e dosada emoção. Aliás, vem também do repertório da Pimentinha o samba que abre o disco, Sai Dessa (Nathan Marques e Ana Terra, 1980), em que já aparece o suingue da voz de Luciana, ainda mais explorado no Sambadalú, tema sem letra composto por Marco Pereira e levado pela intérprete nos scats com o violão de Pereira.

Ao realçar e reverenciar as boas relações da música brasileira com o violão, a cantora tratou como peças de câmera canções como Trocando em Miúdos (Chico Buarque e Francis Hime, 1977) e sambas do quilate de Nos Horizontes do Mundo (Paulinho da Viola, 1978). Mas Duos II incorporou também suave percussão, como o pandeiro tocado pela própria cantora em Chorinho pra Ele, tema de 1976, de autoria de seu padrinho, Hermeto Pascoal. Gravado por Luciana com Romero Lubambo, o choro é a faixa em que a intérprete mais faz uso das liberdades improvisadas do jazz.

Além da percussão, o violão é trocado pela guitarra de Guilherme Monteiro em Você, lenta canção composta em 1960 por Walter Santos e Tereza Souza, pais de Luciana Souza. A guitarra dá clima todo especial à faixa, que encerra um disco que já valeria somente pela gravação impecável de Modinha (Tom Jobim e Vinicius de Moraes, 1958). Tomara que o Brasil ainda aplauda Luciana Souza como o público americano para aumentar a tiragem de seus CDs...

3 de dezembro de 2006

Gal grava 'Dindi' em duo com guitarra de Lanny

Guitarrista ainda associado à Tropicália, Lanny Gordin vai lançar no começo de 2007, com distribuição da Universal Music, o álbum de duetos em que toca com estelar time de convidados. Gal Costa - com quem o exímio músico dividiu vários momentos antológicos no show Fa-Tal (Gal a Todo Vapor) - participa do CD Lanny Duos numa releitura de Dindi, a parceria de Tom Jobim e Aloysio de Oliveira, já gravada por Gal.

Presença indispensável do álbum, Gal (em foto de Daniel Klajmic) integra elenco que inclui também a herdeira tropicalista Adriana Calcanhotto (em Me Dê Motivo, balada da dupla Michael Sullivan e Paulo Massadas lançada por Tim Maia em disco de 1983), Arnaldo Antunes (O Sol, composição de Antunes com Edgard Scandurra), Caetano Veloso (Enquanto seu Lobo Não Vem), Chico César (em Lanny, Qual? - tema do compositor), Fernanda Takai (Mucuripe, o clássico de Fagner e Belchior propagado por Elis Regina em 1972), Gilberto Gil (Abre o Olho, tema da lavra de Gil), Rodrigo Amarante (Evaporar, música de Amarante), Vanessa da Mata (Era Você, um tema inédito da compositora) e Zeca Baleiro (Dê um Rolê, música de Moraes Moreira e Galvão - que Gal já cantava no show Fa-Tal).

Piano embala CDs e DVDs de Camargo Mariano

A gravadora Trama idealizou caixa (foto) no formato de um piano para embalar dois CDs e dois DVDs de Cesar Camargo Mariano. Nas lojas a partir de 11 de dezembro, com tiragem limitada e numerada de 500 cópias, Cesar Camargo Mariano Especial abriga os álbuns Octeto Cesar Camargo Mariano (o primeiro trabalho solo do músico, gravado em 1966 para o selo Som Maior e já reeditado recentemente pela Trama na descuidada série Arquivos RGE) e Duo (dividido com o guitarrista Romero Lubambo), além dos DVDs Piano e Voz (gravado por Cesar em 2003 com seu filho Pedro Mariano) e Duo (com músicas ausentes do CD homônimo).

Mattoso conta 'causos' sem procurar encrenca

Resenha de livro
Título:
Assessora de Encrenca
Autor:
Gilda Mattoso
Editora:
Ediouro
Cotação:
* *

Assessora de imprensa desde a década de 80, já tendo trabalhado com os maiores nomes da MPB e do pop nacional, Gilda Mattoso integra o seleto time brasileiro de profissionais da área que, além de currículo, tem conhecimento de causa suficiente para esmiuçar o jogo de poder que pontua a relação entre artistas e jornalistas. No título de seu primeiro livro, Assessora de Encrenca, Mattoso dá a entender que desvenda os bastidores desse ofício tão tenso cujo exercício opõe, de um lado, jornalistas às vezes arrogantes e despreparados e, de outro, artistas em busca de status e espaço na mídia impressa com os egos inflados e trabalhos que nem sempre merecem a exposição pretendida. Só que a autora, sem procurar encrenca, se exime de revelar estes bastidores. O que faz de fato, com texto agradável, é contar causos que envolvem ídolos como Caetano Veloso (autor do terno prefácio), Tom Jobim e Vinicius de Moraes (com quem Mattoso foi casada). O tom é de adoração...

Com estilo ameno, a autora discorre sobre estes artistas com a segurança de quem não somente trabalhou, mas conviveu com eles de forma pessoal. É divertido saber que Vinicius de Moraes adorava receber visitas imerso em sua banheira e que misturava idiomas quando falava em suas apresentações internacionais. Ou então que Tom Jobim, ao fim de seu último show, em 1994, em Israel, se dirigiu à platéia pedindo em hebraico 'mais dinheiro, mais dinheiro...', quando provavelmente pensava que dizia algo como 'muito obrigado'. Ou ainda que Caetano Veloso travou luta (infrutífera) para diminuir o ar condicionado de hotel português...

A parte chata do livro é quando a autora reproduz trechos de seu diário de viagem, em que relata o cotidiano da estada de nomes como Gilberto Gil e Djavan em países estrangeiros (Gilda Mattoso começou sua trajetória no showbiz em 1978 como produtora de shows de artistas brasileiros no exterior e até hoje é requisitada para transitar com suas estrelas fora das fronteiras nacionais). Nestes relatos, falta o humor delicioso de causos como a vez em que Mattoso, ao visitar Maria Bethânia, não resistiu e comeu os acarajés destinados pela intérprete a Iansã. O tom é quase oficial...

Enfim, Assessora de Encrenca não cumpre o que o espirituoso título anuncia. Apenas diverte com várias histórias que revelam o caráter sensível - e às vezes excêntrico e melindroso - dos ídolos da MPB. E o fato é que ainda está para ser escrito um livro que desvende as regras do jogo entre assessores, jornalistas e artistas.

Fernanda reúne as 11 parcerias de Tom e Chico

Sobrinha da compositora Sueli Costa, a boa cantora Fernanda Cunha (em foto de site oficial) reúne as 11 parcerias de Tom Jobim com Chico Buarque em disco de voz e violão dividido com o guitarrista Zé Carlos. Intitulado Zíngaro, nome da inicial versão instrumental da canção Retrato em Branco e Preto, o disco vai ser gravado em abril e tem lançamento previsto para o primeiro semestre de 2007. Pela ordem das faixas, o repertório é formado por Olha Maria (de 1971), Imagina (de 1983), Eu te Amo (1980), Anos Dourados (1986), Meninos, Eu Vi (1983), A Violeira (1983), Piano na Mangueira (1992), Sabiá (de 1968), Retrato em Branco e Preto (1968), Pois É (1968) e Estamos Aí (1977). Detalhe afetivo: Eu te Amo foi gravada nos anos 80 por Chico em duo com a cantora Telma Costa - a mãe de Fernanda (e irmã de Sueli Costa).

Retrô 2006 - A consagração do U2 no Grammy

Na noite de 8 de fevereiro, o U2 (foto) foi consagrado na 48º edição do Grammy. Com a vitória em cinco categorias, o grupo irlandês faturou troféus sempre importantes como os de Álbum do Ano (How to Dismantle an Atomic Bomb), Canção do Ano (Sometimes You Can't Make it on your Own), Álbum de Rock e Melhor Performance de Rock, derrotando concorrentes como o rapper Kanye West, o cantor Neil Young e o grupo Foo Fighters.

O CD How to Dismantle an Atomic Bomb saiu no primeiro semestre de 2005 e foi saudado com entusiasmo pela crítica por ter sedimentado a volta da banda às suas origens, em retomada iniciada no anterior All That You Can't Leave Behind (2001).

A noite foi do U2 e, em esfera mais ampla, do rock politizado. Ao premiar nomes como o trio americano Green Day, o 48º Grammy laureou também a música que não se restringe à mera função de entretenimento, procurando conscientizar os ouvintes a respeito das injustiças sociais que atrapalham a evolução da humanidade.

A propósito, o discurso humanitário de Bono Vox também ecoou forte em apresentação messiânica da Vertigo Tour no Estádio do Morumbi, em São Paulo (SP), na noite de 20 de fevereiro. É para ficar na memória dos paulistas e dos brasileiros (e do próprio U2).