24 de outubro de 2009

'Iê Iê Iê' de Arnaldo pulsa efervescente no palco

Resenha de Show
Título: Iê Iê Iê
Artista: Arnaldo Antunes (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Circo Voador (RJ)
Data: 24 de outubro de 2009
Cotação: * * * * *

O Iê Iê Iê de Arnaldo Antunes pulsa com vigor efervescente no palco. Inspirado no décimo disco solo do artista, que propõe inteligente releitura da música e da cultura pop formatada na primeira metade dos anos 60, o show que chegou ao Rio de Janeiro já na madrugada deste sábado, 24 de outubro de 2009, é um dos melhores do ano (assim como o CD lançado em setembro). As camisas coloridas penduradas ao fundo do palco - principais peças do cenário de Marcelo Sommer e Márcia Xavier - evocam a plasticidade da pop art e traduzem bem o conceito de um show em que o pop sessentista é atualizado sem purismos ou preconceitos. A ponto de o roteiro inserir samba (Vou Festejar, hit de Beth Carvalho em 1978, reembalado pelo titã do iê iê iê em arranjo roqueiro), forró (Americana, tema de Dorgival Dantas adornado pela guitarra e pelos vocais de Edgard Scandurra) e músicas de Luiz Melodia (Pra Aquietar, único número que não cai tão bem, ainda que o Negro Gato volta e meia dê suas escapadas pelo universo da Jovem Guarda) e Odair José (Quando Você Decidir, tema suplicante costurado no roteiro com o autoral Pedido de Casamento pelo link temático). Tudo é pop. Tudo é iê iê iê na pegada atual da música de Arnaldo Antunes. Um som antenado e escorado no virtuosismo de banda fenomenal que, além do luxo de contar com a guitarra soberana de Scandurra, agrega feras como o tecladista Marcelo Jeneci, o baterista Curumim, o baixista Betão Aguiar e o violonista Chico Salem. Time que bate um bolão!!

Se o Iê Iê Iê de Arnaldo Antunes é amplificado nesse show que roça a perfeição, muito se deve à energia titânica do cantor. Arnaldo canta com todo o corpo, numa movimentação frenética pelo palco. Ao entoar o verso da música-título que cita o Cristo Redentor, ele estende os braços numa citação visual do próprio Cristo que exemplifica o caráter quase performático de suas interpretações. Nada soa aleatório no roteiro oficial da turnê patrocinada pelo projeto Natura Musical (já no bis, o artista se permite licenças poéticas como Cabelo e O Pulso). Tudo parece estar no seu lugar. Inclusive as músicas de discos anteriores. Lançada no álbum Saiba (2004), a canção Consumado - da lavra de Arnaldo com seus parceiros tribalistas Carlinhos Brown e Marisa Monte - reaparece transmutada com perfeição para o universo de Iê Iê Iê. E nem é preciso ficar recorrendo ao passado. O repertório inédito do disco presente enfileira clássicos instântaneos como Invejoso, tema que agrega na banda a guitarra de Fernando Catatau, produtor do álbum. Ora mais pesado (O Que Você Quiser), ora mais suingante (A Casa É Sua), o moderno iê iê iê de Arnaldo Antunes rende também baladas de um romantismo mais burilado do que o propagado nas jovens tardes dominicais dos anos 60. Nessa seara, Longe já se impõe como a obra-prima do cancioneiro atual. A linda balada é valorizada no show por ambientação climática realçada pela iluminação que sai de um globo espelhado. Já a menos inspirada Meu Coração incendeia a platéia porque Arnaldo a canta no meio do público. "Com vocês cantando, tudo fica mais bonito", rasgaria seda o cantor instantes depois, ao se emocionar com o coro forte de Socorro, número do bis. De fato, quase tudo ficou imensamente bonito - quase mágico - quando o iê iê iê titânico de Arnaldo se abrigou sob a lendária lona voadora, cenário do renascimento oitentista do pop nacional, que deu os seus primeiros passos justamente na era do seminal iê iê iê.

'Iê Iê Iê' de Arnaldo agrega Aragão, Odair e Luiz

É ao som da gravação de Já Fui uma Brasa - samba dos anos 60 em que Adoniran Barbosa (1910 - 1982) destila certa nostalgia da modernidade enquanto alude ao sucesso dos "meninos deste tal de iê iê iê" - que Arnaldo Antunes inicia o show Iê Iê Iê. A gravação de Adoniran é ouvida instantes antes de o cantor (em foto de Mauro Ferreira) e os músicos da banda entrarem efetivamente em cena para mostrar a releitura do pop seminal da década de 60 feita por Arnaldo em seu décimo disco solo. Sem purismos, o titã do iê iê iê insere no roteiro do show - cuja turnê chegou ao Rio de Janeiro (RJ) em apresentação iniciada no Circo Voadar já na madrugada deste sábado, 24 de outubro de 2009 - um forró de Dorgival Dantas (Americana), um samba de Jorge Aragão (Vou Festejar, parceria com Dida e Noeci) e músicas obscuras de Luiz Melodia (Pra Aquietar) e Odair José (Quando Você Decidir). Eis o roteiro da (consagradora) apresentação carioca do show Iê Iê Iê:
1. Iê Iê Iê (Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e Marisa Monte)
2. Vem Cá (Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e Marisa Monte)
3. Essa Mulher (Arnaldo Antunes)
4. Americana (Dorgival Dantas)
5. A Casa É sua (Arnaldo Antunes e Ortinho)
6. Invejoso (Arnaldo Antunes e Liminha)
7. Consumado(ArnaldoAntunes,CarlinhosBrown e Marisa Monte)
8. Um Quilo (Arnaldo Antunes e Ciro Pessoa)
9. Longe (Arnaldo Antunes, Betão Aguiar e Marcelo Jeneci)
10. Envelhecer (Arnaldo Antunes, Ortinho e Marcelo Jeneci)
11. Pra Aquietar (Luiz Melodia)
12. Meu Coração (Arnaldo Antunes e Ortinho)
13. Sua Menina (Arnaldo Antunes, Paulo Miklos e Liminha)
14. Pedido de Casamento (Arnaldo Antunes)
15. Quando Você Decidir (Odair José)
16. Sim ou Não (Arnaldo Antunes e Branco Mello)
17. Vou Festejar (Jorge Aragão, Dida e Neoci)
18. O Que Você Quiser (Arnaldo Antunes)
Bis I
19. Socorro (Arnaldo Antunes e Alice Ruiz)
20. Luz Acesa (Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Britto)
21. Cabelo (Arnaldo Antunes e Jorge Ben Jor)
22. Judiaria (Lupicínio Rodrigues)
Bis II
23. O Pulso (Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Toni Belotto)
24. Fora de Si (Arnaldo Antunes)
25. Longe (Arnaldo Antunes, Betão Aguiar e Marcelo Jeneci)
26. Sim ou Não (Arnaldo Antunes e Branco Mello)

Arnaldo filma apresentação carioca de 'Iê Iê Iê'

Ao voltar ao palco do Circo Voador (RJ) para fazer o segundo bis da consagradora estreia carioca da turnê nacional do show Iê Iê Iê, na madrugada de 24 de outubro de 2009, Arnaldo Antunes não repetiu aleatoriamente as músicas Longe e Sim ou Não depois de incendiar o público ao reviver O Pulso e Fora de Si. Como revelou a esse público, as duas musicas tinham mesmo que ser refeitas. É que o titã do iê iê iê - visto acima em foto de Mauro Ferreira - filmou toda a apresentação carioca do show. Em tese, reiterada pela assessoria do artista, a gravação foi feita para o arquivo pessoal de Arnaldo, mas o cuidado de repetir as duas músicas e o aviso posto na entrada do Circo Voador - que advertia o público de que seria feita uma filmagem e de que, ao entrar na casa, o espectador naturalmente consentia no uso de sua imagem - sinalizam que o registro do show carioca provavelmente vai ser utilizado no próximo DVD de Arnaldo Antunes. Quem viver verá...

Íntima, Maria festeja amores do Brasil caboclo

Resenha de Show
Título: Amor, Festa, Devoção
Artista: Maria Bethânia (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Canecão (RJ)
Data: 23 de outubro de 2009
Cotação: * * * *
A despeito de certa incômoda insegurança de Maria Bethânia com as letras de algumas das 35 músicas do roteiro (várias lidas por ela em cena), o show Amor, Festa, Devoção já se impôs na estreia nacional como mais um grande momento da intérprete no palco. Íntima, Bethânia canta amores do Brasil caboclo em repertório que costura músicas dos dois álbuns que inspiraram o espetáculo, Encanteria (o disco da festa e da devoção) e Tua (o disco do amor). As naturezas distintas, mas a rigor complementares, dos álbuns se harmonizam em cena na atmosfera clean proposta pela diretora Bia Lessa. Liderada pelo maestro Jaime Alem, a excelente banda está mais enxuta sem prejuízo da sonoridade. O cenário deixa o palco até nu em alguns números. Mas a intimidade vem mesmo do tom interiorizado com que Bethânia aborda em cena músicas como É o Amor Outra Vez (Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro) e Tua (Adriana Calcanhotto). Por mais que tenha feito sua fama nos palcos por conta de seus arroubos dramáticos, a intérprete (também) se agiganta quando baixa o tom e dosa sua teatralidade. É nesse clima introspectivo que Queixa, música de Caetano Veloso até então inédita na voz de Bethânia, se revela um dos melhores momentos do show. O canto quase susssurante da intérprete é sublinhado pelo toque econômico do violão de Alem.
Na estreia nacional, ocorrida no Rio de Janeiro (RJ) na noite de 23 de outubro de 2009, o show se insinuou morno de início. Após cantar os versos de Santa Bárbara (Roque Ferreira) com a cortina ainda escondendo o palco, Bethânia aparece em cena e revive Vida (Chico Buarque) sem o furor de outrora. Mas logo a entidade Bethânia começa a baixar no palco do Canecão com o texto Olho de Lince, da lavra incandescente do poeta Waly Salomão (1943 - 2003). Orgulhosa, revela sua origem e suas cartas em Feita na Bahia (Roque Ferreira), samba-perfil seguido no roteiro por uma Coroa do Mar (Roque Ferreira) que soa ainda mais reluzente no palco do que no disco. Na sequência, a insegurança da intérprete com a letra de Linha do Caboclo a faz cantar o tema veloz de Paulo César Pinheiro e Pedro Amorim com um pé no freio. Já Encanteria (Paulo César Pinheiro), samba festivo por excelência, se mostra mais ajustado no roteiro quando encerra o show, soando quase deslocado no primeiro ato. Tanto que é na sequência mais íntima e romântica - quando, sentada, Bethânia entoa É o Amor Outra Vez e Tua - que a cantora paradoxalmente começa de fato a deixar sua luz na tradicional casa carioca e nos corações dos fãs. Número seguinte, Fonte (Saul Barbosa e Jorge Portugal) jorra sentimentos intensos e se impõe como o primeiro grande momento do show. É a partir de Fonte que Amor, Festa, Devoção engrena de vez, envolve o espectador na sua delicada teia de emoções e começa a se mostrar, no todo, como o refinado espetáculo que é. Herança do show Maria Bethânia 25 Anos (1990), o canto a capella de Explode Coração é o termômetro que mede a fervorosa devoção dos súditos à sua Abelha Rainha. Entoada em coro pelo público, despida de qualquer ornamento, a canção de Gonzaguinha (1945 - 1991) soa como uma oração. Já Você Perdeu (Marcio Valverde e Nélio Rosa) vem à cena sem arroubos dramáticos, mas com fina teatralidade que se insinua nas entrelinhas do canto contido. Grande surpresa do roteiro, Dama do Cassino (Caetano Veloso) certamente vai soar mais majestosa no decorrer da turnê quando Bethânia estiver mais segura com a letra. Até o Fim (Arnaldo Antunes e Cézar Mendes) ganha clima quase interiorano - realçado pelo acordeom de Vitor Gonçalves - enquanto Balada de Gisberta (da lavra do português Pedro Abrunhosa, inspirado compositor da recente cena pop lusitana) é o perfeito fecho teatral para o primeiro ato por conta dos versos poéticos que expressam dor e saudade, sentimentos reiterados com (mais) força no segundo ato.
Aberto com a canção Não Identificado, momento terno em que Bethânia expressa sua devoção aos pais José (fã fervoroso da canção sessentista do filho Caetano Veloso) e Canô (a quem o show é dedicado), o segundo ato se revela mais coeso. Momento iluminado de Vander Lee como compositor, a congada Estrela evoca o Brasil caboclo exaltado por Bethânia em texto dito após Serra da Boa Esperança (tema de Lamartine Babo, entoado em baixos tons graves). É a deixa para o bloco interiorano, em que convivem a nostálgica melancolia ruralista de Doce Viola (lindo tema de Jaime Alem) e a cadência do samba do Recônvavo Baiano que envolve Saudade Dela (Roberto Mendes e Nizaldo Costa) - lembrança de Edith do Prato (1916 - 2009) - e Ê Senhora (Vanessa da Mata). É nesse bloco, que gira em torno de Saudade Dela, que Bethânia canta A Mão do Amor, o tema de Roque Ferreira que, no disco Tua, aparece apenas como a vinheta que introduz O Que Eu Não Conheço (parceria de Jorge Vercillo e Jota Veloso que não figura no roteiro do show). Nesse ato, o roteiro alinha músicas que falam de amor, dor e saudade numa costura perfeita. Saudade (Moska e Chico César) é toada tão pungente que encanta no palco mesmo sem a voz de Lenine, convidado do sublime dueto do disco Tua. Lembrança do disco e show A Força que Nunca Seca (1999), É o Amor (Zezé Di Camargo) é um breve instante de celebração pura dos êxtases da paixão. Contudo, amor costuma rimar com dor. E é por isso que Bethânia, fã da estrela Dalva de Oliveira (1917 - 1972), levanta voo tristonho nas asas de Andorinha (marcha-rancho de Sylvio Caldas, gravada pelo autor em 1940 e revivida por Dalva em 1967) e pede paz em Bandeira Branca (Max Nunes e Laércio Alves). Para depois levantar, sacudir a poeira e dá a volta por cima com Pronta pra Cantar (Caetano Veloso) e O Que É o Que É (Gonzaguinha), samba-amuleto que celebra o amor à vida e é precedido por Encanteria, agora, sim, em lugar apropriado. Nesse segundo ato de final feliz, Maria Bethânia já ligou a tomada, abriu a janela e escancarou a porta - parafreseando versos de Olho de Lince - para deixar entrar toda a luz, a emoção e a teatralidade que caracterizam seu canto festivo, amoroso e devoto. O show é lindo e vai crescer na estrada.

Bethânia faz Queixa e canta Abrunhosa no show

Música oferecida pelo autor Caetano Veloso a Maria Bethânia, mas lançada pelo compositor em 1982 no álbum Cores Nomes por não ter atraído a atenção da intérprete na época, Queixa é uma das surpresas do roteiro de Amor, Festa, Devoção - o novo show da cantora, cuja turnê nacional estreou no Rio de Janeiro (RJ), no tradicional palco do Canecão, na noite de sexta-feira, 23 de outubro de 2009. Outra música de Caetano também é - até então - inédita na voz de Bethânia: Dama do Cassino, lançada por Ney Matogrosso em 1988 no álbum Quem Não Vive Tem Medo da Morte, regravada por Jussara Silveira em 1996 e cantada por Gal Costa em 2004 no show Todas as Coisas e Eu. Mas a maior surpresa do repertório de Amor, Festa, Devoção é Balada de Gisberta, forte tema do compositor português Pedro Abrunhosa que encerra o primeiro ato. Eis o roteiro seguido por Bethânia na estreia nacional do belo show, dedicado por ela à mãe, Dona Canô:
Ato I
1. Santa Bárbara (Roque Ferreira)
2. Vida (Chico Buarque)
Texto: Olho de Lince (Waly Salomão)
3. Feita na Bahia (Roque Ferreira)
4. Coroa do Mar (Roque Ferreira)
5. Linha de Caboclo (Paulo César Pinheiro e Pedro Amorim)
6. Encanteria (Paulo César Pinheiro)
7. É o Amor Outra Vez (Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro)
7. Tua (Adriana Calcanhotto)
8. Fonte (Saul Barbosa e Jorge Portugal)
9. Explode Coração (Gonzaguinha)
10. Queixa (Caetano Veloso)
11. Você Perdeu (Márcio Valverde e Nélio Rosa)
12. Dama do Cassino (Caetano Veloso)
13. Até o Fim (Cesar Mendes e Arnaldo Antunes)
15. Drama (Caetano Veloso)
16. Balada de Gisberta (Pedro Abrunhosa)
Instrumental
Ato II
17. Não Identificado (Caetano Veloso)
Texto: Mãe Canô (Maria Bethânia)
18. Estrela (Vander Lee)
19. Serra da Boa Esperança (Lamartine Babo)
Texto: Brasil Caboclo (Maria Bethânia)
20. Doce Viola (Jaime Alem)
21. Pescaria (Wilson Ribeiro Pimentel e Conceição Alves Ferreira)
22. Saudade Dela (Roberto Mendes e Nizaldo Costa)
23. Ê Senhora (Vanessa da Mata)
- com citação de Batatinha Roxa (tema de domínio público)
24. Mão do Amor (Roque Ferreira)
25. Saudade (Moska e Chico César)
26. É o Amor (Zezé Di Camargo)
27. O Nunca Mais (Roberto Mendes e Capinam)
28. Bom Dia (Herivelto Martins)
29. Andorinha (Sylvio Caldas)
30. Bandeira Branca (Max Nunes e Laércio Alves)
31. Domingo (Roque Ferreira)
32. Pronta pra Cantar (Caetano Veloso)
33. O Que É O Que É (Gonzaguinha)
34. Encanteria (Paulo César Pinheiro)
Bis:
35. Noite dos Mascarados (Chico Buarque)

Amorosa, Bethânia dedica festa do palco a Canô

Ao retornar à cena para iniciar o segundo ato do show Amor, Festa, Devoção (cuja turnê nacional estreou no Canecão, no Rio de Janeiro, na noite de ontem, 23 de outubro de 2009), Maria Bethânia canta Não Identificado. Ao terminar a canção do mano Caetano Veloso, a intérprete conta que Não Identificado era, da obra de Caetano, a música preferida de seu pai, José, falecido em 1987. E diz que imaginava que, silencionamente, ele dedicava a canção à sua mãe, Dona Canô. É a deixa para que Bethânia - vista na foto de Mauro Ferreira com o figurino branco de Luiz de Freitas que evoca as vestimentas do Candomblé - revele à platéia que o show Amor, Festa, Devoção é dedicado à sua centenária mãe. "Meu canto é todo seu, Senhora", arrematou a filha amorosa.

Fotos embelezam cenário do show de Bethânia

Assinado pela diretora Bia Lessa, o cenário clean do show Amor, Festa, Devoção - cuja turnê nacional foi estreada por Maria Bethânia no Canecão, no Rio de Janeiro (RJ), na noite de sexta-feira, 23 de outubro de 2009 - fica especialmente bonito no segundo ato, quando é adornado com uma série de quadros com retratos de fachadas de casas do Nordeste. As fotografias das fachadas são de Anna Mariani. Já a iluminação do show é assinada por Lauro Escorel, conceituado diretor de fotografia do cinema brasileiro. Bethânia (em foto de Mauro Ferreira) assina o roteiro em parceria com Fauzi Arap - com quem ela trabalha desde 1967.

23 de outubro de 2009

'Imã' é resultado da atração entre + 2 e o Corpo

Sem lançar disco desde 2006, quando mostrou Futurismo sob a liderança temporária de Kassin, o trio +2 está de volta ao mercado fonográfico neste ano de 2009 com Imã. Trata-se da trilha sonora composta por Domenico Lancellotti com Kassin e Moreno Veloso sob encomenda para um balé do Grupo Corpo. Você Reclama, Broto de Bambu, Sol a Pino, Sopro, Zona Portuária e Jogada Infantil são alguns temas deste disco instrumental que costura elementos de jazz, rock, pop, samba, bossa e (até) música africana.

Breuer produz disco em espanhol do Jota Quest

Mario Breuer é o produtor do primeiro álbum em espanhol do Jota Quest. Inicialmente prevista para agosto de 2009, a gravação do CD aconteceu efetivamente neste mês de outubro, em Buenos Aires, na Argentina. Nome recorrente no trabalho de roqueiros como Charly Garcia, Breuer - de camisa rosa com músicos do grupo no estúdio Circo Beat, na foto disponibilizada no site oficial do quinteto mineiro - ocupou o cargo que, pela ideia inicial do Jota Quest, seria de Afo Verde. Vertido para o castelhano, o repertório é uma espécie de best of da carreira fonográfica do grupo. A filial argentina da Sony Music vai pilotar o lançamento do CD, previsto para 2010. É provável que também saia no Brasil!!

Mallu opta pela Sony Music no segundo álbum

Fenômeno indie projetado pela internet, Mallu Magalhães é - em tese - a prova de que as gravadoras multinacionais já podiam ser peças dispensáveis na engrenagem do mercado musical. Mas eis que a tese, ao menos no caso da cantora de folk, se revela furada. Mallu (em foto de João Vainer) optou por lançar seu segundo álbum - produzido por Kassin - com o apoio da Sony Music. A major vai editar o CD em novembro de 2009 em parceria com a Agência da Música, o selo que lançou em 2008 o primeiro disco de Mallu. Neste segundo trabalho, a cantora enfatiza sua produção autoral composta em português em faixas como Cigarro e Nem Fé Nem Santo. Contudo, músicas em inglês também integram o disco.

Strokes se desentendem ao gravar quarto álbum

Discordâncias marcam a gravação do quarto álbum do grupo The Strokes. De acordo com declarações do vocalista da banda, Julian Casablancas, ao populista jornal inglês The Sun, os músicos estão se desentendendo quanto ao formato final das faixas do sucessor de First Impressions of Earth (2006). "Uns acham que as músicas estão prontas. Outros pensam que ainda não...", disse Casablancas, que, independentemente da solução do impasse, vai lançar seu primeiro disco solo, Phrazes for the Young, em 2 de novembro de 2009. O álbum do Strokes está previsto para 2010...

22 de outubro de 2009

Vocalista do Fresno anuncia CD solo 'Beeshop'

O vocalista do grupo gaúcho Fresno - Lucas Silveira - anunciou via twitter nesta quinta-feira, 22 de outubro, que vai gravar e lançar seu primeiro CD solo ainda em 2009. O disco - que vai ser realizado sob o codinome Beeshop - não é resultado de ruptura com a banda. "O Fresno é e vai ser sempre a minha prioridade", garantiu Lucas no anúncio que fez pelo microblog. Disco de aura pop, The Rise and Fall of Beeshop vai ter músicas como All I Need, Mr. Confusion e Lovers Are in Trouble, entre outras já disponíveis no MySpace do artista.

Teresa canta com Marisa e Seu Jorge em DVD

Marisa Monte e Seu Jorge são os convidados do DVD que Teresa Cristina e o Grupo Semente gravam ao vivo em show agendado para terça-feira, 27 de outubro de 2009, no Espaço Tom Jobim, no Rio de Janeiro (RJ). Melhor Assim é o título do DVD e do CD.
No repertório, a cantora lança inéditas autorais (Capitão do Mato e Poesia, além de Morada Divina, parceria com Arlindo Cruz), apresenta samba da lavra de Adriana Calcanhotto (Beijo sem) e regrava temas de Paulinho da Viola (Cantando, de 1976), Caetano Veloso (A Voz de uma Pessoa Vitoriosa, parceria com Waly Salomão, lançada por Maria Bethânia em 1978) e da parceria de Chico Buarque com Edu Lobo (A História de Lily Braun, de 1983).

No palco, Anna Luisa gira com graça e coesão

Resenha de Show
Título: Girando
Artista: Anna Luisa (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Centro Cultural Carioca (RJ)
Data: 21 de outubro de 2009
Cotação: * * * 1/2
Talvez por gravitar em torno de um regionalismo pop que remete, em alguns momentos, ao universo musical de Roberta Sá, Anna Luisa ainda não tenha alcançado projeção maior. Mas o show Girando confirma no palco a evolução do álbum homônimo, produzido por Rodrigo Vidal e editado em outubro de 2008. Embora não tenha uma voz especialmente marcante, a cantora carioca domina a cena com graça. Coeso, o show Girando é valorizado também pela afiada banda arregimentada por Anna e pelo bom gosto que norteia a seleção do repertório. Aberto com Tonta, a música de Eugenio Dale que ganhou clipe lançado na apresentação da artista no Centro Cultural Carioca na noite de 21 de outubro de 2009, o roteiro do show prossegue com Os 'Pingo' da Chuva - que cai pesado demais sem a vivacidade brasileira do registro do grupo Novos Baianos - e alcança seu primeiro belo momento com Bailarina do Mar, tema que sinaliza o progresso da cantora como compositora. Contudo, o coro ouvido na canção - incrementada no show pelo gingado da bailarina Aline Valentim - é nítido ponto de interseção com a música de Roberta Sá. E, num próximo trabalho, Anna precisa diluir esses pontos para burilar sua própria identidade no mercado. Tal similaridade a prejudica...
Se Lágrima Negra (Ana Clara Horta, João Bernardo e Miguel Jorge) cai no show tão furtiva quanto no disco, Seu Moço - a ciranda de Edu Krieger - logo se impõe como outro grande trunfo do roteiro enxuto. E, a partir daí, o show engrena de vez. Cachaça Mecânica - número em que a artista convoca para o palco o ator Flávio Bauraqui, também cantor de voz grave, quase soturna - embebe o espectador numa atmosfera de sedução que continua em Louco (Ela É seu Mundo), o samba de Wilson Batista (1913 - 1968) entoado por Bauraqui com percussão e vocais harmoniosos de Anna. Na sequência, um clima de samba ambienta Um Par (Rodrigo Amarante) e abre caminho para Espumas ao Vento, o hit nordestino em que a intérprete esboça gestuais graciosos, numa fina sintonia com a cantada passada nos versos populares do compositor Acioly Neto. Entre o relativo peso de Pedacinho da Vida (tema autoral do disco anterior da cantora, Do Zero) e a leveza envolvente de Cold Kiss (a canção em inglês de Antonio Dionisio), fica o suingue do xote O Osso, de Rodrigo Maranhão. Suingue que, em outra latitude, amortece em seguida o peso da súplica esboçada pela intérprete em Socorro (Arnaldo Antunes e Alice Ruiz). Na sequência, Anna Luisa sintoniza Parabolicamará (Gilberto Gil) em um tom heavy que é mantido pelo guitarrista Fernando Caneca em Fazendo Música, Jogando Bola (Pepeu Gomes). No bis, o baticum dos percussionistas Adriano Sampaio e Thiago Magalhães sustenta Caribantu (Lenine) e o bailado do grupo Rio Maracatu enfeita Serena, arrematando a boa impressão deixada por Anna Luisa - voz em evolução nesse país de cantoras.

Inclassificações de Ney valorizam Beijo Bandido

Resenha de CD
Título: Beijo Bandido
Artista: Ney Matogrosso
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * * * 1/2

Poucos cantores podem irmanar num mesmo disco - sem prejuízo da elegância - tema de Vinicius de Moraes (1913 - 1980), Medo de Amar, e pérola pescada em garimpo kitsch, Tango pra Teresa, hit melodramático fornecido para Ângela Maria nos anos 70 pela dupla Jair Amorim e Evaldo Gouveia. Ney Matogrosso - que já dedicou disco ao repertório da Sapoti (Estava Escrito, 1994) - pode. Beijo Bandido é o disco. Mais um grande acerto na obra fonográfica deste intérprete mutante por natureza, o CD registra em estúdio o repertório do show que lhe dá nome. Show criado circunstancialmente na turnê de Inclássificáveis, o anterior espetáculo de aura roqueira em que Ney se vestiu com brilhos e fantasias. Em Beijo Bandido, o brilho é somente da voz e dos arranjos do pianista e diretor musical do álbum, Leandro Braga, líder de um quarteto que agrega também Lui Coimbra (violão e violoncelo), Ricardo Amado (violão e bandolim) e Felipe Roseno (percussões). Ney se despe para ficar nu com sua música. E que música! O disco alinha 14 joias que, com maior ou menor brilho, são lapidadas pela voz do cantor, em majestosa forma aos 68 anos.
Na ordem do CD, a dramaticidade de Tango pra Teresa é seguida pelo clima abolerado que ambienta De Cigarro em Cigarro (Luiz Bonfá). Na sequência, uma ainda arrebatadora Fascinação (Dante Marchetti e Maurice de Feraudy em versão de Armando Louzada) acentua o tom camerístico do disco. Que, no entanto, adquire contornos pop em A Cor do Desejo (Junior Almeida e Ricardo Guima) - tema em que Ney, lânguido, explora a sensualidade contida nos versos - e em Nada por mim (Herbert Vianna e Paula Toller), único momento em que o álbum e o cantor soam mais triviais. Contudo, Ney Matogrosso quase nunca é óbvio, trivial. Camaleão, o cantor se embrenha nos repertórios mais recônditos. Beijo Bandido já teria mérito somente por jogar luz sobre a obra do compositor Vítor Ramil, ainda não valorizado na música brasileira na medida de seu imenso talento. De Ramil, Ney regrava esplendidamente Invento, de cuja letra foi extraído o título do disco. Entre a atmosfera de samba-canção que pauta Segredo (Herivelto Martins e Marino Pinto) e a leveza pop de Mulher sem Razão (Cazuza, Dé Palmeira e Bebel Gilberto - já sem causar tanta surpresa por ter tido sua beleza propagada em 2008 na voz antenada de Adriana Calcanhotto), o intérprete reafirma o rigor estilístico em Doce de Coco (Jacob do Bandolim e Hermínio Bello de Carvalho) e A Distância (tristonha e belíssima balada da lavra de Roberto e Erasmo Carlos, lançada pelo Rei em 1972). É luxo só!
Por mais que seja o registro de um show, o disco Beijo Bandido tem textura diversa do espetáculo que vai voltar à cena em 13 de novembro de 2009, em São Paulo (SP). O CD tem nuances como as passagens instrumentais de Bicho Sete Cabeças (Geraldo Azevedo, Zé Ramalho e Renato Rocha) em que o bandolim de Ricardo Amado evoca o inusitado universo do choro. O disco tem pegada, perceptível no arranjo de A Bela e a Fera, tema pouco conhecido da trilha sonora composta por Chico Buarque e Edu Lobo para o balé O Grande Circo Místico. Contudo, o ápice do disco - seu ponto de fervura e exata tensão - é As Ilhas, a música de Astor Piazzolla e Geraldo Carneiro que Ney já gravara em 1975 num compacto inserido como bônus em seu primeiro álbum solo, Água do Céu Pássaro. Em novo exuberante registro, As Ilhas conecta Beijo Bandido a esse brilhante (re)começo de carreira de Ney Matogrosso. Ali já se esboçava a inclassificável natureza desse intérprete que nunca perdeu o viço e a voz. A pegada, enfim.

Hancock grava com Céu em SP faixa para DVD

O pianista de jazz Herbie Hancock gravou com a cantora Céu (foto) faixa de seu DVD The Imagine Project, que junta o músico norte-americano a artistas de vários pontos do mundo - como o guitarrista inglês Jeff Beck e o indiano Ravi Shankar, fera do sitar. A faixa com Céu foi gravada no estúdio NaCena, em São Paulo (SP), com os músicos Curumim (na bateria), Lucas Martins (no baixo) e Rodrigo Campos (percussões). Herbie lançará o projeto em 2010.

Cantora faz CD com parcerias de Paulo e Pedro

Bandolinista, Pedro Amorim desenvolve trabalho essencialmente instrumental. Mas sua obra autoral inclui também temas letrados e, nesse caso, o parceiro mais constante de Amorim é o poeta Paulo César Pinheiro. Cantora carioca, Ilessi - cujo nome significa Casa do Saber na língua Iorubá - joga luz sob essa ainda obscura parceria no CD Brigador, inteiramente dedicado à produção de Amorim com Paulo Pinheiro. Gravado em 2007, com produção capitaneada por Ilessi com Luís Barcelos, o álbum vai ser lançado até o fim deste mês de outubro de 2009, o ano em Pinheiro festeja 60 anos de vida. Com dez faixas, Brigador - Ilessi Canta Pedro Amorim e Paulo César Pinheiro tem a participação especial da cantora Amélia Rabello no choro Ponta de Punhal. Já Serena conta com arranjo do pianista Cristovão Bastos (as demais foram arranjadas por Luís Barcelos). Pedro Amorim canta com Ilessi o samba Julgamento e toca bandolim na faixa afro A Sina do Negro.

21 de outubro de 2009

Diogo finaliza clipe e comemora tetra na Portela

Já está em fase de finalização o clipe de Tô Fazendo a Minha Parte, samba que dá título ao segundo CD de Diogo Nogueira. Dirigido por Bruno Murtinho, o primeiro clipe de Diogo vai ser exibido na TV a partir de novembro de 2009. O vídeo, que aborda o duro cotidiano do trabalhador brasileiro, conta com convidados como Alcione (como uma baiana que vende quitutes), Nelson Sargento (na pele de apontador de jogo de bicho), Leandro Sapucahy (como um policial), Monarco (na função de trocador de ônibus) e Luiz Melodia (na pele de um vendedor de bíblias), entre outros artistas.
Enquanto aguarda a finalização do clipe, Diogo Nogueira festeja o tetracampeonato como autor do samba-enredo da Portela. Pelo quarto ano consecutivo, a escola de Madureira vai desfilar com um samba assinado por Diogo com seus parceiros Ciraninho (co-autor dos outros três sambas campeões da agremiação), Rafael dos Santos, Naldo e Junior Scafura. Derrubando Fronteiras, Conquistando a liberdade... Rio de Paz, em Estado de Graça!!! é o nome do enredo da Portela para o Carnaval de 2010.

Preta anima 'auditório' gls em gravação de DVD

Resenha de Show - Gravação de DVD
Título: Noite Preta
Artista: Preta Gil (em foto de Mauro Ferreira)
Local: The Week (RJ)
Data: 20 de outubro de 2009
Cotação: * * 1/2

"Vou ganhar o Troféu Abacaxi?", perguntou, marota, Preta Gil para seu público, após ter errado a letra de Perigosa e, com isso, ter provocado a interrupção do número em que traz para o universo da dance music o primeiro grande hit das Frenéticas na era das discotecas. Foi espontânea, mas sintomática, a alusão de Preta ao troféu concedido pelo apresentador Abelardo Barbosa (1917 - 1988), o Chacrinha, aos calouros de seu programa de TV. Mais do que cantora, Preta se comportou novamente como animadora de um imaginário programa de auditório ao pisar outra vez no palco da filial carioca da boate gay The Week para fazer seu show Noite Preta, apresentado com sucesso na boate há alguns meses. A diferença é que, na noite de terça-feira, 20 de outubro de 2009, a cantora gravava seu primeiro DVD, registrando um show que estreou em 2007 no minúsculo palco da Cinemathèque e foi ganhando público e espaço justamente pela animação de Preta Gil.
Na pista da boate, o que se via era um público GLS. Mas, em vez dos gays cheios de carões que frequentam habitualmente a The Week, a platéia agregava basicamente convidados, fãs do show Noite Preta, alguns vindos de outras cidades. Fãs espontâneos como Preta. Que fizeram coro logo que, às 22h40m, foi ouvido o prefixo de Noite Preta, o sucesso de Vange Leonel em 1991, do qual Preta pegou emprestado o título para batizar seu show. Eis então que surgiu no palco a estrela da noite. E seguiu-se uma sequência de músicas - Andaraí, Muito Perigoso, Medida do Amor - que são hits entre o público da artista. O suingue funkeado destes temas é similar ao que molda a inédita autoral Meu Valor, em que Preta se perfila com grande generosidade, exaltando a própria espontaneidade. Cativado mais pelo carisma e pelas tiradas da cantora-animadora do que pelas músicas em si, o obediente e fiel auditório segue os comandos de Preta, canta a plenos pulmões Stereo (a inédita que Ana Carolina forneceu para Preta ao longo da temporada) e incendeia ao ver a mesma Ana se enroscar com Preta no bailado sensual que esquenta Sinais de Fogo, tema da recorrente Ana (composto com Totonho Villeroy) que em 2003 foi hit radiofônico na voz miúda de Preta. A temperatura alta contrasta com o clima ameno do número que, momentos antes, unira Preta ao seu pai, Gilberto Gil, em Drão, lembrança afetiva da música composta por Gil para a mãe de Preta, Sandra Gadelha. Ao fim, a delicada canção ganha (dispensáveis!) floreios de Gil e Preta.
O repertório de Noite Preta gravita inicialmente em torno do universo musical urdido pela artista em seus dois álbuns, Prêt-a Porter (2003) e Preta (2005). O problema é que, à medida em que avança, o show se desconecta desse conceito e o roteiro passa ser moldado mais para satisfazer a platéia. E, aí, vale tudo, desde entrelaçar sucessos de Kelly Key e Perlla (Baba com Tremendo Vacilão) até misturar hits do axé e do pagode baiano (Céu da Boca com Chupa que É de Uva). Entre um e outro número, Preta cita hits de Fernanda Abreu (Garota Sangue Bom e Rio 40º Graus), dilui o suingue de Seu Jorge (São Gonça), levanta a bandeira GLS em Gatas Extraordinárias (com direito a inserções do xote Eu Só Quero um Xodó e da timbaleira Beija-Flor) e perde o pique ao acompanhar o ritmo veloz de Estrelar, hino carioca à malhação, emplacado nas rádios em 1983 por um pop Marcos Valle. Dessa miscelânea, o maior acerto é a recuperação de Cheiro de Amor, hit de motel gravado por Maria Bethânia em 1979 e revivido por Preta em seu segundo álbum. Pode vir a ser o sucesso radiofônico do DVD a ser lançado no Carnaval de 2010. Apesar dos excessos (com o sucesso do show, a espontaneidade de Preta já soa menos espontânea e mais profissional), ou talvez mesmo por causa deles, a vibe de Noite Preta é boa. Por ser competente animadora de seu auditório, Preta Gil vai para o trono - e sem o Troféu Abacaxi.

Sinais de Fogo incendeia boate com Ana e Preta

Em 2003, ao lançar seu primeiro CD, Prêt-à Porter, Preta Gil conseguiu emplacar grande sucesso radiofônico, contra todos os prognósticos pessimistas. O hit foi Sinais de Fogo, a música que ganhou de Ana Carolina. Pois foi esta música - composta por Ana em parceria com Totonho Villeroy - o número mais explosivo da gravação do primeiro DVD de Preta, em apresentação especial do show Noite Preta na boate carioca The Week, na noite de terça-feira, 20 de outubro de 2009. Emoldurado por apropriadas luzes vermelhas, o caloroso encontro de Ana com Preta - vistas acima numa foto de Mauro Ferreira - em Sinais de Fogo incendiou o público GLS que ocupava a pista da boate. Ana soltou o vozeirão mais no início da música. Depois, passou a interagir com Preta em atmosfera de sedução. Com direito a enroscados sensuais, que culminaram num beijo na boca, o número elevou a temperatura a tal ponto que o público pediu - em vão... - para que fosse repetido.

Preta forma trio afetivo com pai e filho em Drão

"Ela teve a quem puxar", gracejou Gilberto Gil, enquanto Preta Gil fazia suas gracinhas no palco montado na boate carioca The Week para a gravação ao vivo do DVD do show Noite Preta, na noite de terça-feira, 20 de outubro de 2009. Gil (visto com Preta na foto de Mauro Ferreira) estava visivelmente orgulhoso ao se deparar com um público que era todo de sua filha, e não seu. E o que seria um dueto afetivo na regravação de Drão - a bela canção de 1982 composta por Gil para a ex-mulher Sandra Gadelha ao se separar da mãe de Preta - se transformou num trio familiar com a adesão (bastante discreta!) de Francisco, filho único de Preta, na guitarra.

Coletânea da Som Livre perfila Rappa com falha

Com sua incendiária mistura de rock, reggae e rap, o grupo carioca O Rappa se tornou um dos nomes mais contundentes da geração pop projetada nos anos 90. Pena que a coletânea da banda lançada neste mês de outubro pela gravadora Som Livre - dentro da série Perfil - monte com falha um painel da boa discografia do Rappa, que sobreviveu à conturbada saída de Marcelo Yuka, cujas letras fortes, escritas com aguda consciência social, ajudaram a dar o tom da música da banda. A falha acontece pelo fato de não haver - entre as 17 faixas da compilação - sequer um fonograma do primeiro álbum do grupo, O Rappa, editado em 1994. A seleção, que começa a partir do álbum Rappa Mundi (1996), inclui registro de Hey Joe com a participação de Marcelo D2, entre hits como Minha Alma (A Paz que Eu Não Quero), Me Deixa e A Feira.

Anna Luisa lança clipe de 'Tonta', tema de Dale

Anna Luisa lança nesta quarta-feira, 21 de outubro de 2009, o clipe de Tonta, música de Eugênio Dale que integra o repertório de seu terceiro CD, Girando. Dirigido por David Valcarcel e Larri Antha, o vídeo foi gravado no parque Terra Encantada - situado no Rio de Janeiro (RJ) - e também na casa do autor de Tonta. Além do ator Flávio Bauraqui (visto com Anna Luisa na foto de Marcella Azal), o clipe conta com a participação da filha caçula de Rodrigo Vidal, produtor do álbum (lançado em outubro de 2008).

20 de outubro de 2009

Rihanna anuncia álbum 'Rated R' e lança single

Rated R. Eis o título do quarto álbum de Rihanna, o primeiro desde Good Girl Gone Bad, o feliz disco de 2007 que emplacou hits mundiais como Umbrella. Nas lojas a partir de 23 de novembro de 2009, numa parceria da gravadora Def Jam com a Universal Music, Rated R foi enfim anunciado nesta terça-feira, 20 de outubro, dia em que também foi lançado o primeiro single do álbum, Russian Roulette, tema escrito e produzido por Ne-Yo. A propósito, o time de produtores e compositores de Rated R inclui Justin Timberlake, Stargate, Chase & Status, The Dream e Tricky Stewart. Anthony Mandler dirige o clipe do single.

Brandão capta tensões urbanas em álbum febril

Resenha de CD
Título: Amnésia
Programada
Artista: Arnaldo Brandão
Gravadora: ABPB Música
Cotação: * * * 1/2

Quem começar a escutar o terceiro disco solo de Arnaldo Brandão a partir da boa última faixa, Não Ligue o Gás, súplica feita ao som calmo do piano de The Alberto, teria uma primeira ideia errada do trabalho. Amnésia Programada é álbum febril. Escorado na alta voltagem da poesia cáustica de Tavinho Paes, seu parceiro em oito das dez músicas do disco, Brandão - egresso de grupos como A Bolha e Hanoi Hanoi - capta tensões e doenças urbanas em repertório ardente. "Ser livre é ser vigiado", avisa em verso de Sorria Você Tá Sendo Filmado, tema agalopado que se conecta à rede sexual montada na internet. "Tem um cara ali na esquina vendendo almas num bazar / Se paga à vista, dá desconto. O estoque é pra liquidar", propaga curto e grosso em À Venda, faixa que incorpora fragmentos de poema falado por Paes. É fato que nem sempre a música acompanha o pique da poesia, mas os arranjos estão no ponto exato de fervura, entre a MPB (há ecos eventuais da música nordestina), o pop e o rock, este evocado mais na atitude do que nos riffs de guitarra. Destaque da safra inédita, Beijo de Peixe traz a rodada Garota de Ipanema de Tom Jobim e Vinicius de Moraes para a praia poluída de Brandão. Entre regravações do cancioneiro do Hanoi Hanoi (Insônia e O Ano do Dragão), o disco soa trivial somente em Não Vale Nada, cuja letra bate na tecla de enfileirar negações de clichês com versos bobos como "Nem todo time tem Pelé" e "Nem todo sexo é paixão". No todo, Amnésia Programada confirma Arnaldo Brandão como um talento ainda não devidamente incensado do pop rock nativo.

Preta grava 'Drão' com Gil entre inéditas e hits

Preta Gil grava o DVD do show Noite Preta em apresentação agendada para esta terça-feira, 20 de outubro de 2009, na boate gay The Week, situada no Centro do Rio de Janeiro (RJ). O dueto com Gilberto Gil - com Preta no estúdio em foto clicada por Juliana Reis durante os ensaios - é uma das novidades do roteiro idealizado para a gravação. Pai e filha vão reviver Drão, canção de 1982, composta por Gil para Sandra Gadelha, mãe de Preta. A outra novidade é que Preta se revela compositora na inédita Meu Valor, feita por ela em parceria com Fábio Lessa e Ricardo Marins, músicos de sua banda. Entre pot-pourris de pagodes baianos e funks cariocas, Preta incursiona por sucessos de Xuxa (Doce Mel), Kelly Key (Baba) e Cássia Eller (Gatas Extraordinárias). Com a gravação ao vivo, Preta aproveita para registrar Stereo, a inédita fornecida por Ana Carolina ao longo da temporada do show. Ana, a propósito, é convidada da gravação e vai cantar com a anfitriã Sinais de Fogo, música que deu para o primeiro CD de Preta e que foi hit radiofônico. Já Lulu Santos - que cantaria o funk Condição com Preta - teve que cancelar sua participação por problemas de saúde. Noite Preta, o DVD, vai ser lançado no Carnaval de 2010.

MTV apresenta Scracho com inédita de Nando

Formado em 2003 no Rio de Janeiro (RJ), o grupo Scracho já tem um CD indie no currículo - A Grande Bola Azul, editado em 2007 - e agora tenta vaga no mainstream do pop nacional em parceria com a MTV e com a EMI Music. A gravadora põe nas lojas, em novembro de 2009, o CD e o DVD gravados ao vivo pelo quarteto na série MTV Apresenta. Neste registro de show, a banda rebobina músicas do primeiro disco (Divina Comédia, Universo Paralelo, Morena, Quase de Manhã), lança inédita de Nando Reis (Ficar no Tom) e regrava músicas dos repertórios dos grupos Novos Baianos (A Menina Dança) e Mamonas Assassinas (Chopis Centis). Nos extras do DVD, há vídeo, A Vida que Eu Quero, com entrevista e imagens de bastidores e de shows antigos do Scracho.

Trilha de 'Lula' une Tim, Nana e Zezé & Luciano

Com estreia agendada para 1º de janeiro de 2010, o filme Lula - O Filho do Brasil, de Fábio Barreto, traz gravação inédita da dupla Zezé Di Camargo & Luciano (foto) na trilha sonora que vai ser editada em CD pela gravadora EMI Music entre o fim de novembro e o início de dezembro de 2009. A pedido do Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, Zezé & Luciano entraram em estúdio para gravar a célebre guarânia paraguaia Meu Primeiro Amor (Lejania), popularizada no Brasil em 1952 pela dupla Cascatinha (1919 - 1996) & Inhana (1923 - 1981). A trilha do filme inclui também uma gravação inédita de Nana Caymmi - Nossa Canção (Luiz Ayrão), hit de Roberto Carlos em 1966 - entre fonogramas antigos de Tim Maia (Você), Ivan Lins (Desesperar Jamais, em registro feito em dueto com Roberto Ribeiro), Altemar Dutra (Sentimental Demais), Celly Campello (Estúpido Cupido) e dos Demônios da Garoa (Saudosa Maloca), entre outros nomes.

19 de outubro de 2009

Pitty, MV Bill e Di Ferrero gravam jingle em trio

Como já sentenciou Humberto Gessinger, em verso lapidar de Terra de Gigantes, hit do grupo gaúcho Engenheiros do Hawaii, "a juventude é uma banda numa propaganda de refrigerante". No caso atual, um trio. No ar desde domingo, 18 de outubro de 2009, o novo filme publicitário da Coca-Cola, Cielo, celebra o verão ao som de um jingle que promove o encontro inédito das vozes de Pitty (foto), do rapper carioca MV Bill e do cantor do grupo paulista NX Zero, Di Ferrero. A gravação foi produzida por Dudu Marote. A música se chama Abra a Felicidade e é versão em português (letrada por Paul Ralphes e por Rosana Ferrão) de Open Hapiness, o tema original da campanha publicitária lançada nos Estados Unidos. A ideia é propagar o jingle no rádio, TV e na web.

Bebel amplia rotas e dosa 'loops' em 'All in One'

Resenha de CD
Título: All in One
Artista: Bebel Gilberto
Gravadora: Verve /
Universal Music
Cotação: * * 1/2

Quarto álbum internacional de Bebel Gilberto, mas o primeiro editado pela gravadora Verve, All in One encaminha (sutis) mudanças de rota na (rala) discografia da filha de João Gilberto. A artista amplia as conexões - o CD foi gravado entre Bahia (Brasil), Jamaica e Estados Unidos - enquanto diminui a dose de eletrônica. Dividida entre Carlinhos Brown, Didi Gutman (um argentino que integra o grupo norte-americano Brazilian Girls) e Mark Ronson, entre outros nomes, a produção é antenada e o disco começa bem. O problema continua sendo a produção autoral de Bebel, cuja irregularidade não é atenuada pelas conexões espertas. A faixa-título, por exemplo, é parceria da artista com o violonista baiano Cézar Mendes que dá o tom morno de parte de All in One. Outros temas autorais, como Forever e Secret (Segredo), vão pelo mesmo caminho titubeante. Da lavra própria da artista, a única faixa digna de nota é a singela Canção de Amor, parceria de Bebel com o guitarrista Masa Shimizu. Mas, justiça seja feita, há acertos no disco. Sem se escorar na eletrônica, Bebel se reconecta à Bossa Nova na delicada súplica de Nossa Senhora (Carlinhos Brown e Paulo Levita) e se permite pela primeira vez gravar um tema de seu pai - ninguém menos do que João Gilberto, o papa da bossa cinquentenária - com abordagem elegante de Bim Bom, faixa na qual figura Daniel Jobim no piano e nos vocais, em presença que evoca a aura de Tom Jobim (1927 - 1994), o outro papa da bossa, cujo clima suave também ambienta Far From the Sea (Robertinho Brant e Emerson Pena). Com o auxílio de Didi Gutman e de John King (um dos dois Dust Brothers), Bebel também acerta ao trazer para sua praia um reggae de Bob Marley (1945 - 1981), Sun Is Shining, em versão bilíngue. Já The Real Thing (Stevie Wonder) realça o tom cosmopolita que rege All in One. Por fim, vale dizer que a releitura de Chica Chica Boom Chic - com arranjo que mixa loops com o baticum afro-baiano e o instrumental típico do samba - honra a memória de Carmen Miranda (1909 - 1955), intérprete original do samba-rumba de Harry Warren e Mack Gordon). Encerrado com Port Antonio (Bebel e Didi Gutman), canção batizada com o nome da cidade jamaicana em está situado o Geejam Studio (onde a faixa foi gravada), o CD All in One tem méritos, e estes seriam maiores se Bebel Gilberto tivesse dosado seu sempre fraco cancioneiro autoral - como fez com a eletrônica.

Aos 70, Hime continua no tempo da inspiração

Resenha de CD
Título: O Tempo das
Palavras... Imagem
Artista: Francis Hime
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * * 1/2

O tempo da inspiração parece não passar para Francis Hime. Aos 70 anos, festejados em 31 de agosto de 2009, o compositor retorna ao mercado fonográfico com lindo álbum duplo, O Tempo das Palavras... Imagem. Na realidade, trata-se de dois discos distintos, mas acoplados em edição dupla. O primeiro, O Tempo das Palavras, é grandioso disco de inéditas, em que sobressai aos ouvidos a fartura melódica que norteia a obra de Francis. Ouça uma bela canção de clima camerístico como O Amor Perdido - criada por Francis a partir de poema de Geraldo Carneiro - e comprove que, aos 70 anos, o compositor continua inspirado como nos tempos de juventude. O segundo CD, Imagem, mira o passado, mas tem valor especial na discografia de Francis por seu primeiro trabalho instrumental de piano solo. E o pianista de mão cheia se volta para os temas que compôs para trilhas sonoras de filmes, em outra amostra de que a música de Francis Hime é mesmo coisa de cinema. Mas o que impressiona no confronto de um álbum com o outro é que a produção do presente não fica aquém da produção do passado - como se percebe, por exemplo, no cancioneiro de Chico Buarque, parceiro importante e já ausente da obra de Francis. Encerrado pela valsa-rancho que lhe dá nome, O Tempo das Palavras ostenta a citada fartura melódica - e também uma exuberância instrumental - já na primeira faixa, Adrenalina, esfuziante samba assinado por Francis com Joyce Moreno, parceira também da ligeiramente menos inspirada Rádio Cabeça. Em Maré, bela valsa letrada por Olivia Hime, a exuberância vem também do canto sublime de Mônica Salmaso, convidada da faixa adornada pela harpa de Cristina Braga (luxo bisado em Eterno Retorno, outra parceria de Francis com Geraldo Carneiro). De volta ao samba, Pra Baden e Vinicius honra o gênero e a dupla evocada já no título. Trata-se de parceria de Francis com Paulo César Pinheiro. E por falar em amigos novos e antigos, Francis Hime abre o leque de parceiros para agregar Moska, letrista de Há Controvérsias, faixa que leva o disco a transitar por uma poética menos lírica e mais contemporânea, embora esta não seja necessariamente superior àquela. Por fim, vale ressaltar que Francis Hime assina a direção musical e os arranjos que sempre valorizam as músicas. Com perfeito entendimento do que pede sua obra, o compositor se dá ao luxo de regravar dois temas em Tempo das Palavras. Um, Existe um Céu, é de lavra bem recente e já ganhou registro mais sedutor na voz aveludada de Simone. O outro, O Sim pelo Não, parceria bissexta do compositor com Edu Lobo, é (boa) coisa da antiga, embora o tempo seja conceito relativo neste excelente álbum de Francis Hime, compositor para o qual - vale repetir - os anos de inspiração áurea parecem não passar. Um dos CDs do ano.

Rildo produz disco de inéditas de Beth Carvalho

Beth Carvalho vai retomar sua parceria com o produtor Rildo Hora. Caberá a Rildo pilotar o álbum de inéditas que a cantora (à direita em foto de Thiago Cortes) vai gravar e lançar em 2010. O último trabalho de Beth que contou com a assinatura de Rildo Hora na produção foi Coração Feliz, bom LP de 1984, um dos dois títulos da discografia de Beth que ainda permanece inédito no formato digital (o outro é o álbum Ao Vivo, captado em 1987 no show apresentado pela sambista no Montreux Jazz Festival). Pelo cronograma inicial de Beth, seu próximo álbum de inéditas - o primeiro desde 1996 - ia ser editado neste ano de 2009, mas a cantora adiou a gravação em função da digitalização de seu vasto acervo de fitas, principal fonte de pesquisa do repertório do disco.

Justin e Cyrus no 'Shock Value II' de Timbaland

Justin Timberlake, Miley Cyrus, Chris Brown e Katy Perry (também) fazem parte do extenso time de convidados do terceiro álbum solo de Timbaland, um dos produtores mais requisitados na cena pop dos Estados Unidos. Intitulado Shock Value II, o disco tem lançamento agendado para 24 de novembro de 2009. Uma das músicas - Talk That Shit, faixa que agrega T Pain e Missy Elliott - até já pode ser ouvida na internet. Give It Up to me, faixa que reúne Shakira e Lil' Wayne, é destaque do repertório. Alvo de rumores desde janeiro, a presença de Madonna na faixa Across the Sky já está confirmada.

18 de outubro de 2009

A festa autoral da compositora que sabe tudo...

Resenha de Show
Título: Tanto que Aprendi de Amor
Artista: Fátima Guedes (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Teatro Nelson Rodrigues (RJ)
Data: 17 de outubro de 2009
Cotação: * * * * 1/2
Em cartaz até domingo, 18 de outubro de 2009

Parece que Fátima Guedes já nasceu sabendo tudo sobre a vida, o amor e a arte de fazer música. Quando conseguiu seu lugar ao sol em 1979, gravou um primeiro álbum que abria com Onze Fitas, amostra da precoce sensibilidade musical e poética que logo passou pelo crivo de ninguém menos do que Elis Regina (1945 - 1982). No ano seguinte, a Pimentinha incluiria Onze Fitas no repertório do show e disco duplo Saudade do Brasil (1980). Sintomaticamente, é Onze Fitas a primeira música do roteiro inteiramente autoral do show Tanto que Aprendi de Amor, idealizado pela compositora - que tem se revelado cantora bem desinibida ao longo dos últimos anos - para celebrar seus 30 anos de carreira. Como a verdade não rima, Fátima tem sido posta injustamente à margem do mercado fonográfico nesta década e aproveita esse show retrospectivo para propagar músicas ainda inéditas, como Ela, que esperam chance de gravação em CD/DVD.

Na companhia de quarteto que inclui o tecladista Itamar Assiere e sob a direção musical do guitarrista Nelson Faria, Fátima Guedes apresenta show pautado pela delicadeza, perceptível em números com As Pessoas. A costura do roteiro é feita com poemas de Manuel Bandeira (1886 - 1968), entremeados com músicas da lavra da autora de Lilith (tema suingante em que Fátima ensaia sensuais passos de dança em interação com os músicos do show) e de Faca, tema cortante de tons passionais - não por acaso, é vermelha a luz que adorna o número - que vai ganhando crescente intensidade em cena. Na sequência de Faca, Os Amores que Eu Não Tive reitera o clima de densidade emocional que pontua o show e que é cortado eventualmente por um ou outro número mais leve e suingante, como Black-Tie, tema de atmosfera jazzy. Intérprete hábil na exposição dos sentimentos fortes de suas composições, Fátima rumina mágoas de amor em Eu te Odeio, destila desesperança na amarga Absinto e esboça teatralidade até graciosa para realçar o multifacetado perfil feminino traçado em Ela. A partir de Condenados, tema lançado por Simone que celebra em tom sensual os gozos da paixão, o show vai ganhando cores mais claras. Em Arco-Íris, música de 1981, a compositora - expansiva - festeja a incessante (re)criação da natureza. Em Minha Nossa Senhora, a interpretação da autora vai ficando cada vez mais fervorosa. No fim, Cheiro de Mato - música de 1980, revivida sob apropriadas luzes verdes - tem clima menos interiorano do que o evocado, alguns números antes, pela sanfona que pontua a toada A Vida que a Gente Leva. Mesmo que uma ou outra música ostente inspiração mais regular, caso de Nas Nuvens, o show deixa sensação de satisfação no espectador quando, já no bis, Fátima se despede com a canção Flor de Ir Embora logo depois de esboçar tons lúdicos com Lápis de Cor. Pela sensibilidade original da obra da compositora, coerente nessas três décadas, Tanto que Aprendi de Amor reforça a impressão - quase uma certeza - de que Fátima Guedes já sabia tudo quando apareceu há 30 anos.

Fátima comemora 30 anos de carreira em show

A partir de 1979, o Brasil começou a ouvir a música de Fátima Guedes em vozes como a de Simone, intérprete original da sensual Condenados. Naquele mesmo ano, impulsionada pela explosão de cantoras e compositoras que deu um tom mais feminino à MPB, a artista lançou seu primeiro álbum pela Odeon, Fátima Guedes, com maturidade instantânea, revelada nas inusitadas suturas melódicas e nos versos de temas como Onze Fitas. Para celebrar seus 30 anos de carreira, Fátima Guedes (vista em foto de Mauro Ferreira) montou show, Tanto que Aprendi de Amor, em que insere inéditas como Ela no roteiro de caráter retrospectivo. Em cartaz até este domingo (18 de outubro de 2009) no Teatro Nelson Rodrigues, no Rio de Janeiro (RJ), o show cativa pela força da obra e do canto da compositora. Eis o roteiro inteiramente autoral de Tanto que Aprendi de Amor, cuja música-título foi lançada pela compositora em 1980 em seu segundo (e já raríssimo) álbum:
1. Onze Fitas
2. As Pessoas
3. Lilith
4. Faca
5. Os Amores que Eu Não Tive
6. Eu te Odeio
7. Black-tie
8. Tanto que Aprendi de Amor
9. A Vida que a Gente Leva
10. Nas Nuvens
11. Ela
12. Absinto
13. Condenados
14. Arco-Íris
15. Minha Nossa Senhora
16. Cheiro de Mato
Bis:
17. Lápis de Cor
18. Flor de Ir Embora

Erasmo lança a biografia 'Minha Fama de Mau'

Erasmo Carlos lança sua (aguardada) biografia, Minha Fama de Mau, com noite de autógrafos agendada pela Editora Objetiva para 27 de outubro de 2009, no 00, misto de boate e restaurante localizado na Gávea, no Rio de Janeiro (RJ). Ao contrário do que apregoa o título, o Tremendão é do bem e não fala mal de ninguém no livro, no qual relata fatos curiosos da já lendária carreira (que vai completar 50 anos em 2010) e de seu relacionamento com colegas como Tim Maia (1942 -1998) e, claro, o parceiro, amigo de fé e irmão camarada Roberto Carlos. É tremendo lançamento!!