22 de outubro de 2009

No palco, Anna Luisa gira com graça e coesão

Resenha de Show
Título: Girando
Artista: Anna Luisa (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Centro Cultural Carioca (RJ)
Data: 21 de outubro de 2009
Cotação: * * * 1/2
Talvez por gravitar em torno de um regionalismo pop que remete, em alguns momentos, ao universo musical de Roberta Sá, Anna Luisa ainda não tenha alcançado projeção maior. Mas o show Girando confirma no palco a evolução do álbum homônimo, produzido por Rodrigo Vidal e editado em outubro de 2008. Embora não tenha uma voz especialmente marcante, a cantora carioca domina a cena com graça. Coeso, o show Girando é valorizado também pela afiada banda arregimentada por Anna e pelo bom gosto que norteia a seleção do repertório. Aberto com Tonta, a música de Eugenio Dale que ganhou clipe lançado na apresentação da artista no Centro Cultural Carioca na noite de 21 de outubro de 2009, o roteiro do show prossegue com Os 'Pingo' da Chuva - que cai pesado demais sem a vivacidade brasileira do registro do grupo Novos Baianos - e alcança seu primeiro belo momento com Bailarina do Mar, tema que sinaliza o progresso da cantora como compositora. Contudo, o coro ouvido na canção - incrementada no show pelo gingado da bailarina Aline Valentim - é nítido ponto de interseção com a música de Roberta Sá. E, num próximo trabalho, Anna precisa diluir esses pontos para burilar sua própria identidade no mercado. Tal similaridade a prejudica...
Se Lágrima Negra (Ana Clara Horta, João Bernardo e Miguel Jorge) cai no show tão furtiva quanto no disco, Seu Moço - a ciranda de Edu Krieger - logo se impõe como outro grande trunfo do roteiro enxuto. E, a partir daí, o show engrena de vez. Cachaça Mecânica - número em que a artista convoca para o palco o ator Flávio Bauraqui, também cantor de voz grave, quase soturna - embebe o espectador numa atmosfera de sedução que continua em Louco (Ela É seu Mundo), o samba de Wilson Batista (1913 - 1968) entoado por Bauraqui com percussão e vocais harmoniosos de Anna. Na sequência, um clima de samba ambienta Um Par (Rodrigo Amarante) e abre caminho para Espumas ao Vento, o hit nordestino em que a intérprete esboça gestuais graciosos, numa fina sintonia com a cantada passada nos versos populares do compositor Acioly Neto. Entre o relativo peso de Pedacinho da Vida (tema autoral do disco anterior da cantora, Do Zero) e a leveza envolvente de Cold Kiss (a canção em inglês de Antonio Dionisio), fica o suingue do xote O Osso, de Rodrigo Maranhão. Suingue que, em outra latitude, amortece em seguida o peso da súplica esboçada pela intérprete em Socorro (Arnaldo Antunes e Alice Ruiz). Na sequência, Anna Luisa sintoniza Parabolicamará (Gilberto Gil) em um tom heavy que é mantido pelo guitarrista Fernando Caneca em Fazendo Música, Jogando Bola (Pepeu Gomes). No bis, o baticum dos percussionistas Adriano Sampaio e Thiago Magalhães sustenta Caribantu (Lenine) e o bailado do grupo Rio Maracatu enfeita Serena, arrematando a boa impressão deixada por Anna Luisa - voz em evolução nesse país de cantoras.

7 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Talvez por gravitar em torno de um regionalismo pop que remete, em alguns momentos, ao universo musical de Roberta Sá, Anna Luisa ainda não tenha alcançado projeção maior. Mas o show Girando confirma no palco a evolução do álbum homônimo, produzido por Rodrigo Vidal e editado em outubro de 2008. Embora não tenha uma voz especialmente marcante, a cantora carioca domina a cena com graça. Coeso, o show Girando é valorizado também pela afiada banda arregimentada por Anna e pelo bom gosto que norteia a seleção do repertório. Aberto com Tonta, a música de Eugenio Dale que ganhou clipe lançado na apresentação da artista no Centro Cultural Carioca na noite de 21 de outubro de 2009, o roteiro do show prossegue com Os 'Pingo' da Chuva - que cai pesado demais sem a vivacidade brasileira do registro do grupo Novos Baianos - e alcança seu primeiro belo momento com Bailarina do Ar, tema que sinaliza o progresso da cantora como compositora. Contudo, o coro ouvido na canção - incrementada no show pelo gingado da bailarina Aline Valentim - é nítido ponto de interseção com a música de Roberta Sá. E, num próximo trabalho, Anna precisa diluir esses pontos para burilar sua própria identidade no mercado. Tal similaridade a prejudica...
Se Lágrima Negra (Ana Clara Horta, João Bernardo e Miguel Jorge) cai no show tão furtiva quanto no disco, Seu Moço - a ciranda de Edu Krieger - logo se impõe como outro grande trunfo do roteiro enxuto. E, a partir daí, o show engrena de vez. Cachaça Mecânica - número em que a artista convoca para o palco o ator Flávio Bauraqui, também cantor de voz grave, quase soturna - embebe o espectador numa atmosfera de sedução que continua em Louco (Ela É seu Mundo), o samba de Wilson Batista (1913 - 1968) entoado por Bauraqui com percussão e vocais harmoniosos de Anna. Na sequência, um clima de samba ambienta Um Par (Rodrigo Amarante) e abre caminho para Espumas ao Vento, o hit nordestino em que a intérprete esboça gestuais graciosos, numa fina sintonia com a cantada passada nos versos populares do compositor Acioly Neto. Entre o relativo peso de Pedacinho da Vida (tema autoral do disco anterior da cantora, Do Zero) e a leveza envolvente de Cold Kiss (a canção em inglês de Antonio Dionisio), fica o suingue do xote O Osso, de Rodrigo Maranhão. Suingue que, em outra latitude, amortece em seguida o peso da súplica esboçada pela intérprete em Socorro (Arnaldo Antunes e Alice Ruiz). Na sequência, Anna Luisa sintoniza Parabolicamará (Gilberto Gil) em um tom heavy que é mantido pelo guitarrista Fernando Caneca em Fazendo Música, Jogando Bola (Pepeu Gomes). No bis, o baticum dos percussionistas Adriano Sampaio e Thiago Magalhães sustenta Caribantu (Lenine) e o bailado do grupo Rio Maracatu enfeita Serena, arrematando a boa impressão deixada por Anna Luisa - voz em evolução nesse país de cantoras.

22 de outubro de 2009 às 14:29  
Anonymous Diogo ! said...

Anna é fã declarada de Marisa Monte e Clara Nunes e talvez por isso seu regionalismo pop seja tão encantador.Vi/ouvi no SOM BRASIL - RAUL SEIXAS e verri fã na hora!

Ainda não fui em nenhum dos seus shows mas fico aliviado de vê-la trabalhando - e não enfiando os pés pelas mãos "só" pra cantar no Canecão ou vendendo até a alma pras politicas de markenting das gravadoras ...


Sucesso pra você Anna
caxias.diogo@bol.com.br

22 de outubro de 2009 às 15:43  
Anonymous Renan Pereira said...

É "Bailarina do Mar" e não do "Ar".

22 de outubro de 2009 às 15:58  
Anonymous Anônimo said...

Gosto muito dessa cantora! Tem uma voz linda.

22 de outubro de 2009 às 19:29  
Anonymous Anônimo said...

Anna Luisa é muito mais brejeira e graciosa que Roberta Sá. A Roberta bem ar blasè.

22 de outubro de 2009 às 19:50  
Blogger Amigos das Bibliotecas said...

Não acho justo você exaltar o trabalho da Roberta como se ela fosse referência para o trabalho da Anna. Elas são da mesma geração, amigas e bebem das mesmas fontes. É inevitável que o trabalho tenha alguma similaridade, e se o trabalho da Roberta conseguiu maior projeção nacional não significa que Anna esteja copiando Sá ou não tenha personalidade.

Salve Anna Luisa!
Salve Roberta Sá!

23 de outubro de 2009 às 09:33  
Anonymous Anônimo said...

Palmas pro´s Amigos da Bibliotecas ... e pra Anninha tbm!

23 de outubro de 2009 às 12:12  

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