No palco, Anna Luisa gira com graça e coesão
Título: Girando
Artista: Anna Luisa (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Centro Cultural Carioca (RJ)
Data: 21 de outubro de 2009
Cotação: * * * 1/2
Talvez por gravitar em torno de um regionalismo pop que remete, em alguns momentos, ao universo musical de Roberta Sá, Anna Luisa ainda não tenha alcançado projeção maior. Mas o show Girando confirma no palco a evolução do álbum homônimo, produzido por Rodrigo Vidal e editado em outubro de 2008. Embora não tenha uma voz especialmente marcante, a cantora carioca domina a cena com graça. Coeso, o show Girando é valorizado também pela afiada banda arregimentada por Anna e pelo bom gosto que norteia a seleção do repertório. Aberto com Tonta, a música de Eugenio Dale que ganhou clipe lançado na apresentação da artista no Centro Cultural Carioca na noite de 21 de outubro de 2009, o roteiro do show prossegue com Os 'Pingo' da Chuva - que cai pesado demais sem a vivacidade brasileira do registro do grupo Novos Baianos - e alcança seu primeiro belo momento com Bailarina do Mar, tema que sinaliza o progresso da cantora como compositora. Contudo, o coro ouvido na canção - incrementada no show pelo gingado da bailarina Aline Valentim - é nítido ponto de interseção com a música de Roberta Sá. E, num próximo trabalho, Anna precisa diluir esses pontos para burilar sua própria identidade no mercado. Tal similaridade a prejudica...
Se Lágrima Negra (Ana Clara Horta, João Bernardo e Miguel Jorge) cai no show tão furtiva quanto no disco, Seu Moço - a ciranda de Edu Krieger - logo se impõe como outro grande trunfo do roteiro enxuto. E, a partir daí, o show engrena de vez. Cachaça Mecânica - número em que a artista convoca para o palco o ator Flávio Bauraqui, também cantor de voz grave, quase soturna - embebe o espectador numa atmosfera de sedução que continua em Louco (Ela É seu Mundo), o samba de Wilson Batista (1913 - 1968) entoado por Bauraqui com percussão e vocais harmoniosos de Anna. Na sequência, um clima de samba ambienta Um Par (Rodrigo Amarante) e abre caminho para Espumas ao Vento, o hit nordestino em que a intérprete esboça gestuais graciosos, numa fina sintonia com a cantada passada nos versos populares do compositor Acioly Neto. Entre o relativo peso de Pedacinho da Vida (tema autoral do disco anterior da cantora, Do Zero) e a leveza envolvente de Cold Kiss (a canção em inglês de Antonio Dionisio), fica o suingue do xote O Osso, de Rodrigo Maranhão. Suingue que, em outra latitude, amortece em seguida o peso da súplica esboçada pela intérprete em Socorro (Arnaldo Antunes e Alice Ruiz). Na sequência, Anna Luisa sintoniza Parabolicamará (Gilberto Gil) em um tom heavy que é mantido pelo guitarrista Fernando Caneca em Fazendo Música, Jogando Bola (Pepeu Gomes). No bis, o baticum dos percussionistas Adriano Sampaio e Thiago Magalhães sustenta Caribantu (Lenine) e o bailado do grupo Rio Maracatu enfeita Serena, arrematando a boa impressão deixada por Anna Luisa - voz em evolução nesse país de cantoras.
7 Comments:
Talvez por gravitar em torno de um regionalismo pop que remete, em alguns momentos, ao universo musical de Roberta Sá, Anna Luisa ainda não tenha alcançado projeção maior. Mas o show Girando confirma no palco a evolução do álbum homônimo, produzido por Rodrigo Vidal e editado em outubro de 2008. Embora não tenha uma voz especialmente marcante, a cantora carioca domina a cena com graça. Coeso, o show Girando é valorizado também pela afiada banda arregimentada por Anna e pelo bom gosto que norteia a seleção do repertório. Aberto com Tonta, a música de Eugenio Dale que ganhou clipe lançado na apresentação da artista no Centro Cultural Carioca na noite de 21 de outubro de 2009, o roteiro do show prossegue com Os 'Pingo' da Chuva - que cai pesado demais sem a vivacidade brasileira do registro do grupo Novos Baianos - e alcança seu primeiro belo momento com Bailarina do Ar, tema que sinaliza o progresso da cantora como compositora. Contudo, o coro ouvido na canção - incrementada no show pelo gingado da bailarina Aline Valentim - é nítido ponto de interseção com a música de Roberta Sá. E, num próximo trabalho, Anna precisa diluir esses pontos para burilar sua própria identidade no mercado. Tal similaridade a prejudica...
Se Lágrima Negra (Ana Clara Horta, João Bernardo e Miguel Jorge) cai no show tão furtiva quanto no disco, Seu Moço - a ciranda de Edu Krieger - logo se impõe como outro grande trunfo do roteiro enxuto. E, a partir daí, o show engrena de vez. Cachaça Mecânica - número em que a artista convoca para o palco o ator Flávio Bauraqui, também cantor de voz grave, quase soturna - embebe o espectador numa atmosfera de sedução que continua em Louco (Ela É seu Mundo), o samba de Wilson Batista (1913 - 1968) entoado por Bauraqui com percussão e vocais harmoniosos de Anna. Na sequência, um clima de samba ambienta Um Par (Rodrigo Amarante) e abre caminho para Espumas ao Vento, o hit nordestino em que a intérprete esboça gestuais graciosos, numa fina sintonia com a cantada passada nos versos populares do compositor Acioly Neto. Entre o relativo peso de Pedacinho da Vida (tema autoral do disco anterior da cantora, Do Zero) e a leveza envolvente de Cold Kiss (a canção em inglês de Antonio Dionisio), fica o suingue do xote O Osso, de Rodrigo Maranhão. Suingue que, em outra latitude, amortece em seguida o peso da súplica esboçada pela intérprete em Socorro (Arnaldo Antunes e Alice Ruiz). Na sequência, Anna Luisa sintoniza Parabolicamará (Gilberto Gil) em um tom heavy que é mantido pelo guitarrista Fernando Caneca em Fazendo Música, Jogando Bola (Pepeu Gomes). No bis, o baticum dos percussionistas Adriano Sampaio e Thiago Magalhães sustenta Caribantu (Lenine) e o bailado do grupo Rio Maracatu enfeita Serena, arrematando a boa impressão deixada por Anna Luisa - voz em evolução nesse país de cantoras.
Anna é fã declarada de Marisa Monte e Clara Nunes e talvez por isso seu regionalismo pop seja tão encantador.Vi/ouvi no SOM BRASIL - RAUL SEIXAS e verri fã na hora!
Ainda não fui em nenhum dos seus shows mas fico aliviado de vê-la trabalhando - e não enfiando os pés pelas mãos "só" pra cantar no Canecão ou vendendo até a alma pras politicas de markenting das gravadoras ...
Sucesso pra você Anna
caxias.diogo@bol.com.br
É "Bailarina do Mar" e não do "Ar".
Gosto muito dessa cantora! Tem uma voz linda.
Anna Luisa é muito mais brejeira e graciosa que Roberta Sá. A Roberta bem ar blasè.
Não acho justo você exaltar o trabalho da Roberta como se ela fosse referência para o trabalho da Anna. Elas são da mesma geração, amigas e bebem das mesmas fontes. É inevitável que o trabalho tenha alguma similaridade, e se o trabalho da Roberta conseguiu maior projeção nacional não significa que Anna esteja copiando Sá ou não tenha personalidade.
Salve Anna Luisa!
Salve Roberta Sá!
Palmas pro´s Amigos da Bibliotecas ... e pra Anninha tbm!
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