7 de fevereiro de 2009

Blossom Dearie, diva do jazz, sai de cena aos 82

Diva do jazz, embora nem todos os seguidores fiéis do gênero a considerassem como tal, Blossom Dearie saiu de cena neste sábado, 7 de fevereiro de 2009, aos 82 anos. Sua morte - na sua casa em Greenwich Village (EUA) - foi atribuída a causas naturais. Dearie foi cantora, pianista e compositora. Nasceu em 29 de abril de 1926. Na década de 40, então iniciante no meio jazzístico, a cantora integrou em Nova York o grupo vocal Blue Flames. Em 1952, já radicada em Paris, Dearie formou seu próprio grupo vocal, Blue Stars. Mas seu estilo apareceu para valer quando, de volta aos EUA, a cantora assinou contrato com a Verve Records e gravou seis expressivos álbuns entre 1956 e 1960 - a maioria com arranjos orquestrais. Blossom Dearie gravou álbuns até 2000 e somente abandonou os palcos em 2005, por problemas de saúde.

Pop solar do Little Joy esquenta muito no palco

Resenha de Show - Gravação de DVD
Título: Little Joy
Artista: Little Joy (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Circo Voador (RJ)
Data: 6 de fevereiro de 2009
Cotação: * * * * 1/2

Já solar por natureza, o pop do Little Joy esquenta muito no palco. A temperatura esteve alta no show que encerrou no Circo Voador (RJ) na noite de sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009, a miniturnê brasileira do trio que une Rodrigo Amarante (no centro do palco e das atenções), Fabrizio Moretti (baterista do Strokes que assume a guitarra neste projeto paralelo) e a tecladista Binki Shapiro. O fervo aconteceu não somente pela natureza do show - mais caloroso do que o primeiro álbum do Little Joy, de tom mais brando - mas pelo fato de Amarante estar tocando e cantando em casa. " vendo um monte de rosto amigo aqui...", festejou o hermano após ver o público fazer coro a plenos pulmões em The Next Time Around, um dos carros-chefes do CD Little Joy. Parecia mesmo que era um show dos Los Hermanos. A vibe era quase a mesma. Tanto que, ligeiramente alto como a temperatura do show, Moretti puxou o verso inicial de Último Romance ao fim do bis, em tese encerrado com Brand New Start (outro hit do disco, com inclusão já garantida na segunda trilha sonora da novela global Três Irmãs). Foi o que bastou para que a platéia animada - e com gosto de quero mais, pois o show dura pouco menos de uma hora - começasse a cantar sozinha a música do repertório do quarteto Los Hermanos. Um fecho espontâneo para show (felizmente...) registrado em DVD, por conta do próprio trio.
Já na primeira das 14 músicas do roteiro, Play the Part, já deu para perceber que o trio entrou com tudo no palco do Circo Voador. O show seria perfeito não fossem os tímidos solos vocais de Binki Shapiro em Unattainable, em Don't Watch me Dancing e em Walking Back to Hapiness, música (não gravada pelo Little Joy) do repertório de uma cantora inglesa, Helen Shapiro, que, ao contrário do que faz logo supor o sobrenome idêntico, não tem parentesco com Binki. Quando a tecladista se dedica apenas ao seu instrumento, o show adquire atmosfera encantadora. Até porque as músicas do trio parecem feitas para proporcionar alegria. A platéia embarcou na onda e marcou com palmas o ritmo de How to Hang a Warhol com tal entusiasmo que Amarante exclamou: "Êta ferro! em casa!". E não foi apenas ele que expressou sua alegria. "Finalmente chegou! Desculpa... Finalmente chegamos!...", entusiasmou-se também Moretti, atrapalhado com o português e a concordância verbal. Músicas como Keep me in Mind têm tom tão jovial que até a eventual melancolia de alguns temas, como With Strangers, se dissipa no palco. Se o CD é light, o show tem aura mais roqueira - inclusive porque, no palco, o trio conta com as adesões de Todd Dahlhoff (baixo), Noah Georgeson (guitarra e teclados) e Matt Romano (bateria). Tanto que o cover de This Time Tomorow - música tirada do baú valioso do grupo inglês The Kinks - se ajustou perfeitamente a essa pegada roqueira do roteiro, que incluiu ainda No One's Better Sake, Shoulder to Shoulder e música inédita ainda sem título. A alegria foi grande como o show.

Allen atinge electro-pop perfeito no segundo CD

Resenha de CD
Título: It's Not me,
It's You
Artista: Lily Allen
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * * * *

Em 2006, Lily Allen surgiu na volátil cena inglesa com álbum jovial (Alright, Still) que foi superestimado pelos críticos. Neste disco de estréia, voltado para o ska, Allen apresentou - com algum humor ácido - letras que mais pareciam posts extraídos de um blog de cunho bem pessoal. Não dá para dizer que Lily Allen amadureceu neste segundo álbum. O tom de It's Not me, It's You - cujo lançamento mundial está agendado pela EMI Music para segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009 - ainda é bem juvenil. Contudo, há nítido crescimento na abordagem de temas como sexo, drogas e política. Belo exemplo é The Fear, o primeiro irresistível single do álbum. A faixa alfineta a cultura consumista - vivenciada sobretudo pela geração que ouve Allen - e sinaliza a guinada da cantora rumo ao electro-pop. A maior evolução perceptível em It's Not me, It's You é a musical. Sob a batuta de Greg Kurstin, da banda The Bird and the Bee, Allen atinge o (electro)pop perfeito neste álbum delicioso que não perde o pique ao longo da audição de suas 12 faixas. Allen consegue até falar de dependência química num tema solar como Everyone's At It, música que abre um CD que incursiona por pop de acento country (Not Fair, tão sedutora quanto The Fear), por baladas de alto nível (I Could Say) e por temas que alcançam uma rara perfeição pop inimaginável no primeiro álbum de Allen. É bem difícil resistir às melodias e aos refrões ganchudos de músicas como Who'd Have Known, Never Gonna Happen e Chinese - três petardos certeiros em qualquer pista ou parada. Já Fuck You impressiona pelo contraste da letra (em que Allen alveja o ex-presidente dos EUA George W. Bush) com a delicadeza do arranjo, que remete de leve ao som do extinto duo norte-americano The Carpenters. Contudo, It's Not me, It's You não é álbum pautado por sons delicados. Os sintetizadores estão em primeiro plano para garantir os beats acelerados de faixas como Back to Start, faixa em que Allen remói desavenças com uma irmã. Até Deus é evocado em Him. Sim, de certa forma, Lily Allen cresceu e fez um segundo álbum que vai estar em todas as listas de melhores discos de 2009. Pode apostar.

Fiel a Amália, Mariza globaliza o fado em 'Terra'

Resenha de CD
Título: Terra
Artista: Mariza
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * * *

Logo na faixa Já me Deixou, primeira música deste quarto álbum de estúdio de Mariza, Terra, tem-se a impressão de que a cantora portuguesa tem voz e cacife para levar adiante o rico legado de Amália Rodrigues (1920 - 1999). Contudo, Mariza parece não querer para si esse fardo. Sem trair as tradições do fado, como atestam faixas como Rosa Branca, a intérprete globaliza o gênero lusitano em belo disco que capta sons de diferentes pontos da terra. O dueto com a espanhola Concha Buika em Pequenas Verdades - num registro de tom meio flamenco - é exemplo da diversidade de sotaques que imperam em Terra. E, se há o piano algo jazzy do brasileiro Ivan Lins em As Guitarras, há o piano buliçoso do cubano Chucho Valdés em Fronteira. Enfim, o disco - que chega ao Brasil via EMI Music neste início de 2009 - faz o fado atravesssar as fronteiras de sua terra sem perder a identidade portuguesa. Afinal, a terra gira.

Tricky remói seu quintal em 'Knowle West Boy'

Resenha de CD
Título: Knowle West Boy
Artista: Tricky
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * * 1/2

Tricky é o nome artístico de Adrian Thaws, um dos ícones do trip hop, gênero eletrônico que ajudou a sedimentar já com seu primeiro aclamado álbum, Maxinquaye (1995), clássico instântaneo de discografia que ganha reforço, após cinco anos de hiato, com Knowle West Boy, álbum de 2008 que chega ao Brasil via EMI neste início de 2009 . Nascido na periferia inglesa, no bairro de Bristol que dá nome ao CD, Knowle West, o garoto divaga sobre seu quintal neste trabalho de caráter quase autobiográfico em que Tricky refaz sua habitual mistura de trip hop com gêneros como reggae (Baligaga) e rap (Veronika). Consciente de suas limitações vocais, ele acerta ao convocar cantores amigos para entoar alguma das 13 faixas do álbum, que inclui cover de Slow, tema do repertório de Kylie Minogue. É difícil que Knowle West Boy reedite a repercussão de Maxinquaye na cena do trip hop, mas boas músicas como School Gates, Council Estate, Cross to Bear (de vago tom jazzy) e Past Mistake sinalizam que Tricky - como já disse um poeta - consegue soar universal ao falar de seu quintal. O garoto vai longe.

6 de fevereiro de 2009

Pearl Jam faz outro disco com Brendan O'Brien

O próximo CD de inéditas do grupo Pearl Jam - o primeiro desde Pearl Jam, de 2006 - vai ter produção de Brendan O'Brien, com quem o quinteto vem trabalhando desde os anos 90 em álbuns como Vs. (1993), Vitalogy (1994) e Yeld (1998). O grupo já está ensaiando o repertório novo antes de entrar em estúdio, mas, por ora, não há gravadora envolvida na produção do aguardado disco.

Sepultura (quase) se perde na mente de 'A-Lex'

Resenha de CD
Título: A-Lex
Artista: Sepultura
Gravadora: Atração
Fonográfica
Cotação: * *

Ao dissertar sobre o 11º álbum de estúdio do grupo Sepultura, A-Lex, a tendência mais sedutora é decretar fim de linha para o quarteto por conta da partida de Iggor Cavalera, o baterista-fundador da banda que exportou seu thrash metal para o mundo com uma visibilidade internacional nunca atingida por nenhum outro grupo da cena roqueira nacional. Contudo, a julgar por faixas como Strike, o Sepultura ainda pode ser considerado um grupo de peso. Neste álbum inspirado no livro Laranja Mecânica e no clássico filme homônimo dirigido por Stanley Kubrick (1928 - 1999) nos anos 70, com base na história escrita por Anthony Burgess (1917 - 1993) em 1962, Jean Dolabella assume as baquetas no lugar de Iggor com competência. O problema maior de A-Lex (expressão que significa sem lei em latim, mas que alude também ao nome do protagonista do livro, Alex DeLarge) é a real irregularidade do repertório. O Sepultura caiu na tentação de criar outro álbum conceitual como o anterior Dante XXI (2006) - inspirado na Divina Comédia, de Dante Alighieri (1265 - 1321) - e, dessa vez, o grupo parece ter se perdido na mente conturbada de Alex. Entre temas instrumentais e músicas que recorrem à percussão tribal, como Filthy Rot, A-Lex às vezes se mostra confuso. E a inserção no contexto metaleiro de trechos da Nona Sinfonia de Beethoven (1770 - 1827) - na faixa Ludwig Van, em alusão à obsessão do anti-herói do livro por música clássica - resulta mais curiosa do que propriamente engenhosa ou envolvente. Ainda assim, parece haver vida para o Sepultura sem os irmãos Iggor e Max Cavallera.

Antena de BiD capta altos e baixos de Ferriani

Resenha de CD
Título: Verônica Ferriani
Artista: Verônica Ferriani
Gravadora: Independente
Cotação: * * 1/2

Nos palcos desde 2004, com passagens por vários redutos paulistas e cariocas do samba, a cantora Verônica Ferriani estréia no diluído mercado fonográfico neste mês de fevereiro de 2009 com CD produzido sob a batura de BiD. Nem as antenas ligadas de BiD captaram, contudo, alguns equívocos na escolha do repertório. O maior deles é Com Mais de 30, samba de Marcos e Paulo Sérgio Valle que soa datado, com letra associada à ideologia hippie que se posicionava contra o mundo velho dos mais de 30. Sem falar que o tema já tem registro definitivo de Cláudia, cantora dona de suingue ímpar. Mesmo sem ser páreo para Cláudia, Ferriani também tem balanço na voz graciosa - como prova no samba Fez Bobagem (Assis Valente) e no frevo Na Volta da Ladeira (Rubens Nogueira e Paulo César Pinheiro), embalado de forma envolvente pelo arranjo assinado pelo maestro Spok. A propósito, os grooves do CD Verônica Ferriani são todos antenados - pena que, às vezes, postos a serviço de músicas batidas como Eu Amo Você, balada de Cassiano e Silvio Rochael que já mereceu registros mais vigorosos e adequados à sua linhagem soul, em especial o feito por Tim Maia (1942 - 1998) em 1970. Já Retalhos - samba da lavra sempre industrializada da dupla de hitmakers Paulinho Rezende e Paulo Debétio - também deveria ter permanecido esquecido na inicial discografia de Alcione, por mais que sua pegada seja radiofônica. Quando a cantora acerta realmente o foco, como no samba Um Sorriso nos Lábios, cujo arranjo seco realça a mordacidade da letra de Gonzaguinha (1945 - 1991), o álbum se revela excelente. É mais recompensador encarar um lado B de Paulinho da Viola - Perder e Ganhar, envolvido em baticum moderno - ou parceria de João Donato com Paulo César Pinheiro (Ahiê, com a latinidade típica de Donato) do que tentar dar alguma nova nuance a músicas já bem gravadas por intérpretes como Tim Maia e Cláudia. Mesmo com altos e baixos, a impressão do CD Verônica Ferriani é boa.

Discos de Beth, Cauby e Ângela chegam ao CD

Primeiro (raro) álbum de Beth Carvalho, gravado em 1969, Andança ganha sua primeira edição nacional em CD quando seu lançamento completa 40 anos. A reedição integra uma coleção produzida por Thiago Marques Luiz para a EMI Music com títulos dos acervos das extintas gravadoras Odeon e Copacabana. Juntos também chegam ao formato digital discos raros de Alaíde Costa (Coração, 1976), Ângela Maria (Ângela de Todos os Temas, de 1970), Cauby Peixoto (Superstar, LP de 1972), João Nogueira (João Nogueira, 1972), Rosinha de Valença (Cheiro de Mato, 1976) e Taiguara (Fotografias, 1973), entre outros títulos inéditos em CD. A coleção chega às lojas ainda neste mês de fevereiro de 2009.

Roberta prepara CD dedicado a Roque Ferreira

Roberta Sá (em foto de Paulo Vainer) concretiza até 2010 seu projeto de dedicar um álbum - no caso, o terceiro da cantora - inteiramente ao repertório do compositor baiano Roque Ferreira, de quem gravou o samba Laranjeira em seu segundo CD, Que Belo Estranho Dia para se Ter Alegria. O projeto do disco já está em andamento e tem tudo para ser tão importante quanto o álbum dedicado por Leila Pinheiro em 1996 ao cancioneiro de Guinga & Aldir Blanc (Catavento e Girassol). Dono de obra inspirada, Roque vem sendo gravado nos últimos anos por nomes como Zeca Pagodinho (Samba pras Moças), Maria Bethânia (Doce, belo tributo a Dorival Caymmi) e Simone & Zélia Duncan (Ralador) - entre outros - sem que o público associe o autor às suas músicas.
Enquanto prepara o disco, cuja seleção de repertório vai priorizar músicas inéditas do compositor, Roberta Sá articula a gravação de seu primeiro DVD. Previsto inicialmente para o fim de 2008, o registro ao vivo vai acontecer ainda neste semestre - talvez entre março e abril - num show na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ).

Ulhoa e Villares dividem a produção de Duncan

Integrante do grupo mineiro Pato Fu, o criativo John Ulhoa é um dos dois produtores do disco de inéditas que Zélia Duncan (à direita em foto de Nana Moraes) prepara para lançar neste ano de 2009. A produção do álbum vai ser dividida por Ulhoa com Beto Villares, que foi um dos pilotos do CD Pré-Pós-Tudo-Bossa-Band (2005), o último de material inédito realizado pela cantora. A gravação do novo disco começou em Belo Horizonte (MG) - sob a batuta de Ulhoa - e vai ser concluída em São Paulo, em março, com Villares.

Olodum prepara DVD que pode ter Paul Simon

Fundado como bloco afro carnavalesco em 1979, o Olodum (em foto de Edgar de Souza no Festival de Verão 2009) vai festejar seus 30 anos com a gravação de um DVD no Pelourinho, no Centro Histórico de Salvador (BA), terra natal e sede do grupo. O registro ao vivo do show está agendado para 25 e 26 de abril de 2009. Enquanto promove nova música para o Carnaval, Eu Digo Jah (de autoria de Jauperi), a diretoria do Olodum já articula a vinda de Paul Simon para a gravação. O cantor norte-americano recrutou o baticum afro-brasileiro do Olodum para seu álbum Rhythm of the Saints, editado em 1990. Cogita-se também a participação (inusitada) do grupo Charlie Brown Jr. no DVD do coletivo baiano.

5 de fevereiro de 2009

CD duplo compila criação poderosa de Nogueira

Dentro da série de coletâneas duplas que inclui Meu Drama, título dedicado a Roberto Ribeiro (1940 - 1996), a EMI Music põe nas lojas Poder da Criação, disco que compila a obra de outro saudoso sambista: João Nogueira (1941 - 2000). A coletânea de Nogueira reúne 28 gravações realizadas entre 1971 - ano em que o artista gravou músicas como O Homem de um Braço Só (incluída na seleção) no álbum coletivo Quem Samba Fica..., espécie de pau-de-sebo que apresentou bambas como Nadinho da Ilha e o próprio Roberto Ribeiro - e 1982. A seleção de repertório, a cargo de Ricardo Moreira, cobre bem todo o período de auge criativo do compositor. Eis as 28 músicas da compilação Poder da Criação:
CD 1:
1. Poder da Criação (1980)
2. Batendo a Porta (1974)
3. Maria Rita (1978)
4. Espelho (1977)
5. Mineira (1975)
6. Do Jeito que o Rei Mandou (1974)
7. Apoteose ao Samba (1977)
8. Das 200 para Lá (1972)
9. Não Tem Tradução (1975)
10. Baile no Elite (1978)
11. Louco (Ela É seu Mundo) (1981)
12. Eu Sei, Portela (1974)
13. O Homem de um Braço Só (1971)
14. Tempo à Beça (1975)

CD 2
1. Nó na Madeira (1975)
2. Súplica (1979)
3. Pimenta no Vatapá (1977)
4. As Forças da Natureza (1978)
5. Eu Hein, Rosa! (1974)
6. Vem Quem Tem, Vem Quem Não Tem (1975)
7. Heróis da Liberdade (1972)
8. E Lá Vou Eu (Mensageiro) (1974)
9. Bela Cigana (1982) - com Clara Nunes
10. Um Gago Apaixonado (1974)
11. Morrendo Verso em Verso (1972)
12. Espere Oh! Nega (1977)
13. Partido Rico (1974) - com Paulo César Pinheiro
14. Meu Canto sem Paz (1975)

Nada Es Normal foca Victor & Leo em espanhol

A dupla que mais vende discos no rico segmento sertanejo no momento - Victor & Leo - já gravou um álbum em espanhol para o também rico mercado que cobre os países de língua hispânica. É este disco, Nada Es Normal, que a gravadora Sony BMG está lançando no Brasil neste início de 2009 por conta da popularidade do duo. A edição é dupla. Além do CD, que reúne músicas como Mariposas e Recuerdos de Amor, Nada Es Normal traz um DVD com três clipes da faixa-título e um curta-metragem de 35 minutos sobre Victor & Leo. Os irmãos dividem a produção com Aureo Baqueiro.

'Lounge' do Emiliano ignora os clichês do estilo

Resenha de CD
Título: Hotel Emiliano
(Volumes 6 e 7)
Artista: Vários
Gravadora: Rob Digital
Cotação: * * *

Discos de lounge em geral se escoram e se perdem na vasta elasticidade do vago rótulo - a rigor, abrangente por natureza. Não são os casos do sexto e do sétimo volumes da série de compilações que registram a trilha lounge do Hotel Emiliano (SP), reduto da elite paulista. Unidos em álbum duplo editado pela gravadora Rob Digital, à venda também no próprio Emiliano, os dois volumes se sustentam pela seleção antenada de Tony Montana, o DJ residente do hotel. Do volume 6, merece destaque a versão jazzy de Alone Again - clássico de Gilbert O' Sullivan em 1972, um hit até hoje nos programas radiofônicos de flashback - feita pela banda alemã Tok Tok Tok. A faixa se impõe entre curiosidades como o psicodélico registro instrumental de Meu Limão, meu Limoeiro assinado pelo duo Thievery Corporation. A viagem, no caso, foi longa. Há também recriação hype de Berimbau (Baden Powell e Vinicius de Moraes) - em que Cut Chemist altera com samples a química da gravação de Astrud Gilberto - e abordagem delicada de Juazeiro, o baião de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira que virou Wandering Swallow na gravação do grupo (de Nova York) Forro in the Dark, turbinada com intervenções vocais bilíngües de Bebel Gilberto. Exemplo de que modernidade harmônica não é sinônimo de destruição da música original. Já o volume 7 abre com curiosa releitura em tom folk de Born to Be Alive, o hit de Patrick Hernandez na era da disco music. Quem canta é Julie Depardieu com o grupo Moto. Na seqüência, Marina de la Riva revive Sonho Meu - a parceria de Ivone Lara e Délcio Carvalho lançada em 1978 por Maria Bethânia em dueto com Gal Costa - num clima de samba de roda lounge dado pelo violão tocado por Davi Moraes. Enfim, o álbum Hotel Emiliano mostra em 30 faixas que um lounge pode ter estilo e criatividade mesmo sendo saco de gatos onde cabem tudo e todos.

Alceu se orienta pela leveza ao recriar 'lados B'

Resenha de CD
Título: Ciranda Mourisca
Artista: Alceu Valença
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *

Na contramão da eletricidade que pontua boa parte de sua vivaz discografia áurea, Alceu Valença se orienta pela leveza acústica ao recriar lados B de sua obra em Ciranda Mourisca, CD que marca sua estréia na gravadora Biscoito Fino. A idéia de dar um sotaque oriental às releituras para realçar afinidades entre as músicas árabe e nordestina resulta clara somente em poucas faixas como Deusa da Noite (Dia Branco), tema do primeiro álbum solo de Alceu, Molhado de Suor (1974), cuja música-título também entra na ciranda mourisca do artista. Tampouco o disco se pauta realmente pelo universo rítmico das cirandas, "aboios litorâneos, música de beira de praia", como conceitua Alceu no texto enviado aos jornalistas como o disco. Contudo, por mais que seu conceito se revele frouxo, Ciranda Mourisca se revela firme porque há afinidades poéticas e irmandades musicais entre as 12 composições selecionadas. Jóias que jaziam no baú de Alceu - à espera de uma segunda chance. Ciranda Mourisca dá a músicas como Chuva de Cajus (do álbum Estação da Luz, de 1985), Íris (de Leque Moleque, de 1987) e Pétalas (de Maracatu, Batuques e Ladeiras, de 1994) a oportunidade de serem (re)descobertas pelos fãs do cantor - único público-alvo deste disco que provavelmente não vai tocar em rádios e trilhas de novelas. Todos os lados B revividos estão à altura dos lados A da discografia do artista, que, ao produzir e arranjar o disco na função de diretor musical, priorizou os violões nas orquestrações pautadas por uma suavidade que desarticula a vivacidade pop detectada em grande parte da obra fonográfica do cantor. No entanto, tal leveza é ideal para realçar as referências poéticas e cinematográficas que se espraiam nos versos de músicas como Maracajá (outra do álbum Maracatu, Batuques e Ladeiras). As regravações são diferentes dos ótimos registros originais, mas reeditam o padrão de qualidade de Alceu, que somente não havia gravado a Ciranda da Rosa Vermelha (tema folclórico já usado por ele, a rigor, como citação em faixa do disco Sol e Chuva, de 1997). Enfim, Ciranda Mourisca preserva a integridade da discografia de Alceu Valença. Não é o álbum de inéditas que seu público espera, mas tampouco patina no terreno movediço das regravações inócuas que aniquilam a maioria dos discos atuais. Elétrico ou acústico, Alceu Valença não costuma morrer na praia.

CD triplo conta história de Piaf sem informação

Editada no mercado brasileiro pela gravadora ST2 neste mês de fevereiro de 2009, a coletânea tripla La Historia - produzida em 2008 pelo selo Leader Music dentro da série Fundamentals - explora o rico legado de Edith Piaf (1915 - 1963) e o mito alimentado em torno da cantora francesa. A compilação enfieira 59 fonogramas da diva - sendo que 15 registros são ao vivo - sem oferecer ao consumidor informações sobre a procedência de tais gravações. O CD se limita a listar as músicas e seus autores sem seque informar o ano dos fonogramas. Uma falha indesculpável para os consumidores de coletâneas que supostamente seriam diferenciadas. Até porque já há numerosas compilações de Edith Piaf - em geral, editadas pela EMI Music - no mercado do disco com mais informações sobre a história de Piaf...

4 de fevereiro de 2009

Quase tudo dá pé no segundo CD de Cris Aflalo

Resenha de CD
Título: Quase Tudo Dá
Artista: Cris Aflalo
Gravadora: Tratore
Cotação: * * * 1/2

Cris Aflalo é cantora paulista que dedicou seu primeiro CD - Só Xerêm, gravado em 2003 - ao repertório de seu avô cearense, Xerêm (1911 - 1982), nome artístico do cantor e compositor Pedro de Alcântara Filho. O disco obteve alguma repercussão, mas é com seu segundo álbum, Quase Tudo Dá, que Aflalo tem tudo para se firmar no país da cantoras. Produzido de forma independente pela própria artista, em parceria com Luiz Waack, o CD se revela sedutor por conta de sua sonoridade leve e moderna. A combinação (sutil) de eletrônica e regionalismo - perceptível em músicas autorais como Matutu, uma das quatro assinadas por Aflalo entre as 11 faixas do álbum - pontua o trabalho. Assim como a presença de compositores identificados com a cena indie paulistana. Caso do catarinense (radicado em São Paulo) Carlos Careqa, autor do envolvente tema que abre o disco, Tudo que Respira Quer Comer. Na seqüência, Aflalo recria no tempo de delicadeza uma obra-prima recente de Lula Queiroga (composta com Lulu Oliveira e Alexandre Bicudo), Conceição dos Coqueiros, num registro tão elegante quanto a gravação pungente de Elba Ramalho. Parcerias de Arnaldo Antunes como Péricles Cavalcanti e Luiz Tatit, respectivamente, Quase Tudo e Um Som são outros bons momentos de um disco que atinge seu ápice criativo em Um Tom, música de Caetano Veloso que Aflalo recria inicialmente com minimimalismo acústico urdido por violão de nylon (a cargo de Luiz Waack) até dar outro tom ao tema com a entrada, na segunda parte, de discreto baticum eletrônico. Com voz afinada e sempre bem colocada, Aflalo ainda enfrenta o idioma sinuoso da Língua do Pê, tema da fase tropicalista de Gilberto Gil. Enfim, quase tudo dá pé neste segundo disco de Cris Aflalo - e o quase é pelo fato de as inéditas autorais não alcançarem o alto nível do repertório de lavra alheia, embora cumpram a função de esboçar universo próprio para a intérprete.

Meire Pavão sai à francesa da 'festa de arromba'

Um dos nomes citados por Roberto e Erasmo Carlos na letra de Festa de Arromba, Meire Pavão saiu à francesa de cena em 31 de dezembro de 2008, aos 60 anos, mas sua morte - de insuficiência respiratória decorrente de um câncer - somente foi anunciada recentemente pela família. Natural de Taubaté (SP), onde nasceu em 2 de junho de 1948, Pavão viveu seu auge artístico no breve reinado da Jovem Guarda. Entre 1961 e 1964, a artista iniciante integrou o Conjunto Alvorada, com o qual chegou a gravar uns compactos. A partir de 1964, contratada pela extinta gravadora Chantecler, Meire foi uma das muitas cantoras lançadas pela indústria fonográfica da época para ocupar o trono deixado vago por Celly Campello (1942 - 2003), sua colega (conterrânea de Taubaté, por coincidência) que abandonara a carreira artística no auge para se dedicar ao casamento. A primeira gravação solo de Meire - O que Eu Faço do Latim?, tema italiano de Gianni Morandi, vertido para o português por seu pai, Theotônio Pavão - fez sucesso em São Paulo. No embalo, ela gravou em 1965 seu primeiro LP, A Rainha da Juventude. Em 1966, transferida da Chantecler para a RCA Victor, a cantora emplacou o sucesso Família Buscapé e, na seqüência, gravou seu segundo LP, Meire. Com o fim da Jovem Guarda, Meire se afastou dos holofotes, mas gravaria - com repercussão restrita - discos infantis ao longo da década de 70 por gravadoras como a RGE. Seu último disco foi o compacto duplo Chico Bento, lançado em 1982 pela PolyGram. Como tantos outros nomes projetados nas jovens tardes de domingo (embora, a rigor, ela tenha participado poucas vezes do programa Jovem Guarda), Meire Pavão sai de cena totalmente associada à festa que arrombou a cena pop brasileira dos anos 60.

Little Joy cria pequenas alegrias do mundo pop

Resenha de CD
Título: Little Joy
Artista: Little Joy
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * * *

Little Joy, o primeiro CD do grupo homônimo, é bem fiel tradução de seu título. O trio que agrega Rodrigo Amarante (egresso do quarteto carioca Los Hermanos), Fabrizio Moretti (firme baterista do grupo norte-americano The Strokes) e a tecladista Binki Shapiro proporciona as pequenas alegrias possíveis no mundo pop ao ouvinte de seu álbum de estréia. É - como já foi dito e repetido incontáveis vezes desde o lançamento do disco no exterior, em novembro de 2008 - um álbum ensolarado, feito para o verão. Guitarras suaves, uma pitada de soft rock, uma eventual batida de reggae e músicas que roçam o pop perfeito - em especial, The Next Time Around e Brand New Start - garantem a satisfação de quem busca arte com diversão no mundo pop. Lançada em janeiro de 2009 pelo selo Som Livre Apresenta (SLAP), a edição brasileira do CD Little Joy chega às lojas em meio a uma turnê nacional que vem angariando fãs para o trio por onde passa. Nem a inabilidade de Binki Shapiro para o canto baixa o astral do álbum. Já Rodrigo Amarante manda bem no inglês. Sim, das 11 coesas faixas, apenas a bela Evaporar é cantada em português. E a cativante música de Amarante poderia figurar em qualquer disco dos Los Hermanos. Assim como With Strangers, faixa que tem a dose mais alta de melancolia. Já em No One's Better Sake o tempero é uma leve psicodelia que remete aos anos 60 - assim como, no geral, este CD que evoca o ensolarado pop californiano. Ouça o disco e vá ao show sem medo de ser feliz.

Zeca Pagodinho faz 50 anos com jeito moleque

Zeca Pagodinho está completando 50 anos nesta quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009, com o mesmo jeito moleque que deu título a um de seus discos. Zeca é do samba, mas é dos raros artistas que são queridos em todos os redutos da música brasileira. Não é à toa que seu mais recente disco, Uma Prova de Amor (2008), reúne gravações do artista com nomes tão improváveis quanto João Donato e Jorge Ben Jor. Zeca é do bem. Fiel aos amigos e ao seu estilo de vida, ele não muda de cara quando vende muito disco. E olha que Zeca já chegou arrebentando: seu primeiro LP, de 1986, beirou o milhão de cópias vendidas no embalo daquela euforia pagodeira e consumista do Plano Cruzado. O repertório, aliás, é praticamente um best of deste sambista cuja verve desde o início já lhe rendeu comparações com ninguém menos do que Noel Rosa (1910 - 1937). Depois de um impulso inicial na extinta gravadora RGE, Zeca amargou período de baixa comercial ao migrar para a BMG. Mas reencontrou o sucesso, a mídia e o público a partir de seu ingresso, em 1995, na gravadora hoje denominada Universal Music. Citando outro título de sua discografia, Zeca é um boemio feliz. Não tira onda, sabe se manter autêntico e fiel a si mesmo. Nem parece que ele já tem 50 anos. Porque o jeito moleque é o mesmo desde que apareceu em cena, em 1983, num dueto com Beth Carvalho em Camarão que Dorme a Onda Leva, faixa do LP Suor no Rosto. Tímido ao extremo, o artista aos poucos foi se soltando com a irreverência e a espontaneidade que cativam todo mundo. Que venham mais 50 anos de vida para Zeca Pagodinho!!!!

Calcanhotto inclui hit de Ricky Vallen em 'Maré'

Intérprete que sempre dialogou de forma astuta e inteligente com a música de contorno mais popular(esco), Adriana Calcanhotto tem surpreendido seu público ao inserir no roteiro do show Maré - ainda em turnê nacional ao longo deste primeiro semestre de 2009 - um sucesso do cantor Ricky Vallen incluído na trilha da novela Negócio da China e em rotação em emissoras de rádio que atuam nesse segmento popular. Trata-se de Vidro Fumê, música de Carlos Colla e Kaliman Chiappini que segue na forma e no conteúdo o estilo dito cafona dos repertórios de cantores como Waldick Soriano (1933 - 2008). Como o show Maré vai ser registrado em DVD, não será surpresa se Vidro Fumê virar hit radiofônico na voz da cantora - assim como Devolva-me (2000) e Fico Assim sem Você (2004), músicas lançadas pelas duplas Leno & Lilian e Claudinho & Buchecha, respectivamente, e regravadas com êxito com Calcanhotto, diluindo conceitos de brega e chique.

Manson mixa sétimo álbum, 'High End of Low'

O sétimo álbum de estúdio de Marilyn Manson, The High End of Low, já está em fase de mixagem, embora ainda não tenha data de lançamento oficializada. O sucessor do álbum Eat me, Drink me (2007) vai ser puxado pela faixa I Want to Kill You How They Do in the Movies, cujo clipe já vai ser gravado neste mês de fevereiro de 2009. The High End of Low é o 12º título da discografia do roqueiro norte-americano se contabilizados os álbuns ao vivo, os discos de remixes e a boa compilação Lest We Forget, de 2004.

3 de fevereiro de 2009

Stevie celebra Stones no primeiro DVD de show

Live at Last é o (apropriado...) título do primeiro DVD oficial a exibir um registro ao vivo de show de Stevie Wonder. O lançamento está agendado pela gravadora Motown para 10 de março de 2009 tanto no formato de DVD como de blu-ray. A gravação foi realizada em Londres, na 02 Arena, em dois shows captados em 30 de setembro e 1º de outubro de 2008. Por ter feito o registro na Inglaterra, Wonder incluiu no repertório autoral medley com sucessos dos grupos Beatles e Rolling Stones. Enquanto o DVD não sai, o compositor prepara álbum de duetos com Tony Bennett e já vem mostrando música inédita, All About the Love Again, em alguns shows. Eis o roteiro do show perpetuado em Live at Last:
* Intro / All Blues
* As If You Read my Mind
* Master Blaster (Jammin')
* Did I Hear You Say You Love me?
* All I Do
* Knocks me Off my Feet
* U.K. Medley: London Bridge Is Falling Down / The Fool on the
Hill / I Want to Hold your Hand / (I Can't Get no) Satisfaction
* People Make the World Go Round
* Higher Ground
* Spain
* Don't You Worry 'Bout a Thing
* Visions
* Live for the City
* Part-Time Lover
* Overjoyed
* Lately
* I'm Gonna Laugh You Right out my Life (com Aisha Morris)
* My Cherie Amour
* Signed, Sealed, Delivered (I'm Yours)
* Sir Duke
* I Wish
* Isn't She Lovely?
* You Are the Sunshine of my Life
* I Just Called to Say I Love You
* You Are the Only One
* Superstition (What the Fuss)
* As

Roda de Mendes e Sambatrônica gira oscilante

Resenha de Show
Título: Samba na Fonte
Artista: Roberto Mendes (em foto de Mauro Ferreira)
e Sambatrônica
Local: Calçada da loja de discos Mídia Louca
(Rio Vermelho, Salvador, BA)
Data: 2 de fevereiro de 2009
Cotação: * * 1/2

Compositor de obra enraizada nas tradições afro-brasileiras e imersa no suingue do samba do Recôncavo Baiano, Roberto Mendes foi uma das atrações da agenda de shows armados no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, ao longo do dia 2 de fevereiro de 2009. No início da noite de segunda-feira, Mendes se juntou ao Sambatrônica - jovem grupo baiano que acaba de gravar um CD com a participação de Elza Soares - para se apresentar no evento Samba na Fonte, cujo título alude ao fato de o show ser na rua Fonte do Boi, mais especificamente na calçada da loja de discos Mídia Louca, uma das mais antenadas de Salvador. O show terminou animado com pot-pourri de sambas de roda que fez o público dançar na rua. Contudo, no geral, a roda de Mendes girou oscilante. Em vez de centrar sua apresentação no seu repertório, apropriado para ocasião, o compositor arriscou incursões pelas searas alheias entre temas autorais como Yorubahia, destaque da parte inicial do show. Sem voz para dar uma de intérprete, Mendes arriscou cantar músicas como Meu Erro - a balada dos Paralamas do Sucesso! - e Qui nem Jiló, xote do repertório imortal de Luiz Gonzaga (1913 - 1989). Tais momentos chegaram quase a ser constrangedores. Felizmente, mais para o fim do show, ele entrou novamente na roda certa e reviveu o samba Purificar o Subaé, com direito à citação do tema folclórico Peixe Vivo. Já o Sambatrônica se impôs com sua vibe jovial ao reviver sucessos dos grupos Novos Baianos (Swing de Campo Grande) e A Cor do Som (Zanzibar). O grupo convidou o compositor Tito Bahiense - que assistia à apresentação anonimamente na rua - para subir ao palco para engrossar o coro em seus números, intercalados com o de Mendes. No todo, o show foi bom, mas poderia ter sido melhor se Roberto Mendes não tivesse insistido no erro de cantar músicas do Paralamas do Sucesso. Nem Yemanjá o ajudou a entrar no tom.

Bonadio produz disco de Charlie Brown na Sony

Embora sua gravadora Arsenal Music ainda tenha vínculo com a Universal Music, que distribui os CDs da Arsenal, Rick Bonadio vai produzir o álbum que marcará a estréia do grupo Charlie Brown Jr. na major Sony BMG. É que o grupo de Chorão voltou a assinar contrato com a Arsenal Eventos, braço da empresa de Bonadio que gerencia a agenda de shows de seus contratados. Em bom português, Bonadio - nome recorrente na história e na discografia do Charlie Brown Jr. - é o empresário do quarteto de Santos (SP).

Tribo roqueira saúda Yemanjá ao som de Mello

Rio Vermelho, Salvador (BA) - Como já é tradição na festa que os soteropolitanos fazem em 2 de fevereiro para saudar Yemanjá, houve no fim da noite um show de Márcio Mello para que a tribo roqueira de Salvador cultuasse a deusa das águas ao som heavy de Mello, um artista de aura punk. Numa das ruas transversais do bairro do Rio Vermelho, o autor de Nobre Vagabundo - música gravada por Daniela Mercury no álbum Feijão com Arroz (1996) - subiu a um palco pequeno e, munido de sua elétrica guitarra, fez grande show. De peso. Literalmente. Coube de tudo no balaio heavy de Márcio Mello: (I Can't Get no) Satisfaction, uma versão roqueira do funk Olhos Coloridos - com direito à citação de Light my Fire, dos Doors - e Esnoba, sucesso do grupo Moinho. Até um soul regionalista de Tim Maia (1942 - 1998), Festa de Santo Reis, entrou no roteiro profano de Márcio Mello (em foto de Mauro Ferreira) - sob as bençãos de Yemanjá...

2 de fevereiro de 2009

Sincretismo musical marca festejos de Yemanjá

Rio Vermelho, Salvador (BA) - Terra marcada por saudável sincretismo religioso, a Bahia está saudando Yemanjá nesta segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009, ao som de uma música igualmente sincrética. Pela manhã, populares espervam numa fila quilométrica para lançar suas oferendas ao mar enquanto o grupo Psirico já puxava um arrastão cujo repertório misturava seus sambas axezeiros com clássicos do samba-reggae dos 80 como Madagascar Olodum e Faraó Divindade do Egito. Mais adiante, um bloco carnavalesco animava alguns foliões com marchinhas oriundas da folia carioca. Em outro canto, adeptos do Candomblé entoavam pontos afros e rodopiavam ao som dos cânticos. E eventualmente um ou outro popular recordava solitariamente alguns versos de Dois de Fevereiro, o samba que o maestro soberano da Bahia, Dorival Caymmi (1914 - 2008), compôs para saudar uma das mais belas festas de ruas de sua terra. Que vai continuar até a noite. Estão previstos shows de Lampirônicos, Roberto Mendes e Lazzo Matumbi, entre outros artistas da Bahia.

Dois de Fevereiro
(Dorival Caymmi)

Dia dois de fevereiro
Dia de festa no mar
Eu quero ser o primeiro
A saudar Yemanjá

Dia dois de fevereiro
Dia de festa no mar
Eu quero ser o primeiro
A saudar Yemanjá

Escrevi um bilhete a ela
Pedindo pra ela me ajudar
Ela então me respondeu
Que eu tivesse paciência de esperar
O presente que eu mandei pra ela
De cravos e rosas vingou


Chegou, chegou, chegou
Afinal que o dia dela chegou
Chegou, chegou, chegou
Afinal que o dia dela chegou

Luciana Mello faz DVD com 'mano' Jair Oliveira

Na seqüência imediata da gravação do DVD comemorativo dos 70 anos de Jair Rodrigues no show Festa para um Rei Negro, agendado para 6 e 7 de fevereiro de 2009 no Auditório Ibirapuera (SP), os filhos do cantor - Luciana Mello e Jair Oliveira - gravam seu próprio DVD. O registro está programado para 8 de fevereiro no mesmo Auditório Ibirapuera. Os irmãos vão filmar o show O Samba me Cantou. A gravação ao vivo será aberta ao público.

Clássicos da pesada que pregam paz nos bailes

Resenha de CD
Título: Clássicos
do Funk Vol. 2
Artista: Vários
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * *

Em 2006, a gravadora Som Livre pôs nas lojas coletânea bem intitulada Clássicos do Funk. O CD fez jus ao nome por reunir jóias da produção de um gênero prejudicado pelo grande número de bijuterias que diluem o batidão dos bailes da pesada promovidos nas periferias do Rio de Janeiro e fazem com que o funk seja alvo de preconceito. Três anos depois, a gravadora dá seqüência ao lançamento de 2006. A seleção de Clássicos do Funk Vol.2 roça o bom nível do repertório do primeiro volume. Entre os destaques, há, o Rap da Rocinha (de e com MC Neném), o Rap das Armas - na gravação de MC Junior e MC Leonardo, intérpretes também de Endereço dos Bailes, outra bela faixa da compilação - e Carrossel de Emoções (ótimo exemplo do talento da saudosa dupla Claudinho & Buchecha). Detalhe: o repertório selecionado para Clássicos do Funk Vol. 2 prega a paz e o amor, na contramão do estereótipo que associa qualquer baile funk à violência. Sem falar que, como faixa-bônus, o CD traz Me Leva, o primeiro e melhor hit de Latino. Clássico do funk melody!!

Álbum secreto de Leona merecia ficar guardado

Resenha de CD
Título: Best Kept Secret
Artista: Leona Lewis
Gravadora: Caroline
Records Distribution
Cotação: * *

Cantora inglesa revelada em 2006 ao vencer a terceira temporada do programa de TV X-Factor, popular espécie de American Idol britânico, Leona Lewis se tornou a quarta maior vendedora de CDs em 2008 por conta dos 4,5 milhões de cópias de Spirit, o álbum de estréia da intérprete. Só que, antes de obter projeção via TV, Lewis já trabalhava num álbum que, lançado de forma obscura na Europa em julho de 2008 à revelia da artista, está ganhando maior visibilidade ao ser distribuído nos Estados Unidos pela Caroline Records desde 27 de janeiro de 2009. Best Kept Secret, que já vazara na internet dias antes do lançamento norte-americano, merecia continuar sendo um segredo bem guardado. Apontada como a nova Mariah Carey, Lewis esteve mais para Whitney Houston em Spirit. Contudo, em Best Kept Secret, a comparação com Mariah faz sentido. Nas dez músicas do CD, encerrado com remix da faixa Private Party, Lewis (per)segue de forma previsível a fórmula batida do r & b industrializado - e eventualmente turbinado com rap em faixas como Bad Boy, na qual figura K2 Family. Nem os fartos recursos vocais da cantora conseguem dar nuances próprias a temas como L.O.V.E.U. e Ready to Get Down. Entre uma balada trivial, I Wanna Be That Girl, salva-se a batida envolvente Silly Girl, raro bom momento de um álbum de que ninguém precisa mesmo tomar conhecimento...

Smashing Pumpkins registra reunião em DVD

Grupo de rock alternativo que havia se dissolvido, após marcar presença na cena indie dos anos 90, o Smashing Pumpkins se reuniu em 2007 sob a liderança de Billy Corgan. O registro do reencontro pode ser conferido em If All Goes Wrong, farto DVD duplo que a Laser Company Records está distribuindo no mercado brasileiro neste começo de 2009. O DVD 1 exibe o documentário que dá título ao produto, If All Goes Wrong. Formada em 1988, em Chicago (EUA), a banda faz retrospecto da carreira, comenta a reunião e aborda a criação do repertório novo apresentado no show exibido no DVD 2, The Fillmore Residency, captado com doze câmeras de alta definição em cinco apresentações do Smashing Pumpkins no Fillmore Auditorium, em São Francisco (EUA). A qualidade do áudio 5.1 é exemplar e anima fãs do grupo a ouvir músicas como The Rose March, 99 Floors e Superchrist, entre outras novidades.

1 de fevereiro de 2009

Série 'Letra & Música' é pautada pelo bom gosto

Já nas lojas com distribuição da gravadora Coqueiro Verde Records, os quatro primeiros volumes da série Letra & Musica - idealizada pelo pesquisador musical Marcelo Fróes para seu selo Discobertas - são, no geral, pautados pelo bom gosto. Cada disco apresenta gravações da obra de um determinado compositor em vozes diversas. O primeiro volume, dedicado a Renato Russo (1960 - 1996), destaca o belo registro de Leo Jaime para Índios, lançado em 1989 no álbum Avenida das Desilusões. Contudo, os dois fonogramas mais raros, Daniel na Cova dos Leões e Vinte e Nove, são oriundos de um curioso CD independente, Célia Porto Canta Legião Urbana, que, infelizmente, pouca gente escutou.
O segundo volume de Letra & Música, dedicado a George Harrison (1943 - 2001), apresenta duas gravações inéditas. Uma é o registro de While my Guitar Gently Weeps, feito por Zé Ramalho, com produção do próprio Ramalho. A outra é That Is All, gravada pela cantora Hevelyn Costa em julho de 2008 especialmente para o songbook compilado por Marcelo Fróes. A mesma Hevelyn Costa fez outra gravação inédita, I Am your Singer, para o terceiro volume da coleção, dedicado a Paul McCartney. É o título da série que mais exibe registros inéditos. Regravaram músicas do ex-Beatle especialmente para o disco as cantoras Leila Pinheiro (My Love), Liah (Girlfriend), Jullie (Junk), Adriana Vallejo (Let It Be), Georgeana Bonow (I'm Carrying) e Twiggy (Suicide). Como curiosidade, há o hoje raro fonograma de She's Leaving Home gravado por Cida Moreira em 1981 para seu primeiro álbum, editado de forma independente (é inédito em CD).
A propósito, outra gravação desse primeiro raro álbum de Cida, Summertime, integra o quarto volume da série, dedicado a George Gershwin (1898 - 1937). O CD de Gershwin inclui gravação inédita de Bia Sion, But not for me, entre fonogramas de Ângela RoRo (Embraceable You), Cauby Peixoto (A Foggy Day), Nara Leão (Alguém que Olhe por mim, versão de Someone to Watch over me) e Nouvelle Cuisine (My One and Only). Que venham mais CDs!

Filhos de Gandhy festejam seus 60 anos de paz

Salvador (BA) - Um ensaio no fim da tarde deste domingo, 1º de fevereiro de 2009, deu o pontapé inicial nas comemorações pelos 60 anos do grupo de afoxé Filhos de Gandhy - fundado na Bahia em 18 de fevereiro de 1949 com o status de Associação Cultural Recreativa e Carnavalesca. Os 60 anos de paz - como prega o lema do grupo - vão ser festejados ao longo deste mês de fevereiro de 2009. O ensaio aconteceu com entrada franca na sede do grupo, no Pelourinho, no Centro Histórico de Salvador (BA). Jovens integrantes dos Filhos de Gandhy (em foto de Mauro Ferreira) subiram ao palco armado na pequena quadra da sede para cantar ijexás no idioma iorubá enquanto, na pista, homens dançavam no compasso do afoxé. Tudo sob os olhares embevecidos de turistas e moradores da região. No dia exato do 60º aniversário do grupo, 18 de fevereiro de 2009, uma missa vai ser celebrada às 8h na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Pelourinho. Na seqüência, dias depois, os Filhos de Gandhy fazem seu tradicional desfile no Carnaval de Salvador. São 60 anos de tradição na folia...

Naná cria música em tributo a Mãe Menininha

O percussionista pernambucano Naná Vasconcellos compôs música em tributo a Maria Escolástica da Conceição Nazaré (1894 - 1986), a ialorixá baiana conhecida como Mãe Menininha do Gantois. Intitulada Menininha Mãe, a inédita composição vai ser apresentada pelo grupo Voznagô neste mês de fevereiro de 2009 na abertura do Carnaval de Recife (PE), comandado por Naná desde 2001. É que este ano a folia recifense faz homenagem a Menininha, além de prestar tributo a Dona Santa (1877 - 1962), lendária integrante da Nação Nagô, pioneiro grupo de maracatu da região. A intenção é estreitar laços entre Bahia e Pernambuco...

Sabores de Alanis temperam verão de Salvador

Resenha de Show - Festival de Verão de Salvador
Título: Flavors of Entanglement
Artista: Alanis Morrissette (em foto de Edgar de Souza)
Local: Parque de Exposições de Salvador (BA)
Data: 31 de janeiro de 2009
Cotação: * * * 1/2

"A mulher canta muito!! É tudo de bom...", entusiasmou-se uma garota, sentada nos ombros do namorado, quase no fim da apresentação de Alanis Morissette na quarta e última noite da 11ª edição do Festival de Verão de Salvador. Feito antes do arrasador bis (dado com You Learn, Ironic e Thank You) acompanhado em coro, o comentário da jovem - que certamente era bem pequena quando a cantora canadense conquistou todo o mundo com seu raivoso álbum Jagged Little Pill (1995) - foi um indício do brilho de Alanis na terra do axé. Brilho que não se resumiu a uma guitarra cintilante tocada pela artista na parte final do show. Terceira atração de grade eclética que a espremeu entre o pop rock do Capital Inicial e o neo-sertanejo da dupla Victor & Leo, no Palco Principal do festival, a cantora soube conquistar as atenções de boa parte das cerca de 60 mil pessoas que lotaram a pista e os camarotes do Parque de Exposições de Salvador (BA) na noite de 31 de janeiro de 2009. Nem tanto pelas letras de tom confessional, mas por sua bela presença em cena. Alanis tem axé...

No show, de vibe roqueira, é menos perceptível a moldura eletrônica que adorna parte do repertório do álbum Flavors of Entanglement (2008) - em tese, a base da turnê que trouxe Alanis ao Brasil para onze shows em dez capitais (ainda há apresentações a serem feitas até 10 de fevereiro em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre). Contudo, por mais belas que sejam, baladas novas como Not As We, surtem efeito reduzido entre a platéia. Como era esperado, os grandes momentos são as músicas de Jagged Little Pill, a obra-prima de 1995 no qual a compositora destilou toda sua ira contra o mundo masculino. Consciente de que nunca mais lançou outro álbum tão explosivo, Alanis salpicou no roteiro várias músicas deste disco marcante. Mas o início foi com Uninvited, tocada após a abertura-vinheta feita com trecho de The Couch. Músicas como All I Really Want mexeram com a platéia - certamente a parte do público que não estava ali para ver o show do Psirico, o grupo de axé pagodeiro que encerrou a noite no Palco Principal (houve shows paralelos).

Simpática, embora sua interação com a platéia tenha se resumido a alguns thank you ditos ao fim dos números, Alanis se impôs em palco tão heterogêneo por conta da força de sua performance. Além de cantar bem e de dar conta do recado na guitarra, a artista ainda temperou suas interpretações com movimentos frenéticos. Aplausos fortes se fizeram ouvir quando ela rodopiou pelo palco, girando os longos cabelos pretos. Mesmo para um público que pouco se importava em conhecer músicas como Versions of Violence e Moratorium, dois temas do bom álbum Flavors of Entanglement que aparecem no roteiro, os sabores picantes de Alanis Morrissette se revelaram sedutores. E ela ainda tocou gaita.