Resenha de Show - Festival de Verão de Salvador
Título: Flavors of Entanglement
Artista: Alanis Morrissette (em foto de Edgar de Souza)
Local: Parque de Exposições de Salvador (BA)
Data: 31 de janeiro de 2009
Cotação: * * * 1/2
"A mulher canta muito!! É tudo de bom...", entusiasmou-se uma garota, sentada nos ombros do namorado, quase no fim da apresentação de Alanis Morissette na quarta e última noite da 11ª edição do
Festival de Verão de Salvador. Feito antes do arrasador bis (dado com
You Learn,
Ironic e
Thank You) acompanhado em coro, o comentário da jovem - que certamente era bem pequena quando a cantora canadense conquistou todo o mundo com seu raivoso álbum
Jagged Little Pill (1995) - foi um indício do brilho de Alanis na terra do axé. Brilho que não se resumiu a uma guitarra cintilante tocada pela artista na parte final do show. Terceira atração de grade eclética que a espremeu entre o pop rock do Capital Inicial e o neo-sertanejo da dupla Victor & Leo, no
Palco Principal do festival, a cantora soube conquistar as atenções de boa parte das cerca de 60 mil pessoas que lotaram a pista e os camarotes do Parque de Exposições de Salvador (BA) na noite de 31 de janeiro de 2009. Nem tanto pelas letras de tom confessional, mas por sua bela presença em cena. Alanis tem axé...
No show, de
vibe roqueira, é menos perceptível a moldura eletrônica que adorna parte do repertório do álbum
Flavors of Entanglement (2008) - em tese, a base da turnê que trouxe Alanis ao Brasil para onze shows em dez capitais (ainda há apresentações a serem feitas até 10 de fevereiro em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre). Contudo, por mais belas que sejam, baladas novas como
Not As We, surtem efeito reduzido entre a platéia. Como era esperado, os grandes momentos são as músicas de
Jagged Little Pill, a obra-prima de 1995 no qual a compositora destilou toda sua ira contra o mundo masculino. Consciente de que nunca mais lançou outro álbum tão explosivo, Alanis salpicou no roteiro várias músicas deste disco marcante. Mas o início foi com
Uninvited, tocada após a abertura-vinheta feita com trecho de
The Couch. Músicas como
All I Really Want mexeram com a platéia - certamente a parte do público que não estava ali para ver o show do Psirico, o grupo de axé pagodeiro que encerrou a noite no
Palco Principal (houve shows paralelos).
Simpática, embora sua interação com a platéia tenha se resumido a alguns
thank you ditos ao fim dos números, Alanis se impôs em palco tão heterogêneo por conta da força de sua performance. Além de cantar bem e de dar conta do recado na guitarra, a artista ainda temperou suas interpretações com movimentos frenéticos. Aplausos fortes se fizeram ouvir quando ela rodopiou pelo palco, girando os longos cabelos pretos. Mesmo para um público que pouco se importava em conhecer músicas como
Versions of Violence e
Moratorium, dois temas do bom álbum
Flavors of Entanglement que aparecem no roteiro, os sabores picantes de Alanis Morrissette se revelaram sedutores. E ela ainda tocou gaita.