22 de agosto de 2009

Daniela celebra mistura brasileira em Canibália

Resenha de Show
Título: Canibália
Artista: Daniela Mercury (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Canecão (RJ)
Data: 21 de agosto de 2009
Cotação: * * * *
Em cartaz no Rio de Janeiro (RJ) até 23 de agosto
Com a liberdade antropofágica já permitida pelo tropicalista título do show Canibália, Daniela Mercury acentua a miscigenação de seu baticum afro-pop-baiano em espetáculo que resulta vibrante pela pegada percussiva da banda e pelo uso generoso de um corpo de bailarinos que dão movimento e colorido aos três blocos do roteiro em esfuziante interação com a cantora. A mistura é fina. A batida do samba-reggae se integra com bases eletrônicas sem, contudo, fazer a artista tirar o pé da Bahia, a "terra da felicidade", saudada logo na citação de Na Baixa do Sapateiro (Ary Barroso) que abre o roteiro após (tribal) número inicial de dança e batuque.
Canibália remete muito ao espetáculo anterior de Daniela, Balé Mulato (2006), quando celebra a negritude no medley Preta, que une Eu Sou Preto (Jota Velloso e Mariene de Castro) com Sorriso Negro (Jorge Portela e Adilson Barbado). As coreografias sempre eletrizantes dos dançarinos nesse número fazem de Canibália um verdadeiro balé mulato. Na sequência, Preta Pretinha entra em cena para reforçar o orgulho da negritude que dá o tom da música brasileira. Novos e velhos baianos se irmanam em roteiro que celebra o samba da terra de Dorival Caymmi (1914 - 2008) ao mesmo tempo em que propaga o atual pagode soteropolitano, representado pela citação de Sou Favela, o sucesso do grupo Parangolé. Mas a base que sustenta Canibália é a batida do samba-reggae. Daí a saudação a grupos afros como Ilê Aiyê (Ilê Pérola Negra, com um arranjo similar ao do show Eletrodoméstico, registrado por Daniela em 2002, em CD e DVD da série MTV ao Vivo) e Olodum (Olodum É Rei, tributo prestado na abertura do terceiro bloco). Sempre entre a tradição e a modernidade, Daniela sampleia a voz de Carmen Miranda (1909 - 1955) em O que É que a Baiana Tem? - o tema de Caymmi que é revivido num misto de samba e twist - e faz seu carnaval eletrônico ao fim do show com Oyá por Nós, a parceria com Margareth Menezes que bebe tanto nas fontes do afro-pop-brasileiro como na levada do drum'n'bass.
O cenário de Gringo Cardia contribui para o colorido do show. E, justiça seja feita, grande parte da magia de Canibália vem da eletricidade exibida por Daniela Mercury em cena. Apesar das múltiplas referências do roteiro, o calor da artista uniformiza o repertório e até disfarça o caráter mediano de algumas músicas inéditas (A Vida É um Carnaval, Trio em Transe) que compõem o repertório do CD Canibália, nas lojas em setembro de 2009. Novidade da safra autoral do álbum, o reggae Sol do Sul celebra o suingue tropical que irmana povos e ritmos da América Latina. Sem esquecer a mãe África, de cuja Angola vem o ritmo e a dança do kuduro que pontuam Quero a Felicidade. Com o suingue da cor, a baiana se aventura ainda a cantar Legião Urbana (Tempo Perdido), Raul Seixas (Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás) e Belchior (Como Nossos Pais) num bloco de energia mais roqueira que se sustenta na imediata empatia do público com músicas que já estão na memória afetiva dos brasileiros. No bis, o choro Tico-Tico no Fubá e Quero Ver o Mundo Sambar acentuam a intenção de Canibália de deglutir referências planetárias sem tirar o pé do chão nacional. E, por mais que tais citações sejam múltiplas e rápidas, tudo se irmana no suinge sedutor desse balé mulato que celebra a mistura brasileira com todas as liberdades tropicalistas.

Roteiro de Canibália tritura Chico, Raul e Russo

Em sintonia com a miscigenação antropofágica já sugerida pelo título do show, o roteiro de Canibália - o espetáculo vibrante que Daniela Mercury está apresentando no Rio de Janeiro (RJ) neste fim de semana de agosto de 2009 - deglute referências a novos e velhos baianos, misturados no repertório com músicas ausentes do universo afro-pop-brasileiro, casos de O Que Será (Chico Buarque), Como Nossos Pais (Belchior), Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás (Raul Seixas e Paulo Coelho) e Tempo Perdido (Renato Russo). Eis o roteiro apresentado por Daniela Mercury (em fotos de Mauro Ferreira) na ótima estreia carioca de seu novo show Canibália - no Canecão - na noite de 21 de agosto de 2009:
1. Na Baixa do Sapateiro / O Samba da Minha Terra / Samba da Benção
2. Preta: Eu Sou Preto / Sorriso Negro
3. Preta Pretinha (com citações de Brasileirinho, Sou Favela e Brasil Pandeiro)
4. Ilê Pérola Negra
5. O Que Será?
6. Batuque
7. O que É que a Baiana Tem?
8. Sol do Sul
9. Minas com Bahia
10. A Vida É um Carnaval
11. Quero a Felicidade
12. Rapunzel
13. Número instrumental da banda
14. Trio em Transe
15. Tempo Perdido
16. Como Nossos Pais
17. Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás (com citações de O Que e Black or White)
18. Elétrica
19. Número instrumental da banda
20. Olodum É Rei
21. Swing da Cor (c0m citação de Tropicália)
22. Oyá por Nós
Bis:
23. Tico-Tico no Fubá
24. Quero Ver o Mundo Sambar (com citação de Brasileirinho)
23. Maimbê Dandá
24. O Canto da Cidade

Daniela grava parceria com rapper Wyclef Jean

Rapper e produtor atuante no universo norte-americano do hip hop, Wyclef Jean - projetado nos anos 90 como integrante do trio The Fugees - se tornou parceiro de Daniela Mercury. A primeira música da artista baiana com Wyclef - Life Is Beautiful, um r & b turbinado com a batida do samba-reggae - integra o repertório de Canibália, o álbum que a cantora vai lançar em setembro de 2009, com cinco opções de capas (duas podem ser vistas acima).

Garrido, Takai, Laura e KLB na trilha do 'Poder'

Já está chegando às lojas, com distribuição da Warner Music, o CD que reúne as músicas da trilha sonora da novela Poder Paralelo, exibida pela Rede Record. Toni Garrido (visto à esquerda numa foto de Bob Wolfenson) é o convidado da regravação de Firmamento - música do repertório do grupo Cidade Negra - feita pela banda Opinião Pública. A seleção inclui fonogramas de Mariana Belém (Ronda), Fernanda Takai (Insensatez) e KLB (Estou Morrendo aos Poucos), entre outros nomes bem menos conhecidos do público. O tema de abertura da trama da Rede Record, Belíssimo Cosi, é entoado pela artista italiana Laura Pausini. É a faixa que abre o CD.

21 de agosto de 2009

Norah prioriza violão e muda som no quarto CD

Norah Jones decidiu testar sonoridades e mudar o estilo de sua música no quarto álbum de estúdio, já programado para novembro de 2009 pela EMI Music. Uma das novidades é o fato de a estrela do pop jazz - habituada a tocar piano em discos e em shows - tocar violão na maioria das faixas. Ainda sem título, o CD está sendo pilotado por Jacquire King, produtor e engenheiro de som de nomes como Tom Waits e Kings of Leon. Todo o repertório foi composto por Norah ao longo dos últimos dos dois anos. Sem deixar seu parceiro Jesse Harris, a artista quis trabalhar também com Ryan Adams e Will Sheff. A banda formada para o disco inclui o tecladista James Poyser, dois bateristas (Joey Waronker e James Gadson) e os guitarristas Marc Ribot e Smokey Hormel. A conferir.

Universal adquire títulos de Sinatra na Reprise

A gravadora Universal Music adquiriu os direitos para relançar todo o catálogo do selo Reprise, criado em 1961 por Frank Sinatra (1915 -1998). A compra prevê um extenso cronograma de reedições da obra do cantor. O pontapé inicial vai ser dado em outubro de 2009 com a edição comemorativa dos 40 anos do álbum My Way, lançado em 1969 com sucesso por conta da faixa-título. A reedição vai incluir gravações inéditas feitas na época do lançamento do disco. O acordo selado entre a Universal Music e a Frank Sinatra Enterprises engloba todos os 38 álbuns feitos por Sinatra para o selo. Além dos CDs, a Universal adquiriu os direitos para relançar em DVD 14 registros audiovisuais da Voz. Detalhe: tanto CDs como DVDs poderão ser relançados pela Universal em qualquer parte do mundo, exceto nos Estados Unidos, país onde o catálogo de Sinatra na Reprise é editado pelo selo Concord Music.

Morto há 20 anos, Raul precisa ser reavaliado...

A aura mitológica que cerca a vida e a obra de Raul Seixas (1945 - 1989) tem impedido uma revisão mais justa e imparcial de sua discografia - a rigor, irregular. É certo que o Maluco Beleza já tem lugar vitalício e merecido na galeria dos artistas mais originais, criativos e pioneiros do Brasil. E o fato de estar se falando de Raul e cantando Raul tanto tempo após sua morte - que completa 20 anos nesta sexta-feira, 21 de agosto de 2009 - apenas reforça o talento do artista. Contudo, é fato também que quase ninguém escuta e analisa a discografia de Raulzito com o devido senso crítico. A rigor, todo o mito alimentado em torno de Raul se origina da força de seus cinco primeiros discos individuais. Krig-Ha-Bandolo! (1973) e Novo Aeon (1975) são obras-primas. Gita (1974) roça a genialidade deles. Já Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás (1976) e O Dia em que a Terra Parou (1977), embora sejam bons discos, já começam a sinalizar a crise de criatividade que diluiria a força da obra de Raul a partir do álbum Mata Virgem (1978). A devoção do artista às drogas e ao álcool fez com que o roqueiro virasse um clone de si mesmo ao longo dos anos 80. Houve um ou outro lampejo de criatividade, perceptível em especial no álbum Metrô Linha 743 (1984), mas já era difícil identificar no Raul dos anos 80 aquele roqueiro antenado dos 70, mestre em alinhar afinidades entre Luiz Gonzaga (1912 - 1989) e Elvis Presley (1935 - 1977). Raul fazia rock com identidade brasileira e tinha a capacidade de se fazer entender pelo chamado grande público - qualidade que faltou à obra também pioneira do grupo Os Mutantes, o primeiro a fazer rock no Brasil sem copiar o modelo estrangeiro. O autor de Ouro de Tolo se fez notar também pelo tom corrosivo e debochado que conseguiu imprimir em sua música em plena era da censura ditatorial. Na citada Ouro de Tolo, destaque de seu primeiro álbum solo, o artista mostrou logo de cara o quão falso podia ser o milagre brasileiro. Raul Seixas foi a mosca que pousou na sopa da classe média conformista. Pena que, com o tempo, sua obra foi ficando quase tão rala como essa sopa. Ainda assim, Raul Seixas merece todos os aplausos possíveis, vinte anos depois de sua saída de cena, pelo vigor dessa obra inicial e imortal que vem sustentando o mito ao longo desses anos.

Compilação exibe o balanço obscuro de Simonal

Resenha de CD
Título: Um Sorriso
pra Você
Artista: Wilson Simonal
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * * *

Tem se falado muito de Wilson Simonal (1938 - 2000) ao longo deste ano de 2009 por conta da justa reabilitação (artística) promovida pelo cultuado documentário Ninguém Sabe o Duro que Dei. Mas quase não se ouve Simonal. No máximo, o público conhece uma ou outra gravação mais emblemática do cantor, como Sá Marina e País Tropical, insistentemente incluídas nas coletâneas editadas de tempos em tempos pela gravadora EMI Music. Por isso mesmo, é justo reconhecer o mérito da compilação Um Sorriso pra Você, produzida pela Universal Music para faturar com a redescoberta do artista. A coletânea enfoca período obscuro da discografia de Simonal, reunindo fonogramas dos compactos e dos quatro álbuns gravados pelo artista para Philips entre 1972 e 1974, quando ele já amargava a condenação e o desprezo de toda a MPB por conta da acusação de delação de colegas envolvidos na luta contra a ditadura. Julgamentos à parte, a compilação mostra que, mesmo exilado pela esquerda, Simonal conservou o balanço. É fato que o tom esfuziante da fase áurea parece ter se dissipado nos registros de sambas como Teimosa (da dupla Antonio Carlos & Jocafi) e Na Subida do Morro (hit de Moreira da Silva, abordado por Simonal com muita malandragem e um breque de clima teatral). Mas o suingue ímpar está lá. E as duas gravações que abrem a seleção feita por Carlos Savalla - Dingue Li Bangue (J. D. San e McDonys) e Cuidado com o Bulldog - são especialmente sedutoras por mostrar Simonal imerso na batida do samba-rock, gênero muito em voga na primeira metade dos anos 70. E, para colecionadores, vale a informação de que Um Sorriso pra Você apresenta quatro fonogramas inéditos no Brasil, gravados para o México, com destaque para o samba Tristeza (Haroldo Lobo e Niltinho) e para Águas de Março (Tom Jobim). Aliás, em outra gravação inédita, Simonal mergulha com muita personalidade no mar da bossa ao emendar o Samba da Minha Terra (Dorival Caymmi) com O Pato (Jaime Silva e Neusa Teixeira), Samba de uma Nota Só (Tom Jobim e Newton Mendonça) e Garota de Ipanema (Tom Jobim e Vinicius de Moraes). Completa o naipe de inéditas o medley que reúne os sambas-enredos Mangueira Minha Querida Madrinha (Tengo Tengo) e Festa para um Rei Negro (Pega no Ganzê). Enfim, na ausência dos álbuns originais, Um Sorriso pra Você cumpre o papel de jogar luz sobre o período de trevas da obra de Simonal.

Sai no Brasil DVD com show de Dogg em 2005

Já mais voltada para o licenciamento de DVDs estrangeiros, a gravadora carioca Coqueiro Verde põe outro título inédito no mercado brasileiro: Drop It Like It's Hot, de Snoop Dogg, rapper norte-americano da dura linha gangsta que despontou com força no mundo do hip hop em 1993 com o lançamento de seu primeiro álbum, Doggystyle, de cujo repertório Snoop revive hits como Gin & Juice neste DVD captado em 2005 em show no Forest International, em Bruxelas, capital da Bélgica. No roteiro, o rapper - atualmente com cotação bem mais baixa no mercado do hip hop - rebobina sucessos como P.I.M.P e Beautiful. Nos extras, o DVD exibe dois números, Wrong Idea e Deep Cover, filmados no Sumfest, na Jamaica, em 2001. A Coqueiro Verde teve o cuidado de pôr legendas em português nas falas de Snoop Dogg.

20 de agosto de 2009

Da Ghama fica sem identidade no primeiro solo

Resenha de CD
Título: Violas e Canções
Artista: Da Ghama
Gravadora: Reggae Brasil
Cotação: * *

É difícil acreditar num futuro longo para a carreira solo de Da Ghama como cantor. Ao menos por enquanto. Último dissidente do grupo Cidade Negra, o guitarrista não diz muito a que veio em seu primeiro CD individual, Violas e Canções, equivocado já a partir do título, que sugere um clima ruralista que, a rigor, não há entre as 14 faixas. Há, claro, as canções como Tesouro Perdido, Carta Grega e Amor Proibido, parcerias de Da Ghama com Bernardo Vilhena, George Israel e Rick Magia, respectivamente. E o problema é que elas, as canções, não chegam a entusiasmar. Falta pegada. Falta foco mais definido. O disco oscila entre romantismo pop (Jeito de Ser, outra canção de Ghama com Vilhena), tema embebido em latinidade de atmosfera quase cigana (Amor Matador), samba (Ciranda, composto com Marcos Valle e gravado com Arlindo Cruz) e cover dispensável do repertório irregular do Cidade Negra (A Cor do Sol). A propósito, ter embutido Na Rua, na Chuva, na Fazenda (Casinha de Sapê) numa batida de reggae pouco ou nada fez pela canção de maior sucesso de Hyldon. Aliás, regravação por regravação, a de Não Chores Mais (No Woman, no Cry - no bom original de Bob Marley vertido para o português por Gilberto Gil nos anos 70) soa mais envolvente e ainda tem a curiosidade de ter a adição do rap de Renato Biguli, egresso do coletivo carioca Monobloco. Da Ghama também regrava Djavan (Cair em si) e Negril (o pop reggae Um Só Coração), num indício de que faltou estofo para reunir repertório inédito que sinalizasse caminho mais pessoal que desse ao guitarrista maior identidade na carreira solo.

U2 põe inéditas na edição de Unforgettable Fire

Nas lojas até o fim de 2009, numa distribuição planetária, a edição comemorativa dos 25 anos de Unforgettable Fire - o álbum lançado pelo U2 em 1984 - vai apresentar músicas inéditas do grupo irlandês, gravadas durante as sessões de estúdio do disco. O material inédito foi encontrado pelo quarteto após vasculhar seu baú para incrementar a reedição especial do álbum. Uma das músicas é Disappearing Act, tema inicialmente intitulado White City e burilado pelo grupo este ano, na França. Bono Vox pôs nova voz, mas o instrumental é o mesmo registrado há 25 anos. Essas inéditas foram achadas há seis meses.

Salmaso canta Chico ao vivo com áudio inédito

Bela música lançada por Chico Buarque em 1975, na trilha sonora da peça Gota d'Água, Flor da Idade foi incorporada ao longo de 2008 ao roteiro da turnê do show Noites de Gala, Samba na Rua - em que Mônica Salmaso aborda o repertório de Chico Buarque na companhia do grupo Pau Brasil. Flor da Idade não aparece no show registrado em março de 2008 e editado em DVD, mas está no CD Noites de Gala ao Vivo. É que o ótimo CD ora lançado pela gravadora Biscoito Fino apresenta áudio inédito, diferente da gravação lançada em vídeo. O segundo registro ao vivo foi feito em 3 de outubro de 2008 em apresentação do show no Teatro FECAP, em São Paulo (SP). A intenção da Biscoito Fino era aproveitar o áudio do DVD para editar um CD, mas Mônica Salmaso se opôs à ideia por considerar que, na ocasião, o CD soaria extremamente parecido com o álbum de estúdio de 2007. "Quando voltamos a São Paulo, o show que fazíamos tinha ganhado mudanças musicais consideráveis. Como nós já tínhamos feito mais de 80 shows em teatros diversos, os arranjos foram incorporando outras nuances, novidades e mais propriedade musical", argumenta Salmaso, com a autoridade de ser uma cantora criteriosa que se porta em cena como um músico.

Tons sutis de 'Chiaroscuro' não renovam Pitty

Resenha de CD
Título: Chiaroscuro
Artista: Pitty
Gravadora: Deckdisc
Cotação: * * 1/2

Sim, há alguns tons sutis que diferenciam o terceiro álbum de estúdio da roqueira Pitty, Chiaroscuro, dos anteriores Admirável Chip Novo (de 2003) e Anacrônico (2005) - como vem alardeando a equipe de marketing da gravadora Deckdisc e a própria Pitty desde que o disco começou a ser feito. Exemplo é a atmosfera de tango que envolve algumas passagens de Água Contida. A leveza pop de Me Adora, faixa (estrategicamente) escolhida para puxar o álbum, é outra sutileza do CD. Contudo, tais tons sutis não bastam para configurar real mudança de rota. Músicas como Medo e Trapézio reeditam o peso habitual do som da roqueira baiana. E, embora destaque temas como 8 ou 80 e a citada Medo, a safra de inéditas autorais resulta irregular. Entre baladas (Só Agora, com efeitos de chuva) e rocks (Fracasso), Pitty apresenta álbum que prometia mais do que efetivamente cumpre. Louve-se, no entanto, o fato de Chiaroscuro ser disco de banda. Tanto que Duda (bateria), Joe (baixo) e Martin (guitarra) aparecem ao lado de Pitty na foto da contracapa. Já a produção de Rafael Ramos parece querer não enfatizar a mudança ensaiada pela artista. Cujas letras - justiça seja feita - pairam acima da média do pop rock idiotizante dos anos 2000, ainda que sofram de certa pretensão e até eventualmente recorram a clichês. No resumo da ópera, nada mudou tanto assim, mas é saudável que Pitty busque outros elementos e sonoridades para seus discos. Talvez fosse o caso de tentar um outro produtor.

19 de agosto de 2009

Mistureba pop do Multishow tem sabor popular

Misture-se. Apesar do lema libertário, a 16ª edição do Prêmio Multishow não laureou toda a diversidade que pauta a música brasileira, mas, sim, a vertente mais popular da produção pop nacional. Por ser regida pelo gosto discutível de fãs, a premiação do canal de TV Multishow permite que um grupo juvenil como o NX Zero fature o troféu de Melhor CD (no caso, por Agora), derrotando concorrentes mais alentados como o quarteto Skank (Estandarte) e Marcelo D2 (A Arte do Barulho). E disputando com nomes que, a rigor, nem deveriam estar ali não fosse a devoção de comunidades e clubes de fãs. Caso de Cláudia Leitte, indicada na mesma categoria por seu insosso CD Ao Vivo em Copacabana. Aberrações à parte, é justo admitir que o Prêmio Multishow encontrou em 2009 um tom mais jovial, condizente com a programação musical do canal que promoveu a cerimônia realizada na noite de terça-feira, 18 de agosto de 2009, na casa Citibank Hall. Longe dos rigores do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, o prêmio ficou mais espirituoso. Mérito talvez de sua nova diretora, Joanna Mazzucchelli, responsável por uma festa-show ágil que pôs o público-fã na beira do palco. É fato que os números musicais deste ano não reeditaram o brilho de edições anteriores, mas o que importou foi o clima de confraternização. Música não é uma atividade competitiva - como bem lembrou Marisa Monte ao receber o troféu de Melhor Cantora que poderia ter ido parar nas mãos de Ana Carolina, Ivete Sangalo, Roberta Sá ou de Vanessa da Mata - e o Prêmio Multishow seduziu por esse ambiente de fraternidade (genuína ou ensaiada, não importa) que se impôs na cerimônia. Cuja mistureba pop teve, claro, sabor forçamente popular. É por isso que a inexpressiva Banda Cine, alvo do afeto de adolescentes, se sagrou a Revelação do ano. É por isso que os autores da balada Amado, Vanessa da Mata e o emergente Marcelo Jeneci (em foto de Marcelo Bruno, da Agência MT), subiram ao palco do Citibank Hall para receber o prêmio de Melhor Música por uma canção que, a rigor, foi lançada em 2007. É por isso que o Capital Inicial foi laureado com o troféu de Melhor Show por conta de um espetáculo editado em série ao vivo do próprio canal Multishow. É por isso, por fim, que o Fresno foi eleito o Melhor Grupo numa categoria que, a rigor, deveria ter premiado o Skank, laureado com o troféu de Melhor Clipe (o de Ainda Gosto Dela, dirigido por Hugo Prata, com Samuel Rosa e Henrique Portugal na foto de Marcelo Bruno) e com o Prêmio Iniciativa. Este - conferido pela atenção que o quarteto vem dispensando às novas mídias e modalidades de interação virtual com os fãs - sinaliza que o Prêmio Multishow entende que os tempos estão mudando e que já há outras formas de se consumir e obter música. A festa-show foi bonita, teve sua razão de ser e fez sentido, dentro da lógica populista que norteou tal mistureba pop.

Rita Lee é homenageada no Prêmio Multishow

Não foi exatamente uma refestança, apesar da presença simbólica de Gilberto Gil nos vocais e na guitarra. Mas, além de merecida, a bela homenagem prestada a Rita Lee na 16ª edição do Prêmio Multishow - realizada na noite de terça-feira, 16 de agosto de 2009, no Citibank Hall do Rio de Janeiro (RJ) - reforçou o tom jovial e pop da premiação, que mudou de casa por conta das obras no já centenário Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Com a habitual presença de espírito, Rita Lee - vista acima em foto de Marcelo Bruno, da Agência MT - recebeu o prêmio da neta, Isabella, e brincou ao fazer o discurso de agradecimento: "Cá entre nós, Isa, vovó preferia receber o prêmio em dinheiro. Que é para inteirar as despesas da cirurgia que vai consertar minha asinha quebrada. Mas minha conta nas Ilhas Cayman é a mesma da Igreja Universal. Aleluia!!! Joguemos os dízimos!!!", ironizou a eterna Ovelha Negra. Antes, um vídeo narrado pelo filho de Rita, Beto Lee, traçou de forma esperta um perfil da roqueira. Pena que o número musical - feito por supergrupo que tinha à frente Pitty e Gilberto Gil (em foto de Murillo Tinoco, da Agência MT) - não esteve à altura da obra pioneira de Rita. Apesar de seis ótimos músicos (Gilberto Gil, Dadi, Donatinho, João Barone, Bem Gil, Beto Lee e Liminha) terem sido arregimentados para formar essa tal superbanda, Pitty não segurou a peteca ao cantar Ovelha Negra, Mania de Você e Lança Perfume. Sucessos de uma artista que é referência para todas as mulheres que fazem música pop no Brasil, como, aliás, enfatizou Marisa Monte ao apresentar o justo tributo.

Ivete exibe barriga em duo com Zeca Pagodinho

Com apurado senso de oportunidade, Ivete Sangalo conseguiu ser notícia no Prêmio Multishow 2009. Mesmo sem ser premiada (embora um fã seu, Kadu Gauer, tenha faturado o troféu de Melhor TVZé por conta do clipe amador do último hit da cantora, Dalila), a artista baiana chamou a atenção ao exibir a barriga nua - grávida de sete meses - no número feito em dueto com Zeca Pagodinho. A estrela da axé music e o sambista interpretaram Falsa Baiana e Deixa a Vida me Levar. Ivete - com Pagodinho na foto de Marcelo Bruno, da Agência MTV - cantou e sambou no palco, mas, embora simpático, o número em si não empolgou. Faltou entrosamento entre os dois artistas (Ivete parecia muito mais preocupada em se exibir do que em interagir com Zeca). Aliás, dos seis números musicais dirigidos por Liminha, nenhum empolgou de fato. Seu Jorge, Roberta Sá, Maria Gadú e Nina Becker soaram como meros coadjuvantes do rapper Marcelo D2 em Pode Acreditar. A reunião de três grupos queridinhos das adolescentes - NX Zero, Fresno e Strike - pareceu meramente burocrática e nada fez por Inútil, sucesso da banda Ultraje a Rigor. Mais pegada tiveram o Little Joy (que tocou Keep me in Mind) e o trio formado por Ana Cañas com Arnaldo Antunes e o baixista do Jota Quest, PJ, para celebrar Raul Seixas (1945 - 1989) - com enérgico cover de Como Vovó Já Dizia.

Multishow premia os cantos de Marisa e Jorge

Marisa Monte e Seu Jorge - vistos em fotos de Marcelo Bruno, da Agência MT - foram os vencedores do Prêmio Multishow 2009 nas categorias de Melhor Cantora e Melhor Cantor na eleição decidida pelos fãs. A 16ª edição do prêmio aconteceu na noite de terça-feira, 18 de agosto de 2009, no Citibank Hall do Rio de Janeiro (RJ), em festa-show dirigida por Joana Mazzucchelli. Marisa derrotou a favorita Ivete Sangalo - cujo nome foi gritado pelos fãs desde a leitura das indicadas - e Jorge confirmou o pico de popularidade obtido com o disco América Brasil, que lhe deu dois hits radiofônicos, Burguesinha e Mina do Condomínio. Além de ser eleita a Melhor Cantora, Marisa Monte levou o troféu de Melhor DVD, já por conta de Infinito ao meu Redor (2008).

18 de agosto de 2009

Weezer apresenta 'Raditude' em 27 de outubro

Raditude é o título do sétimo álbum de estúdio do grupo Weezer. Produzido por Butch Walker e Jacknife Lee, o CD tem lançamento agendado para 27 de outubro de 2009. Seu primeiro single, (If You're Wondering If I Want You to) I Want You To,vazou na internet, mas será lançado oficialmente somente em 25 de agosto.

Animada, Ivete produz desenho com sua figura

Paralelamente à promoção do CD / DVD Pode Entrar (que ganha esta semana nova música de trabalho, Quanto ao Tempo), Ivete Sangalo produz longa-metragem de animação, Ivete Stellar e a Pedra da Luz, através da Cacomotion, o braço cinematográfico da empresa da artista, Caco de Telha. Criado e dirigido por Renato Barreto, com o uso de técnicas de animação em 3D, o filme traz a própria Ivete como personagem central da aventura. A foto acima é a primeira imagem animada (e divulgada) da musa da axé music.

Jaime vai além de Bethânia com CD solo caipira

Resenha de CD
Título: Dez Cordas
do Brasil
Artista: Jaime Alem
Gravadora: Repique
Brasil
Cotação: * * *

Difícil dissociar o violonista Jaime Alem da cantora Maria Bethânia, da qual ele é maestro há 25 anos. Mas, embora o músico somente agora apresente seu primeiro disco solo, Dez Cordas do Brasil, sua carreira não começa com Bethânia. Após dois álbuns divididos com a sua mulher, Nair de Cândia, ambos editados na década de 70, o artista se embrenha nos sertões brasileiros neste primeiro trabalho individual. O título se refere às dez cordas da viola caipira de Alem. É em torno da viola - e dos ritmos rurais cultivados nos interiores do Brasil - que gira o CD. O músico brilha mais do que o compositor, autor solitário dos 13 temas. Basta ouvir a frenética Moda de uma Corda Só para atestar a habilidade de Alem no toque da viola (no caso, feito somente com uma corda, à moda dos violeiros que tocam nas ruas de São Paulo). Já o compositor se mostra mais inspirado ao criar sambas rurais como Na Moda do Maxixe e, sobretudo, o suingado Pracatugudum. O fato de todas as músicas terem sido compostas no estúdio talvez explique o caráter nem sempre coeso do repertório, mas, justiça seja feita, há unidade neste disco que evoca sons das Geraes em Sonata Alegre e a intensa influência árabe na música nordestina em Romance da Moura. Com Dez Cordas do Brasil, Jaime sai da sombra de Bethânia e vai além do universo musical da cantora.

P.S.: Admiradora da viola e dos sons sertanejos, Maria Bethânia vai participar do show de lançamento do CD solo de Jaime Alem, agendado para as 21h desta terça-feira, 18 de agosto de 2009, no Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro (RJ). Além de cantar quatro músicas, a intérprete recitará um texto no show de Alem.

Em seu trio, Marcel Powell vai de Baden a Bosco

Filho de Baden Powell (1937 - 2000), Marcel Powell segue de longe as pegadas do pai em seu segundo disco, Corda com Bala, produzido por Victor Biglione e recém-editado neste mês de agosto de 2009 pela gravadora Rob Digital. No comando de trio formado por ele, o baixista André Neiva e o baterista Sandro Araújo, Marcel apresenta tema autoral (Lamento Fluminense) entre standards de Tom Jobim (O Morro Não Tem Vez), Arthur Hamilton (Cry me a River) e João Bosco (Bala com Bala, unido a Incompatibilidade de Gênios). Na seleção, há dois temas pouco conhecidos de Baden, Um Abraço no Trio Elétrico e Chora Violão. Marcel Powell é o autor dos arranjos das dez faixas.

Jane e Biglione dão bonito olhar nacional a Ella

Resenha de CD
Título: Tributo a
Ella Fitzgerald
Artista: Jane Duboc
e Victor Biglione
Gravadora: Rob Digital
Cotação: * * * *

Cantora brasileira de técnica irretocável, Jane Duboc se une ao mais brasileiro dos guitarristas argentinos, Victor Biglione, para abordar o repertório de Ella Fitzgerald (1917 - 1996), uma das divas imortais do jazz. Jane e Biglione dão "um olhar brasileiro sobre canções que marcaram época", como ambos anunciam já na contracapa do bom álbum produzido pela dupla, arranjado pelo guitarrista e editado pela gravadora Rob Digital. Quando é dado na medida, o olhar resulta bonito. A exemplo de Here Is That Rainy Day (1953), adornada na introdução e no fim com sons que evocam a obra soberana de Heitor Villa-Lobos (1887 - 1959). A afinidade entre o jazz e a Bossa Nova é ressaltada em Night and Day (1932) e em Come Rain or Come Shine (1946). Já os toques de baião e marcha-rancho inseridos em Satin Doll (1953) não chegam a fazer diferença na faixa (na qual Jane se revela hábil nos scats, área onde Ella sempre foi mestra). Da mesma forma que a pegada nordestina que a dupla tenta imprimir em Ain't Got Nothing But the Blues (1937). Por sua vez, Stormy Weather (1933) ganha algumas células rítmicas de samba. Já Bonita (Tom Jobim, 1964, na versão em inglês de Ray Gilbert) soa reverente ao refinado universo musical da grande dama norte-americana do jazz. Enfim, originado de show (Dear Ella) apresentado pela dupla em 1996, Tributo a Ella Fitzgerald é disco classudo, valorizado tanto pelo canto límpido de Jane Duboc - ora encarando repertório à altura de sua voz - quanto pela guitarra precisa de Victor Biglione.

17 de agosto de 2009

Veia pop de Simone aflora em CD arejado e feliz

Resenha de CD
Título: Na Veia
Artista: Simone
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *

Na Veia - o CD de Simone que a Biscoito Fino põe nas lojas neste mês de agosto de 2009 - tem sido alardeado como um trabalho que dialoga com a discografia construída pela cantora na década de 70. Não é por aí. A despeito de conter músicas de dois compositores recorrentes na obra áurea de Simone, como Abel Silva e Gonzaguinha (1945 - 1991), Na Veia remete mais a Seda Pura (2000), álbum de pegada mais pop. Entre sambas, baladas e até um blues (Pagando pra Ver, parceria de Abel com Nonato Luís), Simone deixa aflorar sua veia pop ao cantar em tons leves e elegantes um curioso repertório formado por inéditas de Adriana Calcanhotto, Marina Lima, Erasmo Carlos e Marcos Valle. Já no samba que abre o disco, Love (Paulo Padilha, compositor da cena indie paulista), Na Veia pulsa num tom desencanado. Reiterado pelo clima boemio que norteia Certas Noites, parceria de Adriana Calcanhotto com Dé Palmeira. O repertório exala felicidade. Ou vontade de ser feliz, como sinalizam os versos de Migalhas, balada na qual é perceptível o DNA melódico do cancioneiro romântico de Erasmo Carlos. Essa felicidade pontua tanto Na Minha Veia - o grande samba de Martinho da Vila e Zé Katimba que inspira o bom título do disco - como Bem pra Você, a balada assinada por Marina Lima com Dé Palmeira. A louvação ao amor feliz é feita com sensualidade, exposta sobretudo nos versos de Deixa Eu te Amar (o samba popularizado por Agepê nos anos 80 que Simone revive em clima mais cool), de Hóstia - canção que estende a parceria de Erasmo com Marcos Valle - e de Definição da Moça, o tema (menos inspirado...) composto por Adriana Calcanhotto a partir de poema de Ferreira Gullar. Dentro do espírito do disco, a bissexta incursão da cantora pelo ofício de compositora nem destoa do repertório assinado por autores mais experientes. Vale a Pena Tentar é canção antiga, inicialmente intitulada À Beira dos Lençóis e idealizada por Simone em 1973 ou 1974 como imediata resposta a Proposta, marco inaugural da fase motel da obra de Roberto Carlos. A letra foi levemente burilada por Hermínio Bello de Carvalho, generosamente creditado como parceiro. Num jogo já ganho, vale destacar ainda a ótima regravação de Geraldinos e Arquibaldos, samba de Gonzaguinha arranjado com naipe de metais por Luiz Brasil. A propósito, o afiado time de arranjadores arregimentados pelo produtor Rodolfo Stroeter - Nelson Ayres, Rildo Hora, Julinho Teixeira e Luiz Brasil, com colaborações da própria artista - contribui decisivamente para criar a atmosfera de leveza que torna Na Veia um dos mais arejados discos de Simone.

Ana já prepara DVD de 'N9ve' com Gil e Gadú

Na imediata sequência da edição do CD N9ve, Ana Carolina (em foto de André Schiliró) já prepara DVD inspirado no repertório de seu sétimo álbum. Letrista do samba Torpedo, Gilberto Gil grava sua participação em 26 de agosto. Maria Gadú é outra presença confirmada. A cantora fará dueto com Ana em inédito blues que chegou a ser gravado para o disco, mas foi excluído na mixagem...

Adegas tenta ir além do Sul com o CD 'Sambô'

Cantora gaúcha já conhecida no circuito de bares de Porto Alegre (RS), Renata Adegas tenta projeção nacional com o lançamento de seu primeiro independente CD, Sambô, produzido por Geraldo Flach. Com suingue e fraseado seguro, Adegas - vista acima em foto de Maria Elisa Olsen - canta músicas de Claudio Lins (Nem Depois e Louca), revive um tema menos badalado de Gonzaguinha (Recado, faixa-título do álbum lançado pelo compositor em 1978) e apresenta parcerias com Michael Dorfman que transitam entre o samba (Cara de Pau) e a canção (Simples). Sambô tem 10 faixas.

'Bleach' incorpora 11 faixas ao vivo em reedição

Primeiro álbum do Nirvana, lançado originalmente em junho de 1989, Bleach vai ganhar em 3 de novembro de 2009 luxuosa reedição em comemoração aos seus 20 anos de vida. Produzida pelo selo Sub Pop, nos formatos de CD e de vinil duplo branco, a reedição remasterizada vai apresentar, como bônus, 11 músicas captadas ao vivo em show feito pela banda em 9 de fevereiro de 1990 no Pine Street Theatre, em Portland (Oregon, EUA). Aliás, a gravação ao vivo foi remixada por Jack Endino, o produtor de Bleach. Entre os números do show, há Molly's Lips, tema do repertório do grupo escocês The Vaselines. O CD virá com libreto com 48 páginas, recheadas de fotos inéditas do Nirvana. É para fã!!

16 de agosto de 2009

DVD de Roberta traz fado em duo com Zambujo

Pra se Ter Alegria - Ao Vivo é o título do DVD e do CD que Roberta Sá lança neste mês de agosto de 2009 com o registro ao vivo do show Que Belo Estranho Dia pra se Ter Alegria. Além de trazer nos extras as participações de Chico Buarque (com Roberta na foto durante a gravação de Mambembe) e Ney Matogrosso (com quem a cantora entoa Peito Vazio, de Cartola e Elton Medeiros, na companhia luxuosa das cordas do Trio Madeira Brasil), o DVD inclui mais dois números captados em estúdio. Um deles é Modinha, em gravação feita por Roberta Sá com Yamandú Costa, violonista que participa do outro número extra: um encontro de Roberta com o cantor português António Zambujo em Eu Já Não Sei, fado de de Domingos Gonçalves Costa e Carlos Gonçalves. O fado integra o repertório do terceiro álbum de Zambujo, Outro Sentido, recém-lançado no Brasil pelo selo MP,B Discos - de cujo elenco a cantora faz parte. Aliás, no lindo CD de Zambujo, Roberta canta o Fado Partido, composto por Pedro Luís com Ricardo Cruz.

Produtores e DJs remixam sucessos de Jackson

Produtores e DJs estão (re)mixando as gravações mais bem-sucedidas da fase juvenil da carreira de Michael Jackson (1958 - 2009) - inclusive as feitas com o grupo Jackson 5 - para um disco cujo lançamento está programado para 29 de outubro de 2009 pela gravadora Universal Music. Intitulado Michael Jackson - The Remix Suite, o tal projeto vai agregar nomes como The Neptunes, Dallas Austin, Q-Tip, Ryan Leslie, Polow Da Don, Tricky Stewart, Salaam Remi e Stargate. The Neptunes, por exemplo, vai assinar o remix de Never Can Say Goodbye. Um remix de ABC - por Salaam Remi - vazou na internet.

Valle e Celso escrevem boa página instrumental

Resenha de CD
Título: Marcos Valle & Celso Fonseca Apresentam Página Central
Artista: Marcos Valle & Celso Fonseca
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * *

O exuberante tema instrumental que abre e inspira o título do primeiro CD feito por Marcos Valle com Celso Fonseca, Página Central, faz supor um trabalho grandioso, até mesmo antológico. Não chega a tanto, como mostram os onze temas seguintes, mas o álbum lançado pela gravadora Biscoito Fino escreve boa página da música brasileira embebida na fusão de samba, bossa nova e canção pop. Juntos pela primeira vez em disco, após dividirem palcos no exterior, Valle e Celso apresentam 12 parcerias inéditas de clima variados. Os cânones da bossa cinquentenária regem canções como Ela É Aquela (cantada pelos dois com adição da voz de Patrícia Alvi) e Azul Cristal (entoada por Celso). O samba comanda o ritmo em Vim Dizer que Vim. Tudo sobre uma cama harmoniosa armada a partir da interação dos teclados fender rhodes e do piano de Valle com a guitarra e o violão de Celso. Os climas são variados, a ponto de Página Central fechar em tom camerístico com canção, Curvas do Tempo, envolvida em cordas. Contudo, é fato que as melhores páginas são os turbinados temas instrumentais. A faixa-título se confirma insuperável até o fim do disco, mas vale destacar também Voo Livre e Faz de Conta, este com intervenções do Azymuth - trio, aliás, hábil no estilo de som desenvolvido pela (antenada) dupla Marcos Valle e Celso Fonseca.

Pearl Jam dá música para fã que montar capa

Com lançamento agendado para 21 de setembro de 2009, puxado pela faixa The Fixer, o nono álbum de estúdio do grupo Pearl Jam - Backspacer - expõe na capa nove ilustrações idealizadas pelo cartunista Tom Tomorrow e espalhadas pela internet. Para quem encontrar as nove imagens na web e montar o quebra-cabeça no site oficial do grupo (ao encontrar a imagem, o fã deve clicar sobre a mesma para ser redirecionado à página na qual as nove peças serão agrupadas), a recompensa é o download gratuito da música Speed of Sound. Backspacer vai ser editado via Universal Music.

Segundo lote de reedições dos Stones já oscila...

Dando sequência ao relançamento de 14 álbuns de estúdio dos Rolling Stones, todos nas lojas até o fim de 2009 em reedições remasterizadas, a Universal Music põe no mercado o segundo lote, formado por Some Girls (1978), Emotional Rescue (1980), Tattoo You (1981) e Undercover (1983). Embora ligeiramente mais oscilante do que o primeiro, o segundo pacote ainda é bom. Sobretudo por conta de Some Girls e de Tatto You. Na segunda metade dos anos 70, poucos artistas ficaram imunes aos embalos de sábado à noite. E os Stones não foram exceção. Some Girls é pontuado pelo som das discotecas, sobretudo em seu maior hit, Miss You. Entre cover do grupo The Temptations (Just my Imagination) e singles como Respectable, o álbum mostrou que os Stones ainda davam as cartas mesmo com a explosão punk. Na sequência, Emotional Rescue não bisou todo o brilho de Some Girls, apesar de perseguir o som das discotecas em faixa apropriadamente intitulada Dance e de trazer rocks típicos do quarteto como She's so Cold. Caberia a Tattoo You recolocar os Stones nos eixos iniciais. Sua faixa de abertura, Star me up, é clássico obrigatório ainda hoje nos shows da banda. Entre rock (Hang Fire), blues (Black Limousine) e soul (Worried about You), o álbum se mostrou coeso, garantindo lugar de honra na discografia do grupo. Já Undercover, que flertou com o reggae e o emergente rap, sinalizou um início de crise criativa que, em maior ou menor grau, diluiu dali em diante o vigor da obra fonográfica dos Stones. Que passariam a dividir a coroa com o U2.