17 de fevereiro de 2007

Trilha de 'Sassaricando' é painel de Rio pacífico

Resenha de CD
Título: Sassaricando - E o Rio Inventou a Marchinha
Artistas: Alfredo Del-Penho, Eduardo Dussek, Juliana Diniz, Pedro Paulo Malta, Sabrina Korgut e Soraya Ravenle

Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * * 1/2

Saudades de um Rio de Janeiro mais pacífico? Parceria de Nássara e Frazão, a marcha Calma no Brasil fala de tempo em que a guerra acontecia somente na Europa. Era um tempo em que se andava de bonde, em saga retratada em Oito Pé, marchinha de Haroldo Lobo e Milton Oliveira. É bem verdade também que faltava luz e água a todo momento, como registraram os compositores Victor Simon e Fernando Martins em Vagalume, uma das 102 belas marchinhas reunidas nas 28 faixas do álbum duplo Sassaricando - E o Rio Inventou a Marchinha. Trata-se da deliciosa trilha do musical homônimo em cartaz no Rio até 18 de março - com os ingressos já esgotados até o fim da temporada. Pesquisadas por Sérgio Cabral e Rosa Maria Araújo, roteiristas do espetáculo, as músicas montam belo painel comportamental de um Rio moldado pela paz e alegria.

Mesmo sem contar com o sedutor gestual cênico concebido pelo diretor Cláudio Botelho para a apresentação das marchinhas no palco, o disco feito em estúdio é irretocável. O elenco de atores-cantores soube dosar bem o tom teatral - essencial em cena, mas geralmente over em disco - e revive com verve e naturalidade as marchinhas de letras maliciosas e espirituosas, através das quais é possível detectar rígidos padrões comportamentais da moralista sociedade carioca dos anos 30 aos 50, época áurea do gênero (a boa seleção vai até a década de 80 com hits como Maria Sapatão).

O delicioso repertório reproduz o roteiro do musical, dividido em blocos temáticos. Só que traz mais marchas do que o musical, pois alguns números foram cortados do roteiro ao longo dos ensaios. Sorte do ouvinte, pois é difícil resistir a temas como Seu Cornélio (Marino Pinto e Frazão) - que enfoca a maledicência popular que cerca casos de infidelidade conjugal - e Criado com Vó, marcha de José Mariano Barbosa e Marambá que traça bem-humorado de perfil de rapaz de tendência gay. Se o Rio antigo vivia tempos de paz, a má fé dos políticos vem de longe. Como prova Eu Também Quero Roubar - a marcha de Hervê Cordovil revivida pelo elenco.

Todos os arranjos do violonista Luís Filipe de Lima são arejados e impedem o mofo às vezes observado em discos do gênero. Não há caráter arqueológico na trilha de Sassaricando, embora a rica pesquisa dos autores seja fundamental para a documentação de marchinhas que corriam sério risco de cair no esquecimento. Sem esquecer os clássicos do gênero (Grau Dez, Máscara Negra, Linda Morena, Cabeleira do Zezé, Touradas em Madrid, Sassaricando, Cidade Maravilhosa), o CD enfileira jóias que estavam confinadas a saudosos Carnavais de folias mais pacíficas. E é nisso que reside também muito da sedução de Sassaricando, o musical e o disco.

Segundo solo de Paula traz surfista americano

Donavon Frankenreiter - cantor, compositor e surfista americano - é um dos convidados do segundo CD solo de Paula Toller (foto). O artista - convidado do último DVD do Kid Abelha, Pega Vida - aproveitou recente vinda ao Brasil para fazer show e gravou participação no disco da cantora. O lançamento está previsto para abril. A produção é de Paul Ralphes e o repertório é todo inédito.

Gal brilha em tributo que sairá também em CD

Além de sair em DVD, o show realizado na Bahia em tributo a Mãe Menininha do Gantois (1894 - 1986), no sábado, 10 de fevereiro, também será registrado em CD. De acordo com as impressões de quem assistiu ao espetáculo, o brilho maior foi de Gal Costa (foto) ao interpretar as músicas Força Estranha e Luz do Sol. Gal também cantou Milagres do Povo em dueto com Caetano Veloso, que fez sua Oração ao Tempo. Maria Bethânia entoou Yayá Massemba, Águas de Cachoeira e o samba-enredo Das Maravilhas do Mar Fez-se o Esplendor de uma Noite. Já Mariene de Castro defendeu músicas como Agradecer e Abraçar. Márcia Short cantou Iansã e Graciosa Yá. E Gerônimo ficou com Salve as Folhas e É d'Oxum. No fim, todos cantaram Oração a Mãe Menininha e O Que É, O Que É. Daniela Mercury, que iria participar do show, teria ficado presa em São Paulo e não chegou a tempo de saudar a ialorixá em cena...

Fora do Audioslave, Cornell faz cover de Michael

Um cover de Billie Jean - o hit da obra-prima de sir Michael Jackson, Thriller (1982) - é a curiosidade do repertório do segundo disco solo de Chris Cornell (foto). Produzido por Steve Lillywhite, Carry on tem lançamento programado para 10 de maio. O sucessor de Euphoria Morning (1999) vai incluir inéditas como No Such Thing, Poison Eye e Your Soul Today - além de You Know my Name, tema já lançado na trilha sonora do último filme de James Bond, 007 - Cassino Roayale.

Projetado na banda Soundgarden, de Seattle (EUA), Cornell teve anunciada esta semana sua saída do grupo Audioslave, com o qual gravou três álbuns de vendagens descendentes no mercado norte-americano. O alegado motivo da dissidência foram "conflitos de personalidade insolúveis e diferenças musicais" com o guitarrista Tom Morello, o baixista Tim Commerford e o baterista Brad Wilk. Sem Cornell, os três músicos decidiram se reunir com o vocalista Zack de la Rocha para reviver sua antiga banda, Rage Against the Machine. O Audioslave tinha sido formado em 2001 justamente após um racha no Rage. E seu fim não chega a ser uma surpresa...

16 de fevereiro de 2007

EP é o belo pré-Carnaval da Orquestra Imperial

Resenha de CD
Título: Orquestra Imperial
Artista: Orquestra

Imperial
Gravadora: Ping Pong
Cotação: * * * *

O esperado primeiro álbum da Orquestra Imperial deverá ser lançado em junho no Brasil e na França. Só que a big-band carioca - que aglutina nomes como Moreno Veloso, o hermano Rodrigo Amarante e as cantoras Nina Becker e Thalma de Freitas - já está vendendo nos shows, por apenas R$ 5, EP com as quatro faixas-bônus gravadas especialmente para a edição estrangeira do disco (as músicas não entrarão no CD nacional). Vale correr atrás!

Se o álbum de inéditas soar como o EP, será um dos melhores CDs de 2007. As quatro faixas fazem jus ao culto à turma. A orquestra combina metais e percussão com suingue ímpar, perceptível logo na faixa de abertura, Me Deixa em Paz. Nina Becker puxa com sua bela voz uma das melhores gravações do samba de Monsueto e de Ayrton Amorim. Célebre parceria de Geraldo Pereira com Nelson Trigueiro, o samba Sem Compromisso também soa renovado na voz de Moreno Veloso. Já Rodrigo Amarante dosa a melancolia hermana em Obsessão, música de Milton de Oliveira e Mirabeau que foi sucesso na voz de Carmen Costa e mereceu releitura de Clara Nunes em 1979. Por fim, o tema instrumental Popcorn, de Gershon Kingsley, fecha o EP em grande estilo. É como se a banda Black Rio caísse no samba. Enfim, Orquestra Imperial, o disco, é espécie de pré-Carnaval da big-band. E a folia é muito animada!!

Música do novo álbum de Michael já cai na rede

Disposto a recuperar seu lugar na cena pop, Michael Jackson (foto) prepara álbum que, em tese, será lançado até o fim de 2007. Uma das músicas do disco - No Friend of Mine (Gangsta), gravada com adesão do rapper Pras, integrante do extinto trio Fugees - caiu na internet esta semana. O CD teria intervenção de will.i.am. - o onipresente líder do grupo Black Eyed Peas. Quem viver, ouvirá...?

Pedro Mariano lança disco de estúdio em abril

Pedro Mariano volta à cena com disco de estúdio previsto para chegar às lojas em abril. No repertório, músicas como Só Deus É Quem Sabe, Ventania e Tá Tudo Bem. O álbum pode reabilitar o cantor no mercado fonográfico. Mariano (em foto de Washington Possato) não tem tido muita sorte desde que saiu da Trama. Depois de assinar com a EMI e ter que amargar o aborto de disco inteiramente gravado, por conta de suas divergências ideológicas e musicais com o (então) presidente da major inglesa, Marcos Maynard, o cantor foi para a Universal e lá gravou DVD e CD ao vivo que não obtiveram o respaldo da crítica e tampouco alcançaram o sucesso popular conseguido pelos discos da Trama.

Sai no Brasil álbum em que Baden toca Vinicius

Já editado em 2006, no Japão e na Europa, o álbum Baden Plays Vinicius - o penúltimo de Baden Powell, todo gravado em 13 de abril de 2000, meses antes da morte do violonista, em 26 setembro daquele ano - vai ser lançado no Brasil já em março pela gravadora carioca Deckdisc. No repertório, oito temas de Vinicius. As músicas escolhidas por Baden Powell foram Apelo, Consolação, Deixa, Samba da Bênção, Samba em Prelúdio, Tempo Feliz e Valsa sem Nome. A capa acima é da edição original.

15 de fevereiro de 2007

Capital Inicial filma clipe de álbum de inéditas

A foto acima é um flagra da filmagem do clipe da música Eu Nunca Disse Adeus, parceria de Dinho Ouro Preto com Alvin L que puxa o álbum de inéditas que o Capital Inicial vai lançar em março, via Sony BMG. Produzido por Marcelo Sussekind, o disco traz um som pop - diferentemente do pesado tributo prestado ao grupo Aborto Alétrico no CD e DVD anterior do Capital - e reúne 13 composições inéditas, a maioria parcerias de Dinho com Alvin. Com direção de Maurício Eça, o clipe foi inteiramente filmado em preto e branco na Casa das Caldeiras, em São Paulo (SP). Detalhe: a capa do disco vai trazer imagem captada em preto e branco na locação do vídeo.

'Ruby' puxa segundo CD do grupo Kaiser Chiefs

Com lançamento mundial programado para março de 2007 pela Universal Music, o segundo álbum do grupo Kaiser Chiefs, Yours Truly, Angry Mob, vai chegar às lojas credenciado pela ótima execução do primeiro single do CD, Ruby, já em alta rotação na Inglaterra, terra natal do bom quinteto (foto), projetado em 2005.

Baladas metaleiras na coletânea da coletânea

Gravadora (geralmente) hábil na exploração de fonogramas de outras companhias, a Som Livre está pondo nas lojas a coletânea da coletânea. O CD O Melhor de Lovy Metal (foto) reúne 14 gravações extraídas da série de quatro compilações Lovy Metal, focada em baladas de grupos de rock pesado. A seleção do best of da coleção abrange fonogramas de Scorpions (Still Loving You e Under the Same Sun), Whitesnake (o hit Is This Love?), Kiss (Forever), Limp Bizkit (Behind Blue Eyes) e Skid Row (I Remember You), entre outras bandas menos cotadas no ranking metaleiro.

DVD capta calor da folia afro-baiana de Brown

Resenha de DVD
Título: Ao Vivo no Festival

de Verão de Salvador
Artista: Carlinhos Brown
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * * *

Enquanto um espectador no meio da multidão agita bandeira com imagem de Bob Marley, o guitarrista Jaguar arrisca solo hendrixiano. É a deixa para Carlinhos Brown tocar Carlito Marrón, música de suingue cubano que batizou disco feito para o mercado hispânico. Retrato da miscigenação que molda a obra do tribalista, o número está no primeiro DVD que registra show de Brown. Filmado em fevereiro de 2006, Ao Vivo no Festival de Verão de Salvador sai pela Som Livre, mas não é mera reprodução do programa transmitido pela Rede Globo - como o DVD de Margareth Menezes na série, por exemplo. Lula Buarque de Hollanda põe a marca da Conspiração Filmes na apurada direção do show. Ou evento, melhor dizendo, pois a criatividade de Brown extrapola o limite do palco. A ponto de ele começar e terminar sua apresentação na rua, no comando dos 300 ritmistas do grupo Zarab. É como se fosse uma escola de samba à baiana. Com direito à magia religiosa de Salvador (BA).

Por seu discurso verborrágico e às vezes confuso, mas sempre pautado por idéias e conceitos inteligentes, Carlinhos Brown não tem sido levado a sério no Brasil – fora da fronteira baiana - como merecia. Vários exemplos do efervescente amálgama rítmico que caracteriza sua música estão nos 20 números do roteiro do show perpetuado neste DVD, aberto com Venho da Jurema, um tema adaptado pelo artista do cancioneiro da tribo indígena Kiriri. O repertório concilia um clássico do samba-reggae (Faraó, sucesso na voz de Margareth Menezes em 1987) e hits do trio Tribalistas (Carnavália - raro momento zen da apresentação - e Passe em Casa) com temas extraídos do folclore afro-brasileiro (Ashansu - número em que o cantor representa orixá - e Lorigena Bambam).

O leque de ritmos é rico e amplo. Se Swing Afro Big Gang evoca o suingue das big-bands do jazz das décadas de 30 e 40, Capitão do Asfalto incorpora a pulsação contemporânea do rap em discurso introdutório em favor da educação e socialização dos menores carentes. Brown, a propósito, comanda frutífero trabalho social em favela de Salvador com ideologia humanista que transparece nos depoimentos e nas imagens do making of do Festival Ghetho Square. É o alentado extra deste DVD filmado com requinte por Lula Buarque de Hollanda. O esmero é perceptível nas projeções que irrompem na tela durante Carnavália, por exemplo. Ou ainda durante as tomadas da multidão que reverencia Carlinhos Brown, artista à espera de reconhecimento em sua pátria afro-brasileira.

14 de fevereiro de 2007

Ben Jor retorna à cena com dois discos inéditos

Sem gravar desde 2004, ano em que lançou pela Universal Music o fraco CD de inéditas Reactivus Amor Est, Jorge Ben Jor (em foto de Adriana Lins) vai voltar ao mercado fonográfico em 2007 com nada menos do que dois álbuns inéditos. Um é seu próximo disco de carreira, programado para o fim do ano. O outro deverá chegar às lojas ainda neste semestre via Som Livre. A gravadora confirmou o encontro de sobras de gravações que Ben Jor fez (e não usou) nos anos 70 e 80, quando ele pertenceu ao elenco da companhia global. O álbum será lançado com o aval de Ben. No embalo, a Som Livre reedita Dádiva (1983), Sonsual (1984) e Ben Brasil (1986) - os únicos discos feitos pelo artista para o mercado nacional que permaneciam inéditos em CD. De acordo com a assessoria da empresa, o álbum antigo ainda não tem título.

Young recupera show com Crazy Horse original

Neil Young - claro - não sabia, só que, quando se apresentou com sua banda Crazy Horse em Fillmore East, em 6 e 7 de março de 1970, fez um dos poucos shows gravados com a formação original do grupo. Em 1972, o guitarrista Danny Whitten morreria de overdose em 1972 e desfalcaria para sempre o Crazy Horse. Daí a importância do registro contido neste CD ao vivo Live at the Fillmore East - o primeiro de uma série que pretende tirar do baú várias gravações de shows de Young. O disco - lançado este mês no mercado nacional pela Warner Music - perpetua seis números daquelas duas lendárias apresentações. Entre eles, Cowgirl in the Sand, Down by the River e Winterlong.

Dream Theather resume 20 anos em DVD duplo

Cultuado quinteto americano que junta o preciosismo do rock progressivo com todo o peso do metal, o Dream Theater documenta seus 20 anos de carreira no DVD duplo Score XX (foto), editado no mercado brasileiro via Warner Music. O primeiro DVD traz o registro na íntegra do show feito pela banda em 1º de abril de 2006 no Radio City Music Hall, em Nova York (EUA). Detalhe: no segundo e bom set, o grupo se acompanha pela Octavarium Orchestra em números como Metropolis, Sacrificed Sons e Vacant (a inspiração veio do último álbum de estúdio da banda, Octavarium). No segundo DVD, há o documentário The Score so Far... - sobre as duas décadas do Dream Theater - e takes de shows feitos entre 1993 e 2005. Além de (graciosa) animação.

Erasure volta ao tecnopop em álbum de estúdio

Enquanto lança CD e DVD On the Road to Nashville, com o registro da turnê do disco acústico Union Street, o duo Erasure volta ao tecnopop em seu novo álbum de estúdio, Light at the End of the World, já gravado e com o lançamento previsto para maio. Entre as 10 inéditas, Glass Angel.

13 de fevereiro de 2007

Pet Shop Boy produz CD de Rufus Wainwright

Cantor assumidamente gay, Rufus Wainwright (foto) vai lançar em maio álbum produzido pelo pet shop boy Neil Tennant. Release the Stars tem participação do cantor de folk Richard Thompson - entre outros convidados - e traz 12 músicas. Pela ordem, as faixas são Do I Disapoint You?, Going to a Town, Tiergarten, Nobody's off the Hook, Between my Legs, Rules and Regulations, I'm Not Ready to Love, Slideshow, Tulsa, Leaving for Paris, Sanssouci e Release the Stars. O CD anterior de Rufus, Want Two, é de 2004.

Coletânea procura prolongar o verão do reggae

Com o logotipo do canal pago SporTV na capa, a coletânea Praia (foto) - já nas lojas via Som Livre - tenta prolongar o verão do reggae. Abrindo com o novo single de Armandinho, Lua Cheia, o repertório segue com o hit indie de Edu Ribeiro (Me Namorar) e, no embalo, apresenta gravações atuais da boa banda Natiruts (Natiruts Reggae Power - Sambaton) e do DJ Apollo Nove (Ensaboar Você, com a adesão de Seu Jorge), entre nomes como o grupo Maskavo.

Craque do violão, João Rabello honra a dinastia

Resenha de CD
Título: Roendo as Unhas
Artista: João Rabello
Gravadora: VR6
Cotação: * * * *

Filho de Paulinho da Viola. Sobrinho de Raphael Rabello (1962 - 1995). Neto de César Faria (violonista do grupo Época de Ouro). Bisneto do maestro - e também violonista - José Baptista. Os créditos familiares de João Rabello são tão nobres que as chances de o jovem violonista lançar CD autoral e permanecer à sombra de sua dinastia eram muito grandes. Surpreendentemente, Rabello se revela um craque do violão neste primeiro disco. Não está à altura do tio genial (e poucos violonistas no Brasil estiveram ou estão...), mas se apresenta em Roendo as Unhas com técnica e identidade suficientes para longa carreira em disco e em shows.

Pelo histórico familiar, era esperado que o repertório priorizasse o choro. Embora a gênese do gênero esteja entranhada em temas como Roendo as Unhas (Paulinho da Viola, 1973, gravado com a participação do autor ao violão) e Sarau Para César (tema autoral de Rabello, com Paulinho ao cavaquinho), o violonista extrapola ritmos e a fronteira do popular com erudito em seleção que inclui ainda duas peças de Radamés Gnattali. Dança Brasileira (1968) e Tocata em Ritmo de Samba nº 2 (1981) exemplificam a excelente abordagem contemporânea dada ao violão brasileiro por Rabello neste disco que faz jus à sua árvore genealógica. Veio para ficar!!!!!

Enfim, um registro de show do Black Eyed Peas

Para quem não assistiu a um dos shows da turnê do Black Eyed Peas pelo Brasil, mas é fã do grupo, a dica é o DVD Live From Sydney to Vegas (foto), já no mercado via Universal Music. Trata-se do primeiro registro de show da banda de will.i.am, Fergie e Taboo. O sucessor da fraca coletânea de vídeos Behind the Bridge to Elephunk (2004) e do documentário Bring in the Noise, Bring in the Phunk! (2006) reúne 14 números captados em apresentações do grupo na Austrália e nos Estados Unidos. Nos extras, há os clipes de Union e Bebot, além de take ao vivo de London Bridge, sucesso da carreira solo de Fergie.

12 de fevereiro de 2007

Grupo Iriê tenta o sucesso nacional via Warner

Surgido em 1998, na periferia de Florianópolis (SC), o grupo de reggae Iriê terá novo disco distribuído em escala nacional via Warner Music. A banda - batizada com uma expressão da Jamaica que quer dizer "energia positiva" - já é bem conhecida no Sul do Brasil e pega a mesma onda praieira do gaúcho Armandinho, que, a propósito, participa da regravação da música Nativas, hit do Iriê. Outras faixas do CD (foto) são Cor do Mar, Raízes e Navegar. Há ainda a releitura de Lindo Lago do Amor, canção de Gonzaguinha.

Música de Roberto e Erasmo promove CD gay

Música dos anos 60, cedida pelos autores Roberto e Erasmo Carlos para Wanderléa, Você Vai Ser o meu Escândalo foi escolhida para promover o disco Canções do Amor de Iguais, gravado pela cantora Leila Maria (vista em foto de Vicente Melo) somente com músicas que possibilitam uma leitura sob ótica homossexual. A Deckdisc envia esta semana para as rádios o single promocional com a gravação. Já o álbum em si - o terceiro da cantora - chegará às lojas somente em março de 2007.

49º Grammy põe a política na frente da música

Nem Mary J. Blige nem a dupla Gnarls Barkley. Tampouco Justin Timberlake. O trio texano Dixie Chicks (foto) foi o grande vitorioso da cerimônia de premiação do 49º Grammy Awards, realizada na noite de domingo, 11 de fevereiro, em Los Angeles (EUA). É uma louvação discutível do ponto de vista musical, mas merecida sob o viés político. Após criticar publicamente o presidente George W. Bush, o grupo de country amargou o cruel descaso de seu público. Os cinco prêmios obtidos pelo Dixie Chicks no Grammy - inclusive o de Álbum do Ano (Taking the Long Away) e o de Gravação do Ano (pela música Not Already to Make Nice, também laureada como Canção do Ano) - são, de certa forma, uma resposta política da indústria aos fãs que boicotaram o trio, que vem incorporando batidas de rock ao seu country. Mas não deixam de ser injustos...

Ao pôr a política na frente da boa música, o 49º Grammy cometeu injustiça contra o duo Gnarls Barkely, que perdeu os troféus a que concorria nas categorias principais. Crazy merecia, ao menos, o prêmio de Gravação do Ano. Como já era previsível, a campeã de indicações Mary J. Blige - que concorria a oito troféus por conta do renascimento das cinzas com o álbum The Breakthrough - venceu nas categorias dedicadas especificamente ao r & b. Blige, emocionada, saudou a vitória como fruto do equilíbrio emocional.

No rock, a noite foi do Red Hot Chili Peppers. Embora não tenha vencido nas categorias principais, o grupo de Flea saiu da festa com quatro troféus, inclusive os de Álbum de Rock (Stadium Arcadium) e Canção de Rock (Dani California). Tudo a ver com um álbum que ambicionava estádios. O que não teve muito a ver foi John Mayer ficar com o prêmio de Álbum Pop. Continuum é interessante, mas - nesta seara - o troféu merecia ir para Justin Timberlake (um dos grandes injustiçados...) por seu FutureSex / LoveSounds, um dos clássicos de 2006. E o que dizer de Carrie Underwood - cria country do programa American Idol - faturar o troféu de Best New Artist (em bom português, Revelação do Ano) no lugar da inglesa Corinne Bailey Rae, outra injustiçada? É pena que, no todo, o Grammy tenha priorizado artistas mais ligados à indústria norte-americana em detrimento de outros que alcançam repercussão mundial. Nada que chegue a surpreender, já que, no fim das contas, o Grammy foi criado mesmo para louvar as pratas da casa. Com direito até a recados políticos em forma de troféus.

Coletânea lista principais indicados do Grammy

Com atraso, a Sony BMG lança no mercado brasileiro, ainda em fevereiro, a compilação Grammy Nominees 2007 (foto). O CD reúne gravações dos principais indicados ao maior prêmio da indústria fonográfica dos EUA. A boa seleção apresenta músicas de artistas que disputaram as categorias mais importantes. Entre elas, Crazy (Gnarls Barkley), Put your Records on (Corinne Bailey Rae), Be without You (Mary J. Blige), Dani California (Red Hot Chili Peppers), You're Beautiful (James Blunt), Ain't no Other Man (Christina Aguilera) e SexyBack (o hit de Justin Timberlake).

11 de fevereiro de 2007

Ajustado, Ed troca banda e faz disco de inéditas

De banda nova, Ed Motta (foto) começa a gravar neste semestre seu terceiro disco de inéditas pela Trama. O aguardado sucessor de Poptical (2003) e Aystelum (2005) não vai ter produção tão dispendiosa. Como vários artistas, o cantor teve que se ajustar à realidade do mercado fonográfico face ao avanço da pirataria...

RoRo se renova em cena sem equilibrar roteiro

Crítica de show
Título: Compasso
Artista: Ângela RoRo
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 10 de fevereiro de 2007
Cotação: * *

Ângela RoRo vinha apresentando o mesmo show já há dez anos. Na companhia do tecladista Ricardo McCord, RoRo cantava sempre as mesmas músicas em roteiro que juntava seus sucessos autorais e vários standards estrangeiros. A edição em 2006 de Compasso, seu primeiro CD de inéditas em seis anos, motivou a artista a se renovar em cena. RoRo voltou aos palcos com banda e repertório diferente. Infelizmente, a cantora não podou habituais excessos, perceptíveis nos longuíssimos comentários feitos entre as músicas (muitos grosseiros e já sem o humor espirituoso de outrora) e na própria construção do roteiro. Apaixonada por seu repertório de inéditas, a rigor bem irregular, RoRo apresenta todas as músicas do disco Compasso no novo show. Mas se esqueceu de equilibrar o roteiro. Descontada a inserção de Só nos Resta Viver, a artista enfileira as 13 inéditas em seqüência que prejudica o show. É fato que a cantora soa bem menos desleixada com suas interpretações e que alguma músicas do CD (casos de Paixão e do rock Contagem Regressiva) crescem no palco. Mas é certo também que o show precisa de direção. Alguém precisa avisar a RoRo que os gestos exagerados ao fim do samba Menti pra Você surtem desagradável efeito, que o longo discurso pró-nordestinos na introdução de Não Adianta resulta cansativo e que não custa inserir algum hit (como Fogueira, pedido em vão pela platéia carioca) entre tanta novidade. A busca por renovação é salutar e recomendável, mas reservar os dois maiores sucessos (Simples Carinho e Amor, meu Grande Amor) apenas para o bis é estratégia inútil para garantir a satisfação de seu fiel público. Até porque, do repertório novo, poucas músicas (como Compasso e o acalanto Dorme, Sonha...) estão à altura das velhas e belas canções. Seria sensato um maior equilíbrio entre presente e passado para triunfar na volta à cena...

Voz opaca de Luz impede brilho de ode a Marçal

Resenha de CD
Título: Sem Compromisso
Artista: Moacyr Luz e

Armando Marçal
Gravadora: Deckdisc
Cotação: * * *

A idéia, excelente, foi prestar tributo à dinastia da família Marçal, partindo do patriarca Armando Vieira Marçal (1902 - 1947), parceiro do lendário Bide (1902 - 1975), até chegar ao filho - o percussionista Nilton Delfino Marçal, o Mestre Marçal (1930 - 1994) - e ao neto, Armando de Souza Marçal, o Marçalzinho, também percussionista, partner do compositor Moacyr Luz neste CD Sem Compromisso, que traz o registro de estúdio do show que a dupla vem apresentando pelo Rio desde o ano passado. Mas houve dois percalços no percurso que impedem um brilho maior do disco. O primeiro é a voz opaca de Moacyr Luz, compositor que até defende bem sua produção autoral, mas que jamais poderia tentar uma carreira apenas como intérprete. O segundo é a seleção do ótimo repertório. A inclusão de sambas de Luz (Rainha Negra, Mandingueiro, Zuela de Oxum) desvia o álbum do conceito inicial de prestar homenagem à nobre linhagem da família Marçal, representada por jóias antigas como A Primeira Vez, Agora É Cinza e Não Diga a minha Residência. Dois detalhes que acabam comprometendo o resultado final do álbum, que apresenta inédita (Que Batuque É Esse?, parceria de Sereno com Luz) entre sambas gravados com produção econômica que une voz, violão (também de Luz) e a percussão luxuosa de Marçal.

Mau Mau experimenta climas pouco dançantes

Resenha de CD
Título: Art, Plugs and Soul
Artista: DJ Mau Mau
Gravadora: Trama
Cotação: * *

Um dos poucos DJs nacionais realmente cultuados no vasto circuito da música eletrônica mundial, o paulista Mau Mau experimenta climas em seu segundo CD. Para quem espera um disco dançante como Music Is my Life (2003), a dica é começar a audição de Art, Plugs and Soul pelos quatro remixes em MP3 oferecidos como faixas-bônus do álbum. A idéia foi desconstruir o som das pistas. Entre o eletro (How to Find) e o tecno (Exotica), Mau Mau priorizou beats e sons mais intimistas em CD que incorpora batida de rap em temas como That's It. Desde a gaita bluesy ouvida na música de abertura, Um Novo, fica claro que DJ Mau Mau quis se renovar. Ele arriscou até vocais nas faixas See me, Destruição e Globalization. Sem mofo, o DJ ousou mudar sua fórmula em trabalho ambicioso. O problema é que a produção, a cargo do próprio Mau Mau, soa bem superior ao repertório autoral - moldado para um chill out. Não bomba...