RoRo se renova em cena sem equilibrar roteiro
Crítica de show
Título: Compasso
Artista: Ângela RoRo
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 10 de fevereiro de 2007
Cotação: * *
Ângela RoRo vinha apresentando o mesmo show já há dez anos. Na companhia do tecladista Ricardo McCord, RoRo cantava sempre as mesmas músicas em roteiro que juntava seus sucessos autorais e vários standards estrangeiros. A edição em 2006 de Compasso, seu primeiro CD de inéditas em seis anos, motivou a artista a se renovar em cena. RoRo voltou aos palcos com banda e repertório diferente. Infelizmente, a cantora não podou habituais excessos, perceptíveis nos longuíssimos comentários feitos entre as músicas (muitos grosseiros e já sem o humor espirituoso de outrora) e na própria construção do roteiro. Apaixonada por seu repertório de inéditas, a rigor bem irregular, RoRo apresenta todas as músicas do disco Compasso no novo show. Mas se esqueceu de equilibrar o roteiro. Descontada a inserção de Só nos Resta Viver, a artista enfileira as 13 inéditas em seqüência que prejudica o show. É fato que a cantora soa bem menos desleixada com suas interpretações e que alguma músicas do CD (casos de Paixão e do rock Contagem Regressiva) crescem no palco. Mas é certo também que o show precisa de direção. Alguém precisa avisar a RoRo que os gestos exagerados ao fim do samba Menti pra Você surtem desagradável efeito, que o longo discurso pró-nordestinos na introdução de Não Adianta resulta cansativo e que não custa inserir algum hit (como Fogueira, pedido em vão pela platéia carioca) entre tanta novidade. A busca por renovação é salutar e recomendável, mas reservar os dois maiores sucessos (Simples Carinho e Amor, meu Grande Amor) apenas para o bis é estratégia inútil para garantir a satisfação de seu fiel público. Até porque, do repertório novo, poucas músicas (como Compasso e o acalanto Dorme, Sonha...) estão à altura das velhas e belas canções. Seria sensato um maior equilíbrio entre presente e passado para triunfar na volta à cena...
Título: Compasso
Artista: Ângela RoRo
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 10 de fevereiro de 2007
Cotação: * *
Ângela RoRo vinha apresentando o mesmo show já há dez anos. Na companhia do tecladista Ricardo McCord, RoRo cantava sempre as mesmas músicas em roteiro que juntava seus sucessos autorais e vários standards estrangeiros. A edição em 2006 de Compasso, seu primeiro CD de inéditas em seis anos, motivou a artista a se renovar em cena. RoRo voltou aos palcos com banda e repertório diferente. Infelizmente, a cantora não podou habituais excessos, perceptíveis nos longuíssimos comentários feitos entre as músicas (muitos grosseiros e já sem o humor espirituoso de outrora) e na própria construção do roteiro. Apaixonada por seu repertório de inéditas, a rigor bem irregular, RoRo apresenta todas as músicas do disco Compasso no novo show. Mas se esqueceu de equilibrar o roteiro. Descontada a inserção de Só nos Resta Viver, a artista enfileira as 13 inéditas em seqüência que prejudica o show. É fato que a cantora soa bem menos desleixada com suas interpretações e que alguma músicas do CD (casos de Paixão e do rock Contagem Regressiva) crescem no palco. Mas é certo também que o show precisa de direção. Alguém precisa avisar a RoRo que os gestos exagerados ao fim do samba Menti pra Você surtem desagradável efeito, que o longo discurso pró-nordestinos na introdução de Não Adianta resulta cansativo e que não custa inserir algum hit (como Fogueira, pedido em vão pela platéia carioca) entre tanta novidade. A busca por renovação é salutar e recomendável, mas reservar os dois maiores sucessos (Simples Carinho e Amor, meu Grande Amor) apenas para o bis é estratégia inútil para garantir a satisfação de seu fiel público. Até porque, do repertório novo, poucas músicas (como Compasso e o acalanto Dorme, Sonha...) estão à altura das velhas e belas canções. Seria sensato um maior equilíbrio entre presente e passado para triunfar na volta à cena...
13 Comments:
ô raça! se o artista canta só sucessos, o crítico reclama. Se mostra música nova, reclama também.
Admiro os corajosos, enfileirar 13 músicas inéditas! Uaaaaaaaaaaaaau!
É pra muito poucos.
A esses se denominam artistas.
Jose Henrique
Mas o show perdeu o ritmo. Concordo com o Mauro. E Ro Ro podia desenterrar canções do proprio repertorio meio esquecidas, como Renuncia, Bobagem e Nenhum Lugar!
Fico contente que a MULHER conseguiu se safar a tempo. Mas a ARTISTA...parece que só era genial nos subterrâneos.
Tenho todos os discos da Rorô. Os primeiros eram geniais. O penúltimo, anunciando mudança de vida, era medíocre. Este último, então, vale pela tradução de seu momento mas, cá entre nós, a bisca era muito mais interessante, criativa e contundnte quando fazia do seu corpo a lenha da fogueira.
Se meu raciocínio estiver certo, dane-me eu e sobreviva a mulher que conseguiu não sucumbir a descarga.
Cássia Eller não conseguiu, Cazuza idem, Elis tropeçou no segundo round, Maysa daçou na curva (em linha reta, afinal era uma ponte), ah, foram tantos...se foram para serem imortalizados.
Rorô preferiu ficar para assistir ao resto. Lindo! Viva! direito seu. Mas perdeu a única chance de se tornar imortal.
Ouvindo seu novo (e bem recebido CD) fica patente que esta exuberante artista tornou-se apenas comum. Será esquecida. Espero que usufrua da 'normalidade'.
He he ... Lou Reed fez isso em Barcelona ano passado e enfrentou a fúria espanhola . Não cantou sucessos em seu show . Ao menos o publico carioca não reclamou como o europeu ( pelo visto não reclamou ... ).
E se fosse o caso , se bem conheço , Angela tiraria de letra !
Para LUC : Escutei ' Barbara ' e gostei . Valeu a dica . Mas prefiro como compositora .
Para MARCELO : Já tenho em mp3 ' Samba do Avião ' com Beth Carvalho . Ficou ótimo . Uma das melhores regravações dessa musica que tanto amo .
Aos dois , aquele abraço
Diogo eu já imagino pra onde a Ro ro mandaria os incomodados por falta de sucesso !
Mauro,
Mesmo com as suas ressalvas em relação ao repertório, legal de verdade é poder ler a sua crítica do show.
Essa é a função do crítico musical, na minha opinião: relatar tudo que ocorre no meio musical, dando sua opinião, permitindo aos leitores se inteirar do que acontece.
A RoRo deu uma espinafrada no Antônio Carlos Miguel (tá no blog dele no Globo http://oglobo.globo.com/blogs/antonio/), por ter ignorado totalmente o CD/DVD/show dela e insinuando que o ACM (rsrs...) só faz crítica de quem paga jabá.
Ele alegou que "não tem capacidade de comentar nem 10% do que recebe na redação". Só se ele estiver se referindo à capacidade intelectual dele.
Aqui no seu blog, eu fico sabendo de muita coisa da área musical: música popular, música erudita, música instrumental, jazz, pop, eletrônico, funk,... Para todos os gostos.
Parabéns, Mauro.
PS: não entendi direito por que você criou outro blog "Geléia Geral" com conteúdos tão parecidos. Se puder me esclarecer, agradeço de montão.
Denilson
Denilson, há uma diferença de tom entre os dois blogs. O Geléia Geral (que pertence ao servidor do jornal O Dia e existirá enquanto eu colaborar com o jornal) tem um tom mais descontraído e pessoal, típico de blog. O Notas Musicais é pautado pela formalidade dos textos. E, como pertence a mim, existirá enquanto eu tiver saúde para postar textos.
Diogo irmãozinho,
Fico feliz por você ter gostado da interpretação da Beth para o Samba do Avião do Tom. Foi mal pela minha falta de empenho em transformar o lp em cd. Mas ainda farei, já que as gravadoras não se dispõem a relançá-lo. Um abraço.
Marcelo Barbosa - Brasília (DF)
Não é verdade que a 10 anos Angela RO RO fazia os mesmos shows. Há um tempo ele já havia incluído canções como Palavras ao Vento, Um xi, um zero um marco, Malandragem....
as duas primeiras são de marisa monte e cia, e a outra do cazuza e frejat.
Gostei do show e do fato de RoRo ter cantado inéditas. É preciso ter coragem pra fazer.
Do CD, dispenso umas 6 músicas, as outras são MUUUITO BOAS!!!!
Concordo com o Mauro, em certo momento o show se torna cansativo e os comentários entre as músicas "demais".
Valeu!
Emanuel Andrade disse...
Ângela é pura é Rorô desintoxicada, poeta, maluca, legal, sabe fazer musica, não faz malandragem com negócio de mídia, picaretagem de lançar dois Cds, não é rata de jabá etc e tal. Mesmo que ela não faça nada de novo já compôs toneladas de sucessos. O resto é intriga da oposição. Ângela será sempre um Escândalo, longe da musiquinha de Caetano que depois que o autor jogou na novela, há pouco tempo, todo mundo decidiu cantar. Rorô a descobriu em 82/81. Por aí dá pra se ver como ela sempre esteve à frente do tempo.
Qta gente desinformada.
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