9 de fevereiro de 2007

'Antônia' tem cacife para sobreviver fora da tela

Resenha de CD
Título: Antônia - Trilha sonora do filme e da minissérie
Artista: Cindy, Leilah Moreno, Negra Li e Quelynah
Gravadora: Som Livre
Cotação:
* * *

Em latim, Antônia quer dizer, entre outros significados, guerreira famosa. É nome adequado para designar o fictício grupo musical que batiza o filme de Tata Amaral - em circuito nacional a partir desta sexta-feira, 9 de fevereiro, no embalo do sucesso da série de TV exibida pela Rede Globo em 2006 (já com segunda temporada garantida em 2007). Antônia, o grupo, é formado pelas cantoras-atrizes Negra Li, Leilah Moreno, Quelynah e Cindy - guerreiras da batalha da vida real e presenças dominantes nas 20 faixas do CD que traz a trilha de Antônia (já nas lojas desde o final de janeiro).

Antônia, o disco, traz o mix de rap, soul, funk e r & b que ecoa com força nos bailes da periferia. Se o molde da mistura vem da música americana, as letras retratam a realidade nacional e as lutas do cotidiano das comunidades - batalhas árduas dentro e fora da ficção. O álbum põe em evidência as vozes poderosas das quatro cantoras, que, com exceção de Negra Li, eram conhecidas apenas no universo do rap antes da exibição da série. E o quarteto soa vitorioso. Juntas, as intérpretes mostram rara interação como cantoras e compositoras de temas como Flow, Quanto Vc Quer e Antônia (que abre a trilha, numa versão remixada por Periférico).

Produzido por Beto Villares, com a colaboração de ícones do hip hop nacional como Parteum e Thaíde (também presente no elenco do filme), o CD fecha com sucesso do primeiro LP solo de Hyldon, Na Sombra de uma Árvore, canção ouvida na voz do compositor, curiosamente também presente em Cidade de Deus, outro filme que abordou a realidade de uma comunidade sob a perspectiva do crescimento da violência. A coincidência valoriza o (bom) cantor.

Sem ignorar a expansão da violência, Antônia, o filme, mostra com delicadeza o universo da periferia (no caso, a paulista) com a música sempre em primeiro plano. Há cenas encantadoras como a que mostra a interpretação de Cindy, Leilah, Negra e Quelynah para Killing me Softly with his Song. O sucesso de Roberta Flack em 1973 - rebobinado por Lauryn Hill, musa do hip hop norte-americano nos anos 90, a bordo do trio Fugees - está reproduzido no CD na versão quase a capella inserida com muita propriedade na trama. Sem as bases típicas do rap, a faixa é a prova definitiva de que o grupo Antônia tem força para sobreviver fora da tela e atesta o poderio vocal das quatro cantoras-atrizes, batalhadoras vitoriosas neste duro campo de guerra que é a indústria do disco...

4 Comments:

Anonymous Anônimo said...

mais um filme para explorar a miséria da periferia

9 de fevereiro de 2007 às 09:40  
Anonymous Anônimo said...

Mais uma vez a elite e a mídia irão exaltar o que deveria nos trazer vergonha: a miséria, a falta de cultura, de educação...enquanto a miséria for tratada como um coisa exótica, mais meninos serão arrastados por aí.

9 de fevereiro de 2007 às 12:31  
Anonymous Anônimo said...

ELAS SÓ QUEREM SER AS GRANDES CANTORAS DO BRONX!

10 de fevereiro de 2007 às 22:21  
Anonymous Anônimo said...

TEM QUE COMER MUITO FEIJÃO COM ARROZ. NEGRA LI É MUITO FRACA.

10 de fevereiro de 2007 às 22:22  

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