Trilha de 'Sassaricando' é painel de Rio pacífico
Resenha de CD
Título: Sassaricando - E o Rio Inventou a Marchinha
Artistas: Alfredo Del-Penho, Eduardo Dussek, Juliana Diniz, Pedro Paulo Malta, Sabrina Korgut e Soraya Ravenle
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * * 1/2
Saudades de um Rio de Janeiro mais pacífico? Parceria de Nássara e Frazão, a marcha Calma no Brasil fala de tempo em que a guerra acontecia somente na Europa. Era um tempo em que se andava de bonde, em saga retratada em Oito Pé, marchinha de Haroldo Lobo e Milton Oliveira. É bem verdade também que faltava luz e água a todo momento, como registraram os compositores Victor Simon e Fernando Martins em Vagalume, uma das 102 belas marchinhas reunidas nas 28 faixas do álbum duplo Sassaricando - E o Rio Inventou a Marchinha. Trata-se da deliciosa trilha do musical homônimo em cartaz no Rio até 18 de março - com os ingressos já esgotados até o fim da temporada. Pesquisadas por Sérgio Cabral e Rosa Maria Araújo, roteiristas do espetáculo, as músicas montam belo painel comportamental de um Rio moldado pela paz e alegria.
Mesmo sem contar com o sedutor gestual cênico concebido pelo diretor Cláudio Botelho para a apresentação das marchinhas no palco, o disco feito em estúdio é irretocável. O elenco de atores-cantores soube dosar bem o tom teatral - essencial em cena, mas geralmente over em disco - e revive com verve e naturalidade as marchinhas de letras maliciosas e espirituosas, através das quais é possível detectar rígidos padrões comportamentais da moralista sociedade carioca dos anos 30 aos 50, época áurea do gênero (a boa seleção vai até a década de 80 com hits como Maria Sapatão).
O delicioso repertório reproduz o roteiro do musical, dividido em blocos temáticos. Só que traz mais marchas do que o musical, pois alguns números foram cortados do roteiro ao longo dos ensaios. Sorte do ouvinte, pois é difícil resistir a temas como Seu Cornélio (Marino Pinto e Frazão) - que enfoca a maledicência popular que cerca casos de infidelidade conjugal - e Criado com Vó, marcha de José Mariano Barbosa e Marambá que traça bem-humorado de perfil de rapaz de tendência gay. Se o Rio antigo vivia tempos de paz, a má fé dos políticos vem de longe. Como prova Eu Também Quero Roubar - a marcha de Hervê Cordovil revivida pelo elenco.
Todos os arranjos do violonista Luís Filipe de Lima são arejados e impedem o mofo às vezes observado em discos do gênero. Não há caráter arqueológico na trilha de Sassaricando, embora a rica pesquisa dos autores seja fundamental para a documentação de marchinhas que corriam sério risco de cair no esquecimento. Sem esquecer os clássicos do gênero (Grau Dez, Máscara Negra, Linda Morena, Cabeleira do Zezé, Touradas em Madrid, Sassaricando, Cidade Maravilhosa), o CD enfileira jóias que estavam confinadas a saudosos Carnavais de folias mais pacíficas. E é nisso que reside também muito da sedução de Sassaricando, o musical e o disco.
Título: Sassaricando - E o Rio Inventou a Marchinha
Artistas: Alfredo Del-Penho, Eduardo Dussek, Juliana Diniz, Pedro Paulo Malta, Sabrina Korgut e Soraya Ravenle
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * * 1/2
Saudades de um Rio de Janeiro mais pacífico? Parceria de Nássara e Frazão, a marcha Calma no Brasil fala de tempo em que a guerra acontecia somente na Europa. Era um tempo em que se andava de bonde, em saga retratada em Oito Pé, marchinha de Haroldo Lobo e Milton Oliveira. É bem verdade também que faltava luz e água a todo momento, como registraram os compositores Victor Simon e Fernando Martins em Vagalume, uma das 102 belas marchinhas reunidas nas 28 faixas do álbum duplo Sassaricando - E o Rio Inventou a Marchinha. Trata-se da deliciosa trilha do musical homônimo em cartaz no Rio até 18 de março - com os ingressos já esgotados até o fim da temporada. Pesquisadas por Sérgio Cabral e Rosa Maria Araújo, roteiristas do espetáculo, as músicas montam belo painel comportamental de um Rio moldado pela paz e alegria.
Mesmo sem contar com o sedutor gestual cênico concebido pelo diretor Cláudio Botelho para a apresentação das marchinhas no palco, o disco feito em estúdio é irretocável. O elenco de atores-cantores soube dosar bem o tom teatral - essencial em cena, mas geralmente over em disco - e revive com verve e naturalidade as marchinhas de letras maliciosas e espirituosas, através das quais é possível detectar rígidos padrões comportamentais da moralista sociedade carioca dos anos 30 aos 50, época áurea do gênero (a boa seleção vai até a década de 80 com hits como Maria Sapatão).
O delicioso repertório reproduz o roteiro do musical, dividido em blocos temáticos. Só que traz mais marchas do que o musical, pois alguns números foram cortados do roteiro ao longo dos ensaios. Sorte do ouvinte, pois é difícil resistir a temas como Seu Cornélio (Marino Pinto e Frazão) - que enfoca a maledicência popular que cerca casos de infidelidade conjugal - e Criado com Vó, marcha de José Mariano Barbosa e Marambá que traça bem-humorado de perfil de rapaz de tendência gay. Se o Rio antigo vivia tempos de paz, a má fé dos políticos vem de longe. Como prova Eu Também Quero Roubar - a marcha de Hervê Cordovil revivida pelo elenco.
Todos os arranjos do violonista Luís Filipe de Lima são arejados e impedem o mofo às vezes observado em discos do gênero. Não há caráter arqueológico na trilha de Sassaricando, embora a rica pesquisa dos autores seja fundamental para a documentação de marchinhas que corriam sério risco de cair no esquecimento. Sem esquecer os clássicos do gênero (Grau Dez, Máscara Negra, Linda Morena, Cabeleira do Zezé, Touradas em Madrid, Sassaricando, Cidade Maravilhosa), o CD enfileira jóias que estavam confinadas a saudosos Carnavais de folias mais pacíficas. E é nisso que reside também muito da sedução de Sassaricando, o musical e o disco.
7 Comments:
espero que este musical ajude a dar valor a este grande cantor que é dusek.
Sinto a falta de um mundo mais pacífico .
Mauro aí vai uma boa pra você. Nena Queiroga e Renata Arruda vão lançar 2 albuns ainda esse ano . Os da Nena estão prontos , um sobre frevo e outro sobre as festas de São João
Que eu saiba Nena só vai lançar 1 CD e na verdade já lançou 'Esse é meu Carnaval ' . Mês passado . Ponto para a Biscoito Fino que não se preocupa em grana e dá caminho livre a boas trilhas de peças
Tô com o anônimo das 2 : 45 . Que eu saiba , a pernambucana Nena Queiroga já lançou seu CD em janeiro . Agora se lançou outro , isso é novidade .
Sobre Renata Arruda , é um projeto que eu torço pra que vá adiante !Mas nada confirmado !
Abraços , Diogo !
Nena Queiroga .
Essa é a famosa quem ? Parente do produtor do novo cd da Elba Ramalho ?
Nena Queiroga é irmã de Lula Queiroga ( produtor do novo trabalho de Elba Ramalho ) .
Ano passado a cantora e compositora pernambucana foi indicada ao Prêmio Tim de Música como Melhor Cantora Regional ao lado de Daniela Mercury e Ivete Sangalo . Ela não escondeu a alegria pela reconhecimento "Eu estou muito chique . Já concorri a prêmios locais, mas esse é o primeiro nacional. Não imaginava nunca que entraria na disputa " disse a simpatica conterrânea do meu avô .
Como já fora dito , ela lançou em janeiro seu terceiro CD " Esse é meu Carvaval " onde mostra que de frevo e ritmos nordestinos ela entende . E também participa ( sem o merecido destaque ... ) do album-ode " 100 Anos de Frevo - É de Perder o Sapato... " . Seu irmão , Lula Queiroga também lança nesse semestre o CD " Tudo Enzima " .
Uma dica pra quem não conhece o trabalho e o talento dos dois .
Abraços , Diogo !
Pernambuco é tudo.
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