14 de março de 2009

Dois Keanes se irmanam em ótimo show no Rio

Resenha de Show
Título: Perfect Symmetry
Artista: Keane (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Citibank Hall (RJ)
Data: 13 de março de 2009
Cotação: * * * *

"Cidade maravilhosa!", afagou o vocalista Tom Chaplin após cantar Is It Any Wonder?, segundo dos três números feitos pelo Keane no bis do show carioca da turnê Perfect Symmetry, que veio ao Brasil esta semana, passando por São Paulo (SP) e Belo Horizonte (MG) antes de chegar ao Rio de Janeiro (RJ) na noite de sexta-feira, 13 de março de 2009, para apresentação consagradora num Citibank Hall não lotado, mas entusiasmado pela oportunidade de ver novamente o Keane em palcos cariocas. Maravilhosa para o vocalista não devia ser a cidade, mas a platéia que pulara que nem pipoca enquanto ele cantava Is It Any Wonder? - música do CD (Under the Iron Sea, 2006) que consolidou a popularidade do grupo em escala mundial após o estouro inicial com Hope and Fears em 2004. Aliás, a troca de confetes em português entre Chaplin e a platéia foi constante do início ao fim do show. "O Rio é a minha cidade favorita", mentiu o vocalista após cantar Again and Again, uma das músicas do terceiro e último CD da banda, Perfect Symmetry (2008). "Olê, olê, olê, olê! Keane! Keane!", fizeram coro os (felizes) fãs em vários momentos, forçando a rima.

Os calculados afagos de Tom Chaplin no ego do público carioca do Keane foram os únicos traços de artificialidade de um show em si excelente. A rigor, dois Keanes coexistem nos recentes discos e shows. Há o Keane das baladas melodiosas calcadas no piano de Tim-Rice Oxley. Este Keane brilhou em números como Try Again, A Bad Dream e You Don't See me. Mas há também o Keane mais pop e dançante. Este outro Keane eletrizou a platéia em números como Crystal Ball, You Haven't Told me Anything (com ruídos eletrônicos na introdução) e a irresistível Spiralling. Juntos, os dois Keanes se harmonizaram em show coeso, cuja pulsação já foi percebida logo nos dois explosivos números iniciais, The Lovers Are Losing e Everybody's Changing. Entre apropriados covers de Gwen Stefani (Early Winter) e Queen (Under Pressure), o grupo inseriu uns sons percussivos nos números de clima mais acústico.

Houve alterações sutis no roteiro. No Rio de Janeiro, o trio não tocou Playing Along e Bend and Break. Em contrapartida, os cariocas ouviram Better than This, exemplo do bom acabamento melódico do pop do Keane. Apesar do tom excessivo dos afagos nos fãs ("Esta música é para você, Rio de Janeiro", melou Chaplin ao cantar Somewhere Only We Know), o show foi ótimo. Ao sair de cena, após encerrar o bis com Bedshaped, o Keane deixou sua platéia extasiada, feliz. Não é para isso que serve uma banda pop??

Marisa Orth registra show 'Romance' em disco

Ainda em cartaz em São Paulo (SP), na casa Tom Jazz, o show Romance Vol. II - feito pela atriz Marisa Orth - está virando disco. A artista (em foto de Vera Camillo) está gravando o repertório do show no estúdio da gravadora Lua Music. A seleção inclui Sofre - um lado B autoral de Tim Maia (1942 - 1998), gravado pelo Síndico em 1972 - e Amor (música pouco badalada do primeiro álbum do grupo Secos & Molhados), entre sucessos de Erasmo Carlos (Minha Fama de Mau, 1965), Hyldon (As Dores do Mundo, 1975) e Rita Lee (Fruto Proibido, rock que deu nome ao LP gravado por Rita em 1975 com o grupo Tutti Frutti). O guitarrista Edgard Scandurra, do extinto grupo Ira!, participa do disco. Assim como três integrantes do Luni, o grupo dos anos 80 do qual Orth fazia parte. Fernando Figueiredo, Natália Barros e Théo Werneck revivem com a colega Oi e The Best, os dois números mais performáticos dos shows da banda. O lançamento do CD está previsto pela gravadora Lua Music para abril - ou maio.

Lee faz parceria póstuma com Cartola em 'Faro'

Cartola (1908 - 1980) se tornou parceiro de Vander Lee. Em seu CD Faro, nas lojas no início de abril via Deckdisc, o compositor mineiro apresenta Obscuridade, a música que criou em cima dos versos do poema homônimo de Cartola. Lee tomou conhecimento do poema pela leitura da biografia Cartola - Os Tempos Idos, lançada em 1998 e reeditada em 2008 no embalo dos festejos pelo centenário de nascimento do criador de As Rosas Não Falam. Faro é o sexto CD de Vander Lee.

Sony reedita álbuns iniciais de Franz Ferdinand


Gravadora que lançou em janeiro em escala mundial o terceiro CD do grupo Franz Ferdinand, Tonight: Franz Ferdinand (2009), a Sony Music está reeditando no embalo os dois primeiros álbuns do quarteto escocês, Franz Ferdinand (2004 - capa no alto) e You Could Have It so Much Better (2005). Ambos já à venda.

13 de março de 2009

Arsenal contrata Fake Number e caça bandas

Criado há três anos em Lorena, cidade do interior paulista, o grupo Fake Number é o mais novo nome do elenco da Arsenal Music, a gravadora do produtor Rick Bonadio (com a banda na foto, durante a assinatura do contrato). O quarteto já se prepara para entrar em estúdio para gravar seu primeiro álbum, que vai ter direção artística e repertório assinados pelo próprio Bonadio.
Às bandas interessadas em ser munição da Arsenal Music, um aviso aos navegantes: a gravadora procura 14 grupos estreantes para montar coletânea no velho estilo pau-de-sebo a ser lançada no segundo semestre de 2009. Os pretendentes devem postar um vídeo no YouTube em que respondam a pergunta "Por que você quer fazer parte do casting da Arsenal?" e enviar o link por e-mail (faclube@arsenalmusic.com.br) para serem avaliados pelo selo. A intenção é dar oportunidade aos 14 grupos "com maior potencial".

Centenário de Ataulfo motiva gravação de disco

O centenário do compositor mineiro Ataulfo Alves (1909 - 1969) - a ser celebrado em 2 de maio de 2009 - motivou o produtor Thiago Marques Luiz a fazer um álbum duplo com gravações inéditas das principais músicas do parceiro de Mário Lago (1911 - 2002) em sambas como Ai, que Saudades da Amélia! e Atire a Primeira Pedra. O elenco do disco inclui artistas da nova geração.

Vulgue Tostoi finaliza segundo CD com Lenine

Cérebros criativos do grupo Vulgue Tostoi, Jr Tostoi e Marcello H. finalizam o segundo álbum da banda-dupla. Intitulado Sistema Delirante Amplo e Defasado da Realidade, o sucessor de Impaciência (NetRecords, 2001) conta com intervenções de Lenine (no Samba do Silêncio), Katia B (na faixa Doce) e do músico Serginho Trombone (convidado de Ela Pediu Paz e Será Preciso). O disco já está sendo mixado por Denilson Campos, o mesmo que mixou Labiata, último CD de Lenine, co-produzido por Jr Tostoi. A edição do CD do Vulgue Tostoi está prevista para abril de 2009.

Ao vivo, Leila joga luz sobre bela obra de Gudin

Pra Iluminar é o título do disco ao vivo em que Leila Pinheiro joga luz sobre a obra de Eduardo Gudin. O compositor (com a cantora na foto feita por Washington Possato) participa do disco, tocando violão em várias músicas e cantando Velho Ateu. Editado pelo selo de Leila, Tacacá Music, Pra Iluminar reúne 17 faixas, captadas em abril de 2007 em show no Teatro FECAP, em São Paulo (SP). Apenas uma música, O Amor Veio me Visitar, é inédita. Mas também é novidade, na voz de Leila, sambas como Sempre se Pode Sonhar, parceria de Gudin com Paulinho da Viola que cita Adoniran Barbosa (1910 - 1982). Projetada nacionalmente em 1985 ao defender um samba de Gudin, Verde, no Festival dos Festivais, Leila revisita no álbum músicas do compositor que gravou ao longo de sua carreira. Entre elas, Paulista (Gudin e Costa Netto), Ainda Mais (Gudin e Paulinho da Viola) e O Amor e Eu (Gudin). A faixa-título, Pra Iluminar, foi presente de Gudin para Leila, dado em 1988 no embalo do êxito de Verde. O álbum vai ser lançado na segunda quinzena deste mês de março de 2009.

Seu Chico revisita Buarque e grava DVD no Rio

Grupo pernambucano especializado em releituras nada ortodoxas do cancioneiro de Chico Buarque de Hollanda, Seu Chico grava seu primeiro DVD no Rio de Janeiro (RJ) em shows agendados para sábado e domingo - 14 e 15 de março de 2009 - na casa Estrela da Lapa. No roteiro, Jorge Maravilha, João e Maria, Essa Moça Tá Diferente, Caçada, Não Sonho Mais, Quem te Viu, Quem te Vê e o mix que une Feijoada Completa e Cotidiano. O grupo não tem CD.

12 de março de 2009

Gravadora faz Klaxons regravar segundo álbum

Uma das revelações da cena britânica em 2007 por conta do bom álbum Myths of the Near Future, o grupo Klaxons foi induzido pela gravadora Polydor Records a regravar várias faixas de seu segundo disco. Distante do som pop new rave que deu fama ao Klaxons, o novo CD da banda estaria muito pesado e psicodélico, na avaliação dos diretores da companhia. Sem se rebelar, o grupo aceitou o argumento da gravadora e vai voltar aos estúdios para refazer o álbum - a tempo de lançá-lo no meio deste ano de 2009.

Jack White cria novo grupo e grava 'Horehound'

Incansável, Jack White articula o retorno do duo White Stripes, mantém o grupo The Raconteurs em atividade e anuncia a criação de outro grupo, The Dead Weather, que junta White (na bateria), Jack Lawrence (no baixo, vindo do Raconteurs), Dean Fertita (na guitarra, egressa do Queens of the Stone Age) e Alison Mosshart (voz, recrutada no grupo The Kills). Já todo gravado, o primeiro álbum dessa nova banda, Horehound, tem lançamento previsto para junho e sai pelo selo Third Man Records, do próprio White. Hang You up from the Heavens é o primeiro single, cujo lado B é Are Friends Electric?, cover do repertório do cantor e compositor britânico Gary Numan. O som do quarteto Dead Weather - visto na foto acima clicado por Davi Swanson, numa primeira pose oficial - supostamente vai remeter ao (hard) rock típico da década de 70.

'Avenida Q' é abusado e jovial musical classe A

Resenha de Musical
Título: Avenida Q
Texto: Jeff Whitty
Músicas e Letras: Robert Lopez e Jeff Marx
Versão Brasileira: Claudio Botelho
Direção Musical: Marcelo Castro
Direção: Charles Möeller
Elenco: André Dias, Claudia Netto, Fred Silveira,
Gustavo Klein, Maurício Xavier, Renata Ricci,
Renato Rabelo e Sabrina Korgut
Foto: Site Oficial Moeller & Botelho
Cotação: * * * * 1/2
Em cartaz no Teatro Clara Nunes (RJ) de quinta-feira a
domingo. Ingressos à venda, entre R$ 80 e R$ 100.

Mais um espetáculo com a grife de Charles Möeller e Claudio Botelho, dupla que estabeleceu novo padrão para a encenação de musicais no teatro carioca, Avenida Q tem seu maior charme no fato de pôr em cena bonecos que remetem aos programas infantis Vila Sésamo e Muppet Show. Todos manipulados por atores. Em cartaz desde 2003 nos Estados Unidos, onde foi obtendo sucesso progressivo e status de musical cult ao passar do circuito off-Broadway para a Broadway propriamente dita, Avenida Q ganha versão brasileira que traz para o universo nacional seu humor abusado e politicamente incorreto. Referências a alguns alvos certos de piadas no Brasil - como os atores do global seriado juvenil Malhação e os evangélicos de facções mais radicais - são salpicadas por Claudio Botelho entre tiradas corrosivas do texto original que não poupam gays, judeus, negros e orientais, entre outras supostas minorias marginalizadas pela sociedade. É hilário!

O resultado é brilhante e atesta a versatilidade da dupla, que vem de uma (re)montagem de A Noviça Rebelde tão encantadora quanto conservadora. Avenida Q subverte conceitos do que se compreende como um musical da Broadway e chega aos palcos cariocas com fino acabamento. A sincronia entre o movimento labial dos nove bonecos e as falas dos atores que os manipulam é perfeita. A ação se passa em torno do prédio situado na Avenida Q, reduto de perdedores, e começa quando lá chega Princetown (André Dias, que se desdobra com perfeição no papel do enrustido Rod). Ao tomar conhecimento de seus vizinhos, Princetown se depara com o duro cotidiano dos loosers. Contudo, as frustrações dessa turma são apresentadas sem peso e com humor ácido, o que torna Avenida Q um espetáculo leve - mesmo quando toca em temas pesados como a pornografia viciante da internet através da personagem Trekkie Monstro (Fred Silveira, em atuação artificial).

Musicalmente, a trilha sonora segue por caminho mais pop. Há um ou outro número que até (per)segue a grandiloqüência vocal da Broadway - caso de Vem Comigo, cantado por Sabrina Korgut na pele de Lucy de Vassa, uma das duas personagens vividas pela atriz (ela também dá voz a Kate Monstra, o par romântico de Princetown). Tal número é prato cheio para Korgut expôr seus fartos recursos vocais, já evidenciados no musical Sassaricando (2007). Na pele de Japaneuza, Claudia Netto também brilha como atriz e cantora mesmo sem estar sob o foco principal. E, nessa parte musical, vale ressaltar a fluência das letras vertidas para o português por Claudio Botelho, sempre hábil na transposição do significado essencial da música para o português sem se prender a traduções ortodoxas. Os versos se encaixam com naturalidade nas melodias, fazem sentido e jamais parecem resultantes de versões.

Avenida Q somente não é um espetáculo perfeito porque seu segunto ato não é tão cativante e redondo como o primeiro. Talvez pelo fato de o autor Jeff Whitty ter se obrigado a encaminhar suas personagens para um desfecho como se estivesse no último capítulo de uma novela. Ter deixado a vida daqueles perdedores transcorrer sem rumo - não por acaso, a ausência dele é a maior preocupação do protagonista Princetown, expressada inclusive no tema intitulado Rumo - talvez tornasse o espetáculo mais coerente com o universo retratado com tanta graça. Ainda assim, Avenida Q se impõe na cena carioca como um musical delicioso. É jovial, é pop, é irreverente e, sobretudo, atual. Traça com ironia o retrato de uma geração que luta para achar lugar ao sol na longa avenida que é a busca existencial na selva da cidade...

Turnê londrina de Michael já totaliza 44 shows

A volta de Michael Jackson aos palcos - na London 02 Arena, a partir de 8 de julho de 2009 - não vai se limitar aos dez shows anunciados no dia 5 de março. Foram confirmadas mais datas nesta quinta-feira, 12 de março. Ao todo, a turnê King of Pop - This Is It! já contabiliza 44 shows que vão se estender até 12 de fevereiro de 2010. O jornal inglês Daily Mirror divulgou roteiro de 16 músicas que supostamente teria sido passado por Michael - acima em foto de Joel Ryan, da Agência AP - aos produtores dos shows. Eis o (provável) roteiro do novo show de Michael Jackson:

Billie Jean
Wanna Be Startin' Somethin
Rock with You
The Way You Make me Feel
Don't Stop 'Til You Get Enough
I Just Can't Stop Loving You
Human Nature
Smooth Criminal
Girlfriend
Man in the Mirror
Beat It
One Day in your Life
Heal the World
You Are not Alone
Remember the Time
Thriller

Armandinho toca pop choro em registro ao vivo

Por ser um (grande) virtuose da guitarra baiana, Armandinho - que agora inclui o sobrenome Macedo no nome artístico - é bem mais associado ao som dos trios elétricos. Entretanto, o músico sempre esteve voltado também para o choro. Em sintonia com álbuns recentes como Retocando o Choro (1999), o CD Pop Choro (capa à esquerda) chega às lojas neste mês de março de 2009 via Biscoito Fino com o registro ao vivo do show captado em 14 e 15 de dezembro de 2006 na Casa da Bossa, em Salvador (BA). O repertório cai no Forró Bachiano (Armandinho e Sivuca), propaga parceria do músico com Pepeu Gomes (Saravejo) e reverencia os mestres Ernesto Nazareth (1863 - 1934) e Jacob do Bandolim (1918 - 1969) em Um Tom pro Ernesto e Lembrando Jacob, respectivamente. De Jacob, aliás, Armandinho revive Noites Cariocas. Luiz Caldas é parceiro e convidado da faixa Bonitinho e Gostoso. Sairá em DVD.

11 de março de 2009

Vallen canta Milton e Caetano no primeiro DVD

Projetado em 2007 ao sair vitorioso no programa de calouros comandado pelo apresentador de TV Raul Gil, Ricky Vallen - nome artístico de Weverton Carlos de Mello - vai completar 31 anos no sábado, 14 de março de 2009. Sua festa vai ser no palco do Canecão, a tradicional casa de shows do Rio de Janeiro (RJ), na qual Ricky Vallen se apresenta pela terceira vez. Desta vez, com o intuito de gravar ao vivo CD e DVD, o primeiro do astro, contratado pela gravadora Sony Music. No roteiro, eclético como o repertório do primeiro CD do cantor, Homenagens (2007), Vallen enfileira sucessos de Ângela Maria (Tango pra Tereza), Lenine (Paciência), Caetano Veloso (Milagres do Povo, emendado com Pérola Negra, hit afro-baiano de Daniela Mercury), Milton Nascimento (Maria Maria) e Vander Lee (a bela Esperando Aviões), entre outros nomes. Até Miss Celie's Blues - tema da trilha sonora do filme A Cor Púrpura - está escalado no repertório. Obviamente, o hit radiofônico de Vallen - Vidro Fumê, recentemente adicionado por Adriana Calcanhotto ao roteiro do show Maré - foi incluído no set list do show a ser gravado ao vivo.

Oasis vem ao Brasil em maio para quatro shows

A (já intensa) agenda de shows internacionais de 2009 ganha mais uma atração de peso. O quarteto britânico Oasis teve sua (nova) vinda ao Brasil confirmada pela produtora Time for Fun nesta quarta-feira, 11 de março de 2009. O grupo vai fazer quatro shows - entre 7 e 12 de maio - nas cidades de Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Curitiba (PR) e Porto Alegre (RS). Trata-se da quarta vez que a banda aporta no Brasil. Os irmãos Liam e Noel Gallagher já pisaram em solo nacional em 1998, 2001 e 2006. Os shows nacionais fazem parte da turnê do CD Dig Out your Soul.

Amores e canções à moda da Broadway dos 70

Resenha de Musical
Título: Esta é a Nossa Canção
Texto: Neil Simon (em tradução de Tadeu Aguiar)
Música: Marvin Hamlisch
Letras: Carole Bayer Sager (em versões de Flávio Marinho)
Direção: Charles Randolph-Wright
Coreografias: Ken Roberson
Elenco: Amanda Costa, Tadeu Aguiar e outros
Foto: Divulgação / Brasílio Wille
Cotação: * * * 1/2
Em cartaz desde 4 de março de 2009 no Teatro Maison
de France (RJ), de quarta-feira a domingo. R$ 60 a 100

Despido dos números musicais e das coreografias, o espetáculo Esta É a Nossa Canção poderia passar por uma das várias comédias românticas que rotineiramente ocupam os palcos do Rio de Janeiro (RJ). Mas há a música e essa música - a rigor, a personagem principal - dá significado especial ao texto de Neil Simon, encenado pela primeira vez no Brasil 30 anos depois de fazer sucesso na Broadway, onde estreou em 11 de fevereiro de 1979. O musical expõe os (des)encontros de um compositor de sucesso, Vernon Gersh (Tadeu Aguiar, produtor do espetáculo), com uma letrista em início de carreira, Sonia Walsk (Amanda Costa). Ao longo de quase duas horas, o espectador vê um musical fincado nos cânones da Broadway. O norte-americano Charles Randolph-Wright foi convocado para dirigir a correta encenação brasileira à moda da produção norte-americana e o resultado é um musical romântico e agradável, vocacionado para as senhoras que predominam nas platéias conservadoras dos teatros cariocas.

Como intérprete de musicais, Amanda Costa confirma o talento festejado na recente montagem paulista de My Fair Lady. Como cantora, ela soa meio desconfortável no seu primeiro solo, Se Ele me Enxergasse (If he Really Knew Me , na versão de Flávio Marinho), mas logo se impõe. Mais adiante, já senhora da cena, Amanda dispara toda sua artilharia vocal em canções como Just for Tonight (Por Hoje Só) e I Still Believe in Love (Mesmo Assim Eu Sou Feliz). Este número evidencia o caráter melodramático das letras de Carole Bayer Sager, geralmente vertidas com fluência para o português pelo experiente Flávio Marinho (para quem não liga a letrista aos seus versos, Sager é hitmaker veterana na indústria fonográfica dos EUA, tendo fornecido repertório meloso para intérpretes como Barbra Streisand, Dionne Warwick e Celine Dion, entre outros). Autor das melodias, Marvin Hamlisch exibe especial inspiração na música que dá nome ao musical - They're Playing our Song, no título original em inglês - sem reeditar o brilhantismo de seu trabalho mais celebrado na Broadway, A Chorus Line. Esta É a Nossa Canção não é um musical de grandes canções avulsas. É o conjunto da obra que faz com que o espetáculo, no todo, resulte atraente. Inclusive as tiradas ácidas dos diálogos de Neil Simon. O humor não se esvai na boa tradução.

Embora seja cantor de recursos vocais mais modestos do que os de Amanda Costa, limitação evidenciada em seus solos, Tadeu Aguiar está totalmente à vontade em cena como o compositor sedutor que se vê envolvido pela espontânea letrista com quem começa a trabalhar e, aos poucos, a se envolver afetivamente no vaivém típico das comédias românticas. E, se o romance soa movimentado em cena, o mérito é das coreografias de Ken Roberson, que explora bem a entrada em cena dos alter-egos de Vernon e Sonia. Cada qual tem quatro alter-egos que entram cena para garantir a vibração dos números coletivos como Só Ralação (Workin' It Out) e Ao te Abraçar (When You're in my Arms). A caracterização e as coreografias do elenco no número do restaurante são especialmente sedutoras, embora as referências do espetáculo (inclusive as visuais) aos anos 70 - década marcada pela explosão da disco music - delimitam a ação a um tempo específico que, no entender de alguns espectadores, pode dar ao musical um ar datado. Como os desencontros amorosos que fazem a trama avançar são atemporais, a suposta deficiência adquire peso insignificante no conjunto. E, acima de datas, vale ressaltar a segurança de Liliane Secco na direção musical e na condução da banda estrategicamente posicionada em cima da réplica de uma ponte erguida ao fundo do sobre-palco giratório posto no Maison de France. A execução do tema instrumental apresentado entre os dois atos é especialmente envolvente. Enfim, bem temperado com humor e romance, o musical Esta É a Nossa Canção cumpre bem sua função de entreter sem que chegue - de fato - a arrebatar.

Devo vai lançar seu primeiro álbum desde 1990

Sucesso na era da New Wave com seu tecnopop eventualmente rotulado como art rock, o grupo americano Devo confirmou - após alguns anúncios e desmentidos - que vai lançar no segundo semestre de 2009 seu primeiro álbum em 19 anos. O sucessor de Smooth Noodle Maps (1990) vai incluir músicas como Don't Shoot, I'm a Man. O quinteto sempre esteve em atividade, mas fez somente gravações avulsas nestas duas últimas décadas. O último single - gravado para comercial, em 2007 - foi Watch us Work It.

10 de março de 2009

Liberdade não aprimora a obra insossa de Liah

Resenha de CD
Título: Livre
Artista: Liah
Gravadora: Som Livre
Cotação: *

Por conta de sua projeção como autora de hits da extinta dupla Sandy & Junior, Liah foi contratada pela EMI Music, gravadora pela qual lançou dois CDs, Liah (2003) e Perdas e Ganhos (2005), fabricados em departamentos de marketing. Em seu terceiro disco, Livre, a cantora expressa no título e em texto escrito para o encarte a autonomia que pontuou a gravação do álbum, produzido pela própria artista em parceria com Dan Sebastian, colaborador também na confecção das músicas Segue Devagar e Você Colhe o que Plantou. Entretanto, a liberdade desfrutada por Liah não aprimorou sua inspiração e sua discografia. Livre pode não soar tão pasteurizado quanto seus dois antecessores, mas o repertório autoral é ruim. Ao abrir o CD, a faixa-título já dá a pista certeira do que se vai ouvir ao longo das 14 faixas: um pop rock insosso, de letras confessionais escritas sem o menor traço de originalidade. Baladas como Fica não divergem tanto da música industrializada fornecida por Liah para Sandy & Junior. Tanto que a melhor faixa de Livre acaba sendo a regravação elegante de E Não Vou Mais Deixar Você Tão Só, música de Antonio Marcos (1945 - 1992), lançada por Roberto Carlos em 1968 no álbum O Inimitável. O registro de Liah entrou na trilha sonora da novela Três Irmãs e tocou bem na trama exibida pela Rede Globo às 19h, motivando a Som Livre a distribuir o disco que Liah fez por conta própria em 2008 com repercussão restrita a seus amigos. A edição que chega às lojas ganha três faixas adicionais - Madrugada, Cada Dia e Sinais - que apenas reforçam que Liah precisa não somente de liberdade, mas também de parceiros, para (tentar) evoluir como compositora. Sem inspiração, a liberdade artística soa infrutífera.

Com sua bossa, Paquito vai do blues ao samba

Resenha de CD
Título: Bossa Trash
Artista: Paquito
Gravadora: Independente
Cotação: * * 1/2

O segundo disco de Paquito - cantor e compositor projetado na cena indie baiana como o líder da Flores do Mal, uma bissexta banda de rock criada na terra do axé - se chama Bossa Trash. Mas não é um disco de Bossa Nova, ainda que algumas das onze faixas, como A Medida Exata, remetam à estética cool e minimalista do banquinho já cinquentenário. O som tampouco é trash. Compositor já gravado por cantoras como Maria Bethânia (Brisa) e Daniela Mercury (Ninguém Atura, parceria com Roberto Mendes), Paquito desfia um punhado de temas que versam sobre dores de amores. Caso de Sonhei que Eu Era Feliz, cuja cadência evoca a manemolência do samba baiano. Às vezes, como em Três Poodles, uma fina ironia tempera o discurso de tom habitualmente melancólico. Tentando apre(e)nder a leveza bossa-novista ensinada pelo mestre João Gilberto, o artista engata dueto com Jussara Silveira no samba Despedida (Vá de Vez) e entoa a suplicante Volte Depressa com a moldura das cordas (bandolim, violão, guitarra slide e e-bow) comandadas por Bruno Fortunato, o músico do Kid Abelha. Um som slide também aparece na faixa-título, Bossa Trash, parceria de Paquito com Arto Lindsay que evoca algo do blues e do lamento caipira. Co-produtor do disco, Eduardo Luedy responde pelos efeitos e pelo slide do violão que adorna essa faixa, a melhor de um CD diferente, que confirma a bossa toda pessoal de Paquito.

Turnê do Keane motiva edição de DVD no Brasil

Na carona da (nova) vinda do grupo Keane ao Brasil para miniturnê que vai começar por São Paulo (SP), com show agendado na casa Credicard Hall para esta terça-feira, 10 de março de 2009, a Universal Music já lança esta semana no mercado nacional a Deluxe Edition do (ensolarado) terceiro álbum do trio britânico, Perfect Symmetry. Em formato de DVD, a edição dupla adiciona ao bom CD original vídeo digital que exibe imagens do grupo em estúdio, comentários sobre as onze faixas do álbum e demos das músicas do disco que deu tom mais jovial e pop ao som do trio - sem tanta ênfase nos teclados de Tim Rice-Oxley. Aos que preferem conferir ao vivo a mudança de rota do grupo, o Keane chega na quinta-feira a Belo Horizonte (para show no Chevrolet Hall) e termina na sexta-feira sua turnê pelo Brasil, com apresentação no Citibank Hall, no Rio de Janeiro (RJ).

'Zoombido' é o retrato da pluralidade de Moska

Resenha de CD / DVD
Título: Zoombido
- Para se Fazer
uma Canção
Artista: Moska
Gravadora: Biscoito
Fino
Cotação: * * * 1/2

Já na quarta temporada, Zoombido é o programa apresentado por Moska no Canal Brasil, da Globosat / Net. Moska se reveza nas funções de entrevistador, cantor e de fotógrafo para tentar retratar o processo de criação de colegas compositores. Parte da temporada de 2006 está sendo editada em CD e DVD, postos nas lojas pela Biscoito Fino. O foco está em Chico César, Lenine, Mart'nália, Pedro Luís, Zeca Baleiro e Zeca Pagodinho, único entrevistado que subverteu o formato íntimo do programa ao armar roda de samba no estúdio com bambas como Arlindo Cruz. Zoombido é, antes de tudo, o retrato da pluralidade do inquieto Moska. O entrevistador se porta em cena com a delicadeza do amigo e, exceto Pagodinho, os entrevistados deste primeiro volume fazem mesmo parte do círculo de amizades do anfitrião. O que explica o tom informal das entrevistas. "Não sou muito de estudar as técnicas... Eu estudo as pessoas...", confidencia Mart'nália com a habitual espontaneidade.

Para quem não quer saber de papo sobre a origem da criação, há o CD que compila números musicais da temporada (em cada programa, o entrevistado canta três músicas, sendo a última em dueto com Moska). O próprio DVD oferece ao espectador a possibilidade de assistir somente aos números musicais. Dentre os duetos, vale destacar o de Moska com Pedro Luís no samba Parte Coração. Os registros são despojados, econômicos, um retrato do canto em estado bruto. Lenine, por exemplo, despe Todas Elas num Só Ser, Do It e Relampiano (sua primeira parceria com Moska). Chico César desfia A Prosa Impúrpura do Caicó, Pra cinema e Tambor. Como bônus do DVD, há o tema que lhe dá subtítulo: Pra se Fazer uma Canção, criação coletiva dos 26 convidados da temporada de 2006 (a cada programa, um artista adicionou um verso melódico com dois ou três acordes). A canção bem que poderia ter se tornado um frankenstein, mas até guarda surpreendente unidade em sua primeira parte (a segunda resulta bem menos inspirada) e, acima de tudo, evoca o espírito de união.

A idéia é da gravadora Biscoito Fino é lançar regularmente CDs e DVDs com outros registros de Zoombido. Com flashes de boa música e papo, o primeiro volume lembra que Moska está voando mais alto do que fazia supor o artista que despontou na música na década de 80 como integrante do grupo vocal Garganta Profunda.

Deeplick se apóia em Wanessa para virar autor

DJ e produtor musical que o criou o remix de Ai, Ai, Ai..., responsável pelo impulso definitivo da carreira de Vanessa da Mata em 2005, Deeplick - nome artístico do paulista Fernando Leite - está se lançando como compositor. De contrato assinado com a Day 1 Publishing, a editora vinculada à gravadora Sony Music, Deeplick emplaca nada menos do que nove faixas autorais no álbum que Wanessa Camargo vai lançar em abril. Uma delas - Meu Momento / Fly - foi gravada por Wanessa em dueto com o rapper norte-americano Ja Rule e vai ganhar remix de... Deeplick.

9 de março de 2009

'Palco MPB' de 2008 vira CD com Gil e Teresa

Programa da rádio carioca MPB FM, gravado ao vivo com mix de show e bate-papo, o Palco MPB teve sua temporada de 2008 transformada em CD que vai ser lançado na próxima segunda-feira, 16 de março de 2009. Entre os 14 inéditos registros ao vivo compilados pelo disco, há gravação de Gema (Caetano Veloso) com Teresa Cristina e o Grupo Semente (foto). A seleção do CD Palco MPB - Temporada 2008 inclui ainda gravações ao vivo e exclusivas de Gilberto Gil (Palco), Mart'nália (Cabide), Zeca Baleiro (Alma Nova), Seu Jorge (Mina do Condomínio), Jorge Vercillo (Devaneio), Rodrigo Maranhão (Caminho das Águas), Celso Fonseca (Queda), Diogo Nogueira (Batendo a Porta), Ana Cañas (Coração Vagabundo), Moinho (Esnoba), Lenine (É o que me Interessa), Marcos Valle (Estrelar, com Domenico Lancellotti) e Simone & Zélia Duncan (Meu Ego). Pena não sair junto um DVD...

Morta há 20 anos, pioneira Nara revive em bio

Resenha de Livro
Título: Nara Leão
- A Musa dos Trópicos
Autor: Cássio
Cavalcante
Edição: Independente
Cotação: * * *

O Brasil talvez ainda não tenha se dado conta de que, em 7 de junho de 2009, vai fazer 20 anos que Nara Leão (1942 - 1989) partiu, vítima de complicações decorrentes de um câncer no cérebro que já dera os primeiros sinais em 1979. A biografia Nara Leão - A Musa dos Trópicos chega à cena - em edição independente de Cássio Cavalcante, escritor cearense radicado em Recife (PE), fã da cantora - para reviver uma artista que marcou época na música brasileira de seu tempo. Já existe uma biografia de Nara Leão no mercado - escrita por Sérgio Cabral, lançada em 2001 e reeditada em 2008. O livro de Cavalcante nada acrescenta de substancial ao já contado por Cabral, mas prima por enfatizar as audácias estilísticas da obra fonográfica de Nara. Com base em reportagens e críticas sobre discos e shows de Nara Leão, publicadas em jornais e revistas dos anos 60 aos 80, o autor refaz a trajetória desbravadora da cantora na MPB - sigla, aliás, que bem pode ter como ponto de partida a gravação do primeiro LP da artista, Nara (1964), cujo repertório inovou ao trazer para o universo musical do asfalto músicas de compositores do morro como Cartola (1908 - 1980), Zé Ketti (1921 - 1999) e Nelson Cavaquinho (1911 - 1986). Uma atitude pioneira que fez com que, já no ano seguinte, 1965, uma cantora classuda como Elizeth Cardoso (1920 - 1990) subisse o morro para gravar álbum igualmente antológico dedicado ao samba de compositores populares. Nara Leão não foi intérprete de grandes recursos vocais, mas, por seu fio de voz, passaram informações e músicas que fizeram a cabeça de gerações e influenciaram todo o panorama da MPB a partir dos anos 60. Musa mítica da Bossa Nova, Nara logo extrapolou a estética elitista do gênero. Aderiu a música de protesto no lendário espetáculo Opinião, deu voz à música de compositores nordestinos como João do Vale (1933 - 1996), pediu passagem para a música de Chico Buarque antes de o compositor ganhar projeção nacional com A Banda em festival de 1966, avalizou de imediato a geléia geral tropicalista de 1967/1968, criou a moda de discos de duetos nos anos 70 (Meus Amigos São um Barato, 1977), surpreendeu as elites ao dedicar um álbum inteiro ao cancioneiro de Roberto e Erasmo Carlos (...E que Tudo Mais Vá pro Inferno, 1978) e, já reconciliada com a Bossa Nova, ajudou a propagar o gênero no Japão nos anos 80, tendo sido a primeira cantora brasileira a gravar (em 1985) um disco com a tecnologia digital do compact disc, o popular CD (o álbum, Garota de Ipanema, chegou às lojas em 1986). Dividida em 15 capítulos, a biografia enfatiza o caráter desbravador da carreira de Nara Leão. Para chegar ao mercado em merecido âmbito nacional, o livro - que inclui discografia, filmografia e belas fotos da cantora - precisa somente para passar por cuidadosa revisão para que os erros gramaticais do texto sejam limados e, dessa forma, a narrativa tenha o rigor estilístico típico da obra e do canto livre e pioneiro de Nara Leão.

Com energia, Prodigy volta aos 90 em 'Invaders'

Resenha de CD
Título: Invaders
Must Die
Artista: The Prodigy
Gravadora: Atração
Fonográfica
Cotação: * * * * 1/2

Uma das grandes referências da rica produção fonográfica eletrônica que deu o tom dos anos 90, década que viu explodir a cultura das raves, a banda britânica The Prodigy ensaia uma volta aos seus áureos tempos no seu quinto álbum de estúdio, Invaders Must Die, que já está sendo lançado no Brasil pela gravadora Atração Fonográfica neste mês de março de 2009. O grupo tinha se desviado do trilho habitual no álbum anterior, Always Outnumbered, Never Outgunned (2004), mas retoma sua rota em Invaders Must Die. Sem acrescentar nada ao som da banda, o novo disco parece perseguir o estilo do álbum The Fat of the Land, trabalho de 1997 que fez o Prodigy explodir nas pistas do mundo ocidental. Entretanto, Keith Flint (voz), Liam Howlett (teclados) e Maxim Reality (MC) jamais soam decadentes ao longo das 11 faixas do CD. Com seus beats acelerados, Take me to the Hospital é hit certeiro em qualquer pista. Warriors Dance evoca a escola acid da cena eletrônica. Já Run with the Wolves se diferencia por trazer o peso da bateria de Dave Ghrol e vocais meio cuspidos, à moda punk. O grupo equilibra rock e eletrônica na balança em temas como Thunder, mas essa balança pende para o rock em Colours. Entre os grooves frenéticos de Piranha, a psicodelia de Stand up e os vocais robóticos da poderosa faixa-título, Invaders Must Dies, o Prodigy volta com força inimaginável para uma banda que parecia definitivamente associada à cena dance dos anos 90. Vai bombar!!

It's Blitz tira Yeah da garagem e o põe na pista

Resenha de CD
Título: It's Blitz
Artista: Yeah Yeah Yeahs
Gravadora: Phantom
Records
Cotação: * * * *

Com lançamento programado para abril de 2009, porém já vazado na internet, o terceiro álbum do Yeah Yeah Yeahs, It's Blitz, tira o quarteto norte-americano da garagem e o põe na pista. Em atividade desde 2000, o grupo cruza seu indie-rock com o universo da dance music em seu CD mais bem produzido. Distante da sujeira que pontuava o anterior Show your Bones (2006), It's Blitz é disco em que os sintetizadores tomam espaço das guitarras. Com produção dividida entre Dave Sitek (do grupo TV on the Radio) e Nick Launay, o álbum tem tudo para se impor entre os melhores de 2009 por conta de faixas absolutamente encantadoras como Zero (corretamente eleita o primeiro single), Heads Will Roll (exemplo da habilidade com o grupo mixa rock e música eletrônica com ecos de disco music), Skeletons (com trama de sintetizadores urdida em clima quase etéreo que vai num crescendo) e a balada Runaways, de textura incrivelmente bela e delicada. Temas como Hysteric e supra-citada Zero trazem nos arranjos referência aos embalos noturnos dos sábados da década de 70. Já Soft Shock evoca o tecnopop dos anos 80. Contudo, It's Blitz é álbum de sonoridade contemporânea que faz saltar aos ouvidos a evolução da vocalista Karen O. A audição de músicas como Dull Life mostra que a cantora trocou os vocais gritados por emissão mais límpida e até convencional. Enfim, é um novo Yeah Yeah Yeahs que cresce e aparece em It's Blitz, grande disco que o credencia a migrar do circuito indie para o mainstream. Merece.

8 de março de 2009

'Menino da Porteira' toca boiada em ritmo lento

Resenha de Filme
Título: O Menino
da Porteira
Direção: Jeremias
Moreira
Elenco: Daniel, João
Pedro Carvalho, José
de Abreu, Vanessa
Giácomo e outros
Cotação: * *

Remake do lendário filme homônimo de 1977 que sedimentou a fértil carreira sertaneja de Sérgio Reis, O Menino da Porteira entrou em cartaz em 270 cinemas brasileiros na última sexta-feira, 6 de março de 2009, com a missão de fazer o mesmo sucesso do original e, de quebra, atrair os mais de cinco milhões de espectadores que foram ver em 2005 a saga caipira dos 2 Filhos de Francisco. Se este filme de Breno Silveira que contou a história da dupla Zezé Di Camargo & Luciano conquistou todas as classes sociais, O Menino da Porteira alveja primordialmente o público residente nos vastos interiores do Brasil. Escorado na popularidade do cantor Daniel, recrutado para viver o boiadeiro Diogo encarnado por Sérgio Reis na versão de 1977, o filme pode até reeditar a gorda bilheteria do original pelo apelo, mas não exibe o apuro estilístico perceptível em 2 Filhos de Francisco. Para começar, o roteiro toca a boiada em ritmo lento. Enfocado de forma pueril, o conflito entre sitiantes e o fazendeiro manda-chuva da região de Ouro Fino (MG) - o Major Batista, interpretado de forma convincente por um inspirado José de Abreu - demora a engrenar e, mesmo no clímax, a ação resulta esquemática. A direção de Jeremias Moreira - também o diretor da versão original - persegue estilo igualmente pueril na intenção de seduzir um Brasil interiorano mais afinado com o ingênuo humor caipira. Com a árdua missão de defender personagens unidimensionais, o elenco dá conta do recado, mas Daniel, esforçado, não sustenta as cenas mais dramáticas da parte final. Da mesma forma parece artificial sua empatia com o menino (o carismático João Pedro de Carvalho). Conexão que é o mote do filme, inspirado na canção O Menino da Porteira, composta por Teddy Vieira e Luisinho. Lançada em 1955 pela dupla Luisinho & Limeira e regravada por Sérgio Reis nos anos 70, a música que batiza o filme entra somente nos créditos finais na voz de Daniel. A trilha sonora, aliás, valoriza o filme. Daniel mostra intimidade com temas como Vida Estradeira e alcança seu melhor momento na interpretação de Disparada, inserida na narrativa numa licença musical, já que a ação se passa em 1954 e a moda agalopada de Geraldo Vandré e Théo de Barros foi lançada somente em 1966. Daniel também revive Índia, a guarânia paraguaia que pontua em versão instrumental as cenas de Vanessa Giácomo, intérprete de Juliana, par romântico do peão Diogo no filme. Contudo, o ponto alto é Meu Querido Santo Antônio, no registro pungente de Carlos Careqa. A gravação adorna uma das melhores cenas. Moldado para produzir rios de lágrimas na platéia, o desfecho trágico do conflito encerra O Menino da Porteira em sintonia com a letra da música que inspirou o mediano filme. A adesão popular é até provável, mas boiadas já foram tocadas com mais rigor estilístico.

DVD documenta as conexões mundiais de Noise

Um dos (poucos!) DJs do Brasil que tem entrada e prestígio na vasta cena eletrônica estrangeira, o mineiro Anderson Noise documenta suas ligações mundiais no farto DVD Connection 1969, o segundo do DJ astro, especializado em tecno. O documentário exibido no DVD é pioneiro como Noise por ter sido o primeiro feito em torno de um DJ brasileiro. Os ternos depoimentos de familiares, amigos e fãs ilustres - como Rogério Flausino, vocalista do grupo Jota Quest, e os DJs Marky e Mau Mau - costuram o roteiro estruturado em 15 capítulos. Dirigido por Cadu Porto Oliveira, o filme capta Noise em clubes, raves e festivais ao redor do mundo. Cenas de viagens pontuam a narrativa, que refaz de forma não cronológica a trajetória de Noise, nascido em Belo Horizonte (MG), onde começou sua carreira tocando nas festas Noise, organizadas por ele. O documentário - editado de forma frenética, em sintonia com a batida do tecno - foi construído a partir do material produzido para a TV Noise, criada em 2005 pelo empreendedor DJ. Produzido para 3Plus Music e distribuído nas lojas pela gravadora ST2, o DVD é turbinado com o CD Noise Connection. Sétimo título da discografia do artista, o CD apresenta quatro temas inéditos - Alcateia, Dona Chica, Ginseng e Manada - entre remixes já tocados nas pistas. Como Noise começou a discotecar em 1989 na sua cidade natal, o DVD Connection 1969 celebra seus 20 (heróicos) anos de militância na cena eletrônica do Brasil.

Trilha de 'Caminho das Índias' gera quatro CDs

Na seqüência da edição do CD com a trilha sonora nacional da novela Caminho das Índias, já nas lojas, a gravadora Som Livre se prepara para lançar mais três discos com músicas da trama. O primeiro, Caminho das Índias - Indiano, já está no forno e vai trazer somente temas calcados no ritmo festivo do Bhangra, gênero mais pop de música indiana. O segundo vai compilar os sons miscigenados ouvidos nas cenas passadas no bairro da Lapa, um dos redutos da boemia carioca. O samba predomina no repertório. Neste disco, aliás, Alcione (em foto de Marcos Hermes) canta samba que exalta a Lapa e Diogo Nogueira revive Malandro É Malandro e Mané É Mané, música de Neguinho da Beija-Flor, gravado pelo autor em 1980, porém mais associada a Bezerra da Silva (1927 - 2005) depois de ter dado nome ao álbum lançado em 2000 pelo saudoso sambista. Por fim, a Som Livre vai editar a seleção internacional de Caminho das Índias.

Gravação ao vivo poderá levar Lulu para a EMI

Lulu Santos pode vir a ser o mais novo nome do elenco da EMI Music. O cantor está sendo assediado pela gravadora. Se aceitar, a ideia de Lulu é estrear na companhia com a edição em CD e DVD do registro ao vivo do show criado a partir do disco Long Play, lançado em 2007 pela Som Livre, com inédito repertório autoral.

DVD flagra Happy Mondays nos EUA em 1990

Grupo britânico - formado em 1985, dissolvido em 1992 e reativado (já com a formação esfacelada) em 2007 -, o Happy Mondays tem seu nome associado ao universo das raves que explodiu nos anos 90 por seu som pioneiro na fusão de música eletrônica (em especial, de house) e pop rock, com direito a flertes com a psicodelia dos anos 60 e o soul dos 70. Como o título já anuncia, Call the Cops - USA '90s - DVD de 2008, lançado pela gravadora ST2 no mercado brasileiro neste mês de março de 2009 - flagra a banda em 1990, em sua primeira turnê pelos Estados Unidos, logo após o lançamento de seu terceiro álbum, Pills 'N' Thrills and Bellyaches (1990). O DVD exibe dez números - com áudio 2.0 - e rebobina cenas de bastidores do Happy Mondays nos EUA. Vale como o documento de uma época.