12 de janeiro de 2008

Ivan registra dois projetos sinfônicos em 2008

Ivan Lins (à direita em foto de Bruno Veiga) tem dois projetos sinfônicos previstos para 2008. Compositor de prestígio no exterior, Ivan pretende registrar ao vivo dois concertos com orquestras sinfônicas. Um será feito em Amsterdam, na Holanda. O outro em Pittsburg, na Califórnia, nos EUA. Fora da seara erudita, o compositor retomou sua grandiosa parceria com Vítor Martins, iniciada nos anos 70.

Anna Luisa grava o 'Baião Digital' de Maranhão

Da seara de Rodrigo Maranhão, Baião Digital é uma das músicas do terceiro CD de Anna Luisa (à esquerda em foto de Tatiana Horácio). Em processo de finalização, o álbum tem produção de Rodrigo Vidal. A cantora vai tentar se impor como compositora, assinando músicas como Bailarina do Mar, Seu Moço (com Edu Krieger) e Folguedo (com Emerson Mardhine). O CD vai ser editado no segundo semestre de 2008.

Cris Braun canta Ramil e Wado no terceiro CD

Com gravações agendadas entre Rio de Janeiro (RJ) e Maceió (AL), Cris Braun já começou a preparar o seu terceiro CD. No repertório, músicas de compositores como Wado, Vítor Ramil, Júnior Almeida e a própria Cris Braun, que assinará a produção do disco ao lado do guitarrista Billy Brandão. "É um disco de cara livre à brasileira, com uma galera jovem", conceitua a artista, projetada em 1997 ao lançar seu primeiro CD pelo selo de Marina Lima, Fullgás.

Toque de Arte evoca tradição dos grupos vocais

Resenha de CD
Título: Pelos Quatro
Cantos
Artista: Toque de Arte
Gravadora: Albatroz
Cotação: * * *

A partir da década de 40, com o Bando da Lua, os conjuntos vocais habitaram o universo musical brasileiro. Em seu segundo disco, Pelos Quatro Cantos, o Toque de Arte evoca essa tradição em repertório que prioriza o samba. Com vocais dirigidos por Magro Waghabi, do grupo MPB-4, o quarteto canta 12 músicas à moda de um outro grupo que fez história com suas vozes: Os Cariocas. Se as inéditas autorais (entre elas, Por que Não Tentar Ser Feliz, Escravo de mim e Um Canto de Fé) estivessem à altura dos sucessos regravados pelo grupo com seu toque vocal, o CD seria excelente. Mas não estão. Ainda assim, o disco oferece grandes momentos. Fato Consumado, belo samba da fase inicial de Djavan, tem seu suingue e quebradas valorizadas pelo quarteto. La Belle de Jour, de Alceu Valença, ganha um novo frescor e é o sopro nordestino do álbum. Já Retalhos de Cetim, o samba magoado de Benito Di Paula, ganha ares nobres. A arrojada introdução a capella do samba-enredo Aquarela Brasileira (Silas de Oliveira, 1963) sugere uma ousadia que o grupo, pena, não leva adiante. Quando entram os instrumentos, a faixa perde força. Por sua vez, Rio Antigo é revivido em tons bem suaves com adesão de Alcione, cantora que lançou a parceria de Chico Anysio e Nonato Buzar em 1979. Enfim, Pelos Quatros Cantos procura reafirmar o talento já esboçado pelo Toque de Arte no CD anterior Samba & Voz (2002). Falta apenas afinar o irregular repertório próprio.

11 de janeiro de 2008

Show mistura novos e velhos matizes de Djavan

Resenha de show
Título: Matizes
Artista: Djavan (em foto de Cristina Granato)
Local: Citibank Hall (RJ)
Data: 10 de janeiro de 2008
Em cartaz no Rio de Janeiro até 13 de janeiro
Cotação: * * * 1/2

"Adorei", disse Djavan para a platéia quando já ia saindo do palco do Citibank Hall carioca depois de encerrar o show Matizes com o sucesso Sina. "Adorei vocês", repetiria o cantor ao voltar para o bis, dado com Se... e Lilás. Inspirado no reiterativo CD homônimo lançado em meados de 2007, o espetáculo Matizes expõe novas e velhas cores da bela música de Djavan. Se os grandes sucessos ganham leitura moderna (a exemplo da textura eletrônica que dá novo tom a Azul, um dos hits estrategicamente posicionados ao fim do roteiro), o novo álbum põe sua marca no show através do trio de metais que pontua grande parte dos arranjos. Matizes, o disco, marcou a volta dos metais ao som de Djavan e, no palco, os sopros ganham força imperceptível no CD - com o detalhe de que os músicos-titulares dos metais também desempenham a função de vocalistas. Ponto para Josué Lopez (saxofone), François Lima (trombone) e Walmir Gil (trompete). O trio mostra entrosamento.

O roteiro equilibra muito bem sucessos com músicas novas e/ou pouco conhecidas. Além do mais, os standards do cancioneiro do compositor (re)aparecem renovados. Seduzir é reinventada com outra divisão e ganha mais peso e suingue jazzy. Oceano tem sua nobre linha melódica realçada por belíssimo solo de trompete de Walmir Gil, num dos momentos de maior encantamento do show. E, para quem já se esqueceu de que o personalíssimo compositor Djavan sempre foi um excelente intérprete de músicas próprias e alheias, Sorri (sensível versão de Braguinha para Smile, de Charles Chaplin) e Faltando um Pedaço (em uma releitura que rivaliza em beleza com a gravação cristalina lançada por Gal Costa em 1981) estão no repertório para reafirmar o poder da voz de Djavan. Que ainda se deu ao luxo de interpretar, em caliente clima flamenco, La Leyenda del Tiempo, lindo tema de Garcia Lorca adaptado por Ricardo Panchon. O número - como explicita Djavan em cena - é fruto de sua admiração pelo cantor espanhol Camaron de la Isla. É outro envolvente momento de Matizes, o show. Djavan arrasa!!!

O show repete o mico de Matizes, o álbum: Imposto - o samba de letra panfletária que está entre as mais infelizes criações de Djavan (talvez seja seu pior momento como compositor). Mas, sem senso crítico, o cantor dá destaque a música no roteiro com direito a um politizado discurso introdutório. Outros temas de inspiração mais rala - em especial, Desandou e Que Foi my Love? - tiram a coesão do show. Mas nem por isso Matizes deixa de ser um dos grandes espetáculos de Djavan. A azeitada banda, que destaca o guitarrista Max Vianna, filho do cantor, contribui para formar a atmosfera de fina musicalidade que rege o show, que inclui medley com sambas como Flor de Lis e Gostoso Veneno (da lavra de Wilson Moreira e Nei Lopes). A partir da funkeada Boa Noite, Djavan já convoca seu público para levantar das cadeiras e dançar. Convite prontamente aceito, o show adquire aura pop. Djavan sai de cena jovial e feliz - certo de que, no palco, sua obra monumental disfarça (eventuais) tropeços em discos recentes. Até mesmo pela riqueza de matizes.

Disco reúne Bethânia e Omara em show inédito

Gravado em janeiro de 2007, nos estúdios da gravadora Biscoito Fino, no Rio de Janeiro (RJ), o disco dividido por Maria Bethânia com a cubana Omara Portuondo será lançado juntamente com um show inédito que reunirá as duas cantoras em um mesmo palco. A estréia será no Canecão (RJ), em 7 de março. Concluído em clima de sigilo total, o CD conta na produção com nomes como Moogie Canazio, Jaime Alem e o violonista Swami Jr. O repertório inclui textos e músicas dos anos 50, do Brasil e de Cuba. Sairá em breve.

Especial global de Daniela é editado em DVD

Exibido pela Rede Globo em 15 de dezembro de 1992, o especial O Canto da Cidade, de Daniela Mercury, será lançado em DVD via gravadora Sony BMG, em fevereiro, revivendo com dois meses de atraso os 15 anos do momento comercial áureo da cantora baiana. No especial, há clipes de Daniela - numa foto de Mário Cravo Neto - com Tom Jobim (Águas de Março), Caetano Veloso (Você Não Entende Nada) e Herbert Vianna (Só pra te Mostrar). O programa costurou trechos da apresentação do show O Canto da Cidade na Praça da Apoteose, no Rio de Janeiro (RJ), e imagens gravadas em Salvador (BA), com participações de Armandinho, Carlinhos Brown e Moraes Moreira. Tal especial nunca foi editado em vídeo.

Arranco de Varsóvia lança inédita em coletânea

O quinteto carioca Arranco de Varsóvia lança coletânea, Samba e Progresso, em que apresenta uma gravação inédita, Em Boa Hora, parceria de Nelson Sargento com Júlio Moura e Muri Costa (integrante do conjunto). A compilação inclui faixas dos três CDs editados pelo grupo (Quem É de Sambar, Samba de Cartola e Na Cadência do Samba, lançados em 1997, 1998 e em 2005, respectivamente). Além de Muri, a atual formação do grupo inclui Paulo Malaguti e as cantoras Andréa Dutra, Elisa Queirós e Cacala.

10 de janeiro de 2008

Beatles voltam teatralizados em vozes afinadas

Resenha de musical
Título: Beatles num Céu de Diamantes
Direção: Charles Möeller
Direção Musical: Claudio Botelho

Roteiro: Cristiano Gualda & Charles Möeller
Elenco: Gottsha, Kacau Gomes, Marya Bravo, Tatih

Köhler, Cristiano Gualda, Cristiano Penna, Fabrício
Negri, Jonas Hammar, Jules Vandystadt, Raul Veiga
e Rodrigo Cirne
Local: Sesc-Copacabana (RJ)
Data: 10 de janeiro de 2008
Cotação: * * * *

Da mesma maneira que o filme Across the Universe se utilizou do grandioso repertório dos Beatles para contar uma história de amor e política, ambientada na contracultura dos anos 60, o novo espetáculo da dupla Charles Möeller e Cláudio Botelho teatraliza o cancioneiro atemporal dos Fab Four em roteiro que abre mão de textos. São apenas canções, 47, ouvidas nas vozes de afinado time de onze atores-cantores. Por mais que seja frustrada a tentativa de sugerir, por meio das músicas, um enredo baseado no livro Alice no País das Maravilhas, Beatles num Céu de Diamantes é espetáculo sedutor, ainda que utilize várias fórmulas e recursos cênicos já batidos - como malas e guarda-chuvas. Vale a pena ver.

Os arranjos da pianista Délia Fischer respeitam o cancioneiro do grupo sem tratá-lo com formalidade ou excessiva reverência. E os diretores criaram números de graciosa teatralidade - às vezes até com humor, como Yellow Submarine (1966) e Ob-la Di Ob-la Da (1968). Porém, o musical se sustenta nas vozes dos onze atores-cantores. E eles, em alguns momentos, põem o espectador no céu. Marya Bravo tem seu grande instante em While my Guitar Gently Weeps (1968). Um pouco antes, Kacau Gomes brilha bastante em Something (1969). Mais para o final, Gottsha aproveita bem a sua melhor oportunidade em Here There and Everywhere (1966), em um acento que tende para o blues. Na ala masculina, o destaque é Cristiano Gualda, que entoa sozinho temas como Golden Slumbers (1969) e The Long and Winding Road (1970). Mas elas dão o tom.

O cancioneiro dos Beatles é tão genial que resiste muito bem a esta abordagem que passa longe do rock. Há apenas piano, violoncelo e percussão - eventualmente tocada por Jonas Hammar, um dos onze atores-cantores. Apesar de uma ou outra supremacia vocal, o elenco soa homogêneo. E boa parte da graça do musical vem da interação de suas vozes em números como Help! (1965) e Across the Universe (1970). São onze atores-cantores oriundos de outros musicais da dupla Möeller e Botelho - como o recente Sete. Time de craques que justifica a ida ao teatro para ouvir hits dos Beatles.

Registros iniciais do Barão são editados em bio

Colecionadores de discos e fãs da música do Barão Vermelho - em especial - têm um bom motivo para investir na biografia da banda, Por que a Gente É Assim. O CD encartado no livro apresenta sete gravações demos raras, feitas pelo Barão quando o grupo ainda nem havia gravado seu primeiro LP. Billy João (que viria a ser intitulada Billy Negão na versão definitiva) e Certo Dia na Cidade são iniciais registros caseiros feitos em 1981, em ensaio na casa do pai de Maurício Barros, tecladista da primeira formação do Barão Vermelho. Já Ponto Fraco, Por Aí e Rock'n'Geral são takes registrados em 1982 nos estúdios da Som Livre e incluídos numa fita que - ouvida por Ezequiel Neves e Guto Graça Mello - levariam o quinteto a gravar seu primeiro LP na Som Livre. Completa o disco o cover de Você me Acende, a versão de Erasmo Carlos para o blues You Turn me on. Jóia do baú do Barão.

Chega ao Brasil a reedição do álbum de Justin

Disponível nos Estados Unidos desde o fim de novembro, a Deluxe Edition do segundo álbum de Justin Timberlake - o aclamadíssimo Futuresex / Lovesounds (2006) - já está chegando às lojas do Brasil via Sony BMG. É produto indicado mais para fãs. A reedição é dupla e agrega CD e DVD. Ao repertório do disco original, foram acrescidas três faixas: um dueto de Justin com Beyoncé Knowles em Until the End of the Time e os remixes das músicas Sexyback e Sexy Ladies. Já o DVD reúne clipes de músicas do disco, o making of de alguns vídeos e apresentações do cantor na TV. No todo, tal reedição seria de fato luxuosa se reunisse as duas músicas, Pose e Boutique in Heaven, que não fizeram parte da edição oficial norte-americana do álbum, mas que foram incluídas em outras edições.

Show de Celine em Las Vegas em DVD nacional

Por quatro anos, entre 2003 e 2007, Celine Dion cumpriu concorridíssima temporada em Las Vegas (EUA), num teatro-arena concebido especialmente para o show da cantora. Incrementado com efeitos visuais e cerca de sessenta dançarinos no palco, o espetáculo está gravado em DVD duplo, Live in Las Vegas - A New Day (capa ao lado), que foi lançado nos Estados Unidos em dezembro de 2007 e será editado no mercado nacional pela gravadora Sony BMG neste início de 2008. Nos dois discos, que totalizam mais de seis horas de duração, há o registro do show e fartos extras como minidocumentários sobre a criação e produção do espetáculo, cenas de bastidores e takes da cantora na intimidade, com o marido e seu filho. No roteiro de 18 músicas, há um dueto virtual com Frank Sinatra (1915 - 1998) em I've Got the World on a String e sucessos da diva como Because You Loved Me, To Love You More e, claro, My Heart Will Go on.

9 de janeiro de 2008

Single de 'Last Night' conecta Moby ao hip hop

Carta de amor à dance music de Nova York, na definição do próprio Moby, o sexto álbum de estúdio do DJ e produtor tem lançamento confirmado para 10 de março, pela EMI Music, com 15 músicas novas gravadas no estúdio particular do artista. O primeiro single do álbum Last Night (capa à direita) é Alice, um hip hop de tom futurista que conta com Aynzil - um MC de Londres - e com o rapper 419 Squad, de origem nigeriana. Alice conecta o DJ ao rap.

DVD animado de Toquinho está de volta às lojas

A gravadora Biscoito Fino já está reeditando o DVD Toquinho no Mundo da Criança. O vídeo mostra sete clipes de animação criados por Andrés Lieban para músicas como A Casa (ouvida nas vozes do quarteto Boca Livre), O Caderno (com Chico Buarque), O Pato (com o grupo MPB-4) e Aquarela (na voz do próprio Toquinho). Alguns clipes já foram premiados em festivais de animação. Nos extras, o DVD traz videokê do tema Mundo da Criança, a historinha animada Por que o Canguru Salta em Duas Patas? - disponível em inglês e em português - e making of com imagens de Toquinho ao longo do processo de criação das animações, no estúdio Laboratório de Desenhos. Para crianças de todas as idades. O DVD, que tivera distribuição precária, é bacana.

Armandinho se afoga nos clichês do reggae pop

Resenha de CD
Título: Semente
Artista: Armandinho
Gravadora: Universal Music
Cotação: * 1/2

Em Semente, seu quarto CD, nas lojas a partir de 15 de janeiro, Armandinho se afoga no mar de clichês que molda o reggae pop concebido para embalar luaus e rodinhas à beira da praia. O gênero está em alta no mercado fonográfico. Tanto que, em 2006, o êxito do compositor ultrapassou as fronteiras gaúchas por conta da versão ao vivo de Desenho de Deus, que tocou exaustivamente nas rádios nacionais.

Acomodado, o compositor pega novamente a onda do reggae pop, mas afunda entre letras repetitivas e repletas de lugares-comuns sobre o binônio amor e mar. Pelo infame trocadilho do pegajoso refrão da música que batiza seu CD Semente ("Semente, Semente, Semente... / Se não mente, fale a verdade... / De que árvore você nasceu?"), já dá para perceber o nível raso das letras. "Desde o dia que eu olhei pra tu / Logo vi que era i love you", rascunha o artista na letra de I Can't Say, faixa que tem palavras em inglês dispersas entre versos escritos em português. O teor das letras é invariável.

Produzido pelo galês Paul Ralphes, Semente apresenta 12 fracas músicas inéditas de Armandinho, feitas em parceria com Esdras Bedei e Régis Leal, entre outros nomes. Com exceção de Onda do Arraial, a parceria com Dora Vergueiro, todas foram compostas antes de Desenho de Deus ser hit nacional. Ou seja, o artista seguiu a onda de seus dois discos anteriores de estúdio, Armandinho (2003) e Casinha (2004). Musicalmente, Armandinho parte do reggae mais pop para fazer som próprio para luaus. Nas faixas Oh, Lua e A Filha, por exemplo, o violão está em primeiro plano como se ele estivesse numa rodinha à beira-mar. E o clima (artificial) de alto astral é o mesmo em músicas como Morena Nativa, que flerta com o ijexá, e no reggae propriamente dito Babilônia me Chama, em cuja letra o autor revela o desejo de ficar relax na cama com a Chicama, o nome de sua cadela. Já em Amigo ele relaciona clichês sobre a fraternidade. Armadinho nunca dá mergulho mais fundo.

O problema do CD Semente é que, por mais que se tenha tentado uma variação rítmica, o disco parece tocar o reggae de uma nota só. A ponto de duas faixas (Onda do Arraial e Outra Vida) serem introduzidas com sons de ondas do mar. Como as melodias e letras são pobres, o disco se afoga num mar de repetições. Mas há quem queira surfar na onda, mesmo que Armandinho morra nesta praia.

Sonho de primavera entre as 11 inéditas de Lang

I Dream of Spring é a música que abre o próximo álbum de inéditas da compositora k.d. Lang, Watershed (veja capa à esquerda), nas lojas dos EUA e do Canadá já a partir de 5 de fevereiro, pelo selo Nonesuch, com distribuição da gravadora Warner Music. O repertório é inteiramente autoral. Eis as 11 músicas do primeiro disco de inéditas da sensível artista desde Invincible Summer (2000):
1. I dream of spring
2. Je Fais la Planche
3. Coming Home
4. Once in a While
5. Thread
6. Close your Eyes
7. Sunday
8. Flame of the Uninspired
9. Upstream
10. Shadow and the Frame
11. Jealous Dog

8 de janeiro de 2008

Tribalistas vão se reunir no 'Sarau du Brown'

Não chega a ser um show dos Tribalistas, mas Arnaldo Antunes e Marisa Monte vão se reunir ao seu parceiro Carlinhos Brown na última apresentação da edição 2008 do Sarau du Brown, evento que acontece anualmente em Salvador (BA). A apresentação - de caráter histórico, já que o trio nunca fez show no Brasil em evento aberto ao público - está agendada para 20 de janeiro. Imperdível.

Ivan relança em caixa seu tributo triplo a Noel

A sumida gravadora Velas está reeditando numa caixa os três volumes do disco Viva Noel - Tributo a Noel Rosa. Os três CDs foram lançados por Ivan Lins em 1997 e totalizam 39 recriações de temas do autor de Feitio de Oração. O terceiro volume é o mais raro, pois foi editado de maneira adicional depois do lançamento oficial dos dois primeiros. Apresenta cinco regravações (Século do Progresso, Mais um Samba Popular, Cara ou Coroa, Coração e Nega) que permaneceram obscuras. Mas que não chegam a ser inéditas como alardeado na capa da caixa Ivan Lins Canta Noel Rosa. Seja como for, a reedição é bem-vinda.

Tensões e afetos de Erasmo e seus convidados

Resenha de CD + DVD
Título: Erasmo Carlos
Convida Volume II
Artista: Erasmo Carlos
Gravadora: Indie
Records / Warner Music
Cotação: * * * *

Um dos bons discos de 2007, Erasmo Carlos Convida - Volume II está de volta às lojas em edição dupla que agrega ao CD um DVD com o making of da seqüência do belo álbum de 1980. Documentários sobre feitura de discos costumam ser enfadonhos. No entando, como se trata de disco idealizado com a participação de estrelas da música brasileira, os 46 minutos de takes colhidos nas gravações dos duetos resultam interessantes e denunciam os afetos e tensões reinantes durante o processo de feitura do álbum.

Há inevitável troca de confetes entre anfitrião e convidados. Mas o Skank é o único nome que posou para depoimento mais formal em louvor ao Tremendão. O que valoriza o making of são imagens que pouco dizem, mas deixam entrever os cuidados que envolvem uma gravação com Marisa Monte, por exemplo (não há sequer um depoimento da cantora). Ou com Adriana Calcanhotto, que parece querer o controle artístico mesmo quando se trata de participação em álbum alheio. Aliás, Erasmo também deixa claro a autonomia que Lulu Santos se deu ao propor o arranjo de Coqueiro Verde. Os takes de Lulu no estúdio são os mais descontraídos e o abraço de fato afetuoso dado por ele em Erasmo, já na despedida, sinaliza o respeito reverente e recíproco entre os dois ídolos do pop nativo. Com Djavan, com quem Erasmo e equipe tomam sorvete, o clima é de aparente informalidade em tentativa de quebrar o gelo e criar uma intimidade que, de fato, não há. O próprio Erasmo, em algum momento, diz que o bom de gravar um disco com convidados é a possibilidade conhecer melhor colegas com quem costuma cruzar socialmente em shows em que o contato é geralmente superficial.

As imagens silenciosas acabam revelando mais do que takes com depoimentos. Uma certa tensão parece ser captada no ar quando Simone e Los Hermanos estão em estúdio, apesar de todo o afeto demonstrado entre a Cigarra e o Tremendão. Com o arisco Milton Nascimento, reina uma excessiva reverência. A mesma que rege a relação de Erasmo com Chico. Até o habitualmente descontraído Zeca Pagodinho deixa entrever todas as formalidades que cercam encontros em estúdio quando filmados. É pelo que não é dito, mas apenas insinuado de forma silenciosa, que o sucinto making of de Erasmo Carlos Convida Volume II resulta bacana e sedutor.

Hot Chip mostra 13 inéditas 'Made in the Dark'

Quinteto inglês de electro pop que esteve no Brasil em 2007 entre as atrações do Tim Festival, o Hot Chip apresenta 13 músicas em seu terceiro álbum, Made in the Dark, nas lojas a partir de 4 de fevereiro, mas já disponível na internet (de forma ilegal). Eis as 13 faixas (inéditas) do sucessor do aclamado The Warning (2006):

1. Out at the Pictures
2. Shake a Fist
3. Ready for the Floor
4. Bendable Poseable
5. We're Looking for a Lot of Love
6. Touch Too Much
7. Made in the Dark
8. One Pure Thought
9. Hold on
10. Wrestlers
11. Don't Dance
12. Whistle for Will
13. In the Privacy of Our Love

7 de janeiro de 2008

Leila e Menescal se agarram à bossa da parceria

Resenha de CD / DVD
Título: Agarradinhos
Artista: Leila Pinheiro & Roberto Menescal
Gravadora: Tacacá Music / Bossa 58 / Emi Music
Cotação: * * *

Em 1985, ao ver Leila Pinheiro cantar Verde no Festival dos Festivais, Roberto Menescal levou a artista paraense para a gravadora PolyGram, do qual era diretor artístico. Em 1988, quando se festejava os 30 anos da velha bossa nova, o compositor convidou a intérprete para gravar um disco para o Japão com os sucessos do gênero. Benção, Bossa Nova - editado no Brasil em 1989 - se tornaria o maior êxito comercial da discografia de Leila, que, quase 20 anos depois, se agarra à bossa de sua parceria com Menescal no CD e DVD Agarradinhos, gravados ao vivo, mas em estúdio, em 7 e 8 de julho de 2006. O roteiro inclui cinco inéditas.

Com a direção de Roberto de Oliveira, que entremeia imagens do Rio de Janeiro em números como Luz da Natureza, tema inédito de Leila com Menescal, composto em tributo a Tom Jobim (1927 - 1994), Agarradinhos dribla as obviedades referentes à velha bossa. A rigor, nem se trata de um projeto de Bossa Nova - ainda que ela seja tangenciada em parcerias de Menescal com Ronaldo Bôscoli (1928 - 1994), reunidas em medley e cantadas também no extra do DVD, Dia de Luz, Festa de Sol - no qual Leila e Menescal engatam duetos informais na comodidade da casa do compositor de Errinho à Toa, Vagamente e Copacabana de Sempre - as três músicas incluídas de forma adicional nos extras do DVD. É bacana.

O DVD reúne 20 músicas em 16 faixas. Já o CD apresenta 18 em 14. São números de natureza enxuta - com Leila ao piano e Menescal na guitarra. Com o clima favorável à economia que rege seu canto, a intérprete passeia com segurança técnica por grandes temas dos repertórios de Johnny Alf (O Que É Amar), Fátima Guedes (Tanto que Aprendi de Amor), Jorge Vercilo (Encontro das Águas) e até Billie Holiday (You've Changed). Neste roteiro irmanado pelo tom linear das interpretações, Menescal apresenta parcerias recentes com Abel Silva (Contemplação), Wanda Sá (Ninguém) e a própria Leila (O Céu nos Protege e a supra-citada A Luz da Natureza). São músicas situadas abaixo dos padrões estéticos do compositor e do repertório da cantora, que ainda se exibe sozinha como autora do samba Minha Mangueira - lançado em CD por Simone Guimarães.

Agarradinhos evidencia a cumplicidade entre Leila Pinheiro e Roberto Menescal - denunciada, por exemplo, nos olhares ternos trocados durante a execução de Eterno Feitiço, samba de Mário Feres e João Carlos Ferraz que é a quinta novidade do repertório. Apesar da irregularidade do repertório inédito, o projeto atesta o acerto de uma parceria cheia de bossa que já soma 23 bons anos...

Terceiro álbum de Lizz Wright sai em fevereiro

Terceiro álbum de Lizz Wright, cantora que despontou em 2003 com o CD Salt, The Orchard tem lançamento programado nos Estados Unidos para 26 de fevereiro. A lista de convidados inclui os cantores Catherine Russell e Marc Anthony Thompson. Wright transita entre o jazz, o blues e o r & b. The Orchard vai chegar às lojas com selo da gravadora Verve, como seus dois antecessores.

Sétimo álbum do Death Cab vai chegar em maio

Ainda sem título, o sétimo álbum do grupo Death Cab for Cutie já tem seu lançamento previsto para maio, pela gravadora Atlantic. Bixby Canyon Bridge, The Ice Is Getting Thinner, I Will Possess your Heart e Cassino Blues são algumas músicas do disco. A banda norte-americana de indie rock ganhou boa projeção em 2005 com a edição do álbum Plans, embora esteja no mercado desde 1997.

Via Bahia, 'Casseta' Reinaldo leva o jazz a sério

Integrante do grupo Casseta & Planeta, Reinaldo toca baixo e tenta levar a música a sério. O humorista reforça o quinteto Companhia Estadual de Jazz (CEJ), que está lançando o CD Via Bahia. No disco, o grupo transforma em samba-jazz dez músicas que, de alguma forma, têm ligação com a baianidade nagô. O repertório destaca De Noite na Cama, A Lenda do Abaeté, Falsa Baiana (belo samba de Geraldo Pereira recriado em ritmo de salsa) e Berimbau. Entre os temas menos conhecidos, há Jequié, parceria de Moacyr Luz com Aldir Blanc, e São Salvador, de Durval Ferreira (1935 - 2007). 10!

6 de janeiro de 2008

Isenção fiscal de CDs implica redução de preços

Em 2008, a indústria fonográfica brasileira vai continuar a batalha iniciada em 2007 pela isenção de imposto para a comercialização de discos. As gravadoras reivindicam junto ao Governo Federal o mesmo benefício já concedido às editoras de livros. Pode ser que, diante da crise, as companhias obtenham do poder estatal o alívio da carga tributária. No entanto, seria justo que ficasse claro que a tal isenção de impostos – se concedida – deve implicar imediata redução do preço cobrado pelos CDs aos lojistas que o revendem ao público, pois não há sentido em beneficiar as gravadoras com a anistia fiscal se tal medida não beneficiar o consumidor que paga caro por um CD nas lojas porque – alegam as gravadoras – o custo de produção, marketing e tributos de um disco é muito alto. Sem os impostos, o preço tem que baixar. Afinal, a lei é para todos...

DJ Marky apresenta dez inéditas em coletânea

Referência mundial no gênero drum'n'bass, DJ Marky volta ao mercado fonográfico com coletânea dupla, The Master Pan. A seleção das 29 faixas foi feita a partir do acervo do selo de Marky, Innerground Records. O CD 1 mixa 19 temas como se fosse um set do DJ. Já o CD 2 apresenta 10 gravações inéditas do selo do artista. Eis a seleção de 10 inéditas da compilação, editada no Brasil via ST2:

1. Shame - Dj Marky & Artificial Intelligence
2. New Infection - C.A.B.L.E.
3. Shattered Dreams - Random Movement & Focus
4. One Year on - BCee & Lamax
5. Tonight - Dj Marky, Makoto & A-Sides
6. 25th Floor (DJ Marky & Bungle VJP) - Bungle
7. Ruthless Machine - Random Movemente
8. Crown City - Alix Perez
9. Long Distance - Dj Marky & Makoto
10. Butterfly (Laurent Garnier Broken Beat Remix) - Dj Marky & XRS

Jonas clona levada do 'popsambalanço' de Lulu

Resenha de CD
Título: Anormal
Artista: Jonas Sá
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * 1/2

Em 1989, Lulu Santos decidiu subverter sua fórmula pop de hitmaker e lançou álbum meio visionário, repleto de suingue, com ecos do som de Jorge Ben e Tim Maia. Popsambalanço e Outras Levadas, o tal disco de Lulu, não foi sucesso de vendas, mas é reconhecido como um dos melhores trabalhos do genial compositor. Que ecoa quase 20 anos depois, de maneira forte, no primeiro CD de Jonas Sá, Anormal, editado pela Som Livre dentro do novo selo Som Livre Apresenta, criado pela gravadora global para lançar discos de novos talentos.

Jonas Sá é irmão de Pedro Sá, o guitarrista da atual banda jovem de Caetano Veloso. A mesma turma toca em Anormal. Moreno Veloso co-produziu o disco ao lado de Bartolo e do próprio Jonas Sá. O bom time de músicos inclui os bateristas Marcelo Callado e Domenico Lancellotti. Todo o instrumental do álbum é azeitado e moderno. O que salta aos ouvidos é a incrível semelhança (além da conta) da música de Jonas com a de Lulu - evidente já na faixa-título, Anormal, que abre o CD, gravado com 13 temas autorais assinados solitariamente por Jonas - com exceção de Tenha um Bom Dia, música composta em parceria com Mariano Marovatto.

Mais do que uma influência de Lulu, Anormal deixa a sensação de que Jonas sá clonou as levadas do popsambalanço de seu ídolo. Um ouvinte desavisado que escute faixas como Sayonara, Mega e Melhor Assim - sem qualquer informação prévia - pode até pensar se tratar de um disco de Lulu. Claro que isso dá méritos a Jonas Sá. Como caracteriza Arnaldo Antunes em (superlativo) texto escrito para apresentar o CD Anormal aos formadores de opinião, Jonas Sá fez um álbum radicalmente pop. Pena que o artista em questão não tenha procurado burilar sua identidade de forma mais radical.

'Sambaião' de Letícia conecta o Rio ao Nordeste

Resenha de CD
Título: Sambaião
Artista: Letícia Tuí
Gravadora: Sala de Som
/ Brazilmúsica!
Cotação: * * *

"Eu sou um sambista nato / Não aprendi na escola / Eu conheço o bom violeiro / Pela puxada da viola", avisa Letícia Tuí, esboçando auto-retrato através dos versos de Cabeça Feita, a música de Jackson do Pandeiro e Sebastião Batista que abre o bom Sambaião, primeiro CD da cantora carioca, que conecta o Rio ao Nordeste em repertório que mescla sambas e ritmos nordestinos.

A deliciosa regravação de Cabeça Feita sinaliza o acerto do disco. Através de 13 músicas, dez inéditas, Letícia entrelaça samba com baião, xote e demais ritmos englobados sob o genérico rótulo de forró. Com canto leve, que lembra Dorina, a intérprete conseguiu garimpar fino repertório. Tribeira é dos temas mais originais do mosaico de Tuí por rimar forró com negritude. Geraldo Azevedo apresenta (e canta com a anfitriã) Nos Olhos do Amor, belo xote feito com o xará Geraldo Amaral. Osvaldo G. Pereira, compositor mais associado ao samba, surpreende com Cordel, parceria com Beto Valente, encorpada no arranjo com pifes, sanfona e pandeiro.

Com inéditas de Edu Krieger (o empolgante samba Bora, mais um atestado do talento deste compositor carioca) e Edu Kneip (menos inspirado em Carcará e É pra Vocês Aí), Letícia exibe disco muito gostoso - inclusive pela produção musical de Alexandre Caldi, que mistura sanfona e pandeiro nos arranjos de faixas como Filha de Oxum (um afro-samba de Gabriel Versiani) e Parabolicamará (em regravação que rivaliza com o registro do autor, Gilberto Gil). No terreno dos covers, Letícia derrapa somente em Meu Guri por não ter - ainda - a maturidade para encarar os versos emocionalmente complexos de Chico Buarque para este denso samba que já ganhou pungentes interpretações de Beth Carvalho e Elza Soares. No todo, Sambaião é grata surpresa que projeta a voz promissora de Tuí.