7 de janeiro de 2008

Leila e Menescal se agarram à bossa da parceria

Resenha de CD / DVD
Título: Agarradinhos
Artista: Leila Pinheiro & Roberto Menescal
Gravadora: Tacacá Music / Bossa 58 / Emi Music
Cotação: * * *

Em 1985, ao ver Leila Pinheiro cantar Verde no Festival dos Festivais, Roberto Menescal levou a artista paraense para a gravadora PolyGram, do qual era diretor artístico. Em 1988, quando se festejava os 30 anos da velha bossa nova, o compositor convidou a intérprete para gravar um disco para o Japão com os sucessos do gênero. Benção, Bossa Nova - editado no Brasil em 1989 - se tornaria o maior êxito comercial da discografia de Leila, que, quase 20 anos depois, se agarra à bossa de sua parceria com Menescal no CD e DVD Agarradinhos, gravados ao vivo, mas em estúdio, em 7 e 8 de julho de 2006. O roteiro inclui cinco inéditas.

Com a direção de Roberto de Oliveira, que entremeia imagens do Rio de Janeiro em números como Luz da Natureza, tema inédito de Leila com Menescal, composto em tributo a Tom Jobim (1927 - 1994), Agarradinhos dribla as obviedades referentes à velha bossa. A rigor, nem se trata de um projeto de Bossa Nova - ainda que ela seja tangenciada em parcerias de Menescal com Ronaldo Bôscoli (1928 - 1994), reunidas em medley e cantadas também no extra do DVD, Dia de Luz, Festa de Sol - no qual Leila e Menescal engatam duetos informais na comodidade da casa do compositor de Errinho à Toa, Vagamente e Copacabana de Sempre - as três músicas incluídas de forma adicional nos extras do DVD. É bacana.

O DVD reúne 20 músicas em 16 faixas. Já o CD apresenta 18 em 14. São números de natureza enxuta - com Leila ao piano e Menescal na guitarra. Com o clima favorável à economia que rege seu canto, a intérprete passeia com segurança técnica por grandes temas dos repertórios de Johnny Alf (O Que É Amar), Fátima Guedes (Tanto que Aprendi de Amor), Jorge Vercilo (Encontro das Águas) e até Billie Holiday (You've Changed). Neste roteiro irmanado pelo tom linear das interpretações, Menescal apresenta parcerias recentes com Abel Silva (Contemplação), Wanda Sá (Ninguém) e a própria Leila (O Céu nos Protege e a supra-citada A Luz da Natureza). São músicas situadas abaixo dos padrões estéticos do compositor e do repertório da cantora, que ainda se exibe sozinha como autora do samba Minha Mangueira - lançado em CD por Simone Guimarães.

Agarradinhos evidencia a cumplicidade entre Leila Pinheiro e Roberto Menescal - denunciada, por exemplo, nos olhares ternos trocados durante a execução de Eterno Feitiço, samba de Mário Feres e João Carlos Ferraz que é a quinta novidade do repertório. Apesar da irregularidade do repertório inédito, o projeto atesta o acerto de uma parceria cheia de bossa que já soma 23 bons anos...

10 Comments:

Anonymous Anônimo said...

supracitada, sem hífen, é o correto.

7 de janeiro de 2008 às 21:05  
Anonymous Anônimo said...

Leila Pinheiro é uma artista espetacular, de singular elegância na escolha de seu repertório, e que transita com muita destreza entre a bossa, a mpb, o pop etc. Ela é dona de um estilo próprio e sabe imprimi-lo a qualquer tema que se prontifique a interpretar. Assim como manda muito bem na Bossa, acerta em cheio em regravações que vão de Marina Lima (a ótima Pra nos Lembrar) e O Rappa (Minha alma). Com certeza, sua voz recheada de técnica e sentimento ficará para a eternidade, assim como seu fino repertório.

7 de janeiro de 2008 às 21:23  
Anonymous Anônimo said...

o dvd é muito bonito. de muito bom gosto como tudo que o Roberto de Oliveira faz.

8 de janeiro de 2008 às 00:01  
Blogger Breno Alves said...

É meio chato puxar outro assunto que não o do post, mas eu tô estranhando, Mauro, você não ter mencionado o show dos Tribalistas agora no dia 20 de janeiro, no Museu du Ritmo, em Salvador! Para quem chamou o disco homônimo de obra-prima, tava faltando você discorrer a respeito... Quem sabe você não descola até uma resenha... De qualquer forma, é um show histórico!
P.S.: Leila e Roberto só poderiam produzir coisa boa...

8 de janeiro de 2008 às 00:20  
Anonymous Anônimo said...

É uma das cantoras mais insosas da mpb ! a capa tá simplesmente piegas.

8 de janeiro de 2008 às 09:00  
Anonymous Anônimo said...

O DVD é ótimo, como não poderia deixar de ser em se tratando de Leila Pinheiro, uma das melhores cantoras da MPB em todos os tempos. Apenas o piano de Leila e a guitarra de Mensecal são suficientes pra emoldurar sua bela voz, a serviço de um lindo repertório. Sem dúvida um excelente trabalho!

8 de janeiro de 2008 às 14:12  
Anonymous Anônimo said...

Tanto que aprendi de amor é um dos pontos altos, aliás, Leila tem interpretado bem os temas de Fátima Guedes ("Mais uma boca" com ela é perfeita!)

8 de janeiro de 2008 às 14:47  
Anonymous Anônimo said...

a melhor interpretação de "tanto que aprendi de amor", é a da alcione, no disco "promessa", de 1991.

8 de janeiro de 2008 às 15:46  
Anonymous Anônimo said...

As regravações de Leila são todas dispensáveis. Ela só escolhe coisas já muitíssimo melhor gravadas ou coisas em que não tem nada a acrescentar. Essas músicas de Fátima já são conhecidas. Seria muito mais interessante regravar o repertório (maravilhoso e muito melhor, no caso de Fátima) dos anos 90 que passou totalmente despercebido, por falta de jabá.

Mesmo que as tais inéditas não sejam lá essas maravilhas, são sempre muitíssimo mais bem-vindas em sua voz. Em geral ela acerta bastante e o fato de se acompanhar no piano deu um upgrade de 1000% em sua carreira. Ela toca e compõe bem sim. E esse novo cd parece bem mais atrativo que os anteriores.

8 de janeiro de 2008 às 21:14  
Anonymous Anônimo said...

Juntar a Leila Pinheiro com o Roberto Menescal é querer navegar na mesmice e na falta de tempero total. Como vc mesmo diz no seu comentário "...na linear interpretação..." a Leila sempre sonhou em ser a Elis e agora que a filha dela apareceu imitando com mais desenvoltura ela perdeu até esse mote para o público e os jornalistas de plantão.

Agora falando de Maria Rita, as Chicas, o filho do João Nogueira e do Gonzaguinha só mesmo a panela de jornalistas loucos para os filhinhos dos artistas aparecerem, enquanto temos milhares de jovens grandes talentos sem a menor oportunidade na mídia. É só passar uma noite pelos bares do RJ e de SP para a gente ter uma idéia do qto de gente boa temos em todos os segmentos da música.

Agora Leila e Menescal só mesmo pra japonês ver!

9 de janeiro de 2008 às 17:49  

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