Show mistura novos e velhos matizes de Djavan
Resenha de show
Título: Matizes
Artista: Djavan (em foto de Cristina Granato)
Local: Citibank Hall (RJ)
Data: 10 de janeiro de 2008
Em cartaz no Rio de Janeiro até 13 de janeiro
Cotação: * * * 1/2
"Adorei", disse Djavan para a platéia quando já ia saindo do palco do Citibank Hall carioca depois de encerrar o show Matizes com o sucesso Sina. "Adorei vocês", repetiria o cantor ao voltar para o bis, dado com Se... e Lilás. Inspirado no reiterativo CD homônimo lançado em meados de 2007, o espetáculo Matizes expõe novas e velhas cores da bela música de Djavan. Se os grandes sucessos ganham leitura moderna (a exemplo da textura eletrônica que dá novo tom a Azul, um dos hits estrategicamente posicionados ao fim do roteiro), o novo álbum põe sua marca no show através do trio de metais que pontua grande parte dos arranjos. Matizes, o disco, marcou a volta dos metais ao som de Djavan e, no palco, os sopros ganham força imperceptível no CD - com o detalhe de que os músicos-titulares dos metais também desempenham a função de vocalistas. Ponto para Josué Lopez (saxofone), François Lima (trombone) e Walmir Gil (trompete). O trio mostra entrosamento.
O roteiro equilibra muito bem sucessos com músicas novas e/ou pouco conhecidas. Além do mais, os standards do cancioneiro do compositor (re)aparecem renovados. Seduzir é reinventada com outra divisão e ganha mais peso e suingue jazzy. Oceano tem sua nobre linha melódica realçada por belíssimo solo de trompete de Walmir Gil, num dos momentos de maior encantamento do show. E, para quem já se esqueceu de que o personalíssimo compositor Djavan sempre foi um excelente intérprete de músicas próprias e alheias, Sorri (sensível versão de Braguinha para Smile, de Charles Chaplin) e Faltando um Pedaço (em uma releitura que rivaliza em beleza com a gravação cristalina lançada por Gal Costa em 1981) estão no repertório para reafirmar o poder da voz de Djavan. Que ainda se deu ao luxo de interpretar, em caliente clima flamenco, La Leyenda del Tiempo, lindo tema de Garcia Lorca adaptado por Ricardo Panchon. O número - como explicita Djavan em cena - é fruto de sua admiração pelo cantor espanhol Camaron de la Isla. É outro envolvente momento de Matizes, o show. Djavan arrasa!!!
O show repete o mico de Matizes, o álbum: Imposto - o samba de letra panfletária que está entre as mais infelizes criações de Djavan (talvez seja seu pior momento como compositor). Mas, sem senso crítico, o cantor dá destaque a música no roteiro com direito a um politizado discurso introdutório. Outros temas de inspiração mais rala - em especial, Desandou e Que Foi my Love? - tiram a coesão do show. Mas nem por isso Matizes deixa de ser um dos grandes espetáculos de Djavan. A azeitada banda, que destaca o guitarrista Max Vianna, filho do cantor, contribui para formar a atmosfera de fina musicalidade que rege o show, que inclui medley com sambas como Flor de Lis e Gostoso Veneno (da lavra de Wilson Moreira e Nei Lopes). A partir da funkeada Boa Noite, Djavan já convoca seu público para levantar das cadeiras e dançar. Convite prontamente aceito, o show adquire aura pop. Djavan sai de cena jovial e feliz - certo de que, no palco, sua obra monumental disfarça (eventuais) tropeços em discos recentes. Até mesmo pela riqueza de matizes.
Título: Matizes
Artista: Djavan (em foto de Cristina Granato)
Local: Citibank Hall (RJ)
Data: 10 de janeiro de 2008
Em cartaz no Rio de Janeiro até 13 de janeiro
Cotação: * * * 1/2
"Adorei", disse Djavan para a platéia quando já ia saindo do palco do Citibank Hall carioca depois de encerrar o show Matizes com o sucesso Sina. "Adorei vocês", repetiria o cantor ao voltar para o bis, dado com Se... e Lilás. Inspirado no reiterativo CD homônimo lançado em meados de 2007, o espetáculo Matizes expõe novas e velhas cores da bela música de Djavan. Se os grandes sucessos ganham leitura moderna (a exemplo da textura eletrônica que dá novo tom a Azul, um dos hits estrategicamente posicionados ao fim do roteiro), o novo álbum põe sua marca no show através do trio de metais que pontua grande parte dos arranjos. Matizes, o disco, marcou a volta dos metais ao som de Djavan e, no palco, os sopros ganham força imperceptível no CD - com o detalhe de que os músicos-titulares dos metais também desempenham a função de vocalistas. Ponto para Josué Lopez (saxofone), François Lima (trombone) e Walmir Gil (trompete). O trio mostra entrosamento.
O roteiro equilibra muito bem sucessos com músicas novas e/ou pouco conhecidas. Além do mais, os standards do cancioneiro do compositor (re)aparecem renovados. Seduzir é reinventada com outra divisão e ganha mais peso e suingue jazzy. Oceano tem sua nobre linha melódica realçada por belíssimo solo de trompete de Walmir Gil, num dos momentos de maior encantamento do show. E, para quem já se esqueceu de que o personalíssimo compositor Djavan sempre foi um excelente intérprete de músicas próprias e alheias, Sorri (sensível versão de Braguinha para Smile, de Charles Chaplin) e Faltando um Pedaço (em uma releitura que rivaliza em beleza com a gravação cristalina lançada por Gal Costa em 1981) estão no repertório para reafirmar o poder da voz de Djavan. Que ainda se deu ao luxo de interpretar, em caliente clima flamenco, La Leyenda del Tiempo, lindo tema de Garcia Lorca adaptado por Ricardo Panchon. O número - como explicita Djavan em cena - é fruto de sua admiração pelo cantor espanhol Camaron de la Isla. É outro envolvente momento de Matizes, o show. Djavan arrasa!!!
O show repete o mico de Matizes, o álbum: Imposto - o samba de letra panfletária que está entre as mais infelizes criações de Djavan (talvez seja seu pior momento como compositor). Mas, sem senso crítico, o cantor dá destaque a música no roteiro com direito a um politizado discurso introdutório. Outros temas de inspiração mais rala - em especial, Desandou e Que Foi my Love? - tiram a coesão do show. Mas nem por isso Matizes deixa de ser um dos grandes espetáculos de Djavan. A azeitada banda, que destaca o guitarrista Max Vianna, filho do cantor, contribui para formar a atmosfera de fina musicalidade que rege o show, que inclui medley com sambas como Flor de Lis e Gostoso Veneno (da lavra de Wilson Moreira e Nei Lopes). A partir da funkeada Boa Noite, Djavan já convoca seu público para levantar das cadeiras e dançar. Convite prontamente aceito, o show adquire aura pop. Djavan sai de cena jovial e feliz - certo de que, no palco, sua obra monumental disfarça (eventuais) tropeços em discos recentes. Até mesmo pela riqueza de matizes.
11 Comments:
Muito bem dito, Mauro. A obra de Djavan é mesmo monumental. E como você falou, o malandro ainda canta bem. Ele tem versões de 'Melodia Sentimental' e 'Noiva da Cidade' que ferem a alma sem dor.
Para mim, Djavan é o último compositor realmente grande que surgiu na MPB.
Essa é a difrença entre música e o que se produz hoje para ganhar dinheiro.
O cara emociona e sabe o que faz. Repertório repleto de pérolas que uns vão dizer que é música velha, mas é repertório e história.
Além do que a produção atual de Djavan ainda é pérola no meio de tanto lixo.
há pelo menos uns dez anos que esse mesmo trio de metais faz todos os shows do Djavan. Qual a novidade?
Luc,Onde tem noiva da cidade com o Djavan? Diz aì, por favor.
Ele cantando gostoso veneno deve ser demais.Ainda não ouvi o disco, mas sinceramente depois de anos, estou com vontade de conferir este disco.Agora "imposto" realmente ele não precisava, mas se ele decidiu, tà decidido.
Viva ele!
Humberto
O último grande trabalho de Djavan foi "Coisa de Acender".Depois tudo meio apagado.
Prezado Mauro,
Perdoe-me, mas "matiz" é uma palavra de gênero MASCULINO.
Grande abraço,
Arnaldo
ACHO O DJAVAN O MÁXIMO!!
CONCORDO COM VC MAURO E ELE REALMENTE CANTA COM EMOÇÃO.
"...NO MEIO DE TANTO LIXO..." COMO FALA O ANÔNIMO DAS 5:20PM. É REALMENTE MUITO LEGAL VER ARTISTAS DESSE PORTE NA MÍDIA.
TINHA A MÍDIA QUE FALAR O TEMPO TODO MAIS DESSES NOSSOS GRANDES TALENTOS.
VIVA O DJAVAN!!!!
Gosto de Que foi My Love. Aliás, gosto do CD Malásia inteiro. Matizes não cuti, acho a música sobre o Rio um saco. Dos últimos, fico com Malásia e Novena.
Prezado Humberto. O Djavan canta 'Noiva da Cidade' no disco 'Álbum Musical', do Francis Hime. O álbum foi lançado há um tempo, mas mereceu reedição da Biscoito Fino em 2004.
No mesmo disco, Bethânia recria 'Pássara', Gal vai de 'Trocando em Miúdos', Paulinho da Viola canta 'Meu Caro Amigo'. É um CD que vale a pena ter.
Sempre achei isso: Djavan é o último compositor realmente grande que surgiu na MPB. Concordo plenamente com Luc.
La Leyenda del tiempo já havia sido gravada por Fagner,no histórico disco Traduzir-se de 1981. Na oportunidade, Fagner chamou o próprio Camaron para a gravação. Quem sabe se num registro definitivo Djavan não chame o velho Raimundo?
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