6 de junho de 2009

Erasmo celebra rock e mulheres em disco jovial

Resenha de CD
Título: Rock'n'Roll
Artista: Erasmo Carlos
Gravadora: Coqueiro Verde Records
Cotação: * * * *

Aos recém-completados 68 anos, Erasmo Carlos ainda é uma criança inebriada com o rock e as mulheres, paixões celebradas neste seu jovial álbum de inéditas, Rock'n'Roll, produzido com eficiência por Liminha. Não é um disco inteiramente de rock como faz supor seu título direto. Várias baladas - como Chuva Ácida, parceria com Nelson Motta - também foram salpicadas entre as 12 inéditas autorais. Mas é o espírito do rock que move o disco. Já na abertura Jogo Sujo - um dos destaques do repertório - entrega o jogo ao expor a predominância das guitarras com arranjo que tem algo de blues e de country, ritmos que estão na formação básica do rock'n'roll. O rock seminal dos anos 50, evocado na guitarra de Cover, faixa cuja introdução já desencava a raiz bluesy do gênero.
Rock'n'Roll não é disco saudosista, embora uma certa nostalgia da juventude e das ilusões roqueiras pontuem os versos de Noite Perfeita (Uma Farra no Tempo), parceria de Erasmo com Chico Amaral. A faixa expõe outra marca registrada do disco: os vocais de Pedro Dias e Luiz Lopez, da banda Filhos de Judith. O mesmo Chico Amaral contribui com outra letra que se impõe na safra atual do Tremendão: A Guitarra É uma Mulher, canção pontuada pelos solos da guitarra de Billy Brandão. A celebração feminina é feita com mais poesia nesta faixa do que em Olhar de Mangá, tema menos inspirado em que o Tremendão relaciona na letra extenso escrete feminino que vai de Sharon Stone a Bibi Ferreira, passando por Frida Khalo, Gal Costa, Capitu, Marisa Monte e Maria Bethânia.
Entre petardos como Um Beijo É um Tiro, parceria com Nando Reis, Rock'n'Roll expõe ruídos na calorosa Mar Vermelho (outra com Nando), roça clima bossa-novista na balada Noturno Carioca (parceria com Nelson Motta), pisa em terrenos mais densos em Vozes da Solidão - faixa em que Erasmo revolve tempos escuros sob ótica pessoal - e destila acidez em Celebridade, rock feito com Liminha e Patrícia Travassos que alveja o circo das estrelas fakes que gravitam na mídia. Há na faixa a mesma ironia que pontua o pop rock Encontro às Escuras. Enfim, um grande disco que exibe o vigor que escasseou no último álbum de inéditas do Tremendão, Santa Música (2004). A união tardia com o produtor Liminha resultou feliz. Erasmo Carlos é uma criança, mas já entende tudo...

Com Paulo Sérgio, Guinga revê obra saudosista

Resenha de CD / DVD
Título: Saudade do
Cordão
Artista: Guinga &
Paulo Sérgio Santos
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * * 1/2

É sintomático que as duas composições que abrem e fecham os belos CD e DVD gravados por Guinga com o clarinetista Paulo Sérgio Santos - a inédita Saudade do Cordão e a bem antiga Adeus, Cinco Letras que Choram (Silvino Neto) - sejam pontuadas por uma nostalgia expressada já em seus respectivos títulos. É que a obra de Guinga, como um todo, é calcada em algum lugar do passado e exprime a saudade de um Brasil de tempos idos. Neste projeto, Guinga conta ao jornalista Tárik de Souza - no bate-papo exibido nos extras do DVD - que seu sonho sempre foi ser um compositor brasileiro. Pois esta gravação ao vivo, filmada em estúdio com requinte pela produtora Cineviola, atesta o que já é sabido desde o início dos anos 90: Guinga não somente realizou seu sonho de forma magistral como atualmente figura no primeiro time de compositores brasileiros com seu cancioneiro enraizado nas tradições de Heitor Villa-Lobos (1887 - 1959). Obra que agrega baiões, côcos, choros, modinhas e valsas de espírito antigo no sentido de que nunca foi contaminada pelas mudernidades. E, por isso mesmo, soa incrivelmente moderna nesta revisão feita com Guinga ao violão e Paulo Sérgio Santos na sua virtuosa clarineta (com intervenções da bateria de Jurim Moreira). É total a interação dos músicos na condução de temas como Por Trás de Brás de Pina e Destino Bocayuva - para citar somente dois temas em que Guinga expressa com orgulho a sua origem suburbana. Única faixa cantada da gravação oficial, Saci pula macio na voz de Lenine. Nos extras, Guinga também se aventura a cantar a letra que escreveu para a inédita Porto da Madama, tema que reafirma sua inspiração rara. Enfim, Saudade do Cordão é para quem aprecia a beleza atemporal de Senhorinha, Nem Cais Nem Barco, Cine Baronesa, Catavento e Girassol etc. Músicas que ajudaram Guinga a realizar o seu grande sonho de ser compositor brasileiro.

Jair se excede na alegria em festa-show dos 70

Resenha de DVD
Título: Festa para
um Rei Negro
Artista: Jair Rodrigues
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * 1/2

"Que disposição!", espanta-se Chitãozinho, após ser levantado em cena por Jair Rodrigues durante o show gravado ao vivo no palco do Auditório Ibirapuera (SP), em 6 e 7 de fevereiro de 2009. Festa para um Rei Negro celebra os 70 anos de Jair, cuja boa forma vocal desafia sua idade. Contudo, o intérprete de O Conde - revivido neste retrospectivo projeto ao vivo em pálido dueto com Pedro Mariano - se excede na alegria. Permitida para a ocasião, é fato, mas nem sempre adequada do ponto de vista musical. O tom esfuziante com que Jair aborda o repertório padroniza e dilui as intenções originais das músicas. É com a mesma felicidade que ele expressa tanto as convicções de Disparada (número aberto com imagens de sua premiação no II Festival de Música Popular Brasileira promovido pela TV Record em 1966) quanto a melancolia nostálgica de Luar do Sertão, clássico sertanejo do qual participam Chitãozinho & Xororó, convidada também de A Majestade O Sabiá, o tema de Roberta Miranda que a dupla gravou com Jair em 1986. O extenso elenco de convidados, aliás, foi mal-aproveitado. Alcione entra no fim de Casa de Bamba mais para dançar do que cantar. E, verdade seja dita, a voz da Marrom não estava em seus melhores dias - como atesta seu segundo dueto com Jair (Não Deixe o Samba Morrer). Pelé, como de hábito, mostra inabilidade no campo da música ao entoar com Jair Cidade Grande, tema de autoria do esportista dublê de cantor e compositor. A música expressa o lamento de um sertanejo saudoso de sua terra. Jorge Aragão também não diz muito a que veio em Coisinha do Pai. Em contrapartida, Max de Castro, Simoninha, Rappin' Hood e Rodrigo Ramos acentuam o tom rapeado da letra de Deixa Isso pra Lá. Jair aparece no palco somente quando os quatro já estão entrosados, num dos melhores números da noite. Contudo, a costura do roteiro é frouxa. Qual o sentido de um dueto de Luciana Mello com Pedro Mariano em Mascarada / Sonho de um Carnaval sem a participação do aniversariante? Filha de Jair, Luciana canta Upa Neguinho com o pai em número que prima pelo suingue. Já o outro filho, Jair Oliveira, incursiona com o pai por medley que une dois sambas de Paulinho da Viola, Coisas do Mundo, Minha Nega (num tom exteriorizado que esmaece os versos do samba) e Foi um Rio que Passou em Minha Vida, este, sim, um veículo ideal para Jair Rodrigues exercitar sua alegria interpretativa. No fim, todos os convidados celebram o astro da noite na cadência de dois esfuziantes sambas-enredo, É Hoje e Festa para um Rei Negro. Caem bem, mas, no todo, faltou rigor estilístico na festa-show dos 70 anos do majestoso Jair Rodrigues. Foi mais festa do que show!!

Coletânea mapeia 12 vozes femininas da África

São bem poucas as cantoras da África, como Miriam Makeba (1932 - 2008) e Cesária Évora, que conseguiram atravessar as fronteiras de seu continente e obter projeção mundial. Daí o alto valor da coletânea Think Global - Women of Africa, recém-editada no Brasil pela gravadora Rob Digital. A boa compilação mapeia 12 vozes femininas da África. Com exceção de Makeba, representada por seu hit mundial Pata Pata, as demais cantoras são pouco ouvidas em solo brasileiro. Exemplo é Oumou Sangare, oriunda do Mali (assim como Kandia Kouyate, também presente no CD). A faixa de Sangare, Saa Magni, vem do álbum Oumou, de 1993. Da África do Sul, há Busi Mhlongo, representada pela faixa Yapeheli'Mali Yami, de 2000. Busi transita pela Zulu Music com incursões pelo jazz. Detalhe importante: há no encarte (breves) textos sobre o estilo e a origem de cada uma das 12 cantoras africanas. Vale ter!!!

CD solo de Mário Sérgio vai fundo nos quintais

Resenha de CD
Título: Nasci pra Cantar
e Sambar
Artista: Mário Sérgio
Gravadora: LGK Music
Cotação: * * * 1/2

Após 18 anos, Mário Sérgio deixou o posto de vocalista do grupo Fundo de Quintal para seguir carreira solo. Longe de ensaiar mudança de rota estilística, o cantor apresenta bom disco calcado em repertório típico dos pagodes cariocas que geraram belos álbuns nos anos 80. Parceria de Sérgio com Luizinho to Blow, Maria do Samba exemplifica essa acertada decisão de permanecer no fundo dos quintais, onde brotam os melhores sambas. Já Na Laje - samba de Éderson dos Santos que entrou no repertório por conta de promoção de rádio de São Paulo - mostra que a geografia do samba extrapola as fronteiras cariocas. Na Laje abre o trabalho em grande estilo e, não por acaso, foi inicialmente cogitada para dar título ao disco, produzido por Paulão 7 Cordas. A opção para batizar o álbum acabou recaindo em Nasci pra Cantar e Sambar, parceria de Sérgio com Fred Camacho e Marcelinho Moreira que também funciona como uma carta de princípios do artista (Camacho e Moreira também são os autores do alto partido, Na Fé do Senhor, que encerra o disco). Entre faixas dolentes como Na Flor da Primavera (de Mário Sérgio com Arlindo Cruz) e Fada (regravação da parceria de Sérgio com o saudoso Luiz Carlos da Vila), o CD apresenta um grande samba poético, Brilho no Olhar, da lavra fina de Sombrinha com Jorge Cardoso. A safra de inéditas recolhidas por Mário Sérgio tem valor. A ponto de a trivial regravação de Acreditar (Ivone Lara e Délcio Carvalho) soar dispensável. Regravação por regravação, a de Se Liga Doutor - samba pouco conhecido de autoria de Beto Sem Braço com Aluísio Machado - resulta mais interessante. No todo, Nasci pra Cantar e Sambar é um bom disco. O disco que o Fundo de Quintal deveria fazer em vez de diluir sua discografia e seu nome em série de redundantes registros ao vivo. Para as lajes!!

5 de junho de 2009

Em cena, Ana Costa precisa focar mais seu alvo


Resenha de Show
Título: Novos Alvos
Artista: Ana Costa (em fotos de Mauro Ferreira)
Participações especiais: Leila Pinheiro e Oswaldo Cavalo
Local: Varanda da Vivo Rio (RJ)
Data: 4 de junho de 2009
Cotação: * * *
Das cantoras e compositoras mais identificadas com o universo do samba, Ana Costa é uma das que começam a apresentar assinatura pessoal em sua obra. O recém-lançado segundo álbum da artista, Novos Alvos, superou seu antecessor Meu Carnaval (2006), fazendo com que a cantora, sem sair de sua roda, extrapolasse as fronteiras do samba. Por isso mesmo, Ana precisa focar mais seus alvos em cena. O show de lançamento do novo CD - que estreou na noite de quinta-feira, 4 de junho de 2009, na varanda da casa Vivo Rio - precisa de ajustes. Resulta longo demais, não tanto pela duração em si (cerca de 1h45m), mas pelo roteiro ainda meio desequilibrado e pelos agradecimentos excessivos. Para piorar o quadro, o novo espaço da casa Vivo Rio - uma varanda mesmo, coberta, mas aberta dos lados - é tão agradável quanto dispersivo.
A imagem do Corcovado vista no cenário está em sintonia com o repertório de Ana Costa. A cidade do Rio de Janeiro é a musa inspiradora de boa parte dos sambas que a cantora apresenta no show. Às vezes, o cartão postal é desenhado com olhos generosos, como em Samba Cria Lei (Carlinhos Brown), o bom número de abertura. Que resulta menos empolgante no show pela ausência da cama percussiva que forra o registro de estúdio, mas, ainda assim, seduz. A sequência inicial - que inclui Novos Alvos (Mart'nália, Ana Costa e Zélia Duncan) e Coisas Simples (Claudio Jorge e Elton Medeiro) - é ótima. Ana consegue reproduzir no palco o clima fúnebre da Crônica de uma Cidade Armada (Celso Fonseca), olhar mais triste sobre um Rio sitiado pela violência de bandidos e policiais. Mas o fato é que a presença do primeiro convidado da noite, Oswaldo Cavalo, não surtiu o efeito esperado. Convocado no meio do medley que entrelaça Caderneta e A Minha Nega (Evandro Lima, Silvão Silva e Claudinho Guimarães), sambas urdidos com a descontração típica dos quintais cariocas, Cavalo mostrou dicção deficiente ao cantar o segundo tema, obtendo melhor desempenho no dueto seguinte, Pra que Pedir Perdão? (Moacy Luz e Aldir Blanc), tema do primeiro álbum de Ana Costa.
A propósito, a sequência inicial do bloco de músicas do CD Meu Carnaval - Semente do Samba (Eduardo Medrado e Kleber Rodrigues) e Não Sei o que Dá (Zélia Duncan, Ana Costa e Mart'nália), entre outras - joga o show um pouco para baixo. O pique começa a ser recuperado com Olhos Felizes (jóia do baú de Marina Lima) e com o feliz samba-exaltação Brasileiro da Gema (Marceu Vieira e Tuninho Galante), este embaçado por insistente microfonia. Contudo, o primeiro grande momento vem com a versão minimalista de Feitio de Oração (Noel Rosa e Vadico). É um registro quase a capella - sublinhado pelo toque econômico de um cavaquinho - em que se nota o fraseado elegante da cantora. O brilho da interpretação do tema foi mantido por Leila Pinheiro, a outra convidada da estreia do show. Leila entrou em cena para cantar Antiga, parceria de Ana com Zélia Duncan, com bela interpretação que mostrou seu pleno entendimento do espírito da canção. Em seguida, Ana e Leila fizeram um segundo dueto em Mudando de Conversa, numa referência à gravação feita por Dóris Monteiro com Miltinho. No fim, Almas Gêmeas (Luiz Tatit) deixou apropriado clima de estranheza no ar, saindo do universo do samba, mas abrindo caminho para o final alegre com a amaxixada Batendo Perna (Ana e Jorge Agrião) e com Quer Amar Mamãe (delícia de Martinho da Vila). Enfim, um show que pode ficar ainda melhor quando as gorduras forem tiradas. É só focar mais o alvo...

Trilha de filme sobre Simonal é mera coletânea

Enquanto se mobiliza para pôr mais uma vez em catálogo (no segundo semestre de 2009) os álbuns originais gravados por Wilson Simonal (1938 - 2000) na Odeon entre 1961 e 1971, a EMI Music fatura com o êxito do filme sobre o cantor e lança o disco com a trilha sonora do forte documentário Simonal Ninguém Sabe o Duro que Dei. Embora contenha 16 músicas ouvidas no filme, o disco com a trilha é, a rigor, similar às várias coletâneas do cantor já editadas periodicamente pela gravadora. Sem indicar a origem das faixas, o CD enfileira as gravações de País Tropical, Mamãe Passou Açúcar em mim, Vesti Azul, Tributo a Martin Luther King, Zazueira, Sá Marina, Roda e Nanã - entre outras músicas - na voz suingante do cantor. O único diferencial são fotos do acervo pessoal da família do artista, cuja obra será compilada pela Som Livre num CD duplo.

Sai em setembro o esperado álbum de Whitney

Agora é fato: Whitney Houston vai lançar um álbum em 1º de setembro de 2009. Anunciado em março de 2008, o CD - o primeiro de inéditas da ótima cantora em sete anos - conta com Akon, Sean Garrett e will.i.am entre os produtores e compositores. O sucessor de Just Whitney (2002) ainda não tem título, mas sabe-se que vai ser editado pela Arista Records, gravadora dona de toda a obra fonográfica da intérprete, cuja carreira saiu dos trilhos nos últimos anos por conta do envolvimento da artista com as drogas.

DVD flagra Stevens ao vivo no auge do sucesso

Em 1971, ao ir para o KCET Studios em Los Angeles (EUA) fazer um concerto intimista que seria exibido na TV norte-americana, Cat Stevens vivia o sucesso do álbum, Tea for the Tillerman (1970), que seria avaliado com o passar dos anos como a obra-prima de sua carreira fonográfica. Tea for the Tillerman Live - o DVD que a gravadora Coqueiro Verde ora lança no mercado brasileiro - é o registro daquela sessão de estúdio. São apenas 35 minutos, mas, entre as oito músicas do roteiro, há três clássicos atemporais da obra de Stevens (Wild World, Father and Son e Where Do the Children Play?). Nos extras, há curta de animação, Teaser and the Firecat, inspirado na música de Stevens, que, ainda nos anos 70, se converteria ao islamismo e adotaria o nome de Yusuf Islam (a volta ao universo pop aconteceria três décadas mais tarde). O DVD reproduz a capa do clássico álbum, com o desenho assinado pelo artista, na época também um estudante de arte. O DVD foi legendado em português.

Sai no Brasil DVD com o filme do Talking Heads

Apresentado nos cinemas em 1984, Stop Making Sense é um filme sobre o Talking Heads dirigido pelo cineasta Jonathan Demme - leia-se O Silêncio dos Inocentes e Filadélfia - com concepção cênica de David Byrne, cérebro mais criativo do grupo norte-americano que esteve em atividade entre 1975 e 1991. A base do filme - feito em película - é um show captado no Pantages Theatre, em Los Angeles (EUA). Filme nem sempre conhecido pelos fãs nacionais do Talking Heads, pois no Brasil foi exibido apenas em festivais, tendo sido editado em VHS em 1987, Stop Making Sense ganha edição em DVD via Coqueiro Verde Records com extras valiosos (duas faixas-bônus inexistentes na edição original do filme, Cities e Big Business / I Zimbra, e uma entrevista em que, encarnando vários personagens, David Byrne se reveza nos papéis de entrevistado e entrevistador). Som e imagem foram remixados e remasterizados. A atual reedição de Stok Making Sense em DVD celebra os 25 anos do filme com atrativo inédito na versão anterior: comentários do diretor e dos músicos do Talking Heads sobre a produção, de cult aura clássica.

Lulu pode vir a produzir CD de estúdio de Preta

Enquanto não grava o anunciado DVD do show Noite Preta, que vai iniciar turnê pelo Brasil após bem-sucedidas temporadas em casas e boates do Rio de Janeiro (RJ), Preta Gil (em foto de seu site oficial) já está pensando no seu terceiro CD de estúdio. Que poderá vir a ser produzido por Lulu Santos, fã assumido de Preta e uma presença já constante nos shows da cantora. Nada foi oficializado, por ora, mas já houve conversa informal a respeito e Lulu se mostrou receptivo à ideia.

4 de junho de 2009

'Pode Entrar' dá upgrade na discografia de Ivete

Resenha de CD e DVD
Título: Pode Entrar
- Multishow Registro
Artista: Ivete Sangalo
Gravadora: Caco
Discos / Universal
Music
Cotação: * * *

Por mais que o repertório seja bem irregular, Pode Entrar acerta porque faz Ivete Sangalo respirar outros ares musicais. CD e DVD dão ligeiro upgrade em discografia que vinha descendo ladeira abaixo em nome do marketing e das pressões do mercado fonográfico. A estrela baiana não mexe totalmente no time que está ganhando, mas apresenta produto bem-cuidado. Somente o dueto com Maria Bethânia, feito em suaves tons graves, já vale o projeto. Até porque a música - Muito Obrigado Axé, ijexá de Carlinhos Brown - é das melhores do gênero afro-pop-brasileiro. O belo arranjo, que combina cordas com a levada típica dos afoxés, valoriza o tema que reafirma o talento raro - ainda não reconhecido em toda sua extensão - de Brown. O tribalista também entra na casa de Ivete para cantar (muito bem, diga-se) uma balada - Quanto ao Tempo, parceria com Michael Sullivan - que tenta evocar o espírito soul dos sucessos românticos da gravadora Motown, mas que, a rigor, se parece mais com as canções empilhadas por Sullivan nas paradas nos anos 80. Com o grupo Aviões do Forró, a cantora dá rasante pelo universo mais ralo da música nordestina na faixa Sintonia e Desejo. O voo tem fôlego tão curto quanto o reggae Vale Mais, entoado com Saulo Fernandes. Já Marcelo Camelo contribui com canção, Teus Olhos, de textura delicada e guitarras havaianas, em sintonia com a obra solo do hermano. Por sua vez, Lulu Santos, munido de sua guitarra, entra no ritmo do samba-reggae ao reviver Brumário. Fechando o time de convidados, a irmã de Ivete, Monica San Galo, não diz a que veio em Completo, com o atenuante de que a música é tão inexpressiva quanto sua voz. Contudo, justiça seja feita, há também acertos no repertório. Balakbak figura entre os melhores temas da vertente micareteira da obra de Ivete. Assim como a balada Agora Eu Já Sei tem lá seus encantos dentro da esfera popular. Como compositora de músicas como Eu Tô Vendo, Ivete continua sendo uma boa cantora que, neste projeto, está cantando particularmente bem, em tons mais moderados, este repertório oscilante que flerta até com o rock (Viver com Amor) e com o zouk africano (Oba Oba). Por fim, vale dizer que os encontros musicais foram valorizados pela diretora e roteirista do DVD, Joana Mazzuchelli. As imagens captadas antes e depois da gravação propriamente dita ajudam a dar o clima de intimidade caseira pretendido pela anfitriã. Enfim, comparado com trabalhos anteriores da artista, Pode Entrar tem charme e sinaliza que, se quiser, Ivete Sangalo pode subir de novo a ladeira.

Ivete: "Eu quis fazer música com naturalidade"



Salvador (BA) - Num dos salões do Yatch Clube de Salvador (BA), equipado com televisões que exibem trechos selecionados do novo DVD de Ivete Sangalo, Pode Entrar, o clima era de expectativa na tarde da última terça-feira, 2 de junho de 2009, pela chegada da estrela do evento organizado pela gravadora Universal Music com o canal de TV Multishow. Até que a tal estrela, Ivete Sangalo, adentra o salão cercada de flashes e olhares, quebrando com sua espontaneidade quase ensaiada o clima de tensão quase disfarçada que rodeia o ambiente. Jornalistas de todo o Brasil se aglomeram no espaço para ouvir a cantora dissertar sobre seu doméstico projeto fonográfico, Pode Entrar, editado em CD e DVD que chegam às lojas a partir de sexta-feira, 5 de junho, dentro da série Multishow Registro. O registro audiovisual – gravado no estúdio tão caseiro quanto hi-tech montado por Ivete em seu grandioso apartamento situado em Campo Grande, bairro da região central de Salvador – vai ser exibido às 21h30m desta quinta-feira, 4 de junho, pelo canal Multishow. Durante 12 dias de outubro de 2008, Ivete abriu as portas de sua casa para receber Lulu Santos, Maria Bethânia, Marcelo Camelo e Carlinhos Brown. Quatro visitas de fato ilustres.

“Agradeço a Bahia por ter me dado a chance de ser permissiva no bom sentido da palavra. A diversidade foi o ponto de partida deste projeto”, conceitua Ivete (em fotos de Mauro Ferreira), entre uma piada e outra. Na entrevista, a cantora explica que o critério para a seleção dos convidados de Pode Entrar extrapolou o universo artístico. “A pessoa tinha que ter talento no que faz e talento para a vida. Ser fiel aos seus princípios é também um talento”, filosofa, antes de dizer que gravar com Bethânia foi “um sonho”. O dueto - rememora Ivete - já acontecia de forma imaginária quando ela apenas sonhava ser cantora. É que Ivete ouvia a gravação de Mel, música que deu título ao LP lançado por Bethânia em 1979, e se trancava no banheiro, imaginando um dueto com a intérprete. "Bethânia escreve uma história lindíssima na música brasileira. Ela acentua a palavra Bahia com todas as letras”, afaga Ivete, como fã.

A Bahia, aliás, é reverenciada na música gravada por Ivete com Bethânia. Ponto mais alto do repertório, o ijexá Muito Obrigado Axé, da lavra profícua de Carlinhos Brown, saúda os orixás e a cultura afro-brasileira. Contudo, a rigor, todo o DVD presta justo tributo ao Estado mais negro do Brasil. Cartões-postais da capital baiana são vistos no DVD entre um número e outro. “Salvador está tão linda no DVD”, suspira Ivete, que canta balada de pretenso espírito soul, Quanto Tempo, com Brown, um dos embaixadores da Bahia e autor do último hit carnavalesco de Ivete, Cadê Dalila?.
De fato, as imagens editadas pela diretora Joana Mazzuchelli são bonitas e conseguem captar bem o descontraído clima baiano. Naturalidade que Ivete afirma ter norteado a gravação dos números musicais. “A proposta foi fazer música com naturalidade, foi aproveitar o take inteiro, sem emendas, nem que tivesse que repetir a música mil vezes. Pode Entrar é um convite ao público para entrar na intimidade da minha casa”, diz Ivete em fala-clichê.

Dentro dos limites estreitos da intimidade consentida e ensaiada, o espectador vê no DVD momentos que antecederam e sucederam a gravação das músicas em que figuram nomes como Lulu Santos e Marcelo Camelo. De Camelo, aliás, Ivete já se diz amiga (“Ele tem um coração aberto”). A amizade começou quando Ivete soube que o hermano cantou música de seu repertório, Flor do Reggae, em show feito na Bahia. “Fiquei feliz quando soube que ele conhecia toda minha obra”, orgulha-se. A admiração mútua gerou o convite a Camelo para participar de Pode Entrar. E ele entrou na casa de Ivete com belo presente: a canção Teus Olhos, pontuada por guitarras havaianas. “Camelo é o cara", derrama-se.

Com Lulu Santos, a relação é mais antiga e vem dos shows do cantor vistos por Ivete na adolescência. Ocasiões em que ela avisava o pai que não tinha hora para voltar para casa. “Minha relação com o palco tem muito a ver com o que aprendi vendo os shows de Lulu. Show do Lulu não tem hora para começar nem para terminar”, pontua Ivete. Em Pode Entrar, o número feito com Lulu tem tempo definido: quatro minutos e quatro segundos. Tempo suficiente para Ivete rebobinar Brumário - música de 1989 que Lulu lançou no álbum Popsambalanço e Outras Levadas - na levada do samba-reggae em arranjo que combina tambores com a guitarra tocada por Lulu. E acaba com afago no ego de Lulu.

Foram tantas, aliás, os confetes jogados por Ivete em cima dos convidados que, num momento de exagero, ela chegou a comparar o grupo Aviões de Forró – convidado da faixa Sintonia e Desejo – com o compositor Jackson do Pandeiro (1919 – 1982) ao dizer que não podia deixar a passar a oportunidade de gravar com o Aviões do Forró. “Eles são contemporâneos”, caracteriza Ivete, cuja agenda de shows inclui o circuito nordestino do forró.

A forma de Ivete editar Pode Entrar também é contemporânea. É o braço fonográfico de sua empresa, Caco Discos, que assina a produção do projeto, em parceria orquestrada com a gravadora Universal Music – companhia que dá suporte a Ivete desde os tempos iniciais da Banda Eva (a partir do segundo disco da banda) – e com o canal de TV Multishow, parceiros do DVD anterior, Ivete no Maracanã. “Desde que eu canto, eu não sei o que é não ter controle sobre minha carreira. Tudo o que eu gravei foi responsabilidade minha”, ressalta Ivete, que, instantes depois, discursa otimista sobre a fase delicada enfrentada pela indústria fonográfica. “É um momento de transição de mídia! Eu me lembro até hoje de reportagem (programa) no Fantástico sobre o CD. A princípio, parecia uma tecnologia quase inacessível e, em menos de cinco anos, tomou conta de nossa vida. O mercado passa por momento de crise de identidade, mas chegará a um denominador comum. Aumentam dia-a-dia as possibilidades de mídia, mas o controle dessas possibilidades tem que vir aos poucos”, pondera.

Grávida de cinco meses, com parto previsto para outubro, Ivete avisa que vai manter sua agenda normal até fins de setembro (“Sou uma mulher responsável e gravidez não é doença!”). Após a licença-maternidade, retoma as atividades progressivamente no início de 2010, ano em que vai concretizar o projeto de gravar outro DVD. Desta vez, em Nova York (EUA), no palco do Madison Square Garden. “Está tudo certo como boca de bode”, garante. Previsto inicialmente para o segundo semestre deste ano, o projeto foi adiado em função da crise econômica que assustou o mundo no final de 2008. “Com essa crise, a gente achou melhor ser comedido”, explica, entre uma gracinha e outra. A essa altura, já não há tanta expectativa no salão hi-tech do Yatch Clube. Com a habitual descontração, a estrela da tarde já dissipara qualquer resquício de tensão. Informal, Ivete Sangalo já se sentia em casa...

Bethânia: "Gosto cada vez mais da voz de Ivete"

Salvador (BA) - Na entrevista que concedeu para lançar seu CD e DVD Pode Entrar - Multishow Registro, Ivete Sangalo fez questão de jogar confetes em todos os sete convidados do projeto, mas reconheceu que destacar a presença de Maria Bethânia é inevitável e até natural. "Bethânia é uma mulher a ser colocada sempre num espaço diferenciado", sentencia Ivete, admirada pela intérprete. Aliás, Bethânia - convidada do ijexá Muito Obrigado Axé, de autoria de Carlinhos Brown - também foi generosa nos elogios a Ivete em depoimento dado para o texto de apresentação do disco. Eis o que diz Bethânia sobre a gravação do dueto com Ivete, capturado na foto acima pelas lentes de Cacau Mangabeira:
"Foi bom participar do Pode Entrar. Acho simpático um estúdio dentro da casa de uma cantora. E o estúdio da casa da Ivete é muito bom, simples, chique e útil. Gostei de ser sobre a Baía de Todos os Santos. Gostei também da delicadeza de todos que ali trabalhavam, do jeito simples e profissional que se espera. Sempre gostei da voz e da maneira de interpretar de Ivete. Gosto cada vez mais de seus graves afinados e de sua musicalidade. (...) Fiz (minha participação) com carinho, admiração e fico feliz por isso. Agradeço o convite, a confiança, a reverência". Maria Bethânia

Brown entra na casa de Ivete com romantismo

Salvador (BA) - Depois de ter contemplado Ivete Sangalo com Cadê Dalila?, o maior hit do Carnaval da Bahia em 2009, Carlinhos Brown entrou na casa da cantora com outros dois presentes: o ijexá Muito Obrigado Axé - gravado pela cantora em um dueto harmonioso com Maria Bethânia - e Quanto ao Tempo, parceria de Brown com Michael Sullivan. Trata-se de uma canção de amor composta com a intenção de evocar os temas mais românticos do soul norte-americano. Coube ao próprio Brown gravar a música em dueto com Ivete no CD e DVD Pode Entrar. O especial vai ser exibido nesta quinta-feira, 4 de junho de 2009, pelo canal de TV Multishow. Já o CD e o DVD estarão nas lojas - com tiragens iniciais de 50 mil cópias, cada um - a partir de sexta-feira, 5 de junho. Na foto acima, clicada por Cacau Mangabeira, um flagrante da gravação de Ivete com o profícuo Brown. Faixa tem jeito de hit.

Ciara segue receita do r & b com Justin e Elliott

Recém-lançado no Brasil, pela Sony Music, o terceiro álbum de estúdio de Ciara, Fantasy Ride, segue a receita do r & b pop tão ao gosto das atuais cantoras produzidas em escala industrial no forte mercado fonográfico dos EUA. O time de convidados é estelar e conta com Justin Timberlake (em Love Sex Magic, faixa eleita o segundo single do álbum), Missy Elliott (em Work, o terceiro single, de acordo com informações do Twitter), Chris Brown (Turntable) e Ludacris (High Price). Nos EUA, o álbum vai chegar pelo menos ao quarto single, Like a Surgeon (o primeiro, Never Ever, foi lançado em janeiro de 2009). Além de figurar em Love Sex Magic, Justin é co-produtor da faixa G Is for Girl (A-Z). No Brasil, Fantasy Ride sai com mera tiragem de três mil cópias.

3 de junho de 2009

'Drês' turbina romantismo de Reis com guitarra

Resenha de CD
Título: Drês
Artista: Nando Reis
e os Infernais
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * * 1/2

Drês, a palavra usada por Nando Reis para batizar seu oitavo disco solo, inexiste no dicionário. É uma junção (criada pelo artista) de Dri - apelido de sua ex-namorada, a publicitária Adriana Lotaif - com três. Pode parecer sem sentido, mas a relação amorosa de Nando com Adriana inspirou algumas das 12 inéditas que compõem o repertório inteiramente autoral de Drês, bom álbum que - na concepção de Nando - fecha trilogia romântica iniciada com A Letra A (2004) e prosseguida com Sim e Não (2006). Como já sinalizara a sentida canção Ainda Não Passou, escolhida para puxar o disco nas rádios, Nando Reis continua seguindo a trilha do romantismo, mas por um atalho pop e elegante que não deixa sua obra escorregar no brega. A diferença em Drês é que esse romantismo é turbinado com guitarras. Efeito provável do fato de o guitarrista da banda Os Infernais, Carlos Pontual, ter sido o co-produtor do CD. Já na faixa de abertura - Hi, Dri! - aparece uma guitarra furiosa que dá um certo peso - recorrente em músicas como Drês e Mosaico Abstrato - ao tema e ao disco como um todo. Guitarra que volta a se fazer ouvir com força em Driamante, outra música inspirada na musa de Reis. Contudo, com ou sem guitarras, Nando é em essência um baladeiro. E essa faceta de sua obra está preservada em Drês em faixas como Conta, composta pelo autor em tributo à sua mãe, Cecília, morta de câncer há alguns anos. A propósito, Conta, Ainda Não Passou, Livre Como um Deus (outra balada) e Driamante são músicas reforçadas com os naipes de cordas e sopros regidos com maestria por Lincoln Olivetti. Ora mais pop (como em Só pra So, música feita para a filha Sophia), ora mais roqueiro (como em Drês), Nando prossegue coerente com o universo particular esboçado em sua discografia a partir do álbum A Letra A. É possível identificar com clareza seu dna melódico numa canção como Baby, Eu Queria - a faixa que fecha este disco que alcança um grande momento em Pra Você Guardei o Amor, sedutora canção gravada por Reis em dueto com a emergente Ana Cañas. O entrelaçamento das vozes resulta bem harmonioso e envolvente. Some-se a essa harmonia pop o fato de que as letras de Nando Reis quase nunca resvalam nos clichês da canção sentimental (excepcionalmente roçados pelos versos de Ainda Não Passou). A letra de Mosaico Abstrato, por exemplo, é poesia pura que resiste sem música e valoriza Drês. Com ou sem guitarras, Nando Reis continua (muito) romântico como um certo Rei já deposto do trono ocupado nos anos 60 no reino pop nativo.

Sade volta a gravar CD após hiato de nove anos

Sem lançar álbum de inéditas desde 2000, quando editou Lovers Rock, Sade vai voltar ao disco este ano. A cantora nigeriana deverá entrar em estúdio neste mês de junho de 2009 para começar a gravar um CD que - de acordo com várias especulações - poderá ter intervenção do cantor de r & b Maxwell numa das faixas. Como de praxe, o repertório vai ser autoral, apresentando novos temas de Sade com seu fiel parceiro Stuart Matthewman, o Cottonbelly.

Arctic Monkeys lança dez inéditas em CD e vinil

Ainda sem título, o terceiro álbum do quarteto Arctic Monkeys tem seu lançamento confirmado pela EMI Music para 24 de agosto de 2009. O repertório do novo disco é formado por dez músicas inéditas, produzidas por Josh Homme (no deserto do Mojave e em Los Angeles) e por James Ford (no Brooklyn, em Nova York). As músicas serão editadas no formato de CD e de vinil, além de serem disponibilizadas para download legalizado. Eis as dez faixas do CD:

1. My Propeller
2. Crying Lightning
3. Dangerous Animals
4. Secret Door
5. Potion Approaching
6. Fire And The Thud
7. Cornerstone
8. Dance Little Liar
9. Pretty Visitors
10. The Jeweller's Hands

Zélia estreia parceria com Baleiro e Chico César

Nas lojas a partir de 9 de junho de 2009, via Universal Music, o nono álbum solo de Zélia Duncan, Pelo Sabor do Gesto, marca o início de parcerias da artista com Zeca Baleiro e com Chico César. Baleiro (à esquerda na foto) é o autor da letra de Se Um Dia me Quiseres, musicada por Zélia. Já Chico é co-autor do funk Esporte Fino Confortável, faixa na qual gravou vocais. Também figuram na lista de parceiros estreantes Marcelo Jeneci (com que Zélia assina Todos os Verbos) e John Ulhoa, que divide a produção do CD com Beto Villares. Com Ulhoa, a parceria é na faixa Tudo Sobre Você, escolhida a primeira música de trabalho, já em rotação nas rádios.
O repertório inclui versões de duas músicas trilha sonora do filme Les Chansons d'Amour (Canções de Amor, França, 2007) do cantor e compositor francês Alex Beaupin. De Bonnes Raisons virou Boas Razões e ganhou os vocais de Fernanda Takai. Já As-Tu Déjà Aimé deu origem a Pelo Sabor do Gesto, a faixa-título. Zélia também canta no álbum músicas de Itamar Assumpção (1949 - 2003) e Rita Lee, dois nomes recorrentes nas fichas técnicas de seus discos. De Itamar, Pelo Sabor do Gesto apresenta a inédita Duas Namoradas, parceria com Alice Ruiz. De Rita, Zélia tirou do baú Ambição, música composta e gravada pela Ovelha Negra em 1977 para a trilha sonora da novela O Astro. E por falar em regravações nada óbvias, Zélia rebobina Telhados de Paris, tema do compositor gaúcho Nei Lisboa. Há inédita de Zélia com Moska.

Charlie Brown finaliza primeiro CD para a Sony

Já está em fase de finalização a gravação do 10º álbum da banda Charlie Brown Jr. - o primeiro feito para a gravadora Sony Music. Produzido por Rick Bonadio no estúdio Midas, em São Paulo (SP), o disco é também o primeiro feito pelo grupo com o baterista Luciano Graveto. O repertório de inéditas traz a música composta por Chorão para Cássia Eller (1962 - 2001) - a pedido da própria Cássia - poucas semanas antes da morte da cantora. Sai em agosto.

Com Rafael, Pitty grava o quarto álbum em SP

Com a recorrente produção de Rafael Ramos, Pitty grava seu quarto álbum - o terceiro de inéditas - em São Paulo (SP), no estúdio onde costumava ensaiar. O lançamento está previsto para agosto pela gravadora Deckdisc. A artista criou um site - 256 Tons de Cinza - para expor vídeos e notícias da gravação do CD. Acesse.

2 de junho de 2009

Alê, Caldato e Kassin finalizam o álbum de Ana

Alê Siqueira, Kassin e Mario Caldato Jr. se dividem na produção do álbum de inéditas com que Ana Carolina vai festejar seus dez anos de carreira fonográfica. Já em fase final de gravação, o CD é uma das prioridades da gravadora Sony Music para o segundo semestre de 2009. Detalhe: O Amor É Tudo, canção composta por Ana com seu fiel parceiro Antonio Villeroy em tributo a Roberto Carlos, não deverá figurar no repertório autoral do CD. A conferir.

Zé põe Beth, Maysa, RoRo e Takai na sua pista

DJ já habituado a remixar sucessos da MPB, Zé Pedro põe 14 cantoras na pista em seu terceiro CD, Essa Moça Diferente, nas lojas em breve pela gravadora Lua Music. Das 14 cantoras, várias - Ângela RoRo, Beth Carvalho, Fafá de Belém, Fernanda Takai e Marisa Monte, entre outras - têm um remix oficial editado em disco. Eis a seleção de intérpretes e de músicas remixadas pelo DJ Zé Pedro para o CD Essa Moça Diferente, cujo título pega emprestado com propriedade o nome do samba de Chico Buarque:
1. Infinito Particular - Marisa Monte (2006)
2. Trem Azul - Elis Regina (1980)
3. Sufoco - Alcione (1978)
4. Compasso - Ângela RoRo (2005)
5. Canto de Ossanha - Maysa (1966)
6. Eu Quero É Botar meu Bloco na Rua - Maria Alcina (2008)
7. Na Cadência do Samba - Cássia Eller (1993)
8. Todo Amor que Houver Nessa Vida - Zélia Duncan
9. Mal-me-Quer - Nara Leão (1964)
10. Raça - Fafá de Belém (1977)
11. Pra Você Gostar de mim (Taí) - Fernanda Takai (2007)
12. Muito Romântico - Célia (2007)
13. Cabide - Mart'nália (2005)
14. Vou Festejar - Beth Carvalho (1978)

Sony involui ao reeditar os 50 discos de Roberto

Entre 2004 e 2007, sob a direção do pesquisador Marcelo Fróes, a Sony Music produziu criteriosas reedições da obra fonográfica de Roberto Carlos. Embaladas na série de caixas da coleção Pra Sempre, tais reedições foram fabricadas com fidelidade à arte gráfica dos discos na forma de miniatura dos LPs originais e, de quebra, vieram com informações adicionais, inexistentes nas fichas técnicas originais. Contudo, todo esse trabalho minucioso - aprovado pelo próprio Roberto para cada caixa - foi deixado de lado na coleção de 50 títulos avulsos postos nas lojas neste ano de 2009 para celebrar os 50 anos de carreira do artista. As reedições à venda por preços ditos promocionais - embora fabricadas em formato digipack - são inferiores às produzidas para a coleção Pra Sempre. Inclusive no que diz respeito à carência de informações.

Rumpilezz faz (grande) afro-jazz à moda baiana

Resenha de Show
Título: Segunda com a Rumpilezz
Artista: Letieres Leite e Orkestra Rumpilezz
Local: Teatro Jorge Amado (Salvador, BA)
Data: 1º de junho de 2009
Cotação: * * * *
Em cartaz às segundas-feiras de junho de 2009

Ed Motta ficou tão fã do som da Orkestra Rumpilezz - conhecida por ele via MySpace - que até quis tocar um tema seu com a big-band baiana, criada em Salvador (BA) pelo maestro, arranjador e saxofonista Letieres Leite. O intrincado tema de autoria de Ed, Balendoah, figura no repertório do primeiro CD da orquestra - a ser lançado pela gravadora Biscoito Fino no segundo semestre de 2009 com a gravação ao vivo captada no Teatro Castro Alves - e no roteiro do show da temporada Segunda com a Rumpilezz, que vai ocupar o palco do Teatro Jorge Amado (Salvador, BA) durante todas as segundas-feiras deste mês de junho de 2009, às 20h30m.

De fato, Ed tem ouvido apurado. A Rumpilezz faz grandioso afro-jazz à moda baiana - estilo traduzido já no seu nome, que amalgama a palavra jazz com os nomes dos três atabaques do Candomblé (rum, rumpi e lé). No palco, a combinação de percussão e sopros orquestrada por Letieres resulta imponente e sedutora. Dezenove músicos dividem a cena com o maestro. Cinco na percussão e quatorze nos sopros. Já no número de abertura, A Grande Mãe, fica evidente a originalidade da massa sonora. Nenhuma nota parece jogada fora. Os improvisos são feitos de forma sucinta. Inspirados em sua maioria na religiosidade afro-brasileira, os temas soam perfeitamente ajustados aos naipes da big-band. Floresta Azul - tema dedicado a Oxossi, o orixá que rege as matas - exemplifica a maestria dos arranjos. Os instrumentos evocam sons da natureza neste número iluminado em tons de verde e azul. Da mesma forma que, no monumental Temporal, sons de trovoada são simulados pelos (virtuosos) percussionistas.

A interação entre sopros e percussão é total, como mostram Aláfia (título que significa prosperidade no dicionário afro dos orixás) e Adupé, Fafá (Obrigado, Fafá - na língua Iorubá). Neste tema, inspirado em Fabrício, falecido integrante da orquestra, Letieres larga o saxofone e toca percussão. Outro destaque do repertório autoral é O Samba Nasceu na Bahia, composição que sintetiza no ritmo as várias formas e levadas do samba produzido na Bahia. Que venha o CD para que o Brasil possa conhecer de fato a Orkestra Rumpilezz! É biscoito dos mais finos, de sabor original.

1 de junho de 2009

Maga lança DVD que aborda o afro-pop-baiano

Salvador (BA) - Margareth Menezes (em foto de Washington Possato) lança às 19h desta segunda-feira, 1º de junho de 2009, em evento no hotel Pestana Convento do Carmo (Pelourinho, Salvador - BA), o CD e DVD (de cunho documental) Movimento AfroPopBrasileiro. O DVD exibe o documentário A Expressão da Cultura Afro-Baiana, que historia as origens e a evolução da música genericamente rotulada como axé music. Mas a base do CD e do DVD é o registro do show festivo realizado em 2007 no Teatro Castro Alves (Salvador - BA). Sob a liderança de Maga e direção musical de Beto Pelegrino, nomes como Ilê Aiyê, Filhos de Gandhy, Olodum, Muzenza, Cortejo Afro, Malê Debalê, Daniela Mercury, Mariene de Castro, Roberto Mendes, Gerônimo, Saul Barbosa, Virgínia Rodrigues, Tonho Matéria, Banda Didá e Tatá pisaram no palco mais nobre da capital baiana para interpretar afro-clássicos como Alegria da Cidade, Eu Sou Negão, Canto ao Pescador, Negros Sudaneses, Fonte de Desejo e Olha o Gandhy Aí.

Reedições celebram álbum que inspirou BritPop

Uma das pedras fundamentais do movimento BritPop, o (lendário) álbum The Stone Roses (1989) - título inicial da discografia do homônimo grupo inglês surgido em Manchester - vai ganhar em 11 de agosto de 2009 três edições comemorativas de seus 20 anos pelo selo Legacy. A primeira e mais simples, The Stone Roses Special Edition reapresenta o álbum com áudio remasterizado, com a faixa-bônus Fool's Gold (trata-se da versão longa, de quase 10 minutos, da música). A segunda, The Stone Roses Legacy Edition, empilha 15 fonogramas raros da obra fonográfica da banda num segundo CD intitulado The Lost Demos e traz DVD Live in Blackpool com o registro de show feito pelo grupo em 1989, além de libreto de 28 páginas com fotos inéditas e comentários dos músicos sobre o álbum. Por fim, a terceira e mais luxuosa reedição, The Stone Roses Collector's Editon, vem com três CDs (o álbum original, The Lost Demos e uma coletânea de B-Sides), três vinis, o DVD Live in Blackpool (como registro ao vivo do show de 1989 e mais seis clipes), libreto de 48 páginas e cartões com pinturas feitas pelo guitarrista John Squire com inspiração em músicas do álbum, entre outros brindes para colecionadores.

DVD exibe show feito por Kylie na arena inglesa

X 2008 - o bom DVD que a gravadora Coqueiro Verde Records está lançando no Brasil, devidamente legendado em português - exibe show apresentado pela cantora Kylie Minogue na 02 Arena, em Londres. É o show da turnê que passou por São Paulo (SP) no ano passado. Na apresentação perpetuada no vídeo, Kylie rebobina seus maiores hits - entre eles, Can't Get You Out of my Head e I Should Be So Lucky - e, no momento mais inusitado do roteiro, revive um sucesso de Barry Manilow na década de 70, Copacabana (At the Copa), música inspirada numa casa de Nova York. Nos extras, há habitual galeria de fotos, slide-show com imagens projetadas no cenário hi-tech e minidocumentário sobre a rotina de Kylie em dia de apresentação.

Registro de show capta energia do Foo Fighters

Resenha de DVD
Título: Live at
Wembley Stadium
Artista: Foo Fighters
Gravadora: Sony
Music
Cotação: * * * * 1/2

Nos dias 7 e 8 de junho de 2008, um público de cerca de 85 mil pessoas se reuniu no estádio Wembley, em Londres (Inglaterra), para ver um afiado megashow do grupo norte-americano Foo Fighters. O espetáculo foi registrado para edição em DVD e blu-ray, já disponíveis no mercado brasileiro via Sony Music. Live at Wembley Stadium capta a pegada enérgica da banda em sua plenitude, em pulsação diferente do anterior Skin and Bones (2006), registro de clima acústico, reeditado na atual gravação ao vivo somente em uma ou outra música - como My Hero. Plugado com toda sua força e guitarras na maior parte do show, o grupo de Dave Ghrol conta com a adesão de dois músicos do lendário Led Zeppelin - o guitarrista Jimmy Page e o baixista John Paul Jones - em Rock and Roll (número em que Grohl assume a bateria) e Ramble on. Em palco armado em forma de arena no meio do gramado do Wembley Stadium, o Foo Fighters enfileira sucessos como Best of You - que fecha o roteiro em clima incendiário - e All my Life. O áudio e a imagem de alta qualidade põem o registro audiovisual entre os melhores do gênero. Confira!

31 de maio de 2009

Mariene fica em casa ao cantar samba da terra



Resenha de Show
Título: Santo de Casa
Artista: Mariene de Castro (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Largo Pedro Archanjo Pelourinho Salvador (BA)
Data: 30 de maio de 2009
Cotação: * * * 1/2
Em cartaz em 19 de junho na Concha Acústica do TCA (Salvador)
Mariene de Castro não é santa, mas até que faz milagres em cena... Bastou ela entrar no palco armado no Largo Pedro Archanjo, no Pelourinho (Salvador -BA), para transformar a raiva da platéia em alegria. Nem parecia que, segundos antes, os dez músicos de sua banda tinham ocupado seus lugares em cena debaixo de vaias e de frases como "Eu vou embora!!" e "Quero respeito!!", repetidas em coro pelo público irritado com o atraso de uma hora e meia do show de pré-lançamento do segundo trabalho da cantora, Santo de Casa, nas lojas em breve (em CD e DVD) com o registro ao vivo do espetáculo gravado em 15 de fevereiro de 2009 no Teatro Castro Alves (BA). Com sua presença radiante, Mariene dissipou a raiva da platéia ao entrar em cena para abrir o show com Na Paz de Deus. O mesmo samba - gravado originalmente por Alcione em 1986 no álbum Fruto e Raiz (1986) - com que fechou o eclético roteiro, duas horas e meia depois, consagrada pelo público que lotou o largo para vê-la na noite de sábado, 30 de maio de 2009.
Mariene de Castro é uma cantora luminosa em cena. Sobretudo quando canta o samba de sua terra, ritmo no qual está calcado seu primeiro belo CD, Abre Caminho (2004), cuja faixa-título foi entoada logo após Na Paz de Deus. Santo de Casa é um show que celebra o samba da Bahia em todas as suas formas. Em sua primeira metade, o espetáculo resulta encantador. Mariene canta pot-pourri de sambas-de-roda munida de prato e faca, desencava a chula (Raiz) e reverencia o seminal Dorival Caymmi (1914 - 2008) com versão suave de Rosa Morena e um pot-pourri que põe na mesma panela Vatapá, Lá Vem a Baiana, A Vizinha do Lado e Requebre que Eu Dou um Doce. Sambas cozidos no molho farto da percussão que dá o tempero sempre quente dos arranjos.
Compositor predominante no repertório do primeiro álbum da cantora, Roque Ferreira também está muito bem representado no roteiro. Com seus graciosos movimentos corporais, a intérprete canta De Maré - parceria de Roque com Toninho Geraes que faz parte do repertório do grupo carioca Sururu na Roda e ganha regravação de Mariene no CD e DVD Santo de Casa - e põe Samba pra Moças, popularizado por Zeca Pagodinho, em seu habitat natural. Na sequência, fora da roda do samba baiano, a cantora celebra São João e São Luiz Gonzaga (1912 - 1989) no ritmo do xote, enfileirando temas como Foguete, Boiadeiro, Eu Só Quero um Xodó e Qui Nem Jiló, número em que Neném entra em cena para tocar zabumba. O baticum tornou o Jiló menos amargo.
Findo o bloco nordestino, o roteiro começa a pecar pelo excessiva abertura do leque estético. Mariene faz pot-pourri de cirandas, canta sambas-enredos de agremiações cariocas (É Hoje resulta explosivo enquanto Lenda das Sereias é cantado sem brilho) e rebobina até hit do extinto grupo Secos & Molhados, O Vira, encorpado com o baticum afro-baiano em arranjo que também evoca o som das guitarradas que dão o tom da música do Norte do Brasil. Neste giro nacional, até o samba-rock Brasil é revivido, totalmente fora de eixo e de propósito. Da mesma forma que também resulta fora da ordem a longuíssima apresentação da banda e da equipe técnica responsável pelo show. No fim, Mariene de Castro volta para casa, com mais clássicos de Caymmi (O Samba da Minha Terra) e mais sambas-de-roda. Ainda assim, fica a sensação de que o show resulta gorduroso na segunda metade. E não é preciso ser santo milagroso para aparar os excessos. A cantora em si é luminosa e merece que lhe abram mais caminhos no mercado fonográfico, para ser ouvida além do circuito baiano.

Elza inclui 'I Put a Spell on You' em CD de jazz

Balada bluesy de Screamin' Jay Hawkins, lançada nos anos 50 e desde então gravada por um time eclético de artistas que inclui o grupo Creedence Clearwater Revival e a cantora Nina Simone (1933 - 2003), I Put a Spell on You integra o repertório do CD de jazz gravado por Elza Soares - em foto de Geraldo Rocha durante o registro da faixa Strange Fruit - no Rio de Janeiro (RJ). A seleção do disco é formada por clássicos como Summertime, All the Way, Cry me a River e Imagination. Elza quer concluir o disco nos EUA.

Sylvia faz sexto CD com adesão de Armandinho

Cantora baiana que segue por trilha pop, distante do mercado de axé music que rege a música de Salvador, Sylvia Patrícia (em foto de Edivalma Santana) grava seu sexto álbum em São Paulo (SP). O bandolinista Armandinho já participou da faixa Samba da Janela.

Ivete ajuda irmã, Mônica, a entrar no mercado

Irmã de Ivete Sangalo, Mônica Sangalo também é cantora, já tendo gravado DVD em apresentação do show Confissões de Madame no Teatro Castro Alves (Salvador - Bahia) em 11 de novembro de 2008. E vem da própria Ivete - incentivadora da carreira musical da irmã - o impulso que pode dar visibilidade nacional a Mônica. É que Mônica Sangalo figura entre os sete convidados do atual projeto fonográfico de Ivete, Pode Entrar, nas lojas em CD e DVD a partir da próxima sexta-feira, 5 de junho de 2009. As manas fazem dueto em Completo, uma das músicas não-inéditas do repertório. A foto flagra o registro do duo afetivo.