3 de junho de 2009

'Drês' turbina romantismo de Reis com guitarra

Resenha de CD
Título: Drês
Artista: Nando Reis
e os Infernais
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * * 1/2

Drês, a palavra usada por Nando Reis para batizar seu oitavo disco solo, inexiste no dicionário. É uma junção (criada pelo artista) de Dri - apelido de sua ex-namorada, a publicitária Adriana Lotaif - com três. Pode parecer sem sentido, mas a relação amorosa de Nando com Adriana inspirou algumas das 12 inéditas que compõem o repertório inteiramente autoral de Drês, bom álbum que - na concepção de Nando - fecha trilogia romântica iniciada com A Letra A (2004) e prosseguida com Sim e Não (2006). Como já sinalizara a sentida canção Ainda Não Passou, escolhida para puxar o disco nas rádios, Nando Reis continua seguindo a trilha do romantismo, mas por um atalho pop e elegante que não deixa sua obra escorregar no brega. A diferença em Drês é que esse romantismo é turbinado com guitarras. Efeito provável do fato de o guitarrista da banda Os Infernais, Carlos Pontual, ter sido o co-produtor do CD. Já na faixa de abertura - Hi, Dri! - aparece uma guitarra furiosa que dá um certo peso - recorrente em músicas como Drês e Mosaico Abstrato - ao tema e ao disco como um todo. Guitarra que volta a se fazer ouvir com força em Driamante, outra música inspirada na musa de Reis. Contudo, com ou sem guitarras, Nando é em essência um baladeiro. E essa faceta de sua obra está preservada em Drês em faixas como Conta, composta pelo autor em tributo à sua mãe, Cecília, morta de câncer há alguns anos. A propósito, Conta, Ainda Não Passou, Livre Como um Deus (outra balada) e Driamante são músicas reforçadas com os naipes de cordas e sopros regidos com maestria por Lincoln Olivetti. Ora mais pop (como em Só pra So, música feita para a filha Sophia), ora mais roqueiro (como em Drês), Nando prossegue coerente com o universo particular esboçado em sua discografia a partir do álbum A Letra A. É possível identificar com clareza seu dna melódico numa canção como Baby, Eu Queria - a faixa que fecha este disco que alcança um grande momento em Pra Você Guardei o Amor, sedutora canção gravada por Reis em dueto com a emergente Ana Cañas. O entrelaçamento das vozes resulta bem harmonioso e envolvente. Some-se a essa harmonia pop o fato de que as letras de Nando Reis quase nunca resvalam nos clichês da canção sentimental (excepcionalmente roçados pelos versos de Ainda Não Passou). A letra de Mosaico Abstrato, por exemplo, é poesia pura que resiste sem música e valoriza Drês. Com ou sem guitarras, Nando Reis continua (muito) romântico como um certo Rei já deposto do trono ocupado nos anos 60 no reino pop nativo.

6 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Drês, a palavra usada por Nando Reis para batizar seu oitavo disco solo, inexiste no dicionário. É uma junção (criada pelo artista) de Dri - apelido de sua ex-namorada, a publicitária Adriana Lotaif - com três. Pode parecer sem sentido, mas a relação amorosa de Nando com Adriana inspirou algumas das 12 inéditas que compõem o repertório inteiramente autoral de Drês, bom álbum que - na concepção de Nando - fecha trilogia romântica iniciada com A Letra A (2004) e prosseguida com Sim e Não (2006). Como já sinalizara a sentida canção Ainda Não Passou, escolhida para puxar o disco nas rádios, Nando Reis continua seguindo a trilha do romantismo, mas por um atalho pop e elegante que não deixa sua obra escorregar no brega. A diferença em Drês é que esse romantismo é turbinado com guitarras. Efeito provável do fato de o guitarrista da banda Os Infernais, Carlos Pontual, ter sido o co-produtor do CD. Já na faixa de abertura - Hi, Dri! - aparece uma guitarra furiosa que dá um certo peso - recorrente em músicas como Drês e Mosaico Abstrato - ao tema e ao disco como um todo. Guitarra que volta a se fazer ouvir com força em Driamante, outra música inspirada na musa de Reis. Contudo, com ou sem guitarras, Nando é em essência um baladeiro. E essa faceta de sua obra está preservada em Drês em faixas como Conta, composta pelo autor em tributo à sua mãe, Cecília, morta de câncer há alguns anos. A propósito, Conta, Ainda Não Passou, Livre Como um Deus (outra balada) e Driamante são músicas reforçadas com os naipes de cordas e sopros regidos com maestria por Lincoln Olivetti. Ora mais pop (como em Só pra So, música feita para a filha Sophia), ora mais roqueiro (como em Drês), Nando prossegue coerente com o universo particular esboçado em sua discografia a partir do álbum A Letra A. É possível identificar com clareza seu dna melódico numa canção como Baby, Eu Queria - a faixa que fecha este disco que alcança um grande momento em Pra Você Guardei o Amor, sedutora canção gravada por Reis em dueto com a emergente Ana Cañas. O entrelaçamento das vozes resulta bem harmonioso e envolvente. Some-se a essa harmonia pop o fato de que as letras de Nando Reis quase nunca resvalam nos clichês da canção sentimental (excepcionalmente roçados pelos versos de Ainda Não Passou). A letra de Mosaico Abstrato, por exemplo, é poesia pura que resiste sem música e valoriza Drês. Com ou sem guitarras, Nando Reis continua (muito) romântico como um certo Rei já deposto do trono ocupado nos anos 60 no reino pop nativo.

3 de junho de 2009 às 20:15  
Anonymous Danilo said...

Mauro, o disco "A Letra A" é de 2003.

3 de junho de 2009 às 20:42  
Anonymous Felipe dos Santos Souza said...

Taí: eu ia dizer exatamente isso que a resenha expôs. Sob certo prisma, é o disco mais "pesado" da carreira de Nando.

E, como ele conseguiu colocar peso nas canções sem deixar de lado a habilidade para compor temas assobiáveis, posso dizer: gostei do CD. E olha que não sou fã do cara.

Ah, sim: Carlos Pontual manja do assunto. Baita guitarrista.

4 de junho de 2009 às 08:45  
Anonymous Anônimo said...

E O QUE UMA PAIXÃO NÃO FAZ NA VIDA DE UM GRANDE COMPOSITOR???
ACHO QUE DEVEMOS AGRADECER A ADRIANA PELO RESULTADO FINAL DO NOVO DISCO DE NANDO.
A ESCOLHA DA MÚSICA DE TRABALHO "AINDA NÃO PASSOU" FOI ACERTADÍSSIMA,POIS ELA REALMENTE É A MÚSICA MAIS COMERCIAL DO DISCO;ALÉM DO DUETO COM ANA,PRIMOROSO...
O DISCO É REALMENTE O MAIS PESADO DA DISCOGRAFIA SOLO DE NANDO E PODE ATÉ CAUSAR UMA CERTA ESTRANHEZA EM ALGUNS FÃS.
O CARA É O "CARA".
CONTINUA SOBRANDO NO CENÁRIO ATUAL,COMO LETRISTA DE PRIMEIRA E O MELHOR "INTÉPRETE DE VOZ LIMITADA" DO POP/ROCK LOCAL.
BEM-VINDO "DRÊS" E MAIS UMA VEZ,OBRIGADO "ADRIANA",OS FÃS DE NANDO REIS AGRADECEM.

ITAMAR DIAS

itamardias@gmail.com

4 de junho de 2009 às 12:52  
Anonymous Heber said...

Drês é melhor disco do ano, ao menos, até agora. De repente pode vir um solo de Arnaldo por aí. Drês fica à KMs de distância do fraco Sacos Plásticos de seus ex-companheiros titânicos e fica bem na frente do razoável-pra-bom Brasil Afora dos amigos paralâmicos.

Nota 9 e 1/2.

http://musicasocial.blogspot.com/2009/06/nando-reis-e-os-infernais-dres-2009.html

15 de junho de 2009 às 03:22  
Blogger Dani said...

é um virtuoso nas melodias e na poesia.

adoro as letras do Nando!

:))

4 de março de 2010 às 14:10  

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