5 de junho de 2010

Tiradas de Ivone alegram 'talk-show' com Bruno

Resenha de Show
Título: Nas Escritas da Vida
Artista: Ivone Lara e Bruno Castro (em foto de Mauro Ferreira)
Convidados: André Lara e Aline Calixto
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 4 de junho de 2010
Cotação: * * * 1/2
Em cartaz até sábado - 5 de junho de 2010 - às 19h30m

Não, não foi um show convencional, mas, a rigor, um talk-show mediado pela diretora e roteirista Marília Barboza. Que poderia ter sido formal e até didático não fossem as tiradas espirituosas de Dona Ivone Lara, que dividiu a mesa e o palco carioca do Teatro Rival com o parceiro Bruno Castro, a própria Marília Barboza e os convidados André Lara - neto de Ivone - e Aline Calixto. Com a autoridade de seus 89 anos, a compositora de Tiê interrompeu a todo momento as intervenções de Marília com observações bem-humoradas que divertiram o público. Em cartaz somente até este sábado, 5 de junho de 2010, o talk-show Nas Escritas da Vida tem como pretexto badalar o recém-lançado CD homônimo, que reúne 12 músicas da parceria de Ivone com Bruno, iniciada em 2001 com Um Grande Sonho, samba não por acaso eleito para ser o primeiro cantado pela dupla no show. Só que o roteiro extrapola o disco atual e faz apanhado superficial da obra de Ivone Lara sob perspectiva histórica - a ponto de apresentar choro (Um a Zero) e afro-samba amaxixado (Yaô) na abertura feita antes da entrada de Ivone e Bruno no palco, com a participação de casal de bailarinos.
A presença de Aline Calixto sob episódica. Em evolução cênica, a cantora mineira soltou sua voz graciosa somente em Dizer Não pro Adeus, parceria de Ivone e Bruno com Luiz Carlos da Vila (1949 - 2008), composta a partir da introdução de Sonho Meu (1978) lançada por Zeca Pagodinho no álbum Uma Prova de Amor (2005). Já André Lara, pela habitual intimidade com a avó, se sentou à mesa e participou do papo musical antes de defender (com grande desenvoltura, mas sem real brilho na interpretação) Investida Fatal, sua parceria com Ivone e Bruno, lançada pelo Quarteto em Cy e rebobinada pelos autores no CD Nas Escritas da Vida. Após a lembrança de sucessos da parceria de Ivone com Délcio Carvalho, como os já inevitáveis Acreditar e Sonho Meu (ambos acompanhados em coro forte pelo público), o roteiro se concentro nas músicas da parceria que originou o disco e o show. Noites de Magia e Nas Escritas da Vida são sambas de alta estirpe poética e melódica. Só que o tom mais informal das interpretações do show não evidencia toda a nobreza das melodias e das letras poéticas - qualidades plenamente realçadas no disco (clique aqui para ler a resenha do CD Nas Escritas da Vida). Ainda assim, é sempre um privilégio ver e ouvir Ivone Lara em cena. Tanto que a plateia marcou o ritmo de Na Própria Palma - tema que evoca o espírito dos sambas antigos feitos pelos escravos nos terreiros - e riu com as tiradas espontâneas de Ivone Lara, rainha espirituosa que diluiu, com tais comentários, o caráter professoral do roteiro.

Pontual se revela bom autor sem inventar moda

Resenha de CD
Título: Inventa
Qualquer Coisa
Artista: Carlos Pontual
Gravadora: Independente
/ Sem indicação
Cotação: * * *

Ótimo guitarrista da banda Os Infernais, que toca nos discos e shows de Nando Reis, Carlos Pontual se revela compositor interessante neste terceiro disco solo, Inventa Qualquer Coisa. Ao contrário do que faz supor o título, Pontual não inventa moda ao transitar por rock (como no matador Veneno de Cobra), balada (Mesmo que Seja Ilusão, com solo que reitera sua já conhecida habilidade na guitarra), country (Mensagens Subliminares, de pegada stoneana), tema que evoca Jorge Ben (4 Horas da Manhã) e surf rock (a faixa-título, Inventa Qualquer Coisa, hit em potencial se a gravação tiver a chance de ser ouvida em rádios ou novelas). A produção - capitaneada pelo próprio Pontual - ambienta bem o coeso repertório autoral. O senão do disco é a voz do artista, muito bem colocada, mas sem aquele algo mais capaz de se distinguir um cantor na multidão de vozes que buscam atenção em mercado cada vez mais segmentado à medida paradoxal em que fica mais globalizado. Aclimatada com suavidade, a balada Janelas Sincronizadas é exemplo de música que poderia crescer em vozes mais vocacionadas para o canto. Contudo, entre tema instrumental (A Vingança dos Dinossauros Voadores) e samba-rock à moda carioca (Quero te Dizer), o disco Inventa Qualquer Coisa deixa impressão positiva ao revelar o plural universo musical do compositor e mostra que já é hora de Pontual - até então à sombra de Nando Reis - ser mais conhecido.

Sem fôlego autoral, Tulipa soa fofa em 'Efêmera'

Resenha de CD
Título: Efêmera
Artista: Tulipa
Gravadora: YB Music
Cotação: * * * 1/2

Paulista de Santos (SP) que se criou em São Lourenço (MG) e se radicou em São Paulo (SP), Tulipa Ruiz desabrocha em disco com Efêmera. O som - fofo, leve, feminino - remete à estreia fonográfica da mineira Érika Machado (No Cimento, 2006) sem deixar de marcar a delicada personalidade de Tulipa, que limou o Ruiz do nome artístico. A fofura vem tanto do instrumental moderno - urdido com o auxílio luxuoso de músicos como o baixista Kassin e o baterista Duani - quanto dos agudos sutis de Tulipa. Só que não disfarça o pouco fôlego autoral da cantora e compositora. Com arranjo embasado pelas percussões latinas de Stéphane San Juan e pelos vocais do trio Negresko Sis (Anelis Assumpção, Céu e Thalma de Freitas), a deliciosa faixa-título, Efêmera, abre o CD com inspiração e seduz de imediato. Na sequência, Pontual também deixa boa impressão com tom lúdico reeditado duas faixas depois em Pedrinho. Mas o fato é que a safra quase toda autoral de Tulipa vai perdendo pique à medida em que o álbum avança. A ponto de chegar a um ponto de exaustão em Aqui e de roçar a trivialidade pop na canção Às Vezes (única faixa não assinada por Tulipa, sendo da lavra de Luiz Chagas). Entre tema romântico (Do Amor, composto com o mano parceiro e guitarrista Gustavo Ruiz), batidas sintetizadas que logo evocam o synth pop dos anos 80 (Brocal Dourado, lapidado com os teclados pilotados por Donatinho) e brejeirice que evoca a Gal Costa da década de 70 (A Ordem das Árvores), Efêmera deixa a sensação de que sua primeira metade é muito superior à segunda. O que faz supor trajetória efêmera para Tulipa se ela não buscar outras músicas e parcerias no quase sempre decisivo segundo CD.

BR6 preserva frescor em 'MPB a Cappella Vol.II'

Resenha de CD
Título: Música
Popular Brasileira
a Cappella Vol. II
Artista: BR6
Gravadora: Tupi! Records
Cotação: * * * *

Lançado no exterior em 2009, o terceiro CD do grupo vocal BR6 ganha edição brasileira neste primeiro semestre de 2010. Como o formal título Música Popular Brasileira a Cappella Vol. II já explicita, o sexteto dispensa instrumentos e se vale apenas da (inventiva) combinação de vozes de seus integrantes para interpretar temas como Mas que Nada (Jorge Ben Jor), Beijo Partido (Toninho Horta), Sou Você (Caetano Veloso) e Surfboard (Tom Jobim). Combinação arejada que cresce quando o BR6 simula bem sons de percussão, sopros e cordas nos arranjos vocais. Exatamente como fizera no primeiro disco (homônimo do atual), editado em 2004. Individualmente, as vozes de André Protasio (barítono), Crismarie Hackenberg (mezzo-soprano), Deco Fiori (tenor), Marcelo Caldi (tenor), Naife Simões (percussão vocal) e Simô (baixo) não impressionam nos solos, mas, quando interagem, o resultado é sedutor por conta dos arranjos arrojados. Entre outras proezas vocais, o BR6 aflora a tensão contida em Bala com Bala (João Bosco e Aldir Blanc), apimenta o molho latino de Tanta Saudade (Chico Buarque e Djavan) - com direito a versões em espanhol e à percussão vocal - e põe Deixe a Menina (Chico Buarque) em apropriado clima de gafieira sugerido pelos sons de flugelhorn extraídos da voz de André Protasio. A simulação de instrumentos é um dom do grupo. Parece que há mesmo uma guitarra adornando o arranjo de Casa (Lulu Santos). Dentro do gênero a cappella, o BR6 permanece imbatível na atual cena brasileira. Formado em 2000, o grupo completa 10 anos de carreira com frescor de iniciante. Vale ouvir!

4 de junho de 2010

Gil ainda cogita CD de samba após desfazer 'nó'

Projeto revelado por Gilberto Gil no início dos anos 2000, o disco de samba do compositor ainda continua nos planos do artista. Só que sem prazo ou conceito pré-definido. "Não sei quando eu vou gravar. Sei que eu quero fazer esse disco de samba. Mas que samba? De que samba se trata? Já me deu vontade de gravar um disco com grupos de samba de São Paulo. Mas tenho que contemplar também o samba de roda da Bahia, o samba carioca... Não resolvi ainda esse na minha cabeça. Ainda quero gravar um disco de samba, mas não vai ser nada feito com ortodoxia", ressaltou Gil na entrevista coletiva de lançamento de seu belo CD junino Fé na Festa, já nas lojas pela Universal Music.

'Recovery' junta Eminem a P!nk, Rihanna e Lil

Com duas capas, já divulgadas por Eminem em seu site oficial, o sétimo álbum de estúdio do rapper norte-americano, Recovery, tem intervenções de P!nk (em Won't Back Down), Rihanna (Love the Way You Lie) e Lil Wayne (No Love). Sucessor de Relapse (2009), Recovery renova o time de colaboradores de Eminem, incorporando nomes como DJ Khalil, Just Blaze, Jim Jonsin e Boi-1da. Eis as faixas do CD que será lançado em 22 de junho de 2010:
1. Cold Wind Blows
2. Talkin' 2 Myself - com Kobe
3. On Fire
4. Won't Back Down - com P!nk
5. W.T.P.
6. Going Through Changes
7. Not Afraid
8. Seduction
9. No Love - com Lil Wayne
10. Space Bound
11. Cinderella Man
12. 25 to Life
13. So Bad
14. Almost Famous
15. Love the Way You Lie - com Rihanna
16. You're Never Over

Em baixa no hip hop, 50 Cent se inspira no soul

Com cotação já não tão alta no mercado do hip hop, o rapper norte-americano 50 Cent busca inspiração no soul. De acordo com declarações do artista, seu próximo álbum - por ora, intitulado Black Magic - tem pegada soul influenciada pelo som de Marvin Gaye (1939 - 1984) e Curtis Mayfield (1942 - 1999). A mudança de rota aconteceu quando Cent começou a compor para o disco após regressar de uma turnê pela Europa. Não há detalhes, por enquanto, do repertório do CD.

Sai no Brasil DVD que exibe Barbra em 'cabaré'

Já fazia 48 anos que Barbra Streisand não cantava num clube com ar de cabaré quando, na noite de 26 de setembro de 2009, a diva se apresentou no clube de jazz Village Vanguard, em Nova York (EUA), para reduziada plateia formada somente por amigos e fãs selecionados. Inspirado no bom álbum Love Is the Answer (2009), em que Barbra cantou envolta em ambiência jazzy burilada pela participação de Diana Krall na produção, o show íntimo foi gravado ao vivo e editado em DVD e blu-ray intitulados One Night Only - Barbra Streisand and Quartet at the Village Vanguard. Lançado em 4 de maio de 2010 nos Estados Unidos, o registro ao vivo ganha edição brasileira - via Sony Music - em DVD e blu-ray que chegam às lojas no início do mês de junho.

3 de junho de 2010

Convidados valorizam registro de DVD de Israel

Resenha de Show - Gravação de DVD
Título: 13 Parcerias com Cazuza
Artista: George Israel (em fotos de Mauro Ferreira)
Convidados especiais: André Ramiro, Dadi, Elza Soares, Fred Israel, Leo Israel, Leo Jaime, Marcelo Novaes, Ney Matogrosso, Nilo Romero, Pepeu Gomes, Os Roncadores e Sandra de Sá
Local: Canecão (RJ)
Data: 2 de junho de 2010
Cotação: * * *
Saxofonista do Kid Abelha, George Israel não nasceu com o dom do canto, embora solte a voz eventualmente em discos e shows do grupo - que volta à cena ainda em 2010 - e tenha aproveitado o hiato do trio para construir carreira solo que já contabiliza três discos. O terceiro é o recém-lançado 13 Parcerias com Cazuza, CD em que Israel reúne a maioria das músicas que fez com Cazuza (1958 - 1990). E, como a poesia vigorosa do Exagerado pede vozes igualmente fortes, Israel se cercou no disco de solistas como Sandra de Sá e Ney Matogrosso. Convidados que, em parte, compareceram à gravação do primeiro DVD solo do artista, feita no Rio de Janeiro (RJ), na noite de 2 de junho de 2010, em show no Canecão cujo roteiro enfileirou 14 parcerias de Israel com Cazuza - as 13 do CD e mais Andróide sem Par, tema cantado por George com Fred Israel, seu filho baixista. E foram justamente os convidados que deram gás a um show que iniciou morno e sem pegada - no bloco que agregou Brasil, Completamente Blue, Mina e De Quem É o Poder? (em registro suave que tirou a força dos questionamentos da letra) - e começou a esquentar com a entrada d'Os Roncadores (Gustavo Contreiras e Rodrigo Sha) em Amor, Amor. Contudo, o primeiro real bom momento do show foi Blues do Ano 2000, muito por conta da presença de Pepeu Gomes. O solo hendrixiano do guitarrista encorpou o blues, finalizado com duelo travado entre a guitarra de Pepeu e o saxofone de Israel. Na sequência, após a insossa A Inocência do Prazer (música lançada por Dulce Quental), Ney Matogrosso foi convocado ao palco e valorizou 4 Letras, como já havia feito no disco. Pena que, com a mudança da data da gravação por conta do efêmero fechamento do Canecão, Marcelo D2 não pôde comparecer no show de 2 de junho. Sua substituição pelo rapper André Ramiro prejudicou a releitura modernosa de Brasil, mesmo que Elza Soares tenha reeditado sua (boa) participação do disco. Ramiro discursa mal e improvisa pior ainda. Sem falar que errou feio a letra ao falar "desinformante" em vez de "desimportante" - como escrito por Cazuza. Da mesma forma, a intervenção de Ramiro na ginasial A Burguesia - número climático no qual Dadi, produtor do CD, tocou guitarra - foi pálida, sem a pegada de Tico Santa Cruz, convidado da música no disco. Em contrapartida, Sandra de Sá, que pouco faz no álbum por Solidão que Nada, valorizou a música no palco do Canecão num dos números mais quentes da noite. Seus vocais no refrão "Viver é bom / Nas Curvas da Estrada / Solidão que Nada" foram arrepiantes e puseram a alma de Cazuza na gravação. Já os delírios contidos na letra de Nabucodonosor foram embaçados pelo caráter performático do número, feito com adesões de Leo Jaime e do ator dublê de músico Marcelo Novaes (responsável pela gaita que imprimiu tom country-blues ao tema). Israel, os convidados de Nabucodonosor e a banda - que incluía o baterista Guto Goffi, do grupo Barão Vermelho - desceram para a plateia, finalizando a música entre as mesas do Canecão, em mise-en-scène charmosa. Enfim, Cazuza já ganhou tributos mais coesos. Ainda assim, alguns convidados - Ney Matogrosso e Sandra de Sá, em especial - contribuíram para que o balanço da noite fosse positivo.

Israel grava Cazuza com Elza, Leo, Pepeu e Dadi

Parceria de Cazuza (1958 - 1990), George Israel e Nilo Romero, lançada no primeiro disco póstumo de Cazuza (Por Aí, 1991), Andróide sem Par foi uma das duas únicas músicas incluídas por Israel na gravação de seu primeiro DVD individual que não estão presentes no recém-lançado terceiro CD solo do saxofonista, 13 Parcerias com Cazuza. A outra foi Exagerado (Cazuza, Leoni e Ezequiel Neves), o primeiro sucesso de Cazuza em carreira solo. George reviveu Exagerado em duo com Elza Soares - participação em tese apropriada, pois a cantora revelou em cena que a música teria sido feita para ela. Só que Cazuza não teria resistido à ideia de ele mesmo lançar a música e - segundo Elza - ligou para a Mulata Assanhada para avisar que tinha gravado Exagerado. Histórias à parte, Israel - visto no post em fotos de Mauro Ferreira - celebrou sua parceria com Cazuza com intervenções de convidados como Ney Matogrosso, Pepeu Gomes, Leo Jaime, Sandra de Sá, Marcelo Novaes, Dadi (produtor do CD), Nilo Romero, o rapper André Ramiro e Os Roncadores Gustavo Contreiras e Rodrigo Sha - além de Elza e de seus filhos Fred Israel (baixo) e Leo Israel (bateria). Eis o roteiro seguido na gravação do DVD, viabilizada em show no Canecão - no Rio de Janeiro (RJ) - na noite de 2 de junho de 2010:
1. Brasil
2. Completamente Blue
3. mina
4. De Quem É o Poder?
5. Amor, Amor - com Os Roncadores
6. Blues do Ano 2000 - com Pepeu Gomes, Fred Israel e Leo Israel
7. Andróide sem Par - com Fred Israel
8. A Inocência do Prazer
9. 4 Letras - com Ney Matogrosso
10. Eu Agradeço - com Nilo Romero
11. A Burguesia - com Dadi e André Ramiro
12. Você Vai me Enganar Sempre II - com Dadi e Os Roncadores
13. Nabucodonosor - com Leo Jaime e Marcelo Novaes
Bis:
14. Brasil - com Elza Soares e André Ramiro
15. Exagerado - com Elza Soares
16. Solidão que Nada - com Sandra de Sá
17. Brasil - com Elza Soares e André Ramiro (reprise I)
18. Brasil - com Elza Soares e André Ramiro (reprise II)
19. Exagerado - com Elza Soares (reprise)
20. Amor, Amor (reprise)

Cida vai de Amy a Chico na gravação de 'Dama'

Cida Moreira grava seu show A Dama Indigna nesta quinta-feira, 3 de junho de 2010. A gravação vai ser feita ao vivo no Estúdio do Gato, em São Paulo (SP), na presença de plateia formada por cerca de 40 convidados. O registro vai originar CD a ser lançado pela gravadora Lua Music no segundo semestre de 2010. No roteiro, Cida - vista em foto de Edson Nakamura - vai de Amy Winehouse (Back to Black, a bela música que deu título ao aclamado segundo álbum da cantora britânica) a Chico Buarque (Uma Canção Desnaturada), passando por Caetano Veloso (Mãe) e por pérola obscura do repertório de Roberto Carlos, Maior que o meu Amor, tema de Renato Barros que encerra o álbum lançado pelo Rei em 1970. A produção da gravação do show A Dama Indigna - já apresentado em temporada na casa Studio SP, em São Paulo (SP) - é de Thiago Marques Luiz. O CD dá a partida nas comemorações pelos 30 anos de carreira fonográfica da cantora.

É o Tchan se reúne para gravar DVD em agosto

Fenômeno de massa nos anos 90, o grupo É o Tchan vai se reunir no segundo semestre de 2010 - com seu núcleo original formado por Beto Jamaica, Compadre Washington e o dançarino Jacaré - para gravar CD e DVD sob a produção de Milton Menezes. A gravação ao vivo está prevista para ser feita em agosto, no Rio de Janeiro (RJ), em local ainda incerto. Seis dançarinas escolhidas através de testes vão completar a atual formação do grupo baiano. A ideia é inserir quatro músicas inéditas no roteiro de sucessos.

2 de junho de 2010

Ivone reitera majestade nas escritas com Bruno

Resenha de CD
Título: Nas Escritas da Vida
Artista: Dona Ivone Lara e Bruno Castro
Gravadora: High Light Records
Cotação: * * * * 1/2

Aos 89 anos, Ivone Lara reitera a majestade de seu samba ao se reunir com o jovem parceiro Bruno Castro em CD que registra a produção da dupla, iniciada em 2001 com a inclusão de Um Grande Sonho no álbum Nasci para Sonhar e Cantar, gravado pela compositora naquele ano. Não por acaso, Um Grande Sonho é a última das 12 faixas deste independente Nas Escritas da Vida. Idealizado por Bruno, que conheceu Dona Ivone em 1997 quando passou a tocar cavaquinho no grupo que toca com a artista em shows, o álbum está em sintonia com a obra fonográfica da autora de Nasci para Sofrer, tema composto por Ivone para a escola de samba Prazer da Serrinha, semente do Império Serrano, agremiação carioca que Ivone e Bruno - com a adesão do parceiro bissexto Maurício Verde - celebram no sambão No Coração de Madureira, destaque da safra elegante de Nas Escritas da Vida. O disco preserva o DNA melódico e poético da obra da autora, criada prioritariamente com Délcio Carvalho nos anos 70 e 80. Antecessor de Bruno no posto de parceiro mais frequente da rainha, Délcio se junta à dupla e figura como co-autor de Noites de Magia, faixa embebida em nostalgia e em fina melancolia. Atual "parceiro predileto" de Ivone, Bruno se aventura sozinho como cantor em Esbanjando Alegria (bela declaração de amor ao "som encantado" e "doce balanço" do banjo, instrumento essencial nos pagodes e quintais da vida carioca), Destino e Sagrado Lugar (ode à gafieira carioca Estudantina feita com a sonoridade típica de casas do gênero). Já Investida Fatal marca a feliz estreia como compositor de André Lara, neto de Ivone. "Dei-te a luz, mas tu preferes a nevasca / Tens a voz, mas tu quisestes a mordaça", lamenta Ivone nos versos desta que é uma das músicas mais bonitas do CD. Embora nada tenha mais beleza do que a sublime melodia da faixa-título, Nas Escritas da Vida. Curiosamente, ao cantar verso deste samba, Ivone sentencia prognóstico oposto ao título de seu primeiro sucesso: "Não nasci para sofrer", avisa a dama, já a caminho dos 90 anos. Em disco que exala o perfume poético típico da obra da autora, evidenciando que Bruno já se equipara ao veterano Délcio Carvalho, a dupla enaltece o poder pacificador de seu próprio samba em Divina Missão, outra pérola do rosário desfiado pelos parceiros com instrumental suave, urdido sob a direção musical de Maurício Verde. Difícil ouvir temas como Convicção Tardia, Canção em Madrigais - obra-prima composta pela dupla com a adesão de Luiz Carlos da Vila (1948 - 2009) e gravada com arranjo pontuado por piano - e Escravo da Dor e não ser invadido por um sentimento de leveza proporcionado pelo contato com repertório que persegue sempre a nobreza. E - com frequência - alcança êxito nessa divina missão!!

Baterista do Radiohead, Selway lança 'Familial'

Baterista do grupo Radiohead, Philip Selway vai lançar seu primeiro disco solo, Familial, em 30 de agosto de 2010. Produzido por Ian Davenport, o CD foi gravado com as colaborações de músicos como Glenn Kotche, baterista do grupo Wilco. By Some Miracle, Beyond Reason, A Simple Life, All Eyes on You, The Ties that Bind us, Patron Saint, Falling, Broken Promises, Don't Look Down e The Witching Hour são as 10 músicas do álbum de Selway.

Inéditas de Adriana, Lenine e Ivan em Passione

Nas lojas neste mês de junho de 2010, com a distribuição da gravadora Som Livre e a foto do ator Tony Ramos na capa, o CD com a trilha sonora nacional da novela Passione apresenta músicas inéditas de Adriana Calcanhotto (que compôs e gravou para a trama a Canção de Novela), Lenine (autor e intérprete de Aquilo que Dá no Coração, o ótimo tema ouvido na abertura da novela) e Ivan Lins (Paixão e Passione, música gravada por Thaís Gulin). Ivan também está presente na trilha com o samba A Gente Merece Ser Feliz, em gravação de 2006. Eis as 14 músicas e intérpretes do CD Passione Nacional:
1. Aquilo que Dá no Coração - Lenine
2. Crua - Otto
3. Gatinha Manhosa - Adriana Partimpim
4. Sabes Mentir - Djavan
5. Até Você Passar - Greice Ive
6. A Gente Merece Ser Feliz - Ivan Lins
7. Fogo e Gasolina - Roberta Sá
8. Canção de Novela - Adriana Calcanhotto
9. Contigo Aprendi - Ângela Maria e Cauby Peixoto
10. Vidas Inteiras - Célia
11. Paixão e Passione - Thaís Gulin
12. Cama Vazia - Rita de Cássia
13. Animal - Pedro Luís e a Parede
14. Samba Italiano - Demônios da Garoa

Israel grava ao vivo suas 'Parcerias com Cazuza'

George Israel grava ao vivo, para edição em DVD, o show 13 Parcerias com Cazuza, baseado no CD homônimo, recém-lançado pelo selo MP,B com distribuição da major Universal Music. O registro vai ser feito em apresentação no Canecão (RJ) na noite desta quarta-feira, 2 de junho de 2010. A gravação vai contar com intervenções de Elza Soares, Ney Matogrosso, Sandra de Sá, Leo Jaime e dos paralamas Bi Ribeiro e João Barone, entre outros nomes. Prevista de início para ter sido feito em 11 de maio, o registro ao vivo teve que ser adiado na ocasião por conta do fechamento do Canecão na véspera do show.

'95-07' fecha coleção 'Quarenta Anos Caetanos'

Com o lançamento da caixa 95-07, nas lojas no início deste mês de junho de 2010, fica completa - enfim!!!! - a coleção Quarenta Anos Caetanos, idealizada em 2007 para celebrar as quatro décadas de Caetano Veloso na gravadora atualmente chamada Universal Music. A quarta e última caixa embala os álbuns Fina Estampa ao Vivo (1995), Livro (1997), Prenda Minha (1998), Ommagio a Federico e Giulietta (1999), Noites do Norte (2000), Noites do Norte ao Vivo (2001), Eu Não Peço Desculpa (2002 - gravado com Jorge Mautner), A Foreign Sound (2004), (2006) e Multishow ao Vivo (2007). Como de praxe, a caixa agrega CD com 20 fonogramas avulsos da discografia do cantor, gravados em álbuns alheios. Eis a boa seleção da coletânea Que De-Lindo:
1. A Luz de Tieta - com Gal Costa e Didá Banda Feminina
- Da trilha sonora do filme Tieta do Agreste (2006)
2. Vestido de Prata - com Margareth Menezes
- Do álbum Gente de Festa (1995), de Margareth Menezes
3. Machado de Xangô
- Do álbum Saul Barbosa - Bahia, Cidade Aberta (1995)
4. Faixa de Cetim
- Do Songbook Ary Barroso (1995)
5. Céu de Santo Amaro - com Flávio Venturini
- Do CD Por que Não Tínhamos Bicicleta? (2003), de Flávio Venturini
6. Merica, Merica - com Jaques Morelenbaum
- Da trilha sonora do filme O Quatrilho (1995)
7. Pedra de Responsa - com Alcione
- Do álbum A Paixão Tem Memória (2001), de Alcione
8. Vá Morar com o Diabo - com Riachão
- Do álbum Humanenochum (2000), de Riachão
9. O Calhambeque
- Do CD 30 Anos de Jovem Guarda (1995)
10. Maluco Beleza (ao vivo)
- Do CD Uma Homenagem a Raul Seixas - O Baú do Raul (2004)
11. Meus Telefonemas - com Negra Li
- Do álbum Negra Livre (2006), de Negra Li
12. Lua de São Jorge - com Olodum
- Do álbum A Música do Olodum - 20 Anos (1999)
13. Que De-Lindo (It's De Lovely)
- Do CD Cole Porter & George Gershwin - Canções, Versões (2000)
14. Cheek to Cheek - com Cauby Peixoto
- Do álbum Cauby Canta Sinatra (1995)
15. Boa Palavra - com Maria Odette
- Do álbum Maria Odette (1997)
16. O Fundo - com João Donato
- Do Songbook João Donato (1999)
17. O Canto de Dona Sinhá - com Maria Bethânia
- Do álbum Maricotinha (2001), de Maria Bethânia
18. Você Não me Ensinou a te Esquecer
- Da trilha sonora do filme Lisbela e o Prisioneiro (2003)
19. Ó Paí, Ó - com Jauperi
- Da trilha sonora do filme Ó Paí, Ó (2007)
20. Margarida Perfumada (ao vivo) - com Timbalada
- Do CD Vamos Dar a Volta no Guetto (1998), da Timbalada

1 de junho de 2010

Zé, às vezes, consegue ser rei ao cantar Jackson

Resenha de CD
Título: Zé Ramalho Canta
Jackson do Pandeiro
Artista: Zé Ramalho
Gravadora: Discobertas
Cotação: * * * 1/2

O disco Zé Ramalho Canta Jackson do Pandeiro é uma coletânea que corteja o status de álbum por apresentar seis gravações inéditas entre seus 12 fonogramas. Rei do ritmo na Nação Nordestina, Jackson do Pandeiro (1919 - 1982) foi mestre no manejo do pandeiro e nas divisões com que encarava xaxados, cocos e xotes. Paraibano como Jackson, Ramalho nunca teve tal traquejo vocal, mas tem intimidade com o repertório e descende da linhagem nobre dos cantadores nordestinos. E é, aliás, como cantador que ele faz seu Lamento Cego (Jackson do Pandeiro e Nivaldo S. Lima), abrindo o disco com certa melancolia e sem a efervescência rítmica que se espera de um tributo a Jackson. A propósito, Lamento Cego é uma das quatro gravações produzidas em março de 2010 para a compilação ao lado de Quadro Negro, (Rosil Cavalcanti e Jackson do Pandeiro), Cabeça Feita (Sebastião Batista da Silva e Jackson do Pandeiro) e Lá Vai a Boiada (Manoel Pedro e Jackson do Pandeiro). Destaque do lote de 2010, Lá Vai a Boiada fecha o disco em tom igualmente lamentoso, remetendo ao aboio contido em Admirável Gado Novo, o maior hit de Ramalho.

Característica primordial do cancioneiro arretado de Jackson, a tal efervescência rítmica começa a saltar aos ouvidos no Forró de Surubim (José Batista e Antonio Barros) - faixa em que figura o acordeom soberano de Dominguinhos - e no Forró da Gafieira (Rosil Cavalcanti). Feitas no Rio de Janeiro (RJ) em 2005, ambas as gravações eram até então inéditas em disco. São dois registros corretos, mas que não roçam a pulsação de fonogramas mais antigos como O Canto da Ema (Ayres Viana, Alventino Cavalcante e João do Vale), produzido por José Milton em 1994 para João Batista Vale, tributo ao compositor maranhense de clássicos como Peba na Pimenta. A ema geme na gravação que contou com o acordeom e o arranjo de Sivuca (1930 - 2006). Já no medley que junta os hits Sebastiana (Rosil Cavalcanti), Um a Um (Edgard Ferreira) e Chiclete com Banana (Gordurinha e Almira Castilho) - gravado em 1992 para Brasil Nordeste, quarto volume da série Academia Brasileira de Música - é a sanfona de Genaro que comanda a festa, entrosada com a viola tocada pelo próprio Zé Ramalho. Chiclete com Banana, aliás, fica ainda mais saboroso no registro feito por Ramalho em 2002 para disco do sanfoneiro Waldonys. Completam o repertório Ele Disse (Edgard Ferreira), Casaca de Couro (Rui de Moraes e Silva) e Cantiga do Sapo (Buco do Pandeiro e Jackson do Pandeiro) em gravações feitas em 2000, 1999 e 2003, respectivamente. Enfim, Zé Ramalho não é um rei do ritmo como Jackson do Pandeiro, mas encara com desenvoltura o repertório do mestre por também ocupar lugar de honra na Nação Nordestina. E, por vezes, consegue até ser rei ao cantar Jackson...

Revitalizado, Gil faz ótima festa em disco junino

Resenha de CD
Título: na Festa
Artista: Gilberto Gil
Gravadora: Geléia Geral
/ Universal Music
Cotação: * * * * 1/2

A fé nos sons das festas de junho parece ter feito Gilberto Gil pôr fé na própria arte da composição. Nas lojas a partir desta terça-feira, 1º de junho de 2010, Fé na Festa é o melhor disco de inéditas do artista baiano desde Dia Dorim Noite Neon (1985). A qualidade exemplar dos xotes, xaxados, toadas e baiões compostos para Fé na Festa dá vigor ao álbum e revitaliza a obra de Gil, até então mais voltada para projetos retrospectivos e para tributos a ícones como Bob Marley (1945 - 1981) e Luiz Gonzaga (1912 - 1989). A alma e a rítmica nordestina do Rei do Baião, a propósito, se insinuam no CD sem impor tom saudosista a Fé na Festa. Ao contrário, Gil foca as festas de junho sob ótica sempre contemporânea. Basta ouvir O Livre-atirador e a Pegadora, xote inspirado em que o compositor aborda a pluralidade sexual que norteia as novas gerações, em diálogo espirituoso com Despedida de Solteira, o xote (não tão primoroso) de Banda Larga Cordel, o bom álbum de 2008 em que Gil se conectou à rede de tensões da vida hi-tech. Da mesma forma, Não Tenho Medo da Vida - canção transmutada em xote para se ajustar à rítmica nordestina do disco - embute questões existenciais que fazem conexão direta com Não Tenho Medo da Morte, outro tema do CD Banda Larga Cordel. Entre saboroso xaxado (Assim, Sim) e baião que aponta questões ambientais (Marmundo), Gil festeja o próprio aniversário num parabéns-baião (Vinte e Seis, com título alusivo à data de 26 de junho) e dialoga sem saudosismo com os idos tempos de São João em Estrela Azul do Céu, tema que evoca a festa idealizada de Olha pro Céu, o clássico junino de Gonzaga e José Fernandes, lançado em 1951. Tempos em que o baião era a Dança da Moda - como já anunciava no título o baião composto por Lua com Zé Dantas em 1950 e pescado por Gil no rico e vasto baú de Gonzagão. Das 13 faixas de Fé na Festa, a irresistível Dança da Moda é uma das três músicas não assinadas por Gil no CD. As outras são Aprendi com o Rei - xote em que João Silva reverencia tanto Lua quanto os músicos que animam as festas juninas e os forrós nos sertões nordestinos - e Maria Minha, delicioso xote de Targino Gondim e Eliezer Setton. Da lavra do próprio Gil com Perinho Santana e Moacyr Albuquerque, a toada Norte da Saudade - lançada em 1977 no álbum Refavela - se adequa perfeitamente ao espírito do disco, ainda que dê breve pausa na festa com clima mais ameno reiterado por Lá Vem Ela, a toada feita por Gil (com toques de baião) e letrada por Vanessa da Mata. Mas a quadrilha São João Carioca - parceria de Gil com pernambucano Nando Cordel - se encarrega de garantir a animação ao refazer a rota da festa a partir da geografia do Rio de Janeiro (RJ). É quando brilha o acordeom frenético de Toninho Ferragutti, músico que garante a pulsação da festa ao lado de Sergio Chiavazzoli (cavaquinho, guitarra baiana, banjo, viola de 12 cordas, triângulo e arranjos), Nicolas Krassic (violino e rabeca), Gustavo di Dalva (percussão), Jorginho Gomes (zabumba), Arthur Maia (baixo) e do próprio Gil (voz, violão e guitarra). No todo, Fé na Festa é arretado álbum que atenua a rouquidão da voz de Gil e se impõe como um dos melhores títulos da discografia desse talentoso aprendiz do Rei do Baião. Ponha fé!!

Marina expõe urgências a caminho do 'Clímax'

Resenha de Show
Título: Peça MPB - Marina Lima em Revista
Artista: Marina Lima (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Teatro dos Quatro (RJ)
Data: 31 de maio de 2010
Cotação: * * * 1/2
"Este não é um show novo... Ainda não é o Clímax... É um show a caminho de...", conceituou Marina Lima, logo após apresentar a inédita Doce de Nós para o público antenado que encheu o Teatro dos Quatro, no Rio de Janeiro (RJ), na noite de 31 de maio de 2010. Havia um clima de expectativa no ar. Era, afinal, a volta de Marina aos palcos cariocas - após ausência de um ano - e era também a primeira vez que seus fãs cariocas iriam conhecer ao vivo o repertório inédito que a artista já alinhava para formatar o roteiro do show Clímax, ainda sem data certa para subir à cena (cogita-se que seria em São Paulo no segundo semestre, mas, por ora, nada há de concreto). De quebra, o público ouviu Marina refazer antigas incursões pelos repertórios de Lobão (Me Chama, perfeitamente ajustada ao tom quente do show), Zélia Duncan (Tempestade, belo momento do roteiro) e Erasmo Carlos (Mesmo que Seja Eu, com pausas inusitadas que revalorizaram o número).
A expectativa foi cumprida. A caminho do Clímax, aos 54 anos, Marina expressa dores, inquietudes e urgências típicas do que se pode chamar maturidade. "Me deixe quieta com a minha solidão / A vida é minha e também meu coração / E, se você já encontrou sua parte, / Me Deixe em paz / Atrás da parte que me cabe", suplica em versos de A Parte que me Cabe, pseudo-samba em que confronta sentimentos e atitudes da juventude com as aspirações da tal maturidade. Marina já parece saber que nada será como antes. E não é. Mesmo os velhos sucessos - como Charme do Mundo (1981) e O Chamado (1993) - soaram novos, repaginados para os tempos modernos pelas programações eletrônicas urdidas pelo baixista e guitarrista Edu Martins. A voz, que ameaçou não sair no primeiro frio número, Fullgás (1984), acabou vindo para ajudar Marina a expressar toda a atitude que há em inéditas como Não me Venha Mais com Amor - primeira parceria com Adriana Calcanhoto, já em rotação em rádios de São Paulo (SP) - e também na abordagem cool de Call me, o tema gravado por Chris Montez em 1965, reminiscência da "pré-adolescência" de Marina, como ela contou no show. Ao desconstruir o ritmo da música, a cantora evidencia a pungência escondida na letra escrita por Tony Hatch na forma de recado para o ser amado em (imaginado) sofrimento.
Recado é também o que Marina manda através dos versos de Lex, inédita envolta em arranjo que evoca o som cheio de camadas do grupo inglês Radiohead. "Teus olhos cansados evocam os fados para eu não mais partir", relata Marina, expondo dor de amor vivido em Lisboa. Em Lex, ficam evidentes a firmeza e a atitude da artista. A energia posta na interpretação valoriza música que, numa primeira impressão, não reedita a inspiração melódica de tempos áureos - evocada no recente tango Três (2006). Doce de Nós deixa a mesma sensação. Mas fica boa impressão de Keep Walking, balada embebida em clima roqueiro. E, em português ou em inglês, as letras continuam invariavelmente interessantes. Até porque, em cena, com sua guitarra encorpando o som produzido pelo trio esperto, Marina Lima ainda parece ter todo o charme do mundo. Nesse show de transição, pontuado por interrupções e reclamações sobre o som, fica claro que a artista está em sintonia com os dias de hoje, driblando as limitações vocais com bravura - atestada pelo sons guturais emitidos em O Chamado - e expondo as urgências existenciais de quem tem o charme - mas já não todo o tempo... - do mundo. Marina vai chegar ao Clímax com atitude!

Marina apresenta cinco inéditas na volta ao Rio

Afastada dos palcos cariocas desde 2008, Marina Lima aproveitou a oportunidade de voltar a cantar no Rio de Janeiro (RJ) - por ter sido a artista mais votada do projeto Peça MPB - para apresentar em primeira mão aos seus conterrâneos uma das músicas inéditas, Keep Walking, que vão figurar no repertório de seu próximo disco e show, Clímax. Balada de energia roqueira, composta em inglês, Keep Walking foi uma das boas novidades do roteiro do show feito pela artista no Teatro dos Quatro, na noite de 31 de maio de 2010. A cantora - vista em fotos de Mauro Ferreira - também mostrou as inéditas Doce de Nós, Não me Venha Mais com Amor (parceria com Adriana Calcanhotto), Lex (cujo arranjo remete ao som do grupo Radiohead) e A Parte que me Cabe. Entre hits como Fullgás e Virgem, Marina arriscou ainda releitura cool de Call me, sucesso de Chris Montez em 1965. Eis o roteiro do show Marina Lima em Revista, que, ao contrário do que faz supor o título, aponta para o futuro e mostra que Marina (ainda) esbanja atitude e estilo:
1. Fullgás (Marina Lima e Antonio Cícero)
2. Doce de Nós (Marina Lima)
3. Charme do Mundo (Marina Lima e Antonio Cícero)
4. Não me Venha Mais com Amor (Marina e Adriana Calcanhotto)
5. Call me (Tony Hatch)
6. Três (Marina Lima e Antonio Cícero)
7. Me Chama (Lobão)
8. Tempestade (Zélia Duncan e Christian Oyens)
9. O Chamado (Marina Lima e Giovanni Bizzotto)
10. Keep Walking (Marina Lima)
11. Lex (Marina Lima)
12. A Parte que me Cabe (Marina Lima)
13. Virgem (Marina Lima e Antonio Cícero)
14. À Francesa (Cláudio Zoli e Antonio Cícero)
Bis:
15. Mesmo que Seja Eu (Roberto Carlos e Erasmo Carlos)
Bis 2:
16. Deixe Estar (Marina Lima e Antonio Cícero)

Sony cuida do lançamento de Gadú no exterior

Amparada no marketing da multinacional Sony Music, Maria Gadú vai ser lançada no exterior. A gravadora dona do passe da artista no Brasil, a Som Livre, anunciou esta semana o acordo firmado com a Sony Music para projetar a cantora em terras estrangeiras. Caberá a Sony gerenciar todos os projetos internacionais de Gadú, que vai gravar em outros idiomas. No Brasil, a autora e intérprete de Shimbalaiê continua sendo do elenco da gravadora Som Livre.

31 de maio de 2010

Marina alinhava o repertório inédito de 'Clímax'

Aos poucos, Marina Lima já alinhava o repertório inédito de seus próximos disco e show, Clímax. Um dos trunfos da safra é Não me Venha Mais com Amor, primeira parceria com Adriana Calcanhotto. Outra novidade é Lex, feita com inspiração em Lisboa (Lex é a sigla do maior aeroporto da capital de Portugal). Também fazem parte desse novo repertório Doce de Nós e um samba, A Parte que me Cabe. Clímax, o show, tem estreia prevista para o segundo semestre de 2010, em São Paulo (SP). Quem assina a direção é o arquiteto Isay Weinfeld. Na sequência, talvez somente em 2011, a cantora vai lançar o disco de estúdio que registra o repertório inédito lançado no show. Exatamente como Marina fez com Primórdios, o show de 2005 que originou, em 2006, o bom álbum Lá nos Primórdios.

'aLCHEMY Live', do Dire Straits, chega ao DVD

Em 23 de julho de 1983, o grupo inglês Dire Straits (1977 - 1995) tocou no Hammersmith Odeon, em Londres. A apresentação foi registrada. Intitulado aLCHEMY Live, essa gravação ao vivo do show foi lançada em disco e gerou VHS editado em 1984. É o vídeo que está sendo relançado no Brasil pela Universal Music, neste mês de maio de 2010, nos formatos de DVD (capa à esquerda) e blu-ray. O DVD rebobina dez números do show - entre eles, o hit Sultans of Swing e Going Home (tema do filme Local Hero) - e exibe nos extras takes de duas apresentações feitas pela banda de Mark Knopfler para a TV inglesa. Além de especial sobre o grupo, gravado também para a TV britânica em 1980. Enfim, aLCHEMY Live é documento do Dire Straits na fase pré-Brothers in Arms, o álbum blockbuster de 1985 que elevou (ao máximo!) a cotação da banda no mercado.

Backstreet anuncia sua saída 'amigável' da Jive

Grupo que nunca conseguiu se livrar do estigma de ter sido explorado como boyband pela indústria fonográfica, o Backstreet Boys anunciou em seu site oficial o desligamento da Jive Records, a gravadora que o lançou em 1995. De acordo com o comunicado, a ruptura foi amigável. Pela Jive, os boys editaram seus discos até 2009 - o ano em que saiu o último álbum do quarteto, This Is Us.

Após seis anos, Orbital lança repertório inédito

Duo inglês de música eletrônica que foi reativado em 2009, quando celebrou duas décadas de sua criação com a coletânea dupla 20, Orbital se prepara para lançar o primeiro material inédito em seis anos. Trata-se de single com duplo lado A que apresenta as músicas The Gun Is Good e Don't Stop me. O single vai ser editado em formato digital em 20 de junho de 2010 e, na sequência, chega às lojas da Inglaterra em edição física. O último disco com repertório inédito do Orbital foi Blue Album (2004).

30 de maio de 2010

Alcione, Gal e Zeca animam bom arraial de Gil

Resenha de CD
Título: São João Carioca
Artista: Gilberto Gil
Convidados: Alcione, Gal Costa, Mart'nália, Preta Gil,
Vanessa da Mata e Zeca Pagodinho (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Quina Boa Vista (RJ)
Data: 29 de maio de 2010
Cotação: * * * 1/2

Ápice do evento São João Carioca, criado com intuito de se estabelecer no calendário junino do Rio de Janeiro (RJ), o show comandado por Gilberto Gil na Quinta da Boa Vista, na noite de 29 de maio de 2010, teve momentos arretados. Sem se intimidar com o fato de estar cantando para multidão ávida por sucessos, Gil apresentou em primeira mão boa parte do inspirado repertório inédito composto para o CD Fé na Festa, nas lojas a partir de 1º de junho. Mas teve a perspicácia de intercalar as novas músicas com clássicos infalíveis do repertório de Luiz Gonzaga (1912 - 1989), vitalício rei do baião e das festas de junho. Entre petardos como Respeita Januário e Qui Nem Jiló, ambos da lavra de Lua com Humberto Teixeira (1915 - 1979), Gil recebeu convidados inusitados no universo das quadrilhas. Alcione, Gal Costa e Zeca Pagodinho brilharam em especial e ajudaram a manter o pique e a animação do show. Cria do Maranhão, a Marrom entrou de cara no tom arretado do Forró do Xenhenhém (Cecéu), conservou o pique no Pagode Russo (Luiz Gonzaga e João Silva) e caiu bem no Frevo Mulher (Zé Ramalho). Tão à vontade na festa quanto Gal. Logo que começou a perguntar De Onde Vem o Baião? (Gilberto Gil) com seu cristal luminoso, Gal mostrou que está em forma, pronta para voltar à cena e ao disco. Fato reiterado pela explosiva Festa do Interior, turbinada com acordes de guitarra baiana. Já Zeca encarou Sebastiana (Rosil Cavalcanti) - o coco-xaxado que consagrou Jackson do Pandeiro (1919 - 1982) em 1953 - como se estivesse no fundo de um quintal regado ao melhor samba do Rio.

Mart'nália e Preta Gil fizeram o que se espera delas. Marota, a filha de Martinho da Vila encarnou o malandro carioca à moda junina, cortejando o anfitrião no compasso do xote Eu Só Quero um Xodó (Dominguinhos e Anastácia). Em seguida, já no clima, pôs roupa nordestina no samba Cabide (Ana Carolina). Com mais presença do que voz, Preta também recorreu a um tema de Ana Carolina - Sinais de Fogo, contribuição de Ana e Antonio Villeroy para seu primeiro disco - antes de entrar com a ajuda de seu pai no rítmico beco nordestino em que se abriga Madalena (Gilberto Gil). Pena que Vanessa da Mata desafinou o coro dos contentes. Ela e Gil se desencontraram em Lá Vem Ela, primeira parceria da convidada com o anfitrião. Parece que cada um tem entendimento próprio da música gravada por Gil em Fé na Festa como serena toada que eventualmente se insinua transmutar em baião. Na sequência, Mata engatou o hit Ai, Ai, Ai... em ritmo de quadrilha sem de fato contagiar. No fim, todos reverenciaram Gonzagão. Olha pro Céu (Luiz Gonzaga e José Fernandes) tinha tudo a ver com o clima da noite. Mas Asa Branca voou baixo demais - efeito da confusão que geralmente se instala em números coletivos apresentados sem ensaio suficiente. No todo, o arraiá de Gil foi bonito e se armou com agilidade. Valeu a pena ter fé na festa do São João Carioca.

Gonzaga pontua o roteiro do 'São João Carioca'

Referência máxima dos ritmos nordestinos que animam as festas juninas, Luiz Gonzaga (1912 - 1989) foi compositor recorrente no roteiro do show comandado por Gilberto Gil no encerramento do São João Carioca, evento que levou estimadas 200 mil pessoas à Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro (RJ), durante a tarde e a noite de 29 de maio de 2010. Gil - visto em foto de Christian Rôças, extraída da página do cantor no Flickr - recebeu Gal Costa, Zeca Pagodinho, Alcione, Preta Gil, Vanessa da Mata e Mart'nália. E não foi por acaso que, ao fim do show, todos os convidados se reuniram para cantar Asa Branca, clássico dos clássicos do repertório do Rei do Baião, autor de outras seis músicas do roteiro e intérprete original do Baião da Penha, o tema de David Nasser e Guio de Moraes que gravou em 1951 e que Gil recordou no arraial. Eis o roteiro seguido por Gil (e seus convidados) no show-evento apresentado por Serginho Groisman:
1. Fé na Festa (Gilberto Gil)
2. A Dança da Moda (Luiz Gonzaga e Zé Dantas)
3. Sinais de Fogo (Ana Carolina e Totonho Villeroy) - com Preta Gil
4. Madalena (Gilberto Gil) - com Preta Gil
5. Respeita Januário (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira)
6. Xote das Meninas (Luiz Gonzaga e Zé Dantas)
7. Eu Só Quero um Xodó (Dominguinhos e Anastácia) - com Mart'nália
8. Cabide (Ana Carolina) - com Mart'nália
9. O Livre-Atirador e a Pegadora (Gilberto Gil)
10. Estrela Azul do Céu (Gilberto Gil)
11. Lá Vai Ela (Gilberto Gil e Vanessa da Mata) - com Vanessa da Mata
12. Ai, Ai, Ai... (Vanessa da Mata e Liminha) - com Vanessa da Mata
13. Qui Nem Jiló (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira)
14. Expresso 2222 (Gilberto Gil)
15. Forró do Xenhenhém (Cecéu) - com Alcione
16. Pagode Russo (Luiz Gonzaga e João Silva) - com Alcione
17. Frevo Mulher (Zé Ramalho) - com Alcione
18. Baião da Penha (David Nasser e Guio de Moraes)
19. De Onde Vem o Baião (Gilberto Gil) - com Gal Costa
20. Festa do Interior (Moraes Moreira e Abel Silva) - com Gal Costa
21. Óia Eu Aqui de Novo (Antônio de Barros)
22. Sebastiana (Rosil Cavalcanti) - com Zeca Pagodinho
23. Verdade (Nelson Rufino e Carlinhos Santana) - com Zeca Pagodinho
24. Deixa a Vida me Levar (Serginho Meriti e Eri do Cais) - com Zeca Pagodinho
25. Olha pro Céu (Luiz Gonzaga e José Fernandes) - Todos
26. Asa Branca (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) - Todos

Gal faz sua festa do interior no São João de Gil

Um ano depois de ter retornado aos palcos cariocas em show da cantora norte-americana Dionne Warwick, Gal Costa voltou a cantar no Rio de Janeiro (RJ). Com seu cristal ainda luminoso, a cantora marcou bela presença no arraial comandado por Gilberto Gil na Quinta da Boa Vista, no encerramento do evento São João Carioca. Uma das convidadas mais esperadas do show coletivo apresentado na noite de 29 de maio de 2010, Gal estava à vontade no clima junino, cantando na companhia do cantor De Onde Vem o Baião? - tema do próprio Gil que gravou em seu álbum Água Viva (1978). Na sequência, a cantora acelerou o pique ao fazer sua Festa do Interior no São João de Gil. O frevo de Moraes Moreira e Abel Silva - lançado pela artista com sucesso nacional no álbum Fantasia (1981) - foi apimentado com o tempero da guitarra baiana. Gal - vista com Gil em foto de Christian Rôças, extraída da página do cantor no Flickr - ajudou a animar a festa.