17 de novembro de 2007

Caixa expõe fase em que 'El Rey' perde a coroa

Resenha de caixa de CDs
Título: Pra Sempre em Espanhol Volume 02
Artista: Roberto Carlos
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * 1/2

A edição do volume dois da caixa Pra Sempre em Espanhol - com mais onze álbuns feitos por Roberto Carlos para o mercado fonográfico de língua hispânica - expõe forçosamente fase em que El Rey começou a perder a coroa, ainda que continue entronizado na preferência popular por súditos de pouca ambição estética. A caixa abriga onze discos lançados no exterior entre 1982 e 1993 - todos onze inéditos no Brasil. Foi justamente a partir da primeira metade da década de 80 que a obra romântica de Roberto perdeu o brilho da década de 70 - período de grande inspiração, mesmo que sua música de sensualidade calculada já não tivesse a aura de rebeldia da Jovem Guarda e já soasse embranquecida, sem o tom negro do soul que tingiu a fase de maior inspiração do compositor (entre 1968 e 1971, os anos de firme transição para a maturidade).

Para colecionadores da obra fonográfica do cantor, a caixa exibe grande alto valor documental. Os onze discos escondem músicas gravadas exclusivamente para o mercado latino e nunca incluídas nos álbuns brasileiros de Roberto Carlos. No entanto, trata-se de músicas menores que nada acrescentam ao repertório do cantor. São de autoria de Roberto Livi, o produtor de alguns discos feitos por Roberto em espanhol naquela fase de inspiração rala. Somente súditos muito fiéis poderão encontrar algum prazer na audição de temas como Tristes Momentos (do álbum Volver, de 1988), Me Has Echado al Ouvido e Poquito a Poco (ambas do disco Pájaro Ferido, de 1990). Inclusive porque os arranjos pasteurizados da época já encobrem qualquer eventual traço forte dessas canções.

Em que pesem eventuais variações de repertório, os onze discos são cópias (mais ou menos fiéis) dos álbuns lançados pelo Rei no Brasil no ano anterior. As insossas capas são inclusive similares. A propósito, como nas cinco boas caixas anteriores da coleção Pra Sempre, todos os discos são embalados em graciosas miniaturas das capas dos LPs originais. Um mimo real que valoriza a caixa, embora o repertório de inspiração rala ouvido nos onze títulos de Pra Sempre em Espanhol Vol. 02 dilua a importância destes discos na obra internacional de Roberto Carlos. A partir de 1982, as emoções nunca mais foram as mesmas para súditos de El Rey...

Fafá grava tema romântico para trilha de novela

Depois de regravar Raça em dueto com Milton Nascimento para a trilha sonora da novela Caminhos do Coração, Fafá de Belém registrou outra música para a seleção musical do folhetim em que encarna a palhaça Ana Luz (na foto, a intérprete com figurino da personagem). Trata-se de Grande Amor, parceria de Toni Garrido com Tiago Santiago, o autor da novela. O tema romântico é tocado nas cenas do casal protagonista, Marcelo e Maria, encarnado pelos atores Leonardo Vieira e Bianca Rinaldi. A trilha da novela vai ser editada pela Sony BMG, que distribui os CDs de novelas da Record.

Elali faz dueto com Fábio Jr. e verte Gonzagão

Em seu segundo CD, De Corpo e Alma Outra Vez, Marina Elali faz dueto com Fábio Jr. na faixa Só com Você e arrisca versão em inglês de O Xote das Meninas, um dos maiores sucessos da parceria de Luiz Gonzaga com Zé Dantas (Zé é avô da cantora). A versão foi intitulada All She Wants. Outras músicas do disco são Me Faça Mais Feliz, Já É, A Hora É Essa, Talvez e Me Tira do Ar. A faixa Eu Vou Seguir faz parte da trilha sonora nacional da novela Sete Pecados - em exibição às 19h na Rede Globo. É o tema da personagem de Gabriela Duarte. O CD de Elali sai pela Som Livre.

Chega ao DVD vídeo feito por Costello em 1997

Editado originalmente no velho formato de VHS, Elvis Costello Live - A Case for Song, vídeo de 1997, chega ao DVD pela Warner Music com a adição de seis músicas. O roteiro reúne 20 números. O áudio é 2.0. Filmado na BBC de Londres, o vídeo exibe Elvis Costello em diversas formações. Ele se apresenta sozinho, se junta ao trio The Atractions, canta com as cordas do Brodsky Quartet e se une ao While City Septet. Eis o repertório do DVD Elvis Costello Live - A Case for Song, editado no Brasil:

1. Little Atoms
2. Pump It Up
3. Why Can't a Man Stand Alone?
4. You Bowed Down
5. Temptation
6. Veronica
7. Indoor Fireworks
8. Pills and Soap
9. I Almost Had a Weakness
10. The Birds Will Still Be Singing
11. God Only Knows
12. Upon a Veil of Midnight Blue
13. Almost Blue
14. All This Useless Beauty
15. Shipbuilding
16. Riot Act
17. Man out of Time
18. Complicated Shadows
19. It's Time
20. I Want to Vanish

16 de novembro de 2007

Ana Carolina grava 'Dois Quartos' ao vivo em SP

Ana Carolina (em foto de Lu Yoshikawa) vai fazer em São Paulo o registro ao vivo de seu show Dois Quartos, que estreou em 15 de junho de 2007 em Belo Horizonte (MG), com direção de Monique Gardenberg. A gravação do DVD vai ser concretizada no Credicard Hall, nas apresentações agendadas para 23, 24 e 25 de novembro. No roteiro do show, Três - música de Marina Lima, inédita na voz de Ana. Outras novidades do repertório (quase todo autoral) são Fever (o clássico que foi regravado inclusive por Madonna) e Eu Sou Melhor que Você, do trio Moreno + 2. Vai sair em CD e DVD.

Ivan Lins rebobina obra em 'Saudades de Casa'

Saudades de Casa é o título do CD e DVD que Ivan Lins vai lançar em dezembro com regravações de sua obra autoral, feitas nos moldes dos arranjos apresentados em suas turnês estrangeiras. A novidade é Debruçado - parceria inédita com Gonzaguinha, composta em 1969. No repertório, gravado ao vivo em estúdio, há músicas como Acaso, Amar Assim, Daquilo que Eu Sei, Depende de Nós, Deus É Mais e a faixa-título, Saudades de Casa, composta no Japão nos anos 80. Detalhe: o filho de Gonzaguinha, Daniel Gonzaga, participa de Debruçado. O CD e DVD Saudades de Casa serão editados pela gravadora Indie Records com outra inédita - Boa Nova - feita por Ivan com Celso Viáfora e Beto Betuk.

Cláudia promove nova música e grava na praia

Foi agendada para 17 de fevereiro de 2008 - em show na praia de Copacabana (RJ) - a gravação do terceiro DVD do Babado Novo. Até lá, a cantora Cláudia Leitte (em foto de Washington Possato) promove nova música, Exttravasa, composta pela artista com o trio Casulo (integrado por Zeca Brasileiro, Sérgio Rocha e Adson Tapajós). A gravação inédita - que pode ser ouvida no site oficial do Babado Novo - conta com a participação do rapper Michael Mutti. A intenção é que Exttravasa se torne o hit de Cláudia no verão e aqueça a gravação do DVD na praia de Copacabana. Aliás, a trajetória da cantora ganha cada vez mais vida própria e já não será surpresa se Cláudia Leitte partir em breve para carreira solo.

Warner repõe na loja raro álbum ao vivo de Rice

Gravado em 2003 na Inglaterra, mas lançado apenas em edição limitada, o (obscuro) álbum ao vivo do cantor e compositor irlandês Damien Rice, Live From the Union Chapel (capa à direita), vai ser relançado de maneira mais ampla e convencional pela Warner Music. O disco chegará às lojas da Inglaterra, Irlanda e dos Estados Unidos no ínicio de dezembro. No Brasil, o álbum vai ser lançado primeiramente em formato digital. Traz músicas de O, o belo disco que projetou Rice graças ao hit The Blower's Daughter.

15 de novembro de 2007

Cidade do Samba deixa cinco duplas fora do CD

Grande produto inaugural do selo Zeca Pagodiscos, o CD e o DVD Cidade do Samba já estão chegando às lojas com distribuição da EMI Music. Gravado ao vivo em 4 e 5 de setembro de 2007, o projeto dá continuidade à bela série de discos Casa de Samba, idealizada por Max Pierre nos anos 90. O repertório é formado por regravações de sucessos do samba nas vozes de 23 (inusitadas) duplas. Só que cinco ficaram fora do CD por questão de espaço (o show dura 96 minutos). Os números de Dona Ivone Lara & Nilze Carvalho (Acreditar), Walter Alfaiate & Negra Li (Jura), Nelson Sargento & Teresa Cristina (Agoniza mas Não Morre), Arlindo Cruz & Sandra de Sá (Casal Sem Vergonha) e Dorina & Almir Guineto (Mel na Boca) entraram somente no DVD (capa acima à esquerda). Os extras incluem o making of do show.

No Tom
* Daniela Mercury & João Bosco - 'De Frente pro Crime' com musicalidade e grande interação entre os cantores
* Dudu Nobre & Chorão - Samba-rap em 'Posso até me Apaixonar' flagra Chorão bem à vontade em outra praia
* Gilberto Gil & Marjorie Estiano - 'Chiclete com Banana' e com o pique elétrico (e incendiário...) do velho baiano
* Roberto Silva & Roberta Sá - Suingue verdadeiro na 'Falsa Baiana' confirma a graciosidade da bela cantora

Fora do Tom
* Ivete Sangalo & Juan Luis Guerra - Estranho porto-riquenho no ninho do samba em 'Não Tenho Lágrimas'
* Velha Guarda da Portela & Vanessa da Mata - Faltou real interação para reviver 'Onde a Dor Não Tem Razão'
* Leci Brandão & Casuarina - Uma 'Aquarela Brasileira' pintada com espontaneidade, mas sem cores vibrantes
* Zeca Pagodinho & Martinho da Vila - A união dos dois bambas pedia samba mais inspirado do que 'Mulheres'

Gota d'Água é a encenação da tragédia nacional

Resenha de Musical
Título: Gota d'Água
Autor: Chico Buarque e Paulo Pontes
Diretor: João Fonseca
Elenco: Izabella Bicalho, Thelmo Fernandes, Lucci
Ferreira, Kelzi Eckard, Karen Coelho, Pedro Lima, Lilian
Valeska, Sheila Mattos, Luca de Castro e André Araújo
(em foto de Paula Kossatz)
Em cartaz: Teatro Glória (RJ), até 16 de dezembro.
Quinta-feira a sábado, às 20h. Domingo, às 19h. R$ 25.
Cotação: * * * 1/2

Musical escrito por Chico Buarque em parceria com Paulo Pontes (1940 - 1976), Gota d'Água ganhou histórica montagem original em 1975, com Bibi Ferreira à frente, na pele da amarga Joana - a Medéia brasileira que, por ódio e por desespero, decide se vingar do amante sambista (Jasão) que a abandonara para se casar com a filha do dono de um conjunto habitacional da periferia. Tanto pelo primoroso texto escrito em versos como pelas boas músicas (em especial, Bem Querer, Basta um Dia e a intensa canção que batiza o musical), Gota d'Água ainda resiste como um dos títulos mais fortes da dramaturgia tupiniquim. Bem mais do que trazer o texto clássico de Eurípedes para a dura realidade nacional, os autores transpuseram para o palco a própria tragédia brasileira que pulsa firme nos bolsões de pobreza e injustiça social que corroem o país.

A remontagem de Gota d'Água, ora encenada por João Fonseca no palco do Teatro Glória, no Rio de Janeiro, desafia a densa aura mitológica que insiste em cercar a produção original de 1975, que durou até 1980. Trinta e dois anos depois da consagração de Bibi (existiu montagem paulista que passou brevemente pelo Rio, em 2006), Joana reapareceu nos palcos cariocas na pele de Izabella Bicalho, atriz que compensa a pouca idade para a personagem- a caracterização é insuficiente para torná-la uma quarentona - com a alta voltagem emocional necessária para encarnar o papel. Uma iluminação quente realça o (permanente) estado de ebulição em que se debatem os moradores e - em particular - a trágica Joana.

O numeroso elenco pulsa harmonioso no ritmo da música forte e atemporal de Chico Buarque. E o diretor João Fonseca tomou até a liberdade de acrescentar dois sucessos do compositor - Partido Alto (de 1972) e O Que Será - À Flor da Pele (de 1976) - que não constam do texto original, mas que se adequam perfeitamente ao universo da história. Partido Alto abre a encenação em intrincado jogo vocal que envolve todo o elenco. Mais tarde, O Que Será (À Flor da Pele) pontua a tensão da narrativa, ficando o ator e cantor Pedro Lima com a ingrata tarefa de reproduzir a divina introdução vocal da gravação original de Milton Nascimento, realizada para o disco Geraes (1976). Pedro Lima, assim como Thelmo Fernandes (Creonte), valoriza elenco homogêneo que contribui para o êxito da encenação. Há equilíbrio entre protagonistas e coadjuvantes.

No todo, Gota d'Água resiste muito bem nessa remontagem que, a despeito de uma ou outra liberdade poética, tem vigor e honra o musical de Chico Buarque e Paulo Pontes. É o Brasil real em cena.

Bethânia reencontra Melodia em show do bem

Resenha de show
Título: A Força do Bem em Maria Bethânia e Luiz Melodia
Artista: Maria Bethânia e Luiz Melodia
Data: 14 de novembro de 2007
Local: Vivo Rio (RJ)
Cotação: * * * *

Coube a Maria Bethânia lançar Estácio Holly, Estácio - uma das pérolas negras do repertório inicial de Luiz Melodia. A gravação original do samba foi feita pela cantora para o álbum Drama, de 1972. Após trinta e cinco anos, os belos caminhos de Bethânia e Melodia se cruzaram novamente em show promovido pela atriz Isabel Fillardis em nome de sua ONG A Força do Bem. Depois de Bethânia abrir a noite com um roteiro que misturou números dos shows Maricotinha, Brasileirinho, Tempo Tempo Tempo Tempo e Dentro do Mar Tem Rio, Melodia apareceu no palco. Juntos e entrosados, os dois cantores recordaram Estácio Holly, Estácio (num registro terno e sensual), Gente Humilde (com ritmo suave, pontuado pelo violão e pelo piano) e um samba irresistível de Ary Barroso, Rio de Janeiro (Isto É o meu Brasil), lançado em 1950. Neste terceiro e último número, Melodia pegou o pandeiro e sambou no palco ao lado de uma Bethânia mais solta, sem a leve tensão perceptível em Estácio Holly, Estácio. Enfim, um encontro histórico que valeu a noite e o show organizado em nome do bem.

Violonista, Chico solta a sua voz em 'Saraivada'

O ótimo violonista Chico Saraiva decidiu soltar sua voz. Ele canta em seu terceiro disco, Saraivada, editado pela Biscoito Fino. O músico se lança como cantor em repertório que inclui parcerias inéditas com Paulo César Pinheiro (Canto de Rei, Estrela do Oriente e a bela Na Virada da Costeira) e Luiz Tatit (Sombra e O Tamanho da Tristeza). Com seu xará Chico César, Saraiva assina Pássaro-Flor, uma das 13 músicas do CD Saraivada. Coco, Ponto e a faixa-título são instrumentais.

14 de novembro de 2007

Quarto CD de Alicia sai em dezembro no Brasil

Quarto álbum de Alicia Keys, lançado esta semana nos EUA e Europa, As I Am vai chegar ao Brasil em dezembro numa edição dupla que agrega CD e DVD. O CD reúne 13 músicas inéditas e conta com adesões de John Mayer e Linda Perry, a compositora da música The Thing about Love. Já o DVD exibirá imagens da filmagem do clipe de No One - o primeiro single - e da gravação do álbum. Eis as 14 faixas do CD As I Am, editado pela gravadora Sony BMG:

1. As I Am (intro)
2. Go Ahead
3. Superwoman
4. No One
5. Like You'll Never See me Again
6. Lesson Learned - com John Mayer
7. Wreckless Love
8. The Thing about Love
9. Teenage Love Affair
10. I Need You
11. Where Do We Go from Here
12. Prelude to a Kiss
13. Tell You Something (Nana's Reprise)
14. Sure Looks Good to me

'Brave' não deverá reerguer Jennifer no mercado

Resenha de CD
Título: Brave
Artista: Jennifer Lopez
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * *

Já em queda livre no mercado fonográfico que a acolheu bem (em 1999), Jennifer Lopez não deverá se reerguer com o seu sexto álbum, Brave. Trata-se do segundo disco da atriz e cantora em 2007. Em março, Jennifer lançou Como Ama una Mujer, seu primeiro disco em espanhol, pautado por um romantismo água-com-açúcar que, com tom mais dançante, reaparece em várias faixas de Brave - em especial, em Stay Together e em Forever. Em vez de baladas melosas, a artista aposta nas batidas sintetizadas de rthythm and blues com rap. Só que o álbum soa repetitivo e perde o pique ao longo de suas trezes faixas. Duas músicas são legais: Do It Well (faixa eleita o primeiro single, rebobinada no fim do disco com gravação-bônus que traz o rapper Ludacris) e, sobretudo, Hold It Don't Drop It, que lembra os melhores momentos de Beyoncé Knowles, outra que parece ter pedido fôlego no mercado norte-americano. Há alguns momentos razoáveis em Brave como Gotta Be There, faixa que traz sample de I Wanna Be Where You Are, sucesso da fase infantil de Michael Jackson. Contudo, o CD sinaliza que Jennifer Lopez vai gerar mais notícia com o nascimento de seu primeiro filho - ela está grávida do cantor e produtor Marc Anthony - do que com sua música rala.

Warner testa formato MVI com álbum de Blunt

Na ânsia de recuperar o paraíso perdido para os piratas, a Warner Music decidiu testar novo formato de mídia com o segundo álbum de James Blunt, All the Lost Souls. Trata-se do MVI - sigla que designa Music Video Interactive. A edição dupla de All the Lost Souls que inaugura o formato inclui o CD convencional e o disco de MVI, que possibilita a audição do álbum com o áudio 5.1 típico dos aparelhos de DVD. Aliás, crucial aviso aos navegantes: o MVI roda somente em aparelhos de DVD, em CD-rom de computadores e em consoles de videogames, sendo rejeitado pelos CD-players.

No caso de All the Lost Souls, a Warner turbinou o MVI com o making of do álbum de Blunt, o clipe da música 1973, o trailler do documentário Return to Kosovo, galeria de fotos e wallpapers. Na seqüência, a gravadora vai lançar álbuns de nomes como Rush e Simple Pan no novo formato. Que, a rigor, nem é tão novo assim...

Mart'nália reconta a História através do samba

O próximo projeto fonográfico de Mart'nália é um disco de caráter educacional que reúne regravações de sambas históricos. Por ora intitulado A História do Brasil através do Samba, o CD vai ser lançado em 2008. Primeiramente, vai ter distribuição dirigida a instituições públicas ligadas ao ensino. Na seqüência, a Biscoito Fino - a gravadora da artista desde 2004 - põe o álbum nas lojas.

13 de novembro de 2007

Gil registra inéditas na frente de CD de sambas

Gilberto Gil tinha anunciado a intenção de gravar disco de sambas assim que saísse do Ministério da Cultura. Mas o próximo projeto fonográfico do artista - que deverá deixar o Ministério em 2008 - será o registro de músicas inéditas que talvez nem sejam lançadas no formato de CD, mas disponibilizadas na internet. Entre as quais, Olho Mágico e o xote Despedida de Solteira. Gil pretende regravar duas recentes parcerias com Jorge Mautner lançadas no último CD de Mautner, Outros Viram e Os Pais, e Não Grude, Não - a música que fez para a trilha do filme O Homem que Desafiou o Diabo.

Baladas emocionais sustentam solo de Lennox

Resenha de CD
Título: Songs of Mass
Destruction
Artista: Annie Lennox
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * *

Em seu quarto álbum em 15 anos de carreira solo, Annie Lennox remonta a atmosfera emocional (sombria) de seu último disco, Bare, de 2003. Com o brilho da era áurea, a voz da cantora enobrece temas de cunho pessoal e até feminista. Em sua maioria, baladas - como Fingernail Moon. Nem todas as músicas, porém, estão à altura das letras. A melhor é Dark Road, a canção que abre este disco que evoca o tecnopop do duo Eurythmics em Coloured Bedspread e que reúne estelar coro feminino (Angélique Kidjo, Bonnie Raitt, Celine Dion, Dido, Gladys Knight, Joss Stone e Madonna, entre outras) em Sing - faixa de cunho político, gravada em benefício das mulheres africanas portadoras do vírus da Aids. Só que, coro por coro, o de Ghosts in my Machine - de inspiração gospel - é bem mais imponente e valoriza o quarto solo de Annie Lennox. Um bom álbum, sustentado por baladas de espírito dark.

Santos bate o tambor do congado em ótimo CD

Resenha de CD
Título: Iô Sô
Artista: Sérgio Santos
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *

Com alguma carga de ancestralidade, a voz de Dori Caymmi abre este CD idealizado por Sérgio Santos com inspiração no congado, o ritmo de origem africana que proliferou na sua nação mineira. Não há ranços folclóricos nessa incursão do compositor pelo congado. O piano de André Mehmari em Senhora do Rosário - tema inspirado no candombe, o ritual do congado em que os antepassados são reverenciados com o bater dos tambores - já sinaliza que não houve intenções ortodoxas nesta pesquisa do artista. E o fato é que Iô Sô reafirma a grandeza de Sérgio Santos, espécie de Guinga das Geraes. Inclusive o grande letrista que põe versos em algumas boas melodias de Santos - Marimba, Falange e Congadeiro, entre outras - é o mesmo Paulo César Pinheiro que já foi parceiro de Guinga. Comparações à parte, Sérgio Santos bate tambor com o auxílio luxuoso da voz de Joyce - em A Caixa Bateu - e apresenta vigorosa safra de canções. Destaques do repertório, Toada Cabocla e Carreiro de São Thiago são ótimos exemplos da inspiração profícua deste compositor que merece ser mais ouvido (e mais gravado). Ainda que pareça pertencer a um outro tempo...

A eterna magia de Bruce com a E-Street Band

Resenha de CD
Título: Magic
Artista: Bruce
Springsteen
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * * * 1/2

E a (eterna) magia se fez mais uma vez. A reunião de Bruce Springsteen com sua E-Street Band rendeu um dos melhores discos do ano. Sem procurar reinventar seu som, embora Magic evoque tanto o rock dos anos 70 feito por Bruce quanto o grunge de bandas dos 90 como Pearl Jam, o artista apresenta álbum que se situa no mesmo alto nível de clássicos de sua discografia como Born to Run (1975). A influência do grunge aparece em Radio Nowhere, o ótimo rock que abre o CD. Efeito da boa produção de Brendan O' Brien, cujo currículo inclui trabalhos com o grupo de Eddie Vedder. Mas, a despeito dessa (leve) influência, Magic é - acima de tudo - um típico (grande!!!) álbum de Bruce Springsteen.

A perenidade da química de Bruce com a E-Street não surpreende. O último encontro do cantor com a banda, em 2002, gerou outro grande álbum do Boss, The Rising, espécie de inventário sobre os escombros emocionais de 11 de setembro. Magic tem um tom menos reflexivo, embora igualmente desesperançoso. Através de doze inéditas (há uma canção escondida após as 11 faixas oficiais), Bruce transita tanto pelo rock quanto por com baladas românticas de inspiração folk como I'll Work for your Love e a faixa-título, de caráter mais ralo. Temas como You'll Be Comin' Down e Livin' in the Future reafirmam a ótima forma deste artista quase sessentão. Magic exala sensibilidade, inclusive na faixa escondida, Terry's Song, a pungente ode à amizade dedicada a Terry Magovern, que trabalhou com o Chefe por 23 anos e faleceu em julho. Belo fecho.

12 de novembro de 2007

Disco 'Clube da Esquina' é recriado por cantoras

Roberta Sá (à direita em foto de Luciana Tancredo) integra o time feminino de intérpretes convocadas para regravar músicas do Clube da Esquina, disco duplo lançado por Milton Nascimento e Lô Borges em 1972 com o típico espírito gregário do (homônimo) movimento musical que propagou o som das Geraes no começo da década de 70. Com aval do próprio Milton, o produtor Guto Graça Mello já convidou intérpretes como Céu, Ivete Sangalo, Luiza Possi, Maria Rita, Mariana Baltar, Shirle de Moraes e Vanessa da Mata para regravar doze músicas do álbum em CD e em DVD que serão editados em 2008 pela gravadora EMI Music. Nem todas aceitaram ainda. O lançamento está sendo arquitetado em sintonia com as reedições, pela EMI, dos álbuns Clube da Esquina e Clube da Esquina 2, que voltarão ao mercado fonográfico reunidos numa luxuosa caixa e remasterizados por João Marcelo Bôscoli. O box vai sair este ano.

EMI brasileira importa DVD que restaura Help!

A EMI brasileira decidiu importar para comercializar no mercado nacional o farto DVD duplo que restaura Help!, o segundo filme dos Beatles, lançado em 1965 com direção de Richard Lester, o mesmo que pilotou a estréia dos Fab Four no cinema em 1964 com A Hard Day's Night, rebatizado Os Reis do Iê-Iê-Iê na tradução em português do Brasil. Disponível no exterior desde 5 de novembro, o DVD de Help! traz um segundo disco apenas com extras. The Beatles in Help é making of que mixa declarações antigas dos Beatles com depoimentos atuais do diretor (e de atores da produção). Já The Restauration of Help mostra como os técnicos aprimoraram o som e as imagens desta comédia surrealista que descamba até para o pastelão. Memories of Help, o outro documentário, reúne depoimentos nostálgicos de profissionais envolvidos na produção do longa-metragem, filmado em cores. Os extras incluem ainda traillers promocionais exibidos no lançamento deste filme que sedimentou o reinado dos Beatles.

Especial de TV de 1970 ganha edição em DVD

Em 4 de fevereiro de 1970, o produtor de televisão Ralph J. Gleason filmou no palco do Family Dog, em São Francisco (EUA), shows do guitarrista Santana e das bandas The Grateful Dead - então com sua formação original que incluía o bom cantor Ron Pigpen McKernan - e Jefferson Airplane. Intitulado A Night at the Family Dog, o especial de TV ganhou uma edição em DVD que chega ao Brasil via ST2. O show - que culmina com jam session de 15 minutos que junta Santana, Jerry Garcia e outros - é vendido como um retrato da cena efervescente de São Francisco na virada dos anos 60 para os 70. Tem valor histórico.

k.d. Lang mostra 'Watershed' em 5 de fevereiro

O novo álbum de k.d. Lang, Watershed, vai chegar às lojas em 5 de fevereiro de 2008. Trata-se do primeiro trabalho de repertório inédito da compositora desde Invincible Summer, de 2000. O disco vai apresentar onze canções de k.d. Lang, gravadas na Califórnia, nos EUA. O último projeto da artista, Hymns of the 49th Parallel, foi um refinado songbook com regravações de canções de compositores do Canadá - editado em 2004 via Warner.

11 de novembro de 2007

CD de Bethânia sai este ano, mas DVD é incerto

Com uma das capas mais bonitas da discografia de Maria Bethânia, o disco Dentro do Mar Tem Rio - Maria Bethânia ao Vivo já está no forno da Biscoito Fino. A gravadora começará a entregar o CD duplo para os lojistas a partir de 30 de novembro. A má notícia é que já não há previsão de lançamento do DVD correspondente, pois a gravação feita na temporada do show no Canecão (RJ), em 18 e 19 de agosto, teria sido rejeitada... Mesmo que seja feita uma nova gravação (ainda não anunciada), o DVD não vai sair este ano.

P.S.: A bela imagem da capa do CD é de autoria de Beti Niemeyer.

Compositor Roberto Mendes põe Lenine na roda

Lenine participa do próximo álbum de inéditas do compositor e violonista baiano Roberto Mendes - autor de várias músicas do repertório de Maria Bethânia. Ainda sem título, o CD vai sair no início de 2008 pela gravadora Biscoito Fino, com produção de Ana Basbaum e direção musical e arranjos de Leonardo Caribé, filho mais velho de Mendes. Lenine participa da faixa Tire Essa Mulher da Roda, parceria de Mendes com José Carlos Capinam.

Sapucahy põe seu pagode no quintal de Arlindo

Resenha de CD
Título: Sambista Perfeito
Artista: Arlindo Cruz

Gravadora: Deckdisc
Cotação: * * *

Leandro Sapucahy freqüenta o quintal de Arlindo Cruz. Não é à toa que Arlindo assina seis dos 14 sambas gravados por Maria Rita em seu terceiro CD, cuja produção deu upgrade no status de Sapucahy no mercado de disco. Associado aos grupos de pagode que nivelaram por baixo o samba dos anos 90, Sapucahy tenta projeção em área mais nobre. E ter produzido o primeiro CD de Arlindo na Deckdisc, Sambista Perfeito, foi mais um passo nesse sentido. Maria Rita, aliás, é uma das convidadas, regravando preguiçosamente a mesma música, O Que É o Amor, que quis incluir em seu (bom) disco Samba Meu.

A associação de Arlindo - cria do Fundo de Quintal e do Cacique de Ramos, celeiros do samba mais puro - com Sapucahy é curiosa. Nas lojas esta semana, o CD põe Arlindo no quintal do pagode. Mas Arlindo, bamba esperto, dribla a banalidade do samba mais ralo - ainda que o tecladista Jota Moraes seja sintomaticamente o autor dos arranjos de seis das 14 faixas deste bom Sambista Perfeito.

Fãs daquele delicioso pagode carioca projetado nos anos 80 - com Zeca Pagodinho, Jovelina Pérola Negra, Almir Guineto e o próprio Fundo de Quintal - devem começar a ouvir o álbum mais pelo fim. Sambas como Pára de Paradinha e Sujeito Enjoado - faixa que traz Xande de Pilares, cantor do Grupo Revelação, nos vocais e na co-autoria - exibem a cozinha mais tradicional (à moda do Cacique de Ramos) e fazem irreverentes crônicas dos costumes dos subúrbios cariocas como era praxe nos LPs daquela esperta turma revelada nos anos 80. Dona de astral alto - como o da faixa Entra no Clima.

Arlindo consegue se equilibrar bem entre supostas modernidades e tradições. Arregimenta Sereno, do grupo Fundo de Quintal, para dividir com ele o medley que une A Rosa e Flor que Não se Cheira. E convoca Zeca Pagodinho, seu parceiro em Se Eu Encontrar com Ela, um dos mais belos sambas do disco, gravado com a histórica reunião das vozes de Zeca e de integrantes das Velhas Guardas da Portela e do Império Serrano, duas escolas de samba tradicionais que dividem torcidas em Madureira, bairro da Zona Norte carioca que Arlindo exalta orgulhoso em Meu Lugar, parceria com Mauro Diniz que abre o CD ("O meu lugar tem seus mitos e seres de luz").

A faixa-título, Sambista Perfeito, também se impõe no repertório. É parceria de Arlindo com Nei Lopes, que traça na letra o perfil do bamba ideal, relacionando nomes como Candeia, Geraldo Pereira e Paulinho da Viola. Em Quem Gosta de mim é o próprio Arlindo quem tem o perfil esboçado, em versos de caráter autobiográfico.

A presença trivial de Marcelo D2 desloca o CD de seu eixo estético básico. O rapper é convidado e co-autor de O Brasil É Isso Aí, ode ufanista à miscigenação nacional. A boa faixa sinaliza a crescente banalização do rap de D2, que virou arroz de festa. No todo, o CD Sambista Perfeito não é dos mais inspirados de Arlindo Cruz. Os discos gravados pelo sambista em dupla com Sombrinha ainda continuam imbatíveis. Contudo, Arlindo não mancha seu nome no quintal do pagode de Leandro Sapucahy. Ele conhece o seu lugar.

Elba entra em cena antenada e contemporânea

Resenha de show
Título: Raízes e Antenas
- Qual o Assunto que Mais lhe Interessa?
Artista: Elba Ramalho
Local: Canecão-Petrobrás (RJ)
Data: 10 de novembro de 2007
Em cartaz: até 11 de novembro
Cotação: * * * * 1/2

Pautado pela mesma sonoridade contemporânea do CD Qual o Assunto que Mais lhe Interessa?, destaque da discografia de Elba Ramalho, Raízes e Antenas está entre os melhores shows da grande cantora. Não exibe a exuberância festiva de Popular Brasileira (1989), a imponência emocional de Leão do Norte (1996) e tampouco a teatralidade circense de Baioque (1997), para citar apenas três grandes espetáculos da intérprete, mas tem toda uma gama de sutilezas modernas (nos arranjos, nas letras das músicas e nas projeções visuais) que põe Elba Ramalho imersa em suas raízes nordestinas e, ao mesmo tempo, antenada com tempos e assuntos universais. Com direito a dois figurinos assinados pelos estilistas Lino Vilaventura e David Francisco (o primeiro vestido, visto na foto acima, caiu especialmente bem em cena e na artista).

O roteiro está centrado nas músicas do CD Qual o Assunto que Mais lhe Interessa? - um dos destaques de 2007 - com precisas e eventuais incursões por repertórios antigo e recente desta leoa paraibana. Se a toada Gostoso Demais teve seu ritmo acelerado no compasso do xote, Essa Alegria - composta por Lula Queiroga no ritmo do caboclinho pernambucano - apareceu reunida a Leão do Norte, o tema de Lenine e Paulo César Pinheiro que sintetizou em 1996 o reencontro de Elba com suas raízes. O número, dos mais belos do espetáculo, contou com esfuziante jogo de luzes e cores.

O refinado aparato visual do show, aliás, está em sintonia com a modernidade proposta no conceito do repertório. Estandartes serviram de telas para as projeções de imagens que variavam e sublinhavam o tom da música. Projeções abstratas ilustraram a viajante Dança das Borboletas enquanto as imagens e os ruídos programados em Trânsito realçaram o congestionamento social enfocado nos versos de Arnaldo Antunes na parceria com Lenine.

Escorado na habitual desenvoltura em cena de Elba, que muito se movimenta com coreografias elegantes, o show resultou sedutor do início ao fim - ao menos na estréia carioca, em Canecão lotado, no sábado, 10 de novembro. Seja pela introdução épica da (linda) Miragem do Porto, a parceria de Bráulio Tavares com um Lenine então desconhecido. Seja pela teatralidade de Palavra de Mulher, tema de Chico Buarque pontuado pelo violoncelo de Lui Coimbra. Seja pela animação de Na Base da Chinela, ótimo número de tom forrozeiro, dado pelo acordeom (virtuoso) de Toninho Ferragutti.

Nem o fim previsível - com os frevos Banho de Cheiro e Frevo Mulher situados entre a toada De Volta pro Aconchego e a linda canção Amplidão - atenua o caráter renovador deste show na carreira de Elba Ramalho, grande intérprete, das mais antenadas.