25 de abril de 2009

Madonna grava música com DJ Paul Oakenfold

Madonna retornou aos estúdios esta semana para gravar música para a compilação que encerra seu longo vínculo contratual com a companhia Warner Music. A artista trabalha na música com o DJ e produtor britânico Paul Oakenfold. A quarta coletânea oficial da discografia de Madonna tem lançamento agendado para setembro.

Eletricidade de Ivete em cena redime seu roteiro


Resenha de Show
Título: Ivete Sangalo
Artista: Ivete Sangalo (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Citibank Hall (RJ)
Data: 24 de abril de 2009
Cotação: * * * 1/2
Em cartaz até sábado, 25 de abril de 2009
"O astral está bom, viu, minha gente?", avaliou Ivete Sangalo - com razão - antes de cantar Ilumina, terceiro número do incendiário show que a trouxe de volta aos palcos cariocas na noite de sexta-feira, 24 de abril de 2009. A pista da casa Citibank Hall estava ocupada pela metade, mas o astral estava realmente bom no palco e na platéia, ajudando a cantora a fazer um bom show desde o explosivo primeiro número: um medley que juntou Cadê Dalila? (o hit de Ivete no Carnaval de 2009 - com direito a uma entrada triunfal da artista em cena), Levada Louca e Empurra-Empurra. Houve fogo no número de abertura e nas imagens projetadas no telão, durante Abalou, mas o calor maior veio da própria cantora.
É fato que o repertório mais recente de Ivete peca pelo tom populista, excessivo até para os padrões flexíveis do gênero afro-pop-baiano rotulado como axé music. Mas é fato também que, em cena, a cantora possui inegáveis carisma e eletricidade. Ajudada por esse poder de fogo, pelos grooves azeitados de sua Banda do Bem e por infra-estrutura hi-tech, a cantora consegue prender a atenção de seu público. Até porque, no seu tabuleiro, a baiana não põe apenas seus próprios hits como Festa e Sorte Grande, ambos apresentados logo na primeira metade do show. Entram no balaio sucessos radiofônicos de Marisa Monte (Não É Proibido), Seu Jorge (Burguesinha), Tim Maia (a infalível Não Quero Dinheiro - Só Quero Amar) e Jorge Ben Jor (País Tropical). Ivete recorre até ao refrão do maior hit de Amy Winehouse, Rehab, para animar a festa. Afinal, os shows de Ivete são uma festa para fazer o povo "sair do chão", como ela mesmo repete diversas vezes. E, sim, a festa foi animada na volta da cantora aos palcos do Rio de Janeiro.
Entre baladas sentimentais como Deixo, (turbinada com um solo heavy da guitarra de Jaguar), Não Precisa Mudar e Agora Eu Já Sei (música do ainda inédito CD/DVD Pode Entrar que tem pinta de hit), a cantora acelera os beats em números aditivados por coreografias dos bailarinos, repetidas por Ivete. E também pelo público, como em A Galera. Até um medley de lambada - com Chorando se Foi (sucesso do efêmero grupo Kaoma) e Preta (hit do também sumido Beto Barbosa) - entra na dança. No resumo da ópera pop baiana, a eletricidade de Ivete - quem a vê correndo de um lado ao outro do palco nem lembra que ela está grávida de quatro meses - até redime o roteiro, esvaziado com dispensáveis reverências aos vários convidados supostamente vips presentes no show. Na estreia, a artista também se excedeu nos afagos no ego da platéia e nas louvações ao Rio de Janeiro - o longo bis foi aberto com trecho do Samba do Avião (Tom Jobim) - mas é fato que a festa é boa. Em cena, o repertório de Ivete cresce e aparece.

Pearl Jam finaliza CD e faz filme sobre sua obra

Enquanto finaliza álbum de inéditas gravado na Califórnia (EUA), com produção de Brendan O' Brien, o grupo Pearl Jam - um dos pilares do grunge - vai ter sua história contada no cinema. Projeto da própria banda, o filme vai ter direção do cineasta Cameron Crowe, que assinou longas-metragens como Quase Famosos, em que abordou o universo pop. O grupo vai abrir seu baú de registros em vídeo para Crowe. O filme tem estreia prevista para 2011, ano em que o Pearl Jam vai completar 20 anos de carreira fonográfica. Aliás, o primeiro álbum da banda - Ten, lançado em 27 de agosto de 1991 - acaba de ganhar reedição com DVD e CD-bônus. O box já foi lançado no mercado brasileiro, via Sony Music.
Em tempo: o canal VH1 exibe neste sábado, 25 de abril de 2009, às 22h, um documentário inédito sobre o álbum de estreia do grupo de Eddie Vedder. Intitulado Pearl Jan Ten Revisitado, o filme inclui imagens raras de arquivo e entrevista com os músicos.

Alcina festeja Ataulfo com o Cérebro Eletrônico

Samba gravado pelo autor Ataulfo Alves (1909 - 1969) no LP Meu Samba... Minha Vida, editado em 1962, O que que Há? ganha a voz hype de Maria Alcina em registro feito com o grupo Cérebro Eletrônico para o álbum duplo que a gravadora Lua Music produz para festejar o centenário de nascimento do compositor. Na foto, Maria Alcina posa no estúdio com Wilson Simoninha, que também participa da homenagem, cantando com Fabiana Cozza o medley que une Vai, mas Vai Mesmo (1958) com Laranja Madura (1966).

24 de abril de 2009

DVD de Leonardo tem extras filmados em Goiás

Leonardo vai gravar nesta sexta-feira, 24 de abril de 2009, DVD e CD ao vivo com o registro do show inédito que estreia na casa Credicard Hall, em São Paulo (SP), onde fica em cartaz apenas até sábado, 25 de abril. O repertório inclui músicas dos dois últimos álbuns do artista - como Latinha na Mão e Coração Bandido - e sucessos gravados por Leonardo quando fazia dupla com o irmão Leandro (1961 - 1998). Está também prevista uma incursão pelo cancioneiro de Waldick Soriano (1933 - 2008) com Eu Não Sou Cachorro, Não. A gravadora Universal Music alardeia que a filmagem do show - dirigida por Joana Mazzucchelli - vai ser realizada com novidades tecnológicas. Nos extras, o DVD vai exibir cenas já gravadas em Anápolis, Goiás, terra natal do artista. Chegará às lojas até agosto.

Thiago canta Lupicínio sob a produção de Dadi

Dadi produziu duas músicas do segundo álbum de Thiago Antunes, um cantor e compositor de Campinas (SP) que busca um lugar ao sol na cena indie. As faixas pilotadas por Dadi são Nervos de Aço - um dos clássicos da obra de Lupicínio Rodrigues (1914 - 1974) - e Salto Agulha, parceria de Antunes com Rodrigo Bittencourt. O repertório, quase todo inédito e autoral, apresenta músicas como Meus Passos e Quando Você Não Está. Uma dessas músicas, A História de João e Maria, ostenta cordas arranjadas por Jaques Morelenbaum. A idéia do artista é editar o álbum num formato que inclua também os clipes das oito músicas.

Disco põe guitarra de Biglione no tom de Jobim

Nascido em 1958, ano em que João Gilberto gravou e propagou em disco a tal batida diferente que daria forma ao som que veio ser reconhecido como Bossa Nova, o guitarrista Victor Biglione aborda a obra do mais genial compositor da tal bossa, Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994), em seu álbum Uma Guitarra no Tom, lançado esta semana pela gravadora Delira Música. Entre o jazz e o blues, Biglione enfileira clássicos como Vivo Sonhando, Só Danço Samba, Água de Beber, Fotografia e Lígia. Acompanhado pelo baixista Sérgio Barrozo e o baterista André Tandeta, Biglione dá também sua visão de temas pouco conhecidos da obra de Jobim, casos de Mojave e Look to the Sky - ambos, aliás, lançados pelo Maestro Soberano em 1967 no álbum Wave. Em superlativo texto publicado na contracapa do CD, arranjado e produzido por Biglione (a produção é dividida com Daniel Cheese), Roberto Menescal define Uma Guitarra no Tom como incrível: "é uma faculdade de música e interpretação!".

Mart'nália saúda Jorge, à vontade no seu espaço

Resenha de Show
Título: Mart'nália no Espaço Laranja
Artista: Mart'nália (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Hideaway - Espaço Laranja (RJ)
Data: 23 de abril de 2009
Cotação: * * * * 1/2
Em cartaz às quintas-feiras - às 22h30m - até 14 de maio de 2009
"Salve Jorge!", saudou Mart'nália diversas vezes enquanto desfiava roteiro inédito para o público que ocupava a pista da Hideaway. Era fim de noite de quinta-feira, 23 de abril de 2009, dia do santo guerreiro, do qual a artista é fiel devota. Vestida com camisa estampada com a imagem de São Jorge, Martnália estreou curta temporada de um show inédito que a levará ao palco da Hideaway por mais três quintas-feiras - sempre com um convidado diferente - enquanto prossegue pelo Brasil com a turnê do CD Madrugada. De aura GLS, o local - também conhecido como Espaço Laranja - é um mix de boate, casa de shows e pizzaria que vem abrigando nomes como Preta Gil. À vontade em qualquer espaço, Mart'nália fez show azeitado com auxílio de luxuosa banda de nove músicos (percussionistas, na maioria) que confirmou seu grande momento.
Samba da lavra coloquial da dupla Toquinho & Vinicius, Sei Lá... A Vida Tem Sempre Razão abriu o show, já em clima quente. Sem fazer gênero ou pose, Mart'nália foi intercalando músicas de discos mais antigos - quando será que vão relançar seu primeiro álbum, editado em 1987 pelo extinto selo 3M e ainda inédito em formato digital??? - com os desencanados sambas do delicioso CD Madrugada (2008). Já no segundo número, Pra Mart'nália, a temperatura estava nas alturas. E que o se viu foi apresentação coesa. Ex-Amor, Molambo, O Beco foram dando o clima de leveza, alegria e descontração que pontuou todo o show, de alma carioca.
Cantora baiana que vem chamando a atenção de público e crítica por conta de seu personalíssimo primeiro CD, Pecadinho, Márcia Castro foi a convidada da estréia. O primeiro dueto com Mart'nália, Entretanto, foi arrasador. O segundo - Nega Neguinha, samba de Zeca Baleiro, gravado por Castro no seu disco de estreia - surtiu menor efeito, mas as cantoras estavam em casa. Em seguida, já sem a colega, Mar'tnália saudou outro Jorge, o Ben Jor, de quem reviveu com propriedade Zumbi. Na sequencia, Benditas (com a artista ao violão) e Sem Compromisso (em clima e pegada contagiantes) engrossaram o cardápio de números que já fazem parte do repertório de Mart'nália, mas não figuram no roteiro do show Madrugada. No fim, Brasil Pandeiro (Assis Valente) - em duo novamente com Márcia Castro - e Kizomba, a Festa da Raça (o samba-enredo com a qual a escola carioca Unidos de Vila Isabel conquistou histórico primeiro campeonato no Carnaval de 1988) deixaram no ar gosto de quero mais por conta da espontaneidade e da ginga cativantes de Mart'nália, que se vira bem na percussão e somente precisa aprimorar a dicção - ainda deficiente no palco - para se exibir em cena e em qualquer espaço de forma irretocável.

Estreia na MTV o clipe do álbum do Green Day

O clipe de Know your Enemy - o primeiro single do oitavo álbum de estúdio do Green Day, 21st Century Breakdown - estreia na MTV às 11h desta sexta-feira, 24 de abril de 2009, em escala mundial. Com lançamento agendado para 15 de maio de 2009, o álbum é conceitual e conta - em três atos - a história do jovem casal Christian e Gloria. Eis as faixas do CD pilotado por Butch Vig:

Act I - Heroes and Cons
Song of the Century
21st Century Breakdown
Know Your Enemy
¡Viva la Gloria!
Before the Lobotomy
Christian's Inferno
Last Night on Earth

Act II - Charlatans and Saints
East Jesus Nowhere
Peacemaker
Last of the American Girls
Murder City
¿Viva la Gloria? (Little Girl)
Restless Heart Syndrome

Act III - Horseshoes and Handgrenades
Horseshoes and Handgrenades
The Static Age
21 Guns
American Eulogy
I. Mass Hysteria
II. Modern World
See the Light

23 de abril de 2009

Livro viciante revela universo paralelo das raves

Resenha de Livro
Título: Festa Infinita
- O Entorpecente
Mundo das Raves
Autoria: Tomás
Chiaverini
Editora: Ediouro
Cotação: * * * *

Tommy Hol Ellingsen é um norueguês de pouco mais de 30 anos que forma com a sueca Leona Johansson e a alemã Natalie Mandeau, a Nati, um grupo que pratica sexo explícito em festas de viajante música eletrônica. Inclusive no Brasil. Na virada de 2007 para 2008, Tommy e suas parceiras - ambas na casa dos 20 anos - fizeram performances interativas no Universo Paralello, festival realizado numa praia do interior da Bahia. Mesmo no ambiente liberal das raves, o trio chamou a atenção e dividiu opiniões. A história de Tommy, Leona e Nati é apenas uma das muitas contadas pelo jornalista Tomás Chiaverini em Festa Infinita, recém-lançado e viciante livro sobre o mundo das raves, as festas de música eletrônica - regadas a drogas e a ritmos alucinógenos como o psytrance - que surgiram na Europa e se expandiram pelo mundo, inclusive no Brasil, mobilizando tribos de seguidores fervorosos. Chiaverini nunca havia passado perto de uma rave até se decidir a desvendar esse universo paralelo em livro. E esse é o maior mérito de Festa Infinita: ser um trabalho essencialmente jornalístico sobre um mundo desconhecido pela maioria da população. O autor perfila DJs, produtores de raves e, claro, seus fiéis frequentadores. Sem deixar de ressaltar que o uso indiscriminado de drogas sintéticas - em especial, o traiçoeiro ecstasy - pode inclusive matar. Como aconteceu com Fabrício Rotiely, morto aos 23 anos em hospital da cidade interiorana de Pirapora do Bom Jesus porque abusou da droga numa das edições da Tribe, uma das raves mais famosas do Brasil. Sem fazer julgamentos moralistas (exceto na página 140 quando descreve os corpos musculosos de alguns jovens ravers do sexo masculino), o autor mergulha num mundo que mobiliza centenas de profissionais para montar toda a infra-estrutura necessária para a organização das festas. Que, mesmo assim, às vezes dão errado. Nem que seja somente porque choveu no dia programado para a rave. Pelo apuro da investigação jornalística, Festa Infinita é livro que vai entreter até quem não suporta música eletrônica. A narrativa - objetiva e detalhista - é escrita em linguagem clara, com direito a explicações didáticas sobre termos específicos desse universo paralelo, para que os leitores menos informados sobre o tema não fiquem viajando. Entre nessa festa...

Ouro de Minas brilha com Dudu, Milton e Bosco

Baixista conhecido por seu virtuosismo, Dudu Lima chega ao segundo DVD, Ouro de Minas, em que realça o brilho da produção musical associada a Minas Gerais, liderando - nos baixos acústico e elétrico - um trio que inclui o pianista Ricardo Itaborahy e o baterista Leandro Scio. Além de temas autorais, como O Pescador e Azaleando, o ótimo baixista e compositor investe muito nos repertórios de João Bosco (na parcela composta com Aldir Blanc) e Milton Nascimento com os luxuosos auxílios dos autores de Bala com Bala, Corsário e Cravo e Canela - músicas rebobinadas em Ouro de Minas, assim como Nascente (Flávio Venturini). Milton empresta voz e violão à leitura de sua bissexta parceria com a atriz Leila Diniz (1945 - 1972), Um Cafuné na Cabeça, Malandro, Eu Quero até de Macaco. Já Bosco dá o ar da graça em O Ronco da Cuíca, faixa que agrega ainda o baterista Ivan Conti, o Mamão, e o percussionista Marcos Suzano. Ouro de Minas está sendo editado pelo selo MP,B também no formato de CD, o quarto da discografia de Dudu Lima. Ouro para os fãs de jazz!

Pernambuco canta para o mundo em coletânea

Um dos pontos de encontro de quem faz música em Recife (PE), a loja Passa Disco não somente tem sobrevivido à decadência do CD enquanto mídia como tem até produzido coletâneas para propagar os vários sons da região. O último lançamento da resistente loja é o segundo bom volume da coletânea Pernambuco Cantando para o Mundo, que traz 20 fonogramas de artistas do Estado, a grande maioria ainda sem projeção nacional. Na seleção, feita por Fábio Cabral de Mello, figuram gravações de nomes como China (Canção que Não Morre no Ar, extraída do CD Simulacro, editado em 2007), Geraldo Maia (Estrada, fonograma do álbum Peso Leve, de 2008), Fim de Feira (Dona Jurema, faixa de A Revolução dos Pebas, disco independente de 2008) e Cezinha (Beija-Flor, do CD Convidando a Transbordar, de 2008). Há uma ou outra faixa inédita, como Cantador Animado, gravada por Herbert Lucena em tributo a Jackson do Pandeiro (1919-1982) - um pilar da música nordestina.

Filho de Greyck tenta ser galã da música brega

Resenha de CD
Título: Meu Mundo
Artista: Bruno Miguel
Gravadora: Deckdisc
Cotação: * 1/2

Filho de Márcio Greyck (um cantor e compositor que, ao longo dos anos 70 e início dos 80, pôs nas paradas populares hits como O Mais Importante É o Verdadeiro Amor, Impossível Acreditar que Perdi Você, O Infinito e Aparências), Bruno Miguel é uma das novas apostas da Deckdisc. A gravadora tenta emplacar o rapaz no posto de galã da música pop brega - a rigor, nunca preenchido com êxito depois que Fábio Jr. envelheceu e as vendas de seus discos entraram em escala descendente. Miguel é dono de bela estampa, como atesta o close estrategicamente escolhido para a capa de seu primeiro recém-lançado CD, Meu Mundo, cuja faixa-título já esteve em rotação em 2008 em algumas rádios populistas. Musicalmente, os atributos do artista são menos sedutores, porém ideais para sedimentar sua entrada no universo brega. Baladas sentimentais compõem o repertório majoritariamente autoral do álbum. Umas, como Final Feliz, são estruturadas no violão e chegam a evocar o universo folk. Outras ganham a levada padronizada da dupla de produtores do disco, Umberto Tavares e Mãozinha. Às vezes, as bases soam artificiais - como nos casos dos covers de Sorte (Celso Fonseca e Ronaldo Bastos, sucesso de Gal Costa nos anos 80) e de Frisson (o hit radiofônico de Tunai também na década de 80). Ambas as canções foram turbinadas com bases mais dançantes de tom modernoso. No todo, o CD carece de um traço - mínimo que seja - de originalidade, como havia na produção inicial de Greyck. Baladas como Preto e Branco deixam a sensação de já terem sido ouvidas dezenas de vezes. Assim como faixas do naipe trivial de Por te Amar Assim desfiam a mesma ladainha sentimental de zilhões de discos do gênero. Mas, justiça seja feita, Bruno Miguel mostra algum talento como compositor dentro desse limitado mundo musical. Depois do Pôr do Sol e Eu Não Vou Deixar Você podem até virar sucessos radiofônicos se receberem injeções de marketing. Já Sem Querer - a versão de Loving You, de Andru Donalds - e o duo com Bruno Cardoso (vocalista do grupo Sorriso Maroto) em Onde Eu Errei? patinam na banalidade que domina o álbum. Embora esse caráter trivial não seja impedimento para a intenção de entronizar Bruno Miguel como galã da música brega. Ao contrário, essa banalidade até favorece o objetivo da Deckdisc.

Tema romântico puxa disco de inéditas de Ivete

Parceria inédita de Ivete Sangalo com seu baixista Gigi, Agora Eu Já Sei é a romântica faixa eleita para puxar o disco que a cantora gravou no estúdio de sua casa, em Salvador (BA). O single que dá a pontapé inicial na promoção do projeto está sendo lançado nas rádios nesta quinta-feira, 23 de abril de 2009, mas o CD e o DVD Multishow Registro - Pode Entrar tiveram sua chegada às lojas - prevista inicialmente para este mês de abril - adiada para 5 de junho. Lulu Santos, Marcelo Camelo, Maria Bethânia, o grupo Aviões do Forró e Saulo Fernandes estão entre os convidados do projeto da artista baiana.

22 de abril de 2009

Korn prepara álbum de inéditas e CD de 'covers'

O trio Korn está gravando dois discos. Enquanto prepara um álbum de inéditas (o sucessor de Korn, CD de 2007) sob a batuta de seu antigo produtor Ross Robinson, o grupo de nu metal registra em estúdio na Califórnia (nos EUA) covers de bandas como Nine Inch Nails (Head Like a Hole), Faith no More (We Care a Lot) e Psychedelic Furs (Love my Way). Tais releituras serão editadas separadamente num CD de covers, em data incerta.

Ná e Fabiana celebram o centenário de Ataulfo

A foto acima registra o encontro das cantoras Ná Ozzetti (à esquerda) e Fabiana Cozza no estúdio da gravadora Lua Music, em São Paulo (SP). As intérpretes gravaram no mesmo dia suas participações no álbum duplo que celebra o centenário de nascimento do compositor Ataulfo Alves (1909 - 1969), ainda em fase de gravação. Ná pôs sua voz cristalina em Meus Tempos de Criança, o samba de 1956 no qual o compositor rememorou, nostálgico, a infância passada na cidade mineira de Miraí. Já Fabiana gravou - em dueto com Wilson Simoninha - o medley que junta os sambas Laranja Madura (um dos últimos sucessos de Ataulfo, lançado em 1966) e Vai, mas Vai Mesmo, este gravado originalmente em 1958 por Nora Ney (1922 - 2003). Sai em junho.

Então regida por Neschling, Osesp toca Brahms

Para os que sentem saudade de ouvir a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo sob a batuta genial do maestro John Neschling, a gravadora carioca Biscoito Fino apresenta mais um registro ao vivo da Osesp, capturado quando a orquestra ainda era regida pelo maestro. Já nas lojas, em edição do selo Biscoito Clássico, o CD erudito Brahms - Sinfonia nº 3 / Abertura do Festival Acadêmico - gravado em concerto realizado na Sala São Paulo, em maio de 2007 - reapresenta duas obras do compositor Johannes Brahms (1833 - 1897) tocadas com maestria pela Osesp. A Sinfonia nº 3 em Fá Maior é de 1983. Já a Abertura do Festival Acadêmico, Op. 80 foi composta alguns anos antes, em 1879. Biscoito de fato fino!!

Sai no Brasil em junho o CD de PJ com Parish

Editado em março de 2009 no exterior, o segundo CD feito por PJ Harvey em dupla com John Parish, A Woman a Man Walked by, vai ganhar edição brasileira, nas lojas a partir de 2 de junho de 2009 pela Universal Music. April, The Chair, Pig Will Not e The Soldier são algumas das onze músicas do álbum. O single é Black Hearted Love. O primeiro trabalho dividido por PJ Harvey com Parish foi Dance Hall at Louise Point, editado em 1996. De lá para cá, Parish co-produziu alguns títulos da discografia da compositora norte-americana, inclusive o último, White Chalk, de 2007. A Woman a Man Walked by recebeu ótimas críticas.

Solo, Mário lança 'Nasci para Cantar e Sambar'

Parceria de Mário Sérgio (à esquerda em foto de Nana Moraes) com Marcelinho Moreira e Fred Camacho, Nasci para Cantar e Sambar é a faixa que dá título ao primeiro CD solo de Mário, o ex-vocalista do grupo Fundo de Quintal. Nas lojas em maio de 2009, via LGK Music, o disco tem 14 faixas. O repertório é majoritariamente inédito, mas inclui regravações de Acreditar (Dona Ivone Lara com Délcio Carvalho), Fada (parceria do sambista com Luiz Carlos da Vila) e Lá Vai Ela, raridade da obra de Beto sem Braço (1940 - 1993), gravada somente uma vez, em compacto dos anos 70, por André do Villar. Entre os sambas de autoria de Mário Sérgio, há Amor dos Deuses (parceria com Ronaldinho), Maria do Samba (com Luizinho to Blow), Sol da Manhã (com Capri e Robson Guimarães) e Arlindo Cruz (Na Flor da Primavera). Já Na Laje é de Ederson dos Santos, compositor de Santos (SP). A foto do post já faz parte do material promocional do CD solo do artista.

Dado lança engavetado CD gravado em estúdio

Dado Villa-Lobos vai lançar via EMI Music Jardim de Cactus, o álbum que gravou em seu estúdio, RockIt!, entre março de 2000 e julho de 2004. O disco foi engavetado para dar lugar a uma versão ao vivo registrada e lançada em 2005, em CD e DVD, dentro da série MTV Apresenta. O ainda inédito registro de estúdio - superior ao vivo, na opinião de quem conhece as duas versões - conta com a participação de Chico Buarque na faixa Natureza. Aliás, Jardim de Cactus reúne convidados como Paula Toller (na faixa-título), Fausto Fawcett (Faveloura & Lov), Toni Platão (Como te Gusta?), Thalma de Freitas (Laufunk, faixa que agrega também o amigo Humberto Effe) e Amanda Telles (Luz e Mistério).

21 de abril de 2009

Álbuns dos Pixies são encaixotados (com DVD)

Quarteto norte-americano de pós-punk formado em 1986, dissolvido em 1993, reativado em 2004 e desfeito novamente neste mesmo ano, Pixies tem seus cinco discos de estúdio embalados em luxuosa caixa intitulada Minotaur. Os títulos encaixotados são Come on Pilgrim (EP de 1987), Surfer Rosa (1988), Doolittle (1989), Bossanova (1990) e Trompe le Monde (1991). Com lançamento agendado para 15 de junho de 2009, a caixa vai chegar às lojas em duas edições, turbinadas com DVD que exibe registro ao vivo de show feito pela banda em 1991 na Brixton Academy, em Londres, na Inglaterra. A edição especial trará versões em vinil dos cinco discos e um libreto de 76 páginas.

Franz lança versão 'dub' de CD com faixa-bônus

Terceiro (bom) álbum do quarteto escocês Franz Ferdinand, lançado em janeiro de 2009, Tonight: Franz Ferdinand ganhou versão dub intitulada Blood e já editada em vinil na Europa com tiragem limitada de 500 cópias. A edição convencional em CD já tem seu lançamento agendado para 1º de junho de 2009. Produzido por Dan Carey, que é colaborador de Mad Professor (um dos papas do dub), Blood inclui faixa-bônus, Be Afraid, a nova versão da música Dream Again (do álbum original).

DVD de Vanessa chegará às lojas em 4 de maio

O (primeiro) DVD de Vanessa da Mata chega às lojas a partir de 4 de maio de 2009, via Sony Music, com o registro do show gravado no Centro Histórico de Paraty (RJ) na série Multishow ao Vivo. O DVD chega às lojas na sequência da exibição do programa pelo Canal Multishow, agendada para 30 de abril. Na gravação ao vivo, a artista é produzida por Mário Caldato e Kassin, pilotos do último álbum de estúdio de Vanessa, Sim (2007). No roteiro apresentado ao ar livre em Paraty, em 27 de novembro de 2008, há músicas até então inéditas na voz da cantora - casos de Acode (tema de autoria de Vanessa, gravado por Shirle de Moraes), As Rosas Não Falam (Cartola) e Um Dia, um Adeus (Guilherme Arantes). Nos extras, o DVD exibe imagens de Vanessa em sua turnê pela Europa e flagrantes do encontro da artista com Ben Harper em São Paulo (SP), cidade onde foi gravado o clipe do hit Boa Sorte / Good Luck.

O DVD que reúne Legião e Paralamas inclui CD

Editado via EMI Music, o DVD Legião Urbana e Paralamas Juntos inclui CD-bônus com o áudio do programa transmitido pela Rede Globo em 3 de setembro de 1988. Gravado no extinto Teatro Fênix, no Rio de Janeiro (RJ), o especial - dirigido por Roberto Talma e Jodele Larcher - uniu Legião Urbana e Paralamas do Sucesso em números como Nada por mim (balada de Paula Toller e Herbert Vianna, lançada por Marina Lima) e o medley que junta Ainda É Cedo (hit da Legião) com Jumpin' Jack Flash, dos Rolling Stones. Outro destaque é a leitura dos Paralamas para o tema afro-baiano Depois que o Ilê Passar. Além dos 13 números do programa, feito no momento em que ambas as bandas viviam fase de grande popularidade, o DVD exibe o clipe de Que País É Este? - gravado pela Legião em 1987 para o programa Fantástico - e sete registros de aparições dos grupos no extinto Globo de Ouro, a parada de sucessos da Rede Globo. Eis as faixas e os extras do DVD (com exceção do número de abertura, o CD inclui todas as músicas desse histórico especial):

1. Abertura - Legião Urbana e Os Paralamas do Sucesso
2. Será - Legião Urbana
3. Meu Erro - Os Paralamas do Sucesso
4. Tédio (Com um T Bem Grande pra Você) - Legião Urbana
5. Depois que o Ilê Passar - Os Paralamas do Sucesso
6. Tempo Perdido - Legião Urbana
7. Alagados - Os Paralamas do Sucesso
8. O Beco - Os Paralamas do Sucesso
9. Que País É Este? - Legião Urbana
10. Nada Por Mim - Legião Urbana e Os Paralamas do Sucesso
11. Dois Elefantes - Os Paralamas do Sucesso
12. Eu Sei - Legião Urbana
13. Ainda É Cedo / Jumpin' Jack Flash - Legião Urbana
e Os Paralamas do Sucesso

Extras:
1. Melô Do Marinheiro (Globo de Ouro) - Os Paralamas do Sucesso
2. Tempo Perdido (Globo de Ouro) - Legião Urbana
3. Alagados (Globo de Ouro) - Os Paralamas do Sucesso
4. Soldados (Globo de Ouro) - Legião Urbana
5. Ska (Globo de Ouro) - Os Paralamas do Sucesso
6. Será (Globo de Ouro) - Legião Urbana
7. Óculos (Globo de Ouro) - Os Paralamas Do Sucesso
8. Que País É Este? (Videoclipe do Fantástico) - Legião Urbana

Ultraje põe três músicas na rede a troco de nada

O grupo paulista Ultraje a Rigor optou por disponibilizar em sua página no portal MySpace - para audição e download gratuito - músicas inéditas que deverão fazer parte de seu sétimo álbum de estúdio, ainda em estado embrionário. Por ora, a banda de Roger Moreira já oferece gravações de três músicas compostas com o humor que caracteriza a obra do Ultraje: Vida de Bebê, Nossa, que Cabelo Bonito! e Amor. A última faz paródia com a música latino-americana de caratér mais cafona. A idéia do projeto - intitulado Música Esquisita a Troco de Nada - é ir disponibilizando de graça o repertório do disco na medida em que os temas forem gravados.

Novela impulsiona álbum de releituras de Sade

Enquanto finaliza disco de duetos com repertório voltado para o samba e a bossa nova, o cantor carioca João Pinheiro (em foto de Regino) vê seu CD anterior - João Canta Sade (2007) - ganhar nova prensagem no embalo da propagação da faixa No Ordinary Love na trilha sonora da novela Caras & Bocas. A releitura em ritmo de samba do sucesso da cantora nigeriana toca diariamente na trama exibida às 19h pela Rede Globo. O que motivou a nova tiragem do CD, editado na Europa com o título João Sings Sade.

20 de abril de 2009

Tom abolerado esmaece CD de inéditas de Nana

Resenha de CD
Título: Sem Poupar
Coração
Artista: Nana Caymmi
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * *

Sem Poupar Coração segue o lero de bolero do último CD de inéditas de Nana Caymmi, Desejo, editado em 2001. Em ótima forma vocal, a cantora entoa um repertório excessivamente romântico, de tom excessivamente abolerado. Por conta da fórmula seguida pela previsível produção de José Milton e pelos arranjos de Dori Caymmi, o álbum não se impõe como um dos melhores da cantora. Contudo, o disco soa sublime quando consegue sair do repetitivo universo abolerado. Há, pelo menos, dois grandes registros que estão à altura da produção áurea da intérprete. Senhorinha - a modinha de Guinga e Paulo César Pinheiro que já mereceu gravações de Mônica Salmaso e Zezé Gonzaga (1926 - 2008) - tem toda sua beleza imperial realçada pela voz de Nana, emoldurada por lindo arranjo de Cristovão Bastos que harmoniza o violão de João Lyra com o violino de Daniel Guedes e o cello de Yuri Ranevsky. Já Violão (Sueli Costa e Paulo César Pinheiro) ganha clima mais seresteiro com outro inspirado arranjo de Bastos que combina bandolim com o violão de Lyra e o sete cordas pilotado pelo virtuoso Rogério Caetano. Luxo só! Sintomaticamente, as duas melhores faixas do disco são músicas antigas, só que, dentre a safra de inéditas, vale destacar Caju em Flor (João Donato e Cristovão Bastos). A sanfona tocada por Cristovão Bastos e a viola de João Lyra dão um tom ligeiramente interiorano ao bonito tema. Um alento num mar de boleros como Contradições (Cristovão Bastos e Aldir Blanc, dupla que não consegue reeditar a inspiração de Resposta ao Tempo, bolero que deu título a álbum mais coeso de Nana) e Dúvida (Márcio Ramos). Boleros que soam parecidos com sambas-canções como Bons Momentos (Zé Luiz Lopes e Márcio Proença). Até Fora de Hora, samba-canção de Dori com Chico Buarque, brilha menos nesse clima. Dentro desse abolerado viés sentimental que domina o CD, a faixa-título, Sem Poupar Coração, se destaca pela inspiração dos autores, Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro. Esmeraldas (Rosa Passos, em bossa feita com Fernando Oliveira) e Pra Quem se Ama Demais (Fátima Guedes) também ostentam a grife fina das autoras. Já Diamante Rubi - maracatu de Alice Caymmi, sobrinha de Nana - se diferencia pela brasilidade bissexta. Com o detalhe curioso de as flautas tocadas por Danilo Caymmi e Ricardo Pontes remeterem aos arranjos feitos por Dori Caymmi para a trilha sonora da novela Gabriela, em 1975. A curiosidade é maior pelo fato de a faixa ter sido arranjada pelo pianista Itamar Assiere, e não por Dori. No fim, a regravação de Não se Esqueça de mim (Roberto e Erasmo Carlos) - refeita em dueto com o Tremendão para a trilha da novela Caminho das Índias, tal como no álbum Resposta ao Tempo (1998) - traduz o sentimento de dèjá vu que paira após a audição do disco. Por mais que a voz de Nana continue poderosa, ela precisa se soltar dessa camisa-de-força que a própria cantora estaria lhe pondo. Senhorinha e Violão sinalizam que Nana Caymmi continua pronta para voos artísticos (muito) mais altos. Nem tudo, afinal, é bolero.

DVD exibe show do Nirvana em festival de 1992

O show feito pelo grupo Nirvana no Reading Festival, em 1992, vai ser lançado em DVD. Intitulado Life Takes no Prisioners, o DVD vai chegar às lojas a partir de 4 de maio de 2009. Entre os 27 números do roteiro, há covers de More Than a Feeling (unido ao clássico Smells Like Teen Spirit), The Money Will Roll Right in e The Star Spangled Banner. Eis as faixas do antigo registro ao vivo:
1. The Rose/Intro
2. Breed
3. Drain You
4. Aneurysm
5. School
6. Sliver
7. In Bloom
8. Come As You Are
9. Lithium
10. About a Girl
11. Tourette's
12. Polly
13. Lounge Act
14. More Than A Feeling / Smells Like Teen Spirit
15. On a Plain
16. Negative Creep
17. Been a Son
18. All Apologies
19. Blew
20. Dumb
21. Stay Away
22. Spank Thru
23. Love Buzz
24. The Money Will Roll Right in
25. D-7
26. Territorial Pissings
27. The Star Spangled Banner

'Simplesmente' reafirma talento zen de Nenung

Resenha de CD
Título: Simplesmente
Artista: Os the
Darma Lóvers
Gravadora: Dubas Música
Cotação: * * * 1/2

Vale o clichê: somente o fato de ter nascido e crescido bem longe demais das capitais - ou seja, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul - explica a repercussão ainda moderada do grupo Os The Darma Lóvers na cena pop brasileira. Cultuada no universo indie, inclusive na Europa, onde fez turnê em 2008 para lançar o CD Laranjas do Céu, a banda gaúcha lança seu quarto álbum, Simplesmente, pronta para migrar para o mainstream com seu folk rock de tonalidade zen. O cerébro bastante criativo dos Darma Lóvers é Nenung, o autor solitário de 11 das 12 faixas do disco produzido pela dupla Berna Ceppas & Kassin (a exceção é Júlia, uma parceria de Nenung com o guitarrista 4Nazzo). Simplesmente reafirma a inspiração de Nenung, cujas letras pairam acima da média do mundo pop brasileiro. Em A Teia da Tela, por exemplo, Nenung aborda poeticamente a solidão acentuada pela aparente integração da era virtual. A faixa-título, Simplesmente, consegue a proeza de soar original ao tratar do tema mais batido das canções: o amor. No todo, o CD soa coeso e, ao menos, duas músicas de seu repertório já nascem instantaneamente clássicas: Canção para Minha Morte e O Homem que Calculava. É fato que nem todas as melodias estão à altura das letras, mas Os The Darma Lóvers fazem jus à aura de modernidade alimentada em torno de seu nome ao longo dos últimos anos na cena indie nacional. E Simplesmente - disco que agrega na ficha técnica nomes como Moreno Veloso, que toca cello em faixas como Sra. Saudade da Silva e A Lógica da Liberdade - tem cacife para expandir tal aura. Merece atenção.

Rildo planeja dois discos para celebrar 70 anos

Nome (oni)presente na produção de discos de samba desde os anos 70, o maestro e gaitista Rildo Hora completa 70 anos nesta segunda-feira, 20 de abril de 2009, e planeja lançar dois discos neste ano para celebrar a data. Um, de tom camerístico, embala músicas em arranjos para gaita e quarteto de cordas. O outro - gravado por Rildo (à direita em foto de Bruno Pires) em dueto com sua filha, Patrícia Hora - vai reunir parcerias inéditas do artista com Humberto Teixeira (1915 - 1979), Luiz Carlos da Vila (1949 - 2008) e Lysias Ênio, além de antiga com Carlos Drummond de Andrade (1902 - 1987), de quem Rildo musicou o poema Verdade para o CD Cantando Drummond.

19 de abril de 2009

'Rei' inicia turnê e festeja 68 anos em Cachoeiro

Com direito a lágrimas e a bolo cortado no palco, para festejar 68 anos de idade, Roberto Carlos iniciou na noite deste domingo, 19 de abril de 2009, na cidade natal de Cachoeiro de Itapemirim (ES), a turnê com que vai percorrer o Brasil até março de 2010 para celebrar os 50 anos de carreira. O show é novo, mas abriu com Emoções e fechou com Jesus Cristo - à moda dos espetáculos anteriores do Rei. Entre estes dois standards, o cantor rebobinou sucessos do naipe de Como É Grande o meu Amor por Você e, claro, Meu Pequeno Cachoeiro - o tema de Raul Sampaio que gravou em 1970 e que, mesmo não sendo de sua autoria, adquiriu caráter autobiográfico em sua voz. O Rei chorou. Eis o roteiro apresentado por Roberto Carlos em sua cidade natal:
Abertura (O Portão - Roberto e Erasmo Carlos)
Emoções (Roberto Carlos e Erasmo Carlos)
Além do Horizonte (Roberto Carlos e Erasmo Carlos)
Amor Perfeito (Michael Sullivan, Paulo Massadas, Lincoln Olivetti e Robson Jorge)
Eu te amo, te Amo, te Amo (Roberto Carlos e Erasmo Carlos)
Detalhes (Roberto Carlos e Erasmo Carlos)
Outra Vez (Isolda)
Meu Pequeno Cachoeiro (Raul Sampaio)

Pot-Pourri:
Aquela Casa Simples (Roberto Carlos e Erasmo Carlos)
Meu Querido, meu Velho, meu Amigo (Roberto Carlos e Erasmo Carlos)
Lady Laura (Roberto Carlos e Erasmo Carlos)

Nossa Senhora (Roberto Carlos e Erasmo Carlos)
Amor sem Limite (Roberto Carlos)
Caminhoneiro (Roberto Carlos, Erasmo Carlos e John Hartford)
Olha (Roberto Carlos e Erasmo Carlos)
Canzone per te (Sergio Endrigo e Sergio Bartotti)
Do Fundo do meu Coração (Roberto Carlos e Erasmo Carlos)
Alô (Roberto Carlos e Erasmo Carlos)
Como É Grande o meu Amor por Você (Roberto Carlos)
Proposta (Roberto Carlos e Erasmo Carlos)
Cavalgada (Roberto Carlos e Erasmo Carlos)

Pot Pourri:
É Proibido Fumar (Roberto Carlos e Erasmo Carlos)
Namoradinha de um Amigo meu (Roberto Carlos)
Quando (Roberto Carlos)
E Por Isso Estou Aqui (Roberto Carlos)
Jovens Tardes de Domingo (Roberto Carlos e Erasmo Carlos)

É Preciso Saber Viver (Roberto Carlos e Erasmo Carlos)
Jesus Cristo (Roberto Carlos e Erasmo Carlos)

Bacharach inebria Rio em show de pop perfeito

Resenha de Show
Título: Burt Bacharach in Concert
Artista: Burt Bacharach (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Vivo Rio (RJ)
Data: 18 de abril de 2009
Cotação: * * * * *

"Muito obrigado for this night", misturou sotaques Burt Bacharach ao fim do último show da turnê que o trouxe de volta ao Brasil, 50 anos depois de sua primeira vinda ao país e dez após sua última apresentação no Rio de Janeiro (RJ). Inebriada, a platéia que lotou a casa carioca Vivo Rio na noite de sábado, 18 de abril de 2009, certamente queria agradecer Bacharach pela noite mágica. Um dos principais formatadores da canção pop, o maestro veio ao Brasil mostrar a turnê com que correu o mundo para celebrar seus 80 anos, completados em 12 de maio de 2008. Com vitalidade, o autor de Raindrops Keep Fallin' on my Head - tema repetido no segundo bis pelo fato de ter merecido instantâneo coro da platéia quando foi apresentado pela primeira vez - passou em revista 50 anos de carreira, festejada pela habilidade de criar o pop perfeito.
Ao piano, Bacharach comandou a orquestra enquanto se dirigiu à platéia repetidas vezes para dar informações sobre as músicas selecionadas para o roteiro de caráter retrospectivo. A leveza dos arranjos contribuiu para a magia do show. Tudo soou perfeito como o pop do compositor. Nenhuma nota a mais ou a menos. Os três cantores da orquestra - Donna Taylor, John Pagano e Josie James - uniram e alternaram vozes para interpretar músicas que estão no inconsciente coletivo ocidental. Após a vinheta de What World Needs Now Is Love, que abre e fecha o show, medleys temáticos agruparam os muitos sucessos de Bacharach. Os dois primeiros agregaram músicas consagradas na voz de Dionne Warwick nos anos 60 - entre elas, Don't Make me over, Walk on by, Do You Know the Way to San Jose? e Always Something There to Remind me. A partir do terceiro número, começaram os solos. John Pagano defendeu God Give me Strength, marco inicial da parceria de Bacharach com Elvis Costello que acabou rendendo um álbum sublime, Painted from Memory (1998). Outro solo memorável foi o de Donna Taylor na balada Fallling out of Love, gravada por Aretha Franklin. Mais tarde, em dueto, Donna e John brilharam novamente ao reviver Make It Easy on Yourself, a música composta em 1962 por Bacharach e seu fiel parceiro dos anos 60, Hal David, o letrista de Anyone Who Had a Heart (e Cia.).
Ainda em vigorosa fase criativa, Bacharach também apresentou músicas de seu último álbum de inéditas, At This Time (2005). In Our Time contou com intervenção especial do trompete de Thomas Ehlen. Em Go Ask Shakespeare, o maestro migrou do piano para os teclados para reproduzir a batida do rapper Dr. Dre, seu colaborador na gravação dessa música. Na sequencia, veio momento arrebatador, (They Long to Be) Close to You, música em que Bacharach se aventurou a cantar, pela primeira vez no show (ele repetiria a dose em Alfie). Mesmo não sendo obviamente o melhor intérprete de seu cancioneiro pop, Bacharach conseguiu sustentar o clima de magia do show. Que ainda teve belo set com músicas criadas para trilhas sonoras de filme - pérolas finas como Arthur's Theme (Best than You Can Do). No bis, envaidecido, o compositor reiterou o fato de ter sido gravado pelos Beatles antes de apresentar Baby, It's You. E apresentou a inédita Every Other Hour, feita em parceria com Steven Sater. Prova de que o gênio criativo de Burt Bacharach continua em atividade quase cinquenta anos depois de o compositor ter ajudado a formatar o que veio a ser conhecido como música pop. Para deleite de quem viu o show.

'Rock'n'Roll' discute política em alto e bom som

Resenha de Peça
Título: Rock'n'Roll
Texto: Tom Stoppard (em tradução de Felipe Vidal)
Direção: Felipe Vidal e Tato Consorti
Elenco: Otávio Augusto, Thiago Fragoso, Gisele Fróes,
Bianca Comparato, Adriano Saboya, Carol Condé, Lucas
Gouvêa, Christian Landi, Keli Freitas e Luciana Borghi
Teatro: Caixa Cultural RJ
Cotação: * * * *
(Em cartaz de quarta-feira a domingo - até 26 de abril de 2009)

O vinil quebrado que aparece no logotipo da peça Rock'n'Roll traduz com perfeição um dos sentimentos expressados pelo texto de Tom Stoppard, ora encenado no Rio de Janeiro (RJ) depois de colecionar prêmios e indicações nos Estados Unidos e na Inglaterra. O dramaturgo inglês (de origem tcheca) discute política e utopia ao som de... rock'n'roll. Situada entre Praga e Cambridge, a ação vai de 1968 a 1990, oferecendo lúcido painel histórico da evolução e implosão do comunismo. Como o vinil do logotipo, os sonhos socialistas acabam espatifados. E o rock, visto nos anos 60 como a força que ia mover e mudar o mundo, vai perdendo força política ao longo dos anos. "É só rock'n'roll", como conclui à certa altura um já meio desiludido Jan (Thiago Fragoso), personagem que se opõe ao socialista Max (Otávio Augusto, em boa atuação temperada com doses exatas de ternura e convicção).

A música - ou seja, o rock'n'roll que contextualiza toda a ação - desempenha mais do que o papel decorativo de trilha sonora. Ouvido nas projeções que separam as cenas, o rock é personagem importante que ajuda a dar a dimensão existencial e social dos acontecimentos políticos que abalam Praga e repercutem (mal) em Cambridge. Quando se ouve I Still Haven't Found What I'm Looking for na abertura do segundo ato, quando a ação salta para 1987, ano da emblemática gravação do U2, a música vale por mil palavras para informar o sentimento dominante naquela década em que se já não tinha mais ilusões e sonhos de mudar o mundo como nos anos 60. Composta por fonogramas de Syd Barret (1946 - 2006) e de bandas como Velvet Underground, entre muitos outros nomes do rock'n'roll, a trilha sonora da peça é elemento indissociável do texto. Que joga luz sobre The Plastic People of the Universe, mítica banda tcheca criada em 1968 que se tornaria involuntariamente um símbolo de resistência contra a ocupação da Tchecoslováquia por tropas da União Soviética, pois os garotos que mudariam o mundo viram inimigos no poder. Havia ideologia.

Repleto de referências a acontecimentos musicais e políticas, a ponto de o programa da peça oferecer um glossário para situar o espectador na ação, o texto de Tom Stoppard toca fundo em questões fundamentais que vão além do campo sócio-político. Caso, por exemplo, da discussão entre os conceitos de mente e cérebro em cena que se apresenta como um dos (muitos) grandes momentos da atriz Gisele Fróes, que se desdobra brilhantemente nos papéis de Eleanor (a mulher de Max que vê seu corpo ser devastado por um câncer) e de Esmene (a filha de Max e Eleanor) na fase adulta. Em sintonia com o caráter cerebral da dramaturgia de Stoppard, a direção encena o texto de forma esquemática que distancia a ação do espectador e impede qualquer resquício de sentimentalismo. Tal opção estilística torna a encenação linear e excessivamente fria nos primeiros quadros, quando o espectador ainda não se envolveu totalmente com os dilemas interiores das personagens, mas, à medida que a ação avança, a linha da direção acaba tendo revelado seu mérito de não forçar a emoção barata, já que Rock'n'Roll questiona política e utopias em alto e bom som.

Cool, Rodrigo vê mundo a partir de São Mateus

No título de seu bom primeiro CD, São Mateus Não É um Lugar Assim Tão Longe, o cantor e compositor Rodrigo Campos se refere a seu lugar de origem, São Mateus, bairro da Zona Leste de São Paulo (SP) onde cresceu e aprendeu, já aos 12 anos, os primeiros acordes no cavaquinho. É a partir de São Mateus que o artista retrata o mundo em safra de inéditas. Mas Campos se desviou do pagode mais rasteiro cultuado na região e optou por transitar por linha indie e cool, ainda que cante sambas como Rua Três no CD autoral gravado com direção musical de Beto Villares - com produção de um time antenado formado por Antonio Pinto, Benjamin Taubkin, Gui Amabis e o próprio Villares - para o selo Ambulante Discos. O compositor é parceiro de Luisa Maita, que pôs voz em faixas como Amor na Vila Sônia, Que Santo É Esse? e Mangue e Fogo (outro convidado, Curumim canta Sem Estrela). Campos e Maita são, a propósito, os autores de Beleza, uma das melhores músicas do segundo CD de Mariana Aydar, Peixes, Pássaros, Pessoas. Vale uma conferida.