19 de abril de 2009

Bacharach inebria Rio em show de pop perfeito

Resenha de Show
Título: Burt Bacharach in Concert
Artista: Burt Bacharach (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Vivo Rio (RJ)
Data: 18 de abril de 2009
Cotação: * * * * *

"Muito obrigado for this night", misturou sotaques Burt Bacharach ao fim do último show da turnê que o trouxe de volta ao Brasil, 50 anos depois de sua primeira vinda ao país e dez após sua última apresentação no Rio de Janeiro (RJ). Inebriada, a platéia que lotou a casa carioca Vivo Rio na noite de sábado, 18 de abril de 2009, certamente queria agradecer Bacharach pela noite mágica. Um dos principais formatadores da canção pop, o maestro veio ao Brasil mostrar a turnê com que correu o mundo para celebrar seus 80 anos, completados em 12 de maio de 2008. Com vitalidade, o autor de Raindrops Keep Fallin' on my Head - tema repetido no segundo bis pelo fato de ter merecido instantâneo coro da platéia quando foi apresentado pela primeira vez - passou em revista 50 anos de carreira, festejada pela habilidade de criar o pop perfeito.
Ao piano, Bacharach comandou a orquestra enquanto se dirigiu à platéia repetidas vezes para dar informações sobre as músicas selecionadas para o roteiro de caráter retrospectivo. A leveza dos arranjos contribuiu para a magia do show. Tudo soou perfeito como o pop do compositor. Nenhuma nota a mais ou a menos. Os três cantores da orquestra - Donna Taylor, John Pagano e Josie James - uniram e alternaram vozes para interpretar músicas que estão no inconsciente coletivo ocidental. Após a vinheta de What World Needs Now Is Love, que abre e fecha o show, medleys temáticos agruparam os muitos sucessos de Bacharach. Os dois primeiros agregaram músicas consagradas na voz de Dionne Warwick nos anos 60 - entre elas, Don't Make me over, Walk on by, Do You Know the Way to San Jose? e Always Something There to Remind me. A partir do terceiro número, começaram os solos. John Pagano defendeu God Give me Strength, marco inicial da parceria de Bacharach com Elvis Costello que acabou rendendo um álbum sublime, Painted from Memory (1998). Outro solo memorável foi o de Donna Taylor na balada Fallling out of Love, gravada por Aretha Franklin. Mais tarde, em dueto, Donna e John brilharam novamente ao reviver Make It Easy on Yourself, a música composta em 1962 por Bacharach e seu fiel parceiro dos anos 60, Hal David, o letrista de Anyone Who Had a Heart (e Cia.).
Ainda em vigorosa fase criativa, Bacharach também apresentou músicas de seu último álbum de inéditas, At This Time (2005). In Our Time contou com intervenção especial do trompete de Thomas Ehlen. Em Go Ask Shakespeare, o maestro migrou do piano para os teclados para reproduzir a batida do rapper Dr. Dre, seu colaborador na gravação dessa música. Na sequencia, veio momento arrebatador, (They Long to Be) Close to You, música em que Bacharach se aventurou a cantar, pela primeira vez no show (ele repetiria a dose em Alfie). Mesmo não sendo obviamente o melhor intérprete de seu cancioneiro pop, Bacharach conseguiu sustentar o clima de magia do show. Que ainda teve belo set com músicas criadas para trilhas sonoras de filme - pérolas finas como Arthur's Theme (Best than You Can Do). No bis, envaidecido, o compositor reiterou o fato de ter sido gravado pelos Beatles antes de apresentar Baby, It's You. E apresentou a inédita Every Other Hour, feita em parceria com Steven Sater. Prova de que o gênio criativo de Burt Bacharach continua em atividade quase cinquenta anos depois de o compositor ter ajudado a formatar o que veio a ser conhecido como música pop. Para deleite de quem viu o show.

5 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

"Muito obrigado for this night", misturou sotaques Burt Bacharach ao fim do último show da turnê que o trouxe de volta ao Brasil, 50 anos depois de sua primeira vinda ao país e dez após sua última apresentação no Rio de Janeiro (RJ). Inebriada, a platéia que lotou a casa carioca Vivo Rio na noite de sábado, 18 de abril de 2009, certamente queria agradecer Bacharach pela noite mágica. Um dos principais formatadores da canção pop, o maestro veio ao Brasil mostrar a turnê com que correu o mundo para celebrar seus 80 anos, completados em 12 de maio de 2008. Com vitalidade, o autor de Raindrops Keep Fallin' on my Head - tema repetido no segundo bis pelo fato de ter merecido instantâneo coro da platéia quando foi apresentado pela primeira vez - passou em revista 50 anos de carreira, festejada pela habilidade de criar o pop perfeito.
Ao piano, Bacharach comandou a orquestra enquanto se dirigiu à platéia repetidas vezes para contextualizar as músicas selecionadas para o roteiro de caráter retrospectivo. A leveza dos arranjos contribuiu para a magia do show. Tudo soou perfeito como o pop do compositor. Nenhuma nota a mais ou a menos. Os três cantores da orquestra - Donna Taylor, John Pagano e Josie James - uniram e alternaram vozes para interpretar músicas que já estão no inconsciente coletivo ocidental. Após a vinheta de What World Needs Is Love, que abre e fecha o show, medleys temáticos agruparam os muitos sucessos de Bacharach. Os dois primeiros agregaram músicas consagradas na voz de Dionne Warwick nos anos 60 - entre elas, Don't Make me over, Walk on by, Do You Know the Way to San Jose? e Always Something There to Remind me. A partir do terceiro número, começaram os solos. John Pagano defendeu God Give me Strength, marco inicial da parceria de Bacharach com Elvis Costello que acabou rendendo um álbum sublime, Painted from Memory (1998). Outro solo memorável foi o de Donna Taylor na balada Fallling out of Love, gravada por Aretha Franklin. Mais tarde, em dueto, Donna e John brilharam novamente ao reviver Make It Easy on Yourself, a música composta em 1962 por Bacharach e seu fiel parceiro dos anos 60, Hal David, o letrista de Anyone Who Had a Heart (e Cia.).
Ainda em vigorosa fase criativa, Bacharach também apresentou músicas de seu último álbum de inéditas, At This Time (2005). In Our Time contou com intervenção especial do trompete de Thomas Ehlen. Em Go Ask Shakespeare, o maestro migrou do piano para os teclados para reproduzir a batida do rapper Dr. Dre, seu colaborador na gravação dessa música. Na sequencia, veio momento arrebatador, (They Long to Be) Close to You, música em que Bacharach se aventurou a cantar, pela primeira vez no show (ele repetiria a dose em Alfie). Mesmo não sendo obviamente o melhor intérprete de seu cancioneiro pop, Bacharach conseguiu sustentar o clima de magia do show. Que ainda teve belo set com músicas criadas para trilhas sonoras de filme - pérolas finas como Arthur's Theme (Best than You Can Do). No bis, envaidecido, o compositor reiterou o fato de ter sido gravado pelos Beatles antes de apresentar Baby, It's You. E apresentou a inédita Every Other Hour, feita em parceria com Steven Sater. Prova de que o gênio criativo de Burt Bacharach continua em atividade quase cinquenta anos depois de o compositor ter ajudado a formatar o que veio a ser conhecido como música pop. Para deleite de quem viu o show.

19 de abril de 2009 às 17:04  
Anonymous Ana said...

Olá Mauro,

Que pena que eu não pude assistir Bacharach ao vivo, pois ele é um daqueles artistas que eu levaria para uma ilha sem pestanejar.De um certo modo, também curti a noite pelas impressões do seu vívido relato.
Além dos clássicos, tenho aqui um trabalho lindo dele com Isley Brother que é de um romantismo precioso.
Enfim, Bacharach é cultuado desde sempre no meu altarzinho particular.
Bem, é isto!
Quando puder, visite o endereço http://diretoparaoaltar.arteblog.com.br/
Acho que vc vai curtir, sem onipotencia alguma, mas é mesmo um endereço gostoso, pacífico, malicioso, mágico...
Aparece lá para tomar um suco de alegria, ou, de tristeza, qdo for o caso...

Abraço da Ana Beatriz

19 de abril de 2009 às 17:42  
Anonymous Anônimo said...

Um gênio arranjador, um gênio condutor. Para ouvir, dançar, namorar, brincar. Para tudo que for ligado à beleza da melodia da música, seja ela artista principal ou pano de fundo, é tratada com o mesmo profissionalismo e competência por este Senhor.
Bela resenha, Mauro.

21 de abril de 2009 às 00:06  
Anonymous Anônimo said...

Parabéns pelo texto, Mauro !..estive no show de São Paulo e foi algo inesquecível. Sensibilidade, musicalidade e bom gosto impecáveis. Burt Bacharach é, sem dúvida, a maior referencia de musica pop no mundo hoje. Valeu !

Mario Cesar P. Silva

22 de abril de 2009 às 01:15  
Anonymous Gil said...

Estive no show do Vivo Rio e gostei muito apesar de tê-lo visto ao vivo muitas vezes em meus anos de EUA. Para mim, de longe o maior compositor-arranjador vivo. E isso tem sido verdade desde que ele estoutrou nos anos 60. Na pior fase, os anos 80, ganhou Oscar por Arthur's Theme, chegou ao número um das paradas com On My Own (gravada por Patti La Belle e Mcichael McDonald), esteve perto disso com Making Love (Roberta Flack), ganhou o Grammy por canção do ano (That's What Friend's Are For).
Dos anos 90 para cá, está com tudo de novo.
Sua mais sensacional composição recente, que merece ser ouvida algumas, vezes, se necessário, para ser devidamente apreciada e se tornar uma das preferidas de seus fans, é Every Other Hour, lançada no festival de San Remo 2009 como Come In Ogni Ora. Uma incrível apresentação pode ser vista aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=AQ0G49am6Hw
(Se o link nã funcionar, procure "HQ Karima" e escolha a primeira opção, para ter a apresentação em vídeo -- e não apenas o som com fotos.)
Obrigado, Mauro, pela resenha, e pelo fórum.

23 de abril de 2009 às 20:21  

Postar um comentário

<< Home