28 de novembro de 2009

Caetano encerra 'Zii e Zie' sem registrar o show

Samba dado por Caetano Veloso para Chico Buarque gravar em seu primeiro álbum de intérprete, Sinal Fechado (1974), Festa Imodesta foi a novidade do roteiro de Zii e Zie na volta do show ao Rio de Janeiro (RJ) na noite de sexta-feira, 27 de novembro de 2009, na casa Vivo Rio. Único número do set de voz-e-violão do espetáculo, o samba foi dedicado por Caetano a Teresa Cristina, presente na plateia. No bis, o artista - em foto de Mauro Ferreira - incluiu sucesso do grupo Olodum, Nossa Gente (Avisa Lá), em memória de Neguinho do Samba (1955 - 2009), um dos criadores da batida do samba-reggae. Aliás, em entrevistas concedidas para divulgar a volta do show Zii e Zie à cena, Caetano tem chamado atenção para o fato de a mídia carioca e paulista ter tratado com descaso a morte do baiano Neguinho, ocorrida em 31 de outubro.
Na volta de Zii e Zie ao circuito carioca, Caetano anunciou em cena que a turnê nacional do show - estreado em 8 de maio de 2009 no Canecão (RJ) - se encerra com as duas apresentações no Rio de Janeiro e lembrou que foi no palco da casa Vivo Rio que começou a gestação do repertório do CD Zii e Zie com a estreia, em 14 de maio de 2008, do show Obra em Progresso, criado para testar as músicas então inéditas que fariam parte do álbum. E o fato é que Zii e Zie sai de cena sem ter sido registrado em DVD...

Solo de Julian não foi tragado pela onda dos 80

Resenha de CD
Título: Phrazes for the
Young
Artista: Julian
Casablancas
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * * * 1/2

Primeiro álbum solo de Julian Casablancas, Phrazes for the Young não é um trabalho do Strokes, o grupo do qual Casablancas é vocalista. Ou seja, não foi gravado - com produção de Jason Lader e Mike Mogis - por uma questão de ego, ainda que egotrips estejam rondando a banda. Com repertório formado por oito composições compostas pelo artista (em cidades norte-americanas como Los Angeles, Nova York e Nebraska), o disco se revela surpreendente e, em alguns momentos, encantador. O álbum é aberto com Out of the Blue, faixa que evoca a pegada pop da New Wave. Sim, Casablancas pegou a onda dos anos 80 - formatando com sintetizadores faixas como 11th Dimension - mas não se deixa tragar por ela. Ludlow St. - tema que dialoga com o universo country - é um dos destaques do disco ao lado de 4 Chords of Apocalypse (bonita balada de alta voltagem emocional) e da sublime Glass. Nem sua música menos inspirada, River of Brakelights, atenua o brilho do disco no todo. Fechado com Tourist, música de beleza estranha (e grande letra), Phrazes for the Young acerta ao se distanciar do som roqueiro do Strokes e ao esboçar identidade própria para a já promissora obra solo de Casablancas, enquanto a banda não entra em estúdio.

Pop, 'Reality' salva Robbie Williams da 'morte'

Resenha de CD
Título: Reality Killed
the Video Star
Artista: Robbie Williams
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * * 1/2

Em 2005, ao lançar seu sétimo álbum solo, Intensive Care, Robbie Williams deu sinais de cansaço como compositor. Só que tentou reverter o quadro e, seguindo os passos de Madonna, recrutou o produtor William Orbit para pilotar o álbum Rudebox (2006), uma espécie de Confessions on a Dance Floor do cantor projetado nos anos 90 na boyband Take That. Contudo, seu disco mais eletrônico naugrafou nas paradas. O que ajuda a entender a volta ao trilho pop esboçada em Reality Killed the Video Star, nono álbum solo de Williams, produzido por Trevor Horn. Embora o single Bodies evoque (bem de longe) a atmosfera dançante de Rudebox, o que se ouve em Reality Killed the Video Star é um pop mais convencional. Baladas como Blasphemy, Morning Sun (bela canção à moda de Elton John) e You Know me (sedutora faixa de moldura épica) e Won't Do That to You (canção de amor menos inspirada) dão o tom do disco entre uma ou outra faixa de pegada roqueira - caso de Do You Mind? - e de referências ao universo das pistas, notadamente em Last Days of Disco. A busca incessante pela fama é abordada em Starstruck num link com o título do CD que repõe a discografia de Robbie Williams no curso habitual. Longe da morte pop, o video star está em porto seguro...

Sony vai reeditar catálogo de Hendrix em 2010

Licenciado para a Sony Music por um período de oito anos que começa a vigorar a partir de 1º de janeiro de 2010, o catálogo de Jimi Hendrix (1942 - 1970) vai ser inteiramente reeditado pela gravadora. Por conta desse licenciamento, anunciado pela Sony neste ano de 2009, fãs do guitarrista vão poder adquirir edições especiais dos três álbuns do trio The Jimi Hendrix Experience - Are You Experienced? (1967), Axis: Bold as Love (1967) e Electric Ladyland (1968) - e coletânea de raridades extraídas do acervo do selo Dagger Records. Ainda por conta do acordo, a edição em DVD dos registros dos shows feitos por Hendrix no Royal Albert Hall (Londres, Inglaterra) - entre 18 e 24 de fevereiro de 1969 - ficou para 2010, embora estivesse inicialmente prevista para 2009, para festejar os 40 anos das (lendárias) apresentações.

27 de novembro de 2009

A capa de 'BandaDois', nas lojas em dezembro

Esta é a capa do CD BandaDois, o novo registro de show de Gilberto Gil, nas lojas no início de dezembro de 2009 pelo selo Geléia Geral, com distribuição da Warner Music. BandaDois foi gravado ao vivo em apresentações feitas pelo cantor em 28 e 29 de setembro, no Teatro Bradesco, em São Paulo (SP). O registro ao vivo está sendo editado simultaneamente em DVD. O roteiro de 23 músicas inclui as inéditas Pronto pra Preto, Quatro Coisas e Das Duas, Uma. Mas a maior novidade é o dueto com Maria Rita em Amor até o Fim, samba de 1966 que Gil gravara somente uma vez.

'World Painted Blood' traz som e fúria do Slayer

Fora dos estúdios desde 2006, a banda Slayer registrou onze inéditas em seu décimo álbum, World Painted Blood, recém-lançado no Brasil pela gravadora Sony Music. Trata-se do segundo disco da banda desde o retorno do baterista Dave Lombardo, em 2002. World Painted Blood segue a fórmula da banda de trash metal, fundada nos Estados Unidos em 1981 pelos guitarristas Kerry King e Jeff Hannneman. A produção foi pilotada por Greg Fidelman, que já trabalhou com bandas como Metallica e Slipknot. O som e a fúria do Slayer reaparecem na pegada e nos versos de temas como Americon, Snuff, Unit 731, Not of This God, Hate Worldwide e Beauty Through Order, entre outros cinco petardos.

Alegria do pop de Jason Mraz contagia ao vivo

Resenha de Show
Título: Beautiful Mess
Artista: Jason Mraz (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Vivo Rio (RJ)
Data: 26 de novembro de 2009
Cotação: * * * *
Em cartaz em Brasília - DF (no Marina Hall, 28 de novembro) e em Belo Horizonte - MG (no Chevrolet Hall, 29 de novembro de 2009)
"Jason! Jason! Jason!!", gritou em coro o público que lotava o Vivo Rio (RJ), às 22h16m, um minuto antes de as luzes se apagarem para propiciar a entrada climática de Jason Mraz no palco da casa carioca. Sim, o jogo já estava ganho para o cantor e compositor norte-americano desde antes do começo da apresentação carioca da turnê que o trouxe ao Brasil pela primeira vez. Mas o autor e intérprete de Lucky - canção que, no Rio, contou com a presença de Tiê nos vocais que couberam a Colbie Caillat no álbum We Sing. We Dance. We Steal Things. (2008) - não fez corpo mole em campo. Ao contrário, Mraz comandou um show vibrante que contagiou o público com a alegria de sua música, que oscila entre pop radiofônico, baladas de romantismo feliz e reggaes compostos sem reverências às tradições jamaicanas - casos de Anything You Want e de I'm Yours, o megahit que encerrou o show em clima catártico (não reeditado no bis, dado com músicas como Sleep All Day) e provocou, às 23h26m, novo coro de "Jason! Jason!! Jason!!!" na plateia juvenil, ávida por (mais) felicidade pop.
Embora a alegria do pop de Mraz seja realmente contagiante ao vivo, o cantor tem grave problema de emissão - realçado nos shows, mas redimido pela pulsação de suas interpretações. Mérito também dos músicos que o acompanham em cena. Em especial, do trio de metais, cujo som evoca a latinidade de Manu Chao e - para citar um exemplo mais próximo do Brasil - dos Paralamas do Sucesso. Os metais pulsaram em brasa, especialmente em The Remedy (I Won't Worry). Por isso mesmo, foi com justo orgulho que Mraz apresentou no bis a "superbanda" que tem dividido o palco com ele ao longo dos últimos dois anos. A propósito, a turnê promocional do CD We Sing. We Dance. We Steal Things. foi captada em show feito em 13 de agosto de 2009 no Charter One Pavilion, em Chicago (EUA). O registro ao vivo está sendo editado pela Warner Music no kit de CD e DVD intitulado Beautiful Mess - Live on Earth. É um consolo para quem não conferiu ao vivo a bela bagunça de Jason Mraz nessa sua primeira turnê pelo Brasil.

Tiê voa alto no Balão Mágico ao abrir para Mraz

Escalada para fazer o segundo show de abertura da apresentação carioca do cantor e compositor norte-americano Jason Mraz, Tiê foi fiel ao seu pop de inspiração folk - mais adequado para palcos intimistas - e acabou conquistando pela simplicidade o público que lotava a casa Vivo Rio (RJ), na noite de 26 de novembro de 2009, na expectativa de ver o compositor do hit I'm Yours. Acompanhada apenas de seu tímido violão e da guitarra de Plínio Profeta, produtor de seu primeiro álbum (Sweet Jardim, 2009), Tiê tocou músicas de seu disco - Passarinho, Dois, Stranger But Mine - e, na sequência, voou alto a reboque do Balão Mágico. Sim, a cantora pescou uma pérola do repertório do grupo infantil A Turma do Balão Mágico - Se Enamora, melodiosa canção de terno romantismo adolescente, gravada pela Turma em seu terceiro álbum, de 1984 - e seduziu o público. Um êxito quase impensável para quem entrara em cena quase se desculpando ("Sou a Tiê, não sou o Jason Mraz. Vou tocar só quatro músicas e aí ele vai entrar") por estar ali no palco da casa Vivo Rio por conta de estratégia de marketing da Warner Music, a gravadora que abriga Tiê e Mraz em seu cast. Se Enamora vai ser hit. Belo voo da cantora-passarinho!!

Iorc abre para Jason com pop adulto e noveleiro

"Talvez vocês conheçam essa música, pois está tocando na novela", disse Tiago Iorc para o público que lotava as pistas e os camarotes da casa Vivo Rio (RJ) na espera do show de Jason Mraz, agendado para a noite de 26 de novembro de 2009. Sim, todo mundo conhecia a música. Era My Girl, a balada lançada pelo grupo The Temptations em 1964 e rebobinada por Iorc em seu primeiro CD, Let Yourself in, editado em 2008 pelo selo Som Livre Apresenta. Incluída na trilha sonora internacional da novela Viver a Vida, no registro de Iorc, My Girl foi acompanhada em coro pelo público e confirmou o êxito do show feito por este jovem brasiliense criado na Inglaterra. Às vésperas de completar 24 anos (nasceu em 28 de novembro de 1985), Iorc tem pinta de galã de Malhação - a novela adolescente que propagou em 2008 sua canção Nothing But a Song - mas faz (Brit)pop bem adulto, inteiramente composto e cantado em inglês. Na companhia de power trio de guitarra-baixo-e-bateria, ao qual adicionou seu violão, o cantor - em foto de Mauro Ferreira - segurou a onda e a atenção do público que esperava por Mraz com baladas e pop de pegada roqueira. Scared foi o destaque de sua (boa) apresentação.

26 de novembro de 2009

Beyoncé figura no quarto álbum de Alicia Keys

Já noticiada de forma oficiosa, a colaboração de Beyoncé Knowles no quarto álbum de Alicia Keys, The Element of Freedom, foi confirmada esta semana no site da gravadora J Records. Sim, Beyoncé figura na faixa Put It in a Love Song. Nas lojas mundiais a partir de 15 de dezembro de 2009, o CD conta ainda com a adesão do rapper Drake, convidado da faixa Un-thinkable (I'm Ready). Eis as 14 músicas do CD - cujo primeiro single é Doesn't Mean Anything:

1. Element of Freedom
2. Love Is Blind
3. Doesn't Mean Anything
4. Try Sleeping with a Broken Heart
5. Wait Til You See my Smile
6. That's How Strong my Love Is
7. Un-thinkable (I'm Ready) - com Drake
8. Love Is my Disease
9. Like the Sea
10. Put It in a Love Song - com Beyoncé
11. This Bed
12. Distance and Time
13. How It Feels to Fly
14. Empire State of Mind (Part II) Broken Down

Show pirateado do Nirvana ganha versão oficial

Semanas depois de a Warner Music ter reeditado o primeiro álbum do Nirvana (Bleach, 1989) com 11 faixas-bônus captadas ao vivo em show realizado pelo grupo em 9 de fevereiro de 1990 no Pine Street Theatre, em Portland (Oregon, EUA), a Universal Music lança o registro oficial de uma das gravações ao vivo mais pirateadas da banda. Live at Reading chega às lojas mundiais nos formatos de CD e DVD (veja capa à direita) com o registro integral da apresentação feita pelo Nirvana no Festival de Reading, no Reino Unido, em agosto de 1992. As imagens e o áudio foram recuperados a partir do filme e da fita master originais. Eis as 25 músicas ouvidas em Live at Reading:

1. Breed
2. Drain You
3. Aneurysm
4. School
5. Sliver
6. In Bloom
7. Come As You Are
8. Lithium
9. About a Girl
10. Tourette's
11. Polly
12. Lounge Act
13. Smells Like Teen Spirit
14. On a Plain
15. Negative Creep
16. Been a Son
17. All Apologies
18. Blew
19. Dumb
20. Stay Away
21. Spank Thru
22. Love Buzz
23. The Money Will Roll Right in
24. D-7
25. Territorial Pissings

CD registra 18 áudios de 'Escândalo', de Ro Ro

Entre 2004 e 2005, Ângela Ro Ro apresentou no Canal Brasil o talk-show Escândalo. Os melhores programas vão ser editados em DVD em 2010. Antes, em dezembro de 2009, chegará às lojas o CD com os áudios de 18 músicas cantadas por Ro Ro na temporada de 2005, com arranjos e teclados do amigo Ricardo Mac Cord. Produzido por Marcelo Fróes, o CD inaugura a parceria do Canal Brasil com o selo Discobertas, de Fróes, e chega às lojas a tempo de festejar os 30 anos de carreira fonográfica da artista, iniciada em 1979 com a gravação do álbum intitulado Ângela RoRo e turbinado com canções como Gota de Sangue, Não Há Cabeça e Amor, meu Grande Amor. Eis as 18 músicas do disco Escândalo:

1. Sim, Dói (Ângela Ro Ro)
2. Joana Francesa (Chico Buarque)
3. Gota D’Água (Chico Buarque)
4. Simples Carinho (João Donato e Abel Silva)
5. Fica Comigo Esta Noite (Nelson Gonçalves e Adelino Moreira)
6. Compasso (Ângela Ro Ro)
7. Fogueira (Ângela Ro Ro)
8. Garota Mata Hari (Ângela Ro Ro)
9. All Of Me (Seymour Simons e Gerald Marks)
10. Viciei em Você (Ângela Ro Ro)
11. Fila de Ex-Mulher (Ângela Ro Ro e Ricardo Mac Cord)
12. Raiado de Amor (Ângela Ro Ro)
13. Boemia do Sono (Ângela Ro Ro)
14. As Time Goes By (Herman Hupfeld)
15. Nosso Amor ao Armagedon (Ângela Ro Ro)
16. Senza Fine (Gino Paoli)
17. Contagem Regressiva (Ângela-Ro Ro e Ricardo Mac Cord)
18. Quero Mais (Ângela Ro Ro e Ana Terra)

Pet Shop Boys festejam Natal e Coldplay em EP

Com produção de Stuart Price, os Pet Shop Boys gravaram em estúdio o medley de seu hit Domino Dancing (1988) com Viva la Vida, megasucesso do grupo Coldplay - número que o duo inglês vem tocando nos shows da Pandemonium on Tour. O registro de estúdio integra o EP Christmas, à venda no exterior a partir de 14 de dezembro de 2009. O EP traz novas gravações de All Over the World - faixa do último álbum da dupla, Yes (2009) - e It Doesn't Often Snow at Christmas, tema que os Boys já haviam registrado num single de 1997 que circulou com exclusividade entre membros de um fã-clube do duo. As duas regravações foram produzidas por Neil Tennant e Chris Lowe com Marius de Vries. Completam o repertório o cover de My Girl (não o sucesso dos Temptations, mas a música homônima da banda inglesa Madness que a dupla já tinha abordado em 2008 num evento de caráter beneficiente, Can You Bear It?). Aliás, My Girl figura também no EP num remix. A EMI Music não vai editar Christmas no Brasil...

Strokes poderão entrar em estúdio em janeiro...

Apesar dos desentendimentos que andaram atrasando a gravação do quarto álbum do grupo norte-americano The Strokes (em foto de Marcos Hermes), há - ao menos em tese - a possibilidade de os músicos entraram em estúdio em janeiro de 2010 para começar a formatar o sucessor de First Impressions of Earth (2006). Nikolai Fraiture, o baixista da banda, revelou esta semana pelo Twitter que andou procurando estúdios em Nova York (EUA) para viabilizar a gravação do CD, cujo repertório é motivo de discórdia.

25 de novembro de 2009

Soraya evoca mais Dolores no bis com Ithamara

Resenha de Show
Título: Dolores Duran, Bis
Artistas: Soraya Ravenle e Ithamara Koorax
Local: Teatro Sesc Ginástico (RJ)
Data: 25 de novembro de 2009
Fotos: Mauro Ferreira
Cotação: * * * 1/2
Em cartaz no Sesc Quitandinha, em Petrópolis (RJ), em
11 e 12 de dezembro de 2009 - Ingressos de R$ 5 a R$ 20
Em 1999, a (boa) atriz e cantora Soraya Ravenle ganhou merecida projeção no meio teatral ao encarnar Dolores Duran (1930 - 1959) no musical Dolores. Dez anos depois, a artista volta a abordar o repertório da compositora de A Noite do meu Bem - 50 anos depois da morte de Dolores, ocorrida em 24 de outubro de 1959 - em um show dividido com sua irmã também cantora, Ithamara Koorax. Bem, as vozes de Soraya e Ithamara não são irmãs... Soraya canta num registro mais leve, condizente com a delicadeza da obra de Dolores. Ithamara tende para o grave e, não raro, carrega nas tintas. Mas, juntas, essas vozes resultam harmoniosas já no primeiro dos cinco duetos do show Dolores Duran, Bis - justamente a obra-prima A Noite do meu Bem - numa interação que também alcança bons momentos em Castigo e em Fim de Caso, canções também entoadas em dueto. Contudo, no decorrer do show dirigido pela atriz Stella Miranda, os blocos individuais das cantoras sinalizam o desnível de intenções entre as irmãs, com saldo favorável para Soraya, hábil tanto nas canções como nos temas nordestinos e nos sambas. Já Ithamara escorrega no terreno do exibicionismo vocal. Sua interpretação de Cry me a River (Arthur Hamilton) é um show de notas jogadas fora. Notas que, embora altas, põem o show para baixo. Dolores pede leveza...
Em cena, as cantoras fazem algumas gracinhas e leem textos um tanto formais que montam ralo perfil biográfico de Dolores. Por ser atriz, Soraya parece mais à vontade com os textos e com os causos que conta em seu set individual, no qual enfatiza o ecletismo de Dolores como intérprete. O bloco inicia com o xote Na Asa do Vento, parceria de João do Vale (1934 - 1996) com Luiz Vieira, gravada por Dolores em 1956. Na sequência, Estrada da Saudade (Luiz Vieira e Max Cold) mantém a cantora no caminho nordestino, do qual Soraya sai em seguida para transitar por samba (A Banca do Distinto, de Billy Blanco), samba-canção (Bom É Querer Bem, Fernando Lobo) e até música italiana, Nel Blu Dipinto Di Blu, o hit mundial de Domenico Modugno (1928 - 1994) que é mais conhecido como Volare. É número em que Soraya arrisca tons mais expansivos, incentivando a participação do público que lotou o teatro Sesc Ginástico, no Rio de Janeiro (RJ), na noite desta quarta-feira, 25 de novembro de 2009. Volare vem depois de número de maior voltagem emocional, Canção da Volta (Ismael Neto e Antônio Maria), entremeada com versos de Menino Grande, da lavra de Antônio Maria (1921 - 1964). Soraya realça a irmandade das obras de Maria e Dolores - parentesco já esmiuçado pelo dramaturgo Paulo Pontes (1940 - 1996) no musical Brasileiro: Profissão Esperança. No fim de seu bloco, a atriz-cantora ainda esboça um registro aveludado para My Funny Valentine (Richard Rodgers e Lorenz Hart), mostrando ser uma intérprete tão eclética quanto Dolores. Que, ao longo dos anos 50, gravou todas estas músicas cantadas por Soraya Ravenle.
Enquanto Soraya encerra My Funny Valentine, Ithamara volta à cena para poder emendar o número com sua interpretação exibicionista de Cry me a River. Nessa volta, já deu para perceber que o bloco de Ithamara sairia do tom e do espírito da própria Dolores, cuja imagem real é evocada em cena na forma de fotos projetadas na tela posicionada ao fundo do palco. Na sequência, Ithamara revive um samba menos inspirado do repertório da homenageada, Tome Continha de Você (Dolores Duran e Edson Borges), em ritmo veloz e num link com a Bossa Nova que culmina com citação de Desafinado (Tom Jobim e Newton Mendonça). Mas é em Ternura Antiga (Dolores e J. Ribamar) que Ithamara começa a encontrar a empatia popular, alcançada plenamente em Noite de Paz e, em menor grau, em O Negócio É Amar, a parceria póstuma de Dolores com Carlos Lyra que Ithamara entoa com certa leveza. Ainda que tenda quase sempre a sublinhar em demasia o tom emotivo das letras, a cantora reafirma o poder de sua voz nas passagens a capella de Solidão. Pena que nem sempre ponha tal artilharia vocal em favor do repertório e do próprio prazer do público, que - no caso de Dolores Duran, Bis - não parece interessado em malabarismos vocais. Floreios, aliás, dispensáveis quando se trata da obra de Dolores Duran. Tanto que o show volta a encantar no encerramento, quando Ithamara - então já com Soraya de volta ao palco - une forças e vozes com a irmã para cantar as duas parcerias de Dolores com Tom Jobim (1927 - 1994). Por Causa de Você é defendida em registro que combina a letra em português e os versos em inglês escritos por Ray Gilbert e, no roteiro, a cargo de Ithamara. Uma iluminada Estrada do Sol fecha o show. Aliás, quase, pois o bis reserva surpresa: a entrada em cena da única filha de Dolores, Fernanda Duran, que se junta às irmãs para entoar A Noite do meu Bem. Sem vocação para o canto, Fernanda tem justificada sua afetiva presença no show somente pelo parentesco com a compositora que, embora morta precocemente, aos 29 anos, deixou obra antológica que resiste esplendidamente ao tempo, mas requer vozes sensíveis, como ela.

'Raditude', do Weezer, é disco radicalmente pop

Resenha de CD
Título: Raditude
Artista: Weezer
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * 1/2

Em 2008, ao lançar Weezer, CD mais conhecido como The Red Album, o quarteto Weezer recuperou sua pegada. Já em Raditude (2009), sétimo CD de estúdio do grupo, o som é menos inspirado e mais irregular. Começa muito bem com (If You're Wondering If I Want You to) I Want You to - música que exibe o apelo pop do atual repertório da banda norte-americana (liderada pelo vocalista, guitarrista e compositor Rivers Cuomo) - mas vai ficando menos interessante à medida em que avançam as onze faixas. Nem mesmo a presença do rapper Lil' Wayne em Can't Stop the Parting - tema impregnado de batida típica do universo hip hop - justifica a expectativa. Aliás, o Weezer insere alguns grooves de electro pop em I'm your Daddy sem ganho substancial para seu indie rock. Que adquire toque oriental em Love Is the Answer. No todo, há excesso de batidas eletrônicas - adornos até dispensáveis no som de um grupo que sempre se caracterizou pelas guitarras cruas. Enfim, Raditude é radicalmente pop. Tem lá seus bons momentos, mas lhe falta a tal pegada posta pelos produtores Jacknife Lee e Rick Rubin no Red Album. O melhor do disco acaba sendo a foto da capa, publicada na revista National Geographic. A foto, sim, é realmente original!!

Cullum arrisca jazz, pop e Ibiza em 'The Pursuit'

Resenha de CD
Título: The Pursuit
Artista: Jamie Cullum
Gravadora: Decca
/ Universal Music
Cotação: * * * 1/2

A energia e o frescor que logo brotam da regravação de Just One of Those Things - feita ao vivo por Jamie Cullum com a Orquestra de Count Basie, no estúdio de Tony Bennett, em Nova York (EUA) - contaminam de imediato o ouvinte de The Pursuit. É a faixa que abre o quinto álbum do cantor e compositor. Mais inventivo do que Michael Bublé, seu possível rival pelo fato de ambos serem seguidores da escola de Frank Sinatra (1915 - 1998), Cullum ousou escrever nova introdução para o tema de Cole Porter (1891 - 1964), numa prova de que gosta de correr riscos. No registro de Cullum, Just One of Those Things tem o toque jazzístico que caracteriza o canto do artista. Mas que não aparece em temas autorais como I'm All Over It (de inebriante pulsação pop) e Wheels. Com pegada pop ou suingue jazzístico (como em You and me Are Gone), The Pursuit confirma as habilidades de Cullum. Ele é mestre em se apropriar de temas alheios, caso de If I Ruled the World, balada do repertório de Tony Bennett que evoca Portishead na gravação do jovem astro (como ressalta Cullum no faixa-a-faixa escrito por ele para apresentar o álbum). Nessa seara, o cover de Please Don't Stop the Music - hit de Rihanna - é exemplar. Cullum dá outra pulsação ao tema, como já fizera antes como High and Dry, do Radiohead. É fato que The Pursuit perde o pique na segunda metade. Cullum tenta dar uma de Cole Porter em I Think, I Love - canção de amor à moda moderna, entoada num clima voz-e-piano - mas nem sempre o compositor é infalível como o intérprete. Mais arriscada é a tentativa de mixar em We Run Things o suingue do r & b mais contemporâneo com leve tom jazzístico. Tom também incorporado em Music Is Through, a faixa dance que remete aos sons de Ibiza e fecha o disco. Cullum não se importa de correr riscos. É por isso que, entre erros e acertos, o saldo de The Pursuit é positivo. Há frescor na música de Cullum.

Ed faz 'Piquenique' pop com inspiração parcial

Resenha de CD
Título: Piquenique
Artista: Ed Motta
Gravadora: Trama
Cotação: * * *

Ao trocar a gravadora Universal Music pela Trama, em 2003, Ed Motta se valeu da liberdade artística concedida pela companhia dirigida por João Marcelo Bôscoli para fazer uma série de discos descompromissados com o sucesso comercial - atitude, a rigor, tomada quando Ed ainda estava na Universal e arriscou álbum quase inteiramente instrumental (Dwitza, 2002). Na Trama, o cantor flertou com o samba-jazz (Aystelum, 2005) e se permitiu um CD inteiramente cantado em inglês (Chapter 9, 2008). Pagou um preço pela liberdade, cobrado com a queda de popularidade. Nas lojas no começo de dezembro, Piquenique tenta recuperar essa popularidade com repertório desencanado. O título do disco já traduz a alegria que pontua as 12 inéditas. Em Poptical, álbum de 2003, o cantor ensaiou guinada pop, mas não foi tão radical quanto em Piquenique, disco que marca a estreia da parceria do artista com sua mulher, Edna Lopes, autora de onze das 12 letras, escritas no tom feliz que domina o CD. Edna estreia bem na função.

Bem produzido pelo próprio Ed Motta, em parceria com Silvera, Piquenique flagra Ed imerso em grooves de funk e soul que remetem ao seu início de carreira. Músicas como Minha Vida Toda com Você e Mensalidade poderão dar ao artista novo passe nos bailes da pesada, nos quais ele andou barrado nos últimos tempos. Assim como a faixa-título, gravada com vocais de Marya Bravo. Contudo, há mais requinte harmônico, fruto da evolução da discografia e Ed desde 1988, ano em que ele surgiu no comando da Conexão Japeri. A sofisticação é perceptível na base de A Turma da Pilantragem - faixa de alto teor erótico na qual Ed celebra com Maria Rita o som que deu popularidade a Wilson Simonal (1938 - 2000) - e na moldura da linda balada Carência no Frio, urdida por Ed e Silvera com mix de sons analógicos e eletrônicos. O fino acabamento instrumental não dilui a pegada popular de boa parte das músicas. "Pôs o pé na jaca / De pirraça / Ficou sem noção / Pra não ter ressaca / Pôs na taça / Muito gelo e limão", canta Ed no refrão de Pé no Jaca, o (provável) hit do disco.

O problema é que Ed fez seu Piquenique com inspiração parcial. A primeira metade é exemplar, mas, a partir da sétima faixa, o nível do repertório inédito cai bastante. E nem mesmo Nefertiti - a terceira parceria de Ed com Rita Lee - consegue cativar de fato. A letra de Rita é deliciosa, só que a melodia de Ed não reedita a felicidade de Fora da Lei (1997) e Colombina (2000). O Mestre e o Aprendiz (faixa de versos esotéricos), Compromisso (balada soul) e Bel Prazer (tema no qual Ed se exercita na arte dos scats) deixam Piquenique menos animado. Sensação corroborada pelas duas últimas faixas, Nicole Versus Ching e Tanto Faz, ambas chatas. No entanto, justiça seja feita, as iguarias iniciais do cardápio pop dão sabor a Piquenique e mostram que Ed Motta é bem mais feliz quando segue à risca seu manual prático para festas, bailes e afins.

Sucinto, Ney se diz 'estranho' ao receber prêmio

Laureado com o Prêmio Shell de Música 2009 pelo conjunto de sua obra camaleônica, Ney Matogrosso foi sucinto ao receber o troféu em cerimônia realizada na noite de terça-feira, 24 de novembro, na casa carioca Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ). "Eu não sei o que fazer com prêmio. Eu fico meio estranho... Agradeço às pessoas que me indicaram. Confesso que não faço nada na minha vida pensando em prêmio, mas, quando ele vem, é bom. É sinal de que o trabalho alcançou uma dimensão que a gente nem sabe qual é", disse o cantor num breve discurso de agradecimento.

Segundo intérprete a ser contemplado com o Shell desde que uma mudança no regulamento, em 2008, deixou de restringir o prêmio a compositores, Ney - visto acima em foto de Marcos Issa, da Agência Argos - teve sua rica trajetória saudada na abertura da cerimônia em texto lido pela atriz Lucélia Santos. Na sequência, houve discurso de um diretor da empresa e apresentação dos Meninos do Morumbi. Após cantar músicas folclóricas, o grupo encerrou seu set com três sucessos de Ney: Homem com H (1981), O Vira (1973) e América do Sul (1975). Em seguida, coube ao cantor dominar o palco do Vivo com o encerramento da turnê de Inclassificáveis, o show que estreou em setembro de 2007, em Juiz de Fora (MG), e rodou o Brasil durante dois anos. Espetáculo imperativo, de tom bem roqueiro e politizado, Inclassificáveis voltou redondo à cena, mostrando que, aos 68 anos, Ney continua em ótima forma. Contudo, o roteiro - seguido à risca - não resume a obra ainda mutante do artista, alvo do prêmio mais do que justo.

24 de novembro de 2009

Sade volta com Soldier of Love em 8 de fevereiro

É assim, de costas nuas, que Sade vai aparecer na capa de Soldier of Love, o seu primeiro álbum de inéditas desde 2000, quando editou Lovers Rock. Sexto álbum de estúdio da sensual cantora nigeriana, Soldier of Love tem lançamento agendado, via Epic (Sony Music), para 8 de fevereiro de 2010. O disco foi gravado e mixado na Inglaterra, entre junho e outubro de 2009. O inédito repertório autoral - ainda não divulgado - inclui parcerias de Sade com seu habitual colaborador Stuart Matthewman, o Cottonbelly.

Massive divulga capa e repertório de Heligoland

Grupo inglês de trip hop, Massive Attack divulgou a (bela) capa e o repertório de seu quinto álbum de estúdio, Heligoland. Com lançamento agendado pela Virgin para 8 de fevereiro de 2010, o sucessor de 100th Window (2003) conta com intervenções de Damon Albarn, Hope Sandoval, Martina Topley-Bird e Guy Garvey (do grupo Elbow), entre outros nomes. Eis as dez faixas do álbum:

* Pray for Rain - com Tunde Adebimpe
* Babel – com Martina Topley-Bird
* Splitting the Atom – com Horace Andy
* Girl I Love You – com Horace Andy
* Psyche – com Martina Topley-Bird
* Flat of the Blade – com Guy Garvey
* Paradise Circus – com Hope Sandoval
* Rush Minute
* Saturday Come Slow – com Damon Albarn
* Atlas Air

Duo de Gil com Maria Rita promove BandaDois

Já em rotação em algumas rádios, a regravação do samba Amor até o Fim - feita por Gilberto Gil na companhia de Maria Rita e de Bem Gil (vistos em foto de João Vainer) - puxa o CD e o DVD BandaDois, gravados ao vivo por Gil em dois shows realizados no Teatro Bradesco, em São Paulo (SP), em 28 e 29 setembro de 2009. De início, o lançamento de BandaDois estava previsto para novembro, mas CD e DVD - produzidos pelo selo Geléia Geral - estarão efetivamente à venda na primeira quinzena de dezembro.

DVD perpetua ida do MPB-4 ao 'MPB Especial'

Em 1973, quando já tinha atuação relevante na cena musical do Brasil, o grupo MPB-4 concedeu (ótima) entrevista ao programa MPB Especial, dirigido por Fernando Faro na TV Cultura. O ameno bate-papo musical do conjunto está perpetuado em DVD editado pela Biscoito Fino neste mês de novembro de 2009. O período era de trevas - e, por conta da gravação de temas como Pesadelo e Roda-Viva, as vozes sempre engajadas de Aquiles, Magro, Miltinho e Ruy soaram firmes em meio à escuridão imposta pelo regime militar que amordaçava o Brasil desde 1964 - mas o tom da entrevista é descontraído. O MPB-4 conta histórias hilárias que envolvem nomes como Baden Powell (1937 - 2000) e Nelson Cavaquinho (1911 - 1986) enquanto entoa músicas como Lamento (Pixinguinha e Vinicius de Moraes), Partido Alto (Chico Buarque) e Cicatrizes (Miltinho e Paulo César Pinheiro). O detalhe triste é que a Biscoito Fino, mais uma vez, falha na revisão da ficha técnica de seus produtos, atribuindo à autoria do samba Beija-Flor a Nelson Cavaquinho, Augusto Tomás Jr. e Noel Rosa (1910 - 1937), quando, na realidade, a composição é de Cavaquinho e Augusto com Noel Silva. Confusão lamentável...

Bar caipira destaca Ivete entre doses previsíveis

Resenha de CD / DVD
Título: Um Barzinho,
um Violão Sertanejo
Artista: Vários
Gravadora: Sony
Music
Cotação: * * *

A edição sertaneja da série Um Barzinho, um Violão - que rendeu dois CDs vendidos de forma avulsa e um DVD - trai, de certa forma, o salutar conceito da coleção. O grande atrativo da série, idealizada nos anos 90, é agregar artistas de gerações e universos distintos em torno de repertório que não se ajusta ao estilo habitual do convidado. No caso do barzinho sertanejo, os 28 números captados ao vivo na Villa Country (SP), em julho de 2009, são feitos - em sua grande maioria - por duplas sertanejas. E algumas ainda cantam músicas já associados às suas vozes. Caso de Chitãozinho & Xororó, que revivem 60 Dias Apaixonados, sucesso que impulsionou a carreira fonográfica dos irmãos paranaenses em 1978. Da mesma forma, Roberta Miranda canta Vá com Deus, tema de sua autoria. Por essa razão, o barzinho sertanejo fica mais sedutor quando oferece doses menos previsíveis da música do campo. Não é à toa que, estranhos no ninho caipira, Ivete Sangalo e Zeca Pagodinho chamam atenção no preguiçoso time de intérpretes. Sem procurar impressionar, Zeca aria Panela Velha - grande sucesso de Sérgio Reis (ausência sentida no elenco) nos anos 80 - com a mesma desenvoltura com que canta seus pagodes. E, verdade seja dita, a letra espirituosa está em sintonia com os versos dos sambas habitualmente cantados por Zeca. Já Ivete mostra em Romaria que, quando quer, é uma boa cantora. Feito em dueto com Renato Teixeira, autor da pungente canção lançada em 1977 por Elis Regina (1945 - 1982), o número de Ivete foi o único gravado fora das apresentações feitas na Villa Country em 28 e 29 de julho. No caso, a captação da imagem foi feita em Salvador, na Bahia, ao ar livre, em clima e cenário bucólicos. Três violões - um deles tocado pelo próprio Teixeira - emolduram a voz da cantora, que segue a melodia de Romaria em tons suaves, ternos, sem a densidade emocional do registro de Elis - e mesmo da gravação posterior feita por Fafá de Belém em disco ao vivo de 1995. Contudo, justiça seja feita, a abordagem de Ivete é harmoniosa, inclusive quando sua voz se encontra com a do compositor do tema. É o destaque!!!

E por falar em Fafá, a cantora - que abriu espaço para a música sertaneja nas FMs cariocas ao gravar a bonita guarânia Nuvem de Lágrimas com Chitãzinho & Xororó em seu álbum de 1989 - marca presença no bar sertanejo. Em ótima forma vocal, a cantora entoa os versos de Saudade da Minha Terra num tom esfuziante que contradiz a melancolia nostálgica do clássico caipira de Goiá e Belmonte. Já Tânia Mara - boa cantora que peca por repertório e tom equivocados - entra no clima de Casa no Campo, parceria de Zé Rodrix (1947 - 2009) e Tavito que, apesar da inspiração rural, não está associada ao universo sertanejo. No todo, o barzinho caipira não tem estoque suficiente de novidades para seduzir consumidores que não bebem na populista fonte sertaneja. Pena...

23 de novembro de 2009

Parcerias de Sève com Stanzione já geram disco

Radicada no Rio de Janeiro (RJ) há cerca de dois meses, a cantora e compositora argentina Cecilia Stanzione aproveita a mudança para o Brasil para expandir a parceria com o saxofonista e flautista brasileiro Mário Sève - iniciada há pouco mais de um ano. As 15 composições da dupla - vista acima em foto de Mônica Ramalho - geraram um disco, já em fase de preparo. Una Milonga e Canción Necesaria são duas faixas do CD, previsto para 2010. A conferir...

Sá & Guarabyra revivem Let It Be em Beatles 70

Sá & Guarabyra regravaram Let It Be - balada do álbum homônimo dos Beatles, lançado em 1970 - para o disco-tributo Beatles 70, produzido por Marcelo Fróes para seu selo Discobertas. O CD vai chegar às lojas em abril de 2010 para celebrar os 40 anos do lançamento do derradeiro álbum dos Fab Four (Let It Be, a rigor, foi gravado antes de Abbey Road, em 1969, mas foi lançado depois, encerrando assim a discografia oficial do grupo). A ideia da dupla era reviver Let It Be na companhia de Zé Rodrix (1947 - 2009), mas a morte do compositor de Casa no Campo - em 22 de maio de 2009 - impediu a reunião do trio Sá, Rodrix & Guarabyra.

Sexto álbum de Usher é adiado e fica para 2010

Sexto álbum de estúdio de Usher, Raymond vs. Raymond teve seu lançamento adiado para 2010. Pelo cronograma inicial da gravadora Jive, o disco chegaria às lojas dos Estados Unidos em 21 de dezembro de 2009. Papers, o primeiro single do álbum, já está inclusive em rotação. Mas a companhia optou pelo adiamento - em tese, para dar maior atenção ao CD quando ele for lançado, em data ainda incerta. O último álbum do cantor de r & b, Here I Stand, foi editado em 2008 e vendeu 1,2 milhão de cópias nos EUA - número modesto se forem levados em conta os 9,7 milhões de exemplares vendidos do anterior Confessions, o CD de 2004.

Otto desperta mais focado após 'longo inverno'

Resenha de CD
Título: Certa Manhã
Acordei de Sonhos
Intranquilos
Artista: Otto
Gravadora: Arterial
Music / Rob Digital
Cotação: * * * *

Bom percussionista egresso do Mundo Livre S/A, grupo que o abrigou após breve passagem pela Nação Zumbi, Otto partiu logo para carreira solo, iniciada em 1998 com Samba pra Burro, álbum bem cultuado pela crítica. Condom Black (2001) e Sem Gravidade (2003) - este um trabalho irregular em que o artista dialogou até com a música brega - se encarregaram de diluir a aura cult construída em torno de Otto. Veio um período de crise - marcada pela ruptura com a gravadora Trama - e de afastamento do mercado fonográfico, interrompido com a gravação deste seu quarto álbum de estúdio, Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos, cujo coerente título reproduz a frase inicial de A Metamorfose, obra-prima do escritor tcheco Franz Kakfa (1883 - 1924). Lançado em setembro de 2009 nos Estados Unidos, o disco - produzido por Otto em parceria com Pupillo, baterista da Nação Zumbi - ganha edição nacional pelo selo Arterial Music, recém-aberto pela gravadora Rob Digital. Nas lojas do Brasil no início de dezembro, o álbum - o primeiro do artista em seis anos - repõe o som de Otto nos trilhos. Não é obra-prima, mas é bacana...

"Nasceram flores no canto de um quarto escuro. Mas, eu juro, são flores de um longo inverno", ressalta Otto em versos de 6 Minutos, destaque entre as dez faixas do disco. Após longo sono invernal, o artista parece ter despertado com mais foco. Nítido em faixas como Saudade, tema no qual figura Julieta Venegas, convidada também da regravação oportuna de Lágrimas Negras (Nelson Jacobina e Jorge Mautner). Talvez o foco venha do fato de Otto ter se conectado a um time de colaboradores que entende o seu som e o traduz com mais propriedade. Céu participa de O Leite. Pupillo e Dengue põem a pegada da Nação - ou parte dela - no disco. Já Fernando Catatau imprime sua guitarra marcante em temas como Meu Mundo Dança e Naquela Mesa. Aliás, os versos doídos deste samba de Sérgio Bittencourt (1941 - 1979) também traduzem bem o espírito de um álbum que expia dores. "Aqui é festa amor e há tristeza em minha vida", reitera Otto no refrão inebriante de Filha. Crua - com cordas dispostas com certa tensão - e a afro Janaína confirmam a sensação de acerto do CD, por mais que o repertório do álbum nem sempre esteja à altura dos músicos que o embalam com equilíbrio entre sons orgânicos e eletrônicos. Belo despertar!

'Salve, Jorge!' encaixota raras e inéditas de Ben

Embora ignore dois títulos gravados por Jorge Ben Jor para o mercado internacional nos anos 70 (Jorge Ben à L'Olympia e Tropical, discos de 1975 e 1977, ambos inéditos no Brasil), a caixa Salve, Jorge! - que embala os 13 álbuns feitos pelo Zé Pretinho para a Philips entre 1963 e 1976 - agrega gravações raras ou mesmo inéditas de Jorge no CD duplo que reúne fonogramas avulsos da discografia do artista. A maioria das raridades é de 1972. Nas lojas no início de dezembro de 2009, a caixa foi produzida a partir de pesquisa de Carlos Savalla, organizada por Alice Soares e Rodrigo Faour. Ana Maria Bahiana assina os textos que explicam a importância dos discos Samba Esquema Novo (1963), Sacudin Ben Samba (1964), Ben É Samba Bom (1964), Big Ben (1965), Jorge Ben (1969), Força Bruta (1970), Negro É Lindo (1971), Ben (1972), 10 Anos Depois (1973), A Tábua de Esmeraldas (1974), Gil Jorge - Ogum Xangô (1975), Solta o Pavão (1975) e África Brasil (1976). Eis 16 das 28 raridades reunidas em Salve, Jorge! no CD duplo inserido nessa coleção produzida pela gravadora Universal Music:
* Mas que Nada – Gravação inédita do hit de 1963, feita em 1972 em andamento mais acelerado
* Olha a Beleza Dela – Faixa de compacto de 1972
* Aleluia É Nome de Mulher – Faixa de compacto de 1966
* Caramba! ... Galileu da Galiléia – Gravação inédita da música de
1972, feita no mesmo ano
* Sem Essa nº 5 – Do LP coletivo
Máximo de Sucessos nº 13 (1975)
* Maria Luiza – Inédita versão em espanhol, de 1972
* Silvia Lenheira – Inédita, de 1972
* Cosa Nostra – Faixa do compacto
O Som do Pasquim, de 1970
* Descalço no Parque (ao vivo) – Raridade do LP
É Tempo de Música
Popular Moderna, de 1964
* Sai de Mim, Mulher – Gravação inédita do samba, feita em 1972
*Você Não É Ave Maria, Mas É Cheia de Graça – C
ompacto de 1966
* Os Mentes Claras – Inédita de 1972
* Olha a Beleza Dela (Olha o Balaio Dela) – Gravação inédita de
1972, diferente do registro do lado B do compacto do mesmo ano
* Salve América – Inédita de 1972
* Tô com Deus, Tô com Amor – LP coletivo
Orações Profanas
(1972)
* A Lua É Minha – Faixa da coletânea As 14 Mais da Difusora (1973)

22 de novembro de 2009

Voz e presença de Joss seduzem a arena carioca

Resenha de Show
Título: Colour me Free Tour
Artista: Joss Stone (em foto de Mauro Ferreira)
Local: HSBC Arena (RJ)
Data: 21 de novembro de 2009
Cotação: * * * * 1/2
Em cartaz em São Paulo - SP (22 de novembro, no HSBC Brasil)

e em Curitiba - PR (23 de novembro, no Teatro Positivo)

Em sua segunda vinda ao Rio de Janeiro (RJ), Joss Stone fez um show tão cativante quanto a apresentação que eletrizou a casa Vivo Rio (RJ) em 13 de junho de 2008. De vestido curto, a cantora britânica seduziu de imediato o público que compareceu à HSBC Arena na noite de sábado, 21 de novembro de 2009, por conta de seu vozeirão e de sua (bela) presença. Já no primeiro (tradicional) número de abertura, Super Duper Love (Are You Diggin' on me?), a cantora mostrou a que veio. Elétrica, andando de um lado a outro do palco, Joss deu na arena carioca o pontapé inicial da turnê promocional de seu quarto álbum, Colour me Free, de cujo repertório - mais voltado para o soul - extraiu músicas como Free me para montar o roteiro que agrega hits de seus três discos anteriores. Put your Hands on me - petardo do terceiro álbum da artista, Introducing Joss Stone (2007) - foi um dos muitos destaques do show turbinado por banda afiada que destacou um duo de metais (responsável em parte pela pulsação inebriante dos arranjos) e os três vocalistas diplomados na escola soul da qual a cantora é mestra precoce, desde que surgiu no mercado em 2003.

A julgar pela estreia mundial, os shows da Colour me Free Tour terão dose ligeiramente mais alta de baladas, apesar da omissão de Right to Be Wrong. Foi, aliás, durante uma balada, Tell me What We're Gonna Do Now, que uma Bandeira do Brasil foi arremessada ao palco da arena carioca e, na sequência, pendurada por Joss no pedestal do microfone. Visivelmente feliz, a cantora interagiu com o público, badalou as boas músicas novas (Incredible e I Believe It to my Soul, entre elas) e manteve o pique até o bloco final, que destacou You Had me, hit de seu segundo álbum Mind, Body & Soul (2004). Mas teve bis, claro. E não somente um, como de praxe. O público pediu um segundo bis e foi atendido. Nessa parte adicional, um dos trunfos da excelente apresentação carioca de estrela inglesa foi Big Ol' Game, música adicionada como faixa-bônus em edições especiais do CD Introducing Joss Stone e incluída novamente em Colour me Free. Big Ol' Game cresce no palco. Muito por conta do total domínio da cantora em cena. Joss Stone tem corpo e ar de top model, mas, quando abre a boca para soltar o vozeirão negróide, o que se ouve é uma cantora que vai com sede aos potes do soul e do r & b. Unidas no palco, sua voz e sua bela presença resultaram em show cativante, feito na pressão.

Natural em 'lugar imenso', Gadú abre para Joss

"Gente, que lugar imenso!...", admirou-se Maria Gadú, no palco da HSBC Arena, após cantar Lanterna dos Afogados, a balada de Herbert Vianna que ela já revivera na edição do programa Som Brasil dedicada ao grupo Paralamas do Sucesso. À vontade no lugar imenso, de fato a maior casa de shows do Rio de Janeiro (RJ), Gadú - vista em foto de Mauro Ferreira - preservou sua espontaneidade ao abrir a apresentação carioca da nova turnê da cantora inglesa Joss Stone, na noite de sábado, 21 de novembro de 2009. Sem procurar impressionar, a artista cantou algumas das melhores músicas de seu primeiro álbum - Dona Cila, Shimbalaiê, Tudo Diferente - e, no fim de seu pocket show, convocou o amigo Leandro Léo para dividir a cena com ela em Linda Rosa e em Laranja, último número de apresentação simpática que mostrou que Maria Gadú canta (bem) em qualquer canto com a mesma naturalidade. Inclusive em lugares imensos como a HSBC Arena...

O melhor de Britney, Foo Fighters e Snow Patrol

Chegam ao Brasil coletâneas de Britney Spears, Foo Fighters e Snow Patrol - todas turbinadas com gravações inéditas. Lançado no mercado nacional na edição simples, pela Sony Music, The Singles Collection resume a carreira de Britney em 18 faixas. A novidade é 3, tema composto pelo hitmaker Max Martin. Também da Sony Music é a compilação Foo Fighters Greatest Hits, que celebra os 15 anos de carreira do grupo criado por Dave Grohl - atualmente mais ocupado com o Them Crooked Vultures, o trio que formou com o baixista John Paul Jones e o guitarrista Josh Homme - com direito às inéditas Word Forward e Wheels. Por sua vez, a Universal Music põe nas lojas Up to Now, best of duplo do grupo Snow Patrol que agrega três inéditas (Just Say Yes, Give me Strength e Dark Roman Wine), duas novas regravações (The Planets Bend Betweem us e An Olive Grove Facing the Sea) e dois registros (Chasing Cars e Run), entre hits e fonogramas de singles.

Eminem adia 'Relapse 2', porém já lança 'Refill'

Eminem decidiu adiar para 2010 a edição de Relapse 2, a sequência de seu quinto álbum de estúdio, prevista para o fim deste ano de 2009. O artista justifica o adiamento pelo fato de o novo disco ter tomado rumo diferente do que estava planejado assim que o rapper entrou em estúdio para gravar as novas faixas com produtores como Dr. Dre e Just Blaze. Em contrapartida, Eminem já lança, em 21 de dezembro, uma edição especial de seu último álbum. Relapse: Refill chegará às lojas com sete faixas-bônus. Entre elas, o single Forever (extraído da trilha sonora de More Than a Game) e Taking my Ball (lançada originalmente em videogame de DJ Hero). As outras cinco músicas - de títulos ainda não divulgados - são totalmente inéditas, segundo o rapper.