18 de abril de 2009

B-52's faz festa no Rio mesmo sem Legal Tender

Resenha de Show
Título: Funplex Tour
Artista: The B-52's (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Citibank Hall (RJ)

Data: 17 de abril de 2009
Cotação: * * * *
Em cartaz em São Paulo (18 de abril, no Citibank Hall) e em Porto Alegre (em 20 de abril, no Teatro do Porto Alegre Country Club)

"Are you ready for rock'n'roll?", perguntou elétrica a vocalista Kate Pierson ao animado público que ocupava um terço da pista da casa carioca Citibank Hall na noite de sexta-feira, 17 de abril de 2009, para ver o show que marcou a estreia da miniturnê que traz o grupo The B-52's ao Brasil pela terceira vez. A pergunta foi feita antes de o grupo norte-americano - um dos símbolos máximos da new wave que dominou a parada pop nos anos 80 - tocar Roam, hit de um dos álbuns (Cosmic Thing) mais bem-sucedidos da trajetória da banda, retomada em 2008 com o lançamento de Funplex, o primeiro (bom!!) disco de inéditas do B-52's em 16 anos. Claro que o público estava pronto. Não exatamente para o rock'n'roll, mas para ouvir o som típico da velha onda oitentista. E o B-52's fez a alegria dos cariocas, apesar de surpreendentemente não ter tocado Legal Tender, seu maior sucesso, pedido em vão pelo público ao fim do apoteótico bis, dado com Planet Claire (hit de clima sci-fi em que Kate Pierson sustenta os vocalises de forma brilhante), Keep the Party Going e Rock Lobster. Leve decepção...

Foi um belo show, que já começou quente com o arrasador bloco inicial que enfileirou músicas novas como Pump e Ultraviolet ao lado de Mesopotania e do hit Private Idaho. Os tons dos figurinos não estavam tão coloridos quanto na consagradora primeira vinda do B-52's ao Brasil, em 1985, para tocar no festival Rock in Rio. Mas o som se mostrou forte, com pegada - mantida inclusive pelo toque vigoroso da bateria de Sterling Campbell. E, como já mostrara o álbum Funplex, a banda continua na mesma onda, mas investe mais nos recursos eletrônicos sem prejuízo do clima festivo de seu som descontraído. Recursos que até caem bem em temas como Love in the Year 3000, de tom obviamente futurista.

Entrosados e em forma, os três vocalistas - Cindy Wilson, Fred Schneider e a citada Kate Pierson - fizeram a festa dos fãs. Menos números de menor efeito na platéia - como Juliet of the Spirits, uma das músicas de Funplex - estiveram azeitados. No fim do show, quando balões coloridos já passavam de mão em em mão na platéia ao som de Love Shack, um dos clássicos do B-52's, a alegria reinava entre o público. Mesmo relativamente vazia, festa foi boa!!

Falcatrua dá novo gás à obra de Tim com Ulhoa

Banda mineira, Falcatrua tenta dar novo gás à obra de Tim Maia (1942 - 1998), principal pilar da soul music produzida no Brasil. Gravado com a direção artística de Nelson Motta (o biógrafo do cantor) e produção musical de John Ulhoa, do Pato Fu, o CD Vou com Gás está sendo lançado neste mês de abril de 2009. Motta virou fã dos músicos quando os ouviu tocar a obra do Síndico no lançamento mineiro da biografia Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia. Feita a ponte com o cérebro mais criativo do Pato Fu, o disco logo começou a tomar forma. Vou com Gás mixa o balanço de Tim com a pegada roqueira da Falcatura (visto acima em foto de Cláudia Margutti). Com ênfase na guitarra, a banda dá outra pulsação a músicas como Não Vou Ficar (1969), Gostava Tanto de Você (1973) e Réu Confesso (1973). O CD tem dez faixas.

Xico reverencia sanfoneiros no 'Forroboxote 8'

Sivuca (1930 - 2006), Dominguinhos e Luiz Gonzaga (1912 - 1989) são vistos acima no traço de Humberto Araújo. As três caricaturas ilustram a capa do mais recente disco de Xico Bizerra, Com a Sanfona Agarrada no Peito - Forroboxote 8. Bizerra é o compositor cearense - mas radicado em Pernambuco - cuja obra é gravada em dose dupla por Elba Ramalho em seu álbum Balaio de Amor (ele é o autor das faixas Oferendar e Se Tu Quiser). Em seu atual trabalho, produzido com direção musical de Genaro e projeto gráfico de Ana Rios, Xico Bizerra presta homenagem aos sanfoneiros nordestinos. Gonzaga é reverenciado em Lua Brasil, tema dos anos 90, já gravado pelo Quinteto Violado. A faixa conta com a participação de Dominguinhos, que, por sua vez, é o nome celebrado na Canção Adomingada, composta em 2008 e gravada no CD de Bizerra com a voz do cantador Santanna. Já Sivuca é festejado em Fruto Severino, parceria de Bizerra com Ozi dos Palmares. A gravação, feita com a voz de Flávio José, cita na abertura e no encerramento Feira de Mangaio, parceria de Sivuca com Glorinha Gadelha, popularizada por Clara Nunes (1942 - 1983) em 1979. No CD, Bizerra também presta justo tributo a sanfoneiros como Oswaldinho do Acordeom (Xote Azul), Flávio José (Fulô Melodia) e Gennaro (Gennarando) - entre outros feras.

Chega às lojas o registro de show de padre Fábio

Já aportou nas lojas Eu e o Tempo, o registro ao vivo do show gravado por padre Fábio de Melo em 6 de janeiro de 2009. A gravação está sendo editada pela LGK Music nos formatos de CD, DVD e num kit que junta CD, DVD e postais com fotos e mensagens de Fábio - atual campeão de vendas do mercado fonográfico brasileiro. O DVD exibe os 21 números do show enquanto o CD toca 15. Tudo Posso conta com a participação de Celina Borges, cantora do movimento carismático da igreja católica. Já O Caderno (tema de Toquinho) ganhou intervenções da guitarra de Ary Piassarolo. A regravação de Vida - música do repertório de Fábio Jr. nos anos 80 - já está em rotação na trilha sonora da novela Caras & Bocas. O registro do show chega às lojas a tempo de faturar com as vendas do Dia das Mães, data que anima a indústria do disco e também a fé em Fábio.

17 de abril de 2009

Daniela e Alien defendem o Brasil em CD global

Com boa visibilidade no exterior, já tendo dividido o palco com nomes como Paul McCartney, Daniela Mercury (em foto de Michel Ray) foi escolhida para representar o Brasil no projeto Global One. Trata-se de um disco global que vai reunir gravações de uma mesma música - Lately, composta originalmente em inglês por Brian Allen - em diferentes idiomas e nas vozes de 35 artistas dos cinco continentes. Escrita pela cantora e intitulada Ultimamente, a versão em português gravada por Daniela tem intervenções do rapper Black Alien, egresso do grupo Planet Hemp. Rob Hoffman pilota a produção do álbum duplo, cujo lançamento está previsto para julho de 2009. Antes, em 18 de maio, serão lançados os singles dos diferentes cantores. A ideia do projeto é enfatizar que a música extrapola fronteiras geográficas, políticas e econômicas.

Krall lança 'Live in Rio' em 26 de maio em DVD

Na seqüência da edição do álbum Quiet Nights, nas lojas desde 31 de março, Diana Krall se prepara para lançar, em 26 de maio de 2009, novo registro ao vivo, Live in Rio. A gravação do show captado em 1º de novembro de 2008 na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ), vai ser editada nos formatos de DVD e blu-ray. No roteiro, de tonalidades mais jazzísticas, a cantora canadense filtra pelo viés da Bossa Nova as músicas de seu recém-lançado álbum e temas adicionais como Let's Face the Music and Dance (Irving Berlin, 1936). Nos extras, haveria takes do show privado feito pela cantora em outubro de 2008, no Hotel Fasano, em Ipanema (RJ). Entre eles, dueto com Carlos Lyra em Cheek to Cheek (Irving Berlin, 1935). Live in Rio sairá via Verve.

Edição de 50 anos de 'Kind of Blue' inclui DVD

Um dos discos fundamentais da história do jazz, gravado por Miles Davis (1926 - 1991) em duas sessões no Columbia 30th Street Studios, em Nova York (EUA), em 2 de março e em 22 de abril de 1959, Kind of Blue ganha via Sony Music reedição comemorativa de 50 anos. O maior atrativo da nova edição - que adiciona ao repertório original takes alternativos dos cinco temas que compõem o álbum (So What, Freddie Freeloader, Blue in Green, All Blues e Flamenco Sketches) e apresenta um segundo CD com outras gravações do sexteto liderado por Davis - é o DVD que exibe minidocumentário, Celebrating a Masterpiece, sobre este álbum que extrapolou o universo do jazz, além de um segundo filme sobre o trompetista, The Sound of Miles Davis. Em Kind of Blue, o trompete de Davis interage com o piano de Bill Evans (1929 - 1980) e o saxofone tenor de John Coltrane (1926 - 1967), entre outros instrumentos do mesmo alto quilate. Clássico!

'Balaio' de Elba roda na trilha da novela das 19h

Com título extraído de um verso da faixa Oferendar (Xico Bizerra), o CD de xotes e de baiões românticos de Elba Ramalho, Balaio de Amor, já tem música em rotação na trilha da nova novela das 19h da Rede Globo, Caras & Bocas. Trata-se de É Só Você Querer, terna canção de Nando Cordel, gravada pela cantora em dueto com Cezinha, o acordeonista que produziu o álbum - "um disco de amor, cheio de recados para quem gosta de dançar e que mostra uma alegria essencialmente nordestina", nas palavras de Elba, reproduzidas no texto de apresentação do CD. A gravadora Biscoito Fino promete vender o disco (co--produzido por Elba) a partir de 27 de abril de 2009. Balaio de Amor festeja 30 anos de carreira fonográfica da cantora, cujo primeiro disco, Ave de Prata, foi lançado em 1979.

"I Feel Cream' pode recolocar Peaches na pista

Resenha de CD
Título: I Feel Cream
Artista: Peaches
Gravadora: XL
Recordings
Cotação: * * * 1/2

O imenso universo pop anda tão volátil que é possível que quase ninguém se lembre mais de Peaches. A hype canadense Merrill Beth Nisker causou sensação em 2000 com álbum, The Teaches of Peaches, de alto teor erótico e um som sujo que misturava rock de textura punk com acelerados beats eletrônicos. Nas lojas do exterior a partir de 5 de maio de 2009, mas já vazado na internet, I Feel Cream é o quarto álbum da artista e tem cacife para recolocá-la na pista. Conduzida por time de produtores espertos recrutados nos coletivos Digitalism, Simian Mobile Disco e Soulwax, Peaches apresenta som mais limpo - organizado seria adjetivo mais apropriado - e de menor teor erótico (mas ainda alto para os padrões convencionais). Entre o electro (Take You on e a faixa-título, I Feel Cream) e o rock de clima quase garageiro (Talk to me, destaque do repertório), a artista investe em sonoridades que lembram o rap produzido em escala industrial nos Estados Unidos. Billionaire é uma das faixas que aposta no filão. Mommy Complex também evoca o hip hop, mas com grooves eletrizantes moldados para a pista. Vale destacar ainda no álbum o elegante minimalismo eletrônico de Lose You e o tom electro-punk de Show Stopper, faixa que remete ao incensado The Teaches of Peaches. No todo, I Feel Cream esbanja energia. E tem pegada!!

16 de abril de 2009

Turnê de Simon & Garfunkel em 1969 gera CD

Pirateado em vários bootlegs, o registro ao vivo da lendária turnê com que a dupla Simon & Garfunkel correu os Estados Unidos em 1969 ganha, enfim, sua primeira edição oficial em CD, lançado neste mês de abril de 2009 no mercado norte-americano. O álbum Simon & Garfunkel Live 1969 capta a dupla no auge. Na turnê, músicas como Bridge over Troubled Water foram apresentadas ao público pela primeira vez. O disco apresenta 16 números do show. Entre eles, os hits The Boxer, Mrs. Robinson e The Sound of Silence. Músicas que brilham há 40 anos.

Careqa cria sua própria ordem no sexto álbum

Resenha de CD
Título: Tudo que
Respira Quer Comer
Artista: Carlos Careqa
Gravadora: Barbearia
Espiritual Discos
Cotação: * * * 1/2

Difícil enquadrar a música de Carlos Careqa em rótulos ou escaninhos da MPB. Fora de qualquer ordem, o compositor chega ao sexto álbum, Tudo que Respira Quer Comer, às voltas com suas estranhezas e delicadezas. Produzido por Mário Manga, com a co-produção do próprio Careqa, o CD transita ora pelo lirismo - como em 28 (Vinte e Oito), faixa de textura cool na qual figura Mônica Salmaso - ora pelo surrealismo, como em Vacamor, tema cantado por Careqa em dueto com Zé Rodrix. No meio, o artista trava diálogo ácido com Maria Alcina no samba Qué Que Ce Qué. Em 14 faixas, o disco soa tão inesperado quanto cativante. E vem com um time de ilustres convidados - o trombonista Raul de Souza (em Às Vezes), o acordeonista Toninho Ferragutti (em Por Quê?) e o sumido roqueiro Skowa (em Cida, tema que exemplifica o fato já corriqueiro de as letras de Careqa serem por vezes poesias que resistem até sem a força da música) - que sinaliza o prestígio do artista na cena indie. Tudo temperado com a sagaz mordacidade que caracteriza parte do cancioneiro do compositor. "Brasileiro tá com medo / De perder a identidade / Tá fazendo curso de / Bumba meu Boi num Sesc da cidade", dispara o pseudo-cantor, irônico, em Brasileiro. Se alguma coisa está fora da ordem, não é a música de Carlos Careqa. É o mercado que não a absorve e não a propaga.

Fred mergulha linear nas águas da 'Guanabara'

Resenha de CD
Título: Guanabara
Artista: Fred Martins
Gravadora: Sete Sóis
/ Tratore
Cotação: * * 1/2

Projetado como compositor em 1999, na voz atenta de Ney Matogrosso, Fred Martins está completando uma década de visibilidade mergulhado nas águas plácidas da Bossa Nova. Guanabara evoca já no título o estado de espírito da antiga capital do Rio de Janeiro, imersa nas ondas da bossa na primeira metade dos anos 60. Pena que o mergulho de Martins seja linear. Seu quarto álbum soa tão sofisticado quanto repetitivo, em especial na primeira metade, totalmente dominada por sambossas como Amo Tanto, Breve Primavera e Olhos em Chamas. Cordas orquestradas por Jessé Sadoc embalam as faixas Amo Tanto e Dormir. Entre referências a Tom Jobim (1927 - 1994) e reverências ao canto de João Gilberto, detectáveis nas interpretações de sambas como Asas do Desejo, composto há 20 anos em parceria com Manoel Gomes, Guanabara explora a vertente do afro-samba em Doceamargo, tema lançado pelo autor em seu primeiro e único registro ao vivo (Tempo Afora, 2007). Ao se encerrar com faixa de acento mouro, Por um Fio, parceria com Marcelo Diniz, o álbum deixa a certeza do talento de Fred Martins como compositor. Uma alteração na ordem das faixas - a segunda metade tem climas mais variados - deixaria Guanabara menos linear e mais vivaz. Não é o melhor CD de Fred, mas é bom.

Aumenta a oferta de títulos musicais em blu-ray

As gravadoras começam, aos poucos, a investir no blu-ray, o vídeo de alta definição que deverá tomar o lugar do DVD nos próximos anos. Já estão disponíveis no mercado brasileiro, em edições nacionais ou importadas, títulos de Roberto Carlos (Roberto Carlos en Vivo), Justin Timberlake (FutureSex / Lovershow - Live from Madison Square Garden - capa à esquerda), Amy Winehouse (I Told You I Was a Trouble, com um segundo show adicional exclusivo da versão em blu-ray), Celine Dion (A New Day - Live in Las Vegas) e John Mayer (Where the Light Is - Live in Los Angeles), entre outros. Com exceção do blu-ray de Winehouse, editado pela Universal Music, os demais títulos são da Sony Music. Ao longo de 2009, a oferta de títulos vai aumentar significativamente, até porque há artistas - caso de Ritchie - que já fazem gravações com a intenção de editá-las também em blu-ray.

15 de abril de 2009

Coletânea de canções de Harrison sai em junho

Let It Roll - Songs by George Harrison é o título da coletânea que vai ser lançada em 16 de junho de 2009 com gravações da carreira solo de George Harrison (1943 - 2001). My Sweet Lord, Got my Mind Set on You, Isn't a Pity? e Give me Love (Give me Peace on Earth) figuram no CD, que rebobina também as três principais contribuições autorais do guitarrista ao repertório dos Beatles - Something, While my Guitar Gently Weeps e Here Comes the Sun - em registros ao vivo de 1971, extraídos do áudio de Concert for Bangladesh, um projeto beneficente, já reeditado em CD e DVD.

O canto torto de Elba cresce em show acústico

Resenha de Show
Título: Elba Ramalho & Trio - Acústico
Artista: Elba Ramalho (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 14 de abril de 2009
Cotação: * * * *
Em cartaz até 16 de abril de 2009, às 19h30m

"...Eu quero que esse canto torto feito faca corte a carne de vocês", perfurou a voz de Elba Ramalho, em diálogo com a guitarra de Marcos Arcanjo, ao reviver A Palo Seco (Belchior), o primeiro grande número do show acústico que a cantora estreou na noite de ontem, 14 de abril de 2009. Maturado pelos 30 e poucos anos de uma carreira urdida com sonho e sangue, o canto torto de Elba brilha neste espetáculo mais íntimo e pessoal. Elba entrou mal em cena, cantando Como 2 e 2 (Caetano Veloso), mas logo encontrou seu tom e seu público. O resultado foi um show cativante que, mesmo após duas horas de duração, deixou na platéia um gosto de quero mais e teve o mérito de apresentar músicas do ainda inédito CD Balaio de Amor, nas lojas em 27 de abril pela gravadora Biscoito Fino. Me Dá meu Coração (Accioly Neto) e É Só Você Querer (Nando Cordel) sinalizaram a pegada popular do vindouro disco de xotes, toadas e baiões de (fortes) tonalidades românticas.
A intérprete divide a cena com trio azeitado. Além de cantar É Só Você Querer em dueto com Elba, entrando no jogo de sedução proposto pela cantora e soltando sua voz que evoca o timbre de Dominguinhos, Cezinha do Acordeom se mostra seguro na sanfona, instrumento que se destaca na releitura de Gostoso Demais, a toada de Dominguinhos e Nando Cordel na qual a cantora injeta a pegada do xote e do baião. Marcos Arcanjo responde pela guitarra, pelo violão e pelos arranjos. Elber Caldas, o Anjo, comanda a percussão sutil e suave. Entrosado, o trio arma a cama para que Elba deite e role em roteiro que evita os hits obrigatórios (Chão de Giz e Banho de Cheiro, já no fim, são as exceções) em favor de um repertório inédito da voz da intérprete. Entre músicas do estupendo álbum Qual o Assunto que Mais lhe Interessa? (2007), como Noite Severina e A Natureza das Coisas, Elba cai dengosa no samba de Bororó (Curare), veste bem a Camisa Amarela de Ary Barroso e reafirma sua vivacidade ao saborear o já mastigado Chiclete com Banana. No tabuleiro da paraibana, tem também Doce de Coco - o choro de Jacob do Bandolim letrado por Hermínio Bello de Carvalho - e blues, Miss Celie's Blues, tema herdado do show Popular Brasileira (1989).
Na sequência, ainda surpreendente, Elba tenta esboçar paralelo entre as obras de Chico Buarque e Cole Porter antes de emparelhar Todo o Sentimento - num arranjo inspirado que abre espaço para intervenções do violão de Arcanjo e do acordeom de Cezinha - e Ev'ry Time We Say Goodbye, que, na voz curtida da intérprete, quase vira uma daquelas toadas melancólicas de Dominguinhos. De quem, aliás, Elba revive Retrato da Vida, bissexta parceria do sanfoneiro com Djavan. É um número de voz-e-acordeom, assim como Dia Branco é o momento voz-e-violão. Em forma vocal, sem precisar baixar os tons, a atriz que virou cantora revive ainda cenas de sua história teatral com Chico Buarque. O Meu Amor, Palavra de Mulher e Folhetim formam o que Elba chama em cena de "trilogia de Chico". Novidade na voz da artista, a abolerada Folhetim é pretexto para que a intérprete desça do palco e mexa com os homens da platéia. No fim, Elba ainda tira um coelho do Cartola e entoa O Mundo É um Moinho para deleite da platéia carioca. Menos perfurante do que na estreia fonográfica da artista, há 30 anos, o canto torto de Elba somente cresceu com o tempo. A ponto de hoje não precisar de produções retumbantes como as dos (ótimos) shows do passado para segurar a atenção da platéia...

Com trio, Elba irmana Ary, Cole, Chico e Jacob

Enquanto não estreia o show baseado no disco Balaio de Amor, cujo lançamento está programado pela gravadora Biscoito Fino para 27 de abril de 2009, Elba Ramalho tem feito apresentações acústicas, na companhia de trio formado por Cezinha (acordeom), Elder Caldas (percussão) e Marcos Arcanjo (violão e arranjos). É este show que a cantora traz ao Rio de Janeiro (RJ) esta semana em minitemporada no Teatro Rival que estreou ontem, 14 de abril de 2009, e fica em cartaz até quinta-feira, 16 de abril. No roteiro, Elba irmana músicas de compositores como Accioly Neto, Ary Barroso (1903 - 1964), Belchior, Bororó (1898 - 1986), Caetano Veloso, Chico Buarque, Cole Porter (1891 - 1964), Geraldo Azevedo, Jacob do Bandolim (1918 - 1969) e Nando Cordel, entre outros. Eis o roteiro apresentado na estreia na noite de terça-feira:
1. Como 2 e 2 (Caetano Veloso)
2. Gostoso Demais (Dominguinhos e Nando Cordel)
3. A Palo Seco (Belchior)
4. Onde Está Você? (Zezum)
5. Noite Severina (Lula Queiroga e Pedro Luís)
6. A Natureza das Coisas (Accioly Neto)
7. Espumas ao Vento (Accioly Neto)
8. É Só Você Querer (Nando Cordel)
9. Curare (Bororó)
10. Doce de Coco (Jacob do Bandolim e Hermínio Bello
de Carvalho)
11. Chiclete com Banana (Gordurinha)
12. Camisa Amarela (Ary Barroso)
13. Miss Celie's Blues (Quincy Jones, Rod Temperton e Lionel
Richie)
14. Todo o Sentimento (Cristóvão Bastos e Chico Buarque)
15. Ev'ry Time We Say Goodbye (Cole Porter)
16. Canção da Despedida (Geraldo Azevedo e Geraldo Vandré)
17. Dia Branco (Geraldo Azevedo)
18. Retrato da Vida (Dominguinhos e Djavan)
19. Chão de Giz (Zé Ramalho)
20. Veja Margarida (Vital Farias)
21. O Meu Amor (Chico Buarque)
22. Palavra de Mulher (Chico Buarque)
23. Folhetim (Chico Buarque)
24. O Mundo É um Moinho (Cartola)
25. Banho de Cheiro (Carlos Fernando)
Bis:
26. De Volta pro Aconchego (Dominguinhos e Nando Cordel)
27. Me Dá meu Coração (Accioly Neto)

Música obscura de Lennon ganha a voz de Leila

O sexto título da série de coletâneas Letra & Música - produzida e editada por Marcelo Fróes para seu selo Discobertas - vai ser dedicado ao cancioneiro de John Lennon (1940 - 1980). Entre fonogramas antigos, a coletânea inclui gravação inédita de My Life na voz de Leila Pinheiro. Esta canção é das mais obscuras do repertório de Lennon. Foi criada em 1980 e acabou tendo partes de sua melodia reaproveitadas na música (Just Like) Starting over, um dos singles do último álbum do artista, Double Fantasy (1980). Sua versão integral foi registrada apenas numa versão-demo incluída em caixa de raridades organizada por Yoko Ono (na década de 90). A compilação vai chegar às lojas em maio.

Show de Simon na Filadélfia é editado em DVD

Já lançada no Brasil em DVD, pela Indie Records, a gravação do show feito por Paul Simon no Tower Theater, na Filadélfia (EUA), em 1980 - ano em que ele se reuniu ao parceiro Art Garfunkel no histórico concerto no Central Park de Nova York (EUA) - ganha nova edição em DVD via ST2. A capa é outra, mas o (pouco) conteúdo de Live from Philadelphia é o mesmo. São apenas 55 minutos e 12 números extraídos do (ótimo) show em que Simon revisita temas de sua carreira solo, como Still Crazy After All These Years, e hits da obra composta com Garfunkel. Entre eles, The Boxer. O áudio é bom. Pena que a qualidade da imagem não esteja à altura da música de Paul Simon.

14 de abril de 2009

Moby programa para junho álbum 'mais calmo'

Pouco mais de um ano depois de ter lançado Last Night, álbum que o trouxe de volta às pistas de dança, Moby anunciou em seu site oficial nesta terça-feira, 14 de abril de 2009, que vai lançar em 30 de junho um novo álbum, intitulado Wait for me, gravado nos estúdios do DJ e mixado pelo próprio Moby em parceria com seu amigo Ken Thomas. A propósito, de acordo com Moby, trata-se de um álbum mais calmo e melódico que conta com a presença de amigos cantores do DJ entre os convidados. O primeiro single de Wait for me, Shot in the Back of the Head, já rendeu vídeo dirigido pelo cineasta David Lynch. Eis as 16 faixas do disco do DJ:
1. Division
2. Pale Horses
3. Shot in the Back of the Head
4. Study War
5. Walk with me
6. Stock Radio
7. Mistake
8. Scream Pilots
9. Jltf 1
10. Jltf
11. A Seated Night
12. Wait for me
13. Hope Is Gone
14. Ghost Return
15. Slow Light
16. Isolate

Ziggy traz obra de Marley para o mundo infantil

A música de Bob Marley (1945 - 1981) está sendo adaptada por um dos filhos do artista, Ziggy Marley, para o público infantil. A aventura poderá ser conferida em junho de 2009, mês para o qual está previsto o lançamento do álbum em que Ziggy embala oito gravações do rei do reggae para crianças. Dos registros originais, ficou somente a voz de Bob, sobre a qual Ziggy adicionou novas instrumentaççoes de tonalidades acústicas e delicadas com a ideia de preservar o espírito da obra do criador de No Woman, No Cry.
Antes, em 5 de maio, Ziggy lança o álbum Family Time, com o qual também quer atingir o público infantil. Um dos destaques do repertório é a releitura de Hold em Joe, clássico do cancioneiro infantil jamaicano. A faixa-título tem intervenções da filha de Ziggy, Judah, de três anos. O CD conta ainda com as participações de Paul Simon, Willie Nelson e Jack Johnson, entre outras estrelas.

Banda Cê dá vigor aos 'transambas' de Caetano

Resenha de CD
Título: Zii e Zie
Transambas - Transrock
Artista: Caetano Veloso
e Banda Cê
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * *

Movido por uma nostalgia da modernidade, Caetano Veloso lançou em 2006 um álbum, , cuja atmosfera roqueira e sonoridade jovial encobriram o fato de a safra de inéditas autorais do CD ser, no geral, insossa (apesar de algumas excelentes músicas como Minhas Lágrimas, Não me Arrependo e Rocks). Cultuado em excesso pela crítica, deu a Caetano o que ele procurava: uma aura de modernidade. Zii e Zie - o álbum de inéditas que chega às lojas nesta terça-feira, 14 de abril de 2009 - segue a mesma trilha, porém soa mais focado. O objetivo foi passar o samba pelo filtro do rock. Ou melhor, os transambas pelo viés do transrock. Para tal, Caetano se cercou da Banda Cê, formada pelos três antenados músicos -o guitarrista Pedro Sá, o baterista Marcelo Callado e o baixista Ricardo Dias Gomes - que construíram a sonoridade do álbum . São eles que dão vigor ao CD de Caetano com experimentações, distorções, estranhezas e barulhinhos bons. Em especial, Pedro Sá, cuja genial guitarra dita o ritmo de transambas como Incompatibilidade de Gênios (João Bosco e Aldir Blanc, 1976) e Perdeu, tema em que Caetano perfila a trajetória de personagem às voltas com as mazelas das favelas. O resultado é bom sem alterar o status da produção autoral do compositor, atualmente (bastante) irregular.

Zii e Zie não clona a fórmula de . Até porque as letras de Zii e Zie versam sobre assuntos mais gerais enquanto as letras sexuais e acaloradas de eram mais íntimas e pessoais. A capa - um flash cinzento da Praia do Leblon (RJ) - está em sintonia com o conceito do disco, que retrata a cidade do Rio de Janeiro através de lentes contemporâneas. A letra cinematográfica da vivaz A Cor Amarela - faixa de grande vivacidade rítmica - enfoca uma menina preta de biquíni amarelo vista na Praia do Leblon. O mesmo bairro do Leblon - no qual Caetano atualmente reside - é retratado na noturna Falso Leblon, cuja letra toca na fratura exposta das drogas. Já Lapa enquadra com generosidade o homônimo bairro do Centro do Rio que agrega tribos e sons de várias procedências.

Entre sambas mais ou menos tortos, há duas canções. Por Quem - sustentada num falsete que evidencia a ótima forma vocal do cantor - é a mais bonita. Sem Cais, a pseudo-bossa de Pedro Sá sobre a qual Caetano fez letra que evoca paisagens marítimas do Rio de Janeiro, segue a trilha de estranheza que vai seduzir o público que se encantou por . Fora das fronteiras cariocas, Caetano evoca Portugal em Menina da Ria - outra faixa de vivacidade rítmica - e disserta sobre a política norte-americana em tom coloquial na seca A Base de Guantánamo. E, entre sambas e canções, Zii e Zie atesta que a obra burilada nas temporadas do show Obra em Progresso evoluiu de fato. Sem nunca arrebatar.

MV Bill canta com Chuck D. em 'Causa e Efeito'

Quarto álbum de MV Bill, o rapper carioca que ganhou bastante visibilidade fora do meio do hip hop ao abordar em documentário e livro o aliciamento de menores pelo tráfico de drogas, Causa e Efeito vai chegar às lojas em meados de 2009 com um convidado ilustre - Chuck D. - na faixa Transformação. Para quem não liga o nome à pessoa, Chuck é o vocalista do grupo norte-americano Public Enemy, um dos mais importantes da história do rap. Há cerca de um ano, Bill conheceu o colega ao se apresentar num evento de hip hop nos Estados Unidos. A intenção é que o registro de Transformação - produzido por KL Jay - seja lançado nos EUA.

Lokua faz no Rio CD em que bisa dueto com Lee

Cantor e compositor nascido na República do Congo, na África, mas já radicado no Brasil, onde fez parcerias com nomes como Chico César e Vander Lee, Lokua Kanza prepara CD gravado no Rio de Janeiro. Neste primeiro disco made in Brasil, o artista africano faz dueto com Lee na música Vou Ver, uma de suas parcerias com o colega mineiro. O dueto não é inédito, pois Lokua já gravou com Vander Lee a música Do Bão, faixa de Faro, sexto disco do artista.

Sony refaz gravação do primeiro DVD de Vallen

A gravadora Sony Music decidiu refazer a gravação do primeiro DVD do cantor Ricky Vallen. Por questões técnicas, já que o telão de led falhou em alguns números na gravação realizada no Canecão (RJ) em 14 de março de 2009, um novo registro ao vivo do show foi agendado para 23 de abril, mas em outra casa carioca, a Vivo Rio. Especula-se nos bastidores que a falha no telão tenha sido provocada por conta da refrigeração insuficiente do Canecão.

13 de abril de 2009

Aydar cria universo particular no segundo disco

Resenha de CD
Título: Peixes,
Pássaros, Pessoas
Artista: Mariana Aydar
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * * 1/2

Em 1991, ao gravar seu segundo álbum, Mais, Marisa Monte quis trocar a segurança das releituras que pontuaram seu estupendo primeiro disco - MM, lançado em janeiro de 1989 com o registro ao vivo do show que tinha sido incensado ao longo do ano anterior - por repertório autoral que, analisado em perspectiva, iniciou a construção de um universo particular que fez da cantora uma das artistas mais importantes de sua geração. Guardadas as devidas proporções, Mariana Aydar segue a mesma trilha de Marisa em seu segundo álbum, Peixes, Pássaros, Pessoas. E acerta ao começar a criar um universo todo particular para sua obra. Escorada na antenada produção de Duani e Kassin, que conecta Aydar aos sons contemporâneos, a cantora investe em repertório inédito. E a aposta mais arriscada - confiar a Duani, parceiro de vida e de música, a autoria (ou co-autoria) de sete das 13 músicas do álbum - também se mostra acertada. Duani cresce e aparece como compositor em faixas como o samba-enredo Poderoso Rei, o partido O Samba me Persegue - que tem seu alto quilate abrilhantado pela presença espontânea de Zeca Pagodinho, com quem Aydar improvisa no final - e Florindo, samba que parece descender da linhagem nobre das criações das velhas guardas pela beleza melódica e pelo lirismo simples. Outros sambas de Duani - Teu Amor É Falso (em cujos metais se reconhece a grife da produção de Kassin) e Manhã Azul (bela parceria com Nuno Ramos) - pontuam o álbum, mas Peixes, Pássaros, Pessoas transcende o universo do gênero. Fora da roda do samba, Aydar cai moderna no forró - a reboque do xote Tá?, da lavra de Roberta Sá e Pedro Luís com Carlos Rennó, autor dos versos que cortam intencionalmente a última sílaba das palavras terminadas em "ta" - e se permite estranhezas autorais como Tudo que Eu Trago no Bolso, faixa na qual sua voz dialoga solitariamente com a guitarra de Lanny Gordin. Dentro dessa refinada linha indie que sustenta o álbum, a cantora pesca pérolas de uma turma que desponta juntamente como ela. Casos de Peixes (de Nenung, do grupo Os The Darma Lóvers), Beleza (parceria de Luisa Maita com Rodrigo Campos, gravada por Aydar em dueto com Mayra Andrade, cantora de Cabo Verde) e Nada Disso É pra Você (de Rômulo Fróes e Clima). Enfim, sem perda qualitativa, Aydar parte do geral do CD Kavita 1 para o particular deste ousado e surpreendente disco Peixes, Pássaros, Pessoas.

Solo, Garrido baila 'black' com funk e eletrônica

Resenha de CD
Título: Todo meu Canto
Artista: Toni Garrido
Edição: CD Promo
/ Tora Produções
Cotação: * * *

Tem até reggae no primeiro CD solo de Toni Garrido, Todo meu Canto, nas lojas esta semana. Embora posicionado na segunda faixa do disco, o reggae Todos os Amigos Perto de mim soa até deslocado em disco de tonalidade black. Como já sinalizara o cover de Me Libertei, tema do repertório de Toni Tornado, Garrido se distancia do som do Cidade Negra - o grupo que o projetou em escala nacional a partir de 1993 - e arma seu baile da pesada, com grooves funkeados e programações eletrônicas. A mixagem de Liminha, que assina a produção com Garrido, mantém na pressão as bases da banda Flecha Black. Faixas como Fim de Semana Good Time, Inocente ou Culpado (Fuck Machine) e Barra Pesada incorporam bem ao batidão ecos de disco music e do universo dance contemporâneo. Entre flerte com o mundo do hip hop (o rapper português Boss Ac insere versos em Rimas de Saudade) e com o balanço carioca de Gabriel Moura (Perfume da Nega, parceria com Valmir Ribeiro e Alexandre Carola), Todo meu Canto se firma como bom disco. Apesar de uma ou outra música mais insossa, casos de Trevo de Quatro Folhas - parceria de Garrido com George Israel e Jorge Mautner - e de Grande Amor, tema letrado com versos-clichês da música mais sentimental pelo novelista Thiago Santiago. Apesar também da desnecessária releitura dance de Tudo que Você Podia Ser, que destrói a harmonia da música dos irmãos Lô e Márcio Borges. No fim, já fora da pista, as cordas orquestradas por Jaques Morelenbaum valorizam Minhas Lágrimas, tema composto por Garrido na adolescência. No todo, o canto black do artista ganha real fôlego em trajetória solo iniciada com disco saído do coração.

Bosco grava samba revivido por Caetano em 'Zii'

Anunciado desde 2006, o álbum de inéditas de João Bosco vai, enfim, ser lançado no segundo semestre de 2009 pelo selo MP,B. Bosco até já terminou de gravar o CD, no qual retoma sua (emblemática) parceria com Aldir Blanc (em músicas como Mentiras de Verdade e Sonho de Caramujo), registra os novos temas compostos com seu filho Francisco Bosco e apresenta suas primeiras parcerias com Nei Lopes (Jimbo no Jazz, entre outras) e Carlos Rennó. O disco tem 13 faixas. A única regravação é a de Ingenuidade, samba de Serafim Adriano que Caetano Veloso revive coincidentemente no CD Zii e Zie (nas lojas a partir de terça-feira, 14 de abril de 2009). O samba foi lançado por Clementina de Jesus (1901 - 1987) em 1976 e regravado por Roberto Ribeiro (1940 - 1996) em 1979 no álbum Coisas da Vida. Curiosamente, Quelé o lançou em LP - Clementina de Jesus Convidado Especial: Carlos Cachaça - no qual registrou também Incompatibilidade de Gênios, espirituoso samba de Bosco e Blanc que Caetano também recria em Zii e Zie.

Takai grava show sobre Nara em Minas Gerais

Em turnê desde março de 2008 com o show Onde Brilhem os Olhos seus, no qual aborda o repertório de Nara Leão (1942 - 1989) com base no disco solo que lançou em novembro de 2007, Fernanda Takai vai registrar o espetáculo em DVD. A gravação ao vivo foi agendada para 14 de maio de 2009 em apresentação no Teatro Municipal de Nova Lima (MG), uma cidade do interior mineiro. No roteiro, Takai abre o fino leque estilístico do repertório de Nara para inserir músicas de Michael Jackson (Ben), Eurythmics (There Must Be an Angel), Duran Duran (Ordinary World). DVD e CD ao vivo serão lançados via gravadora Deckdisc.

Gadú mostra voz e suingue em 'altar particular'

Resenha de Show
Título: Maria Gadú (Pré-lançamento do CD)
Artista: Maria Gadú
Local: Cinematheque (RJ)
Data: 12 de abril de 2009
Cotação: * * * 1/2
Show em cartaz aos domingos de abril de 2009

Maria Gadú já tem aura hype em volta dela. Aposta da Som Livre, gravadora que vai pôr nas lojas em maio de 2009 o primeiro CD dessa promissora cantora paulista, Gadú estreou na noite de ontem, 12 de abril de 2009, minitemporada de pré-lançamento do disco que a levará a ocupar o palco mal-iluminado da casa carioca Cinematheque nas noites dominicais de abril. Com direito a presenças ilustres como a de Caetano Veloso, que se misturou na pequena platéia com jovens atores globais e com amigos da artista, Gadú mostrou que tem voz, suingue e personalidade. O único problema do show - ao menos na estreia da nova temporada da cantora na casa - foi justamente esse público amigo, que, incentivado pela proximidade com a artista, abusou da intimidade e se excedeu nas intervenções feitas em voz alta, prejudicando o ritmo do show. Foi como se, no palco, Gadú estivesse entronizada em seu Altar Particular - título, aliás, de um bonito samba do roteiro bem pessoal. Gadú nunca parece o clone de outra cantora.
De modo geral, o repertório é interessante. Quando canta suas próprias músicas ou as dos compositores de sua turma, como Encontro e Bela Flor (tema de viés ruralista que não escorrega no pantanoso terreno neocaipira), Gadú consegue realmente soar original. Dessa safra particular, os destaques são Shimbalaiê (de sedutora melodia), Dona Cila e Tudo Diferente (toada pop de André Carvalho, filho de Dadi). Já na trilha dos covers a cantora ainda tem longo caminho a percorrer. Seu registro Ne me Quitte Pas passa mais agitação do que o desespero contido nos versos do belga Jacques Brel. Detalhe: Ne me Quitte Pas é o único número que Gadú faz de pé (ela se apresenta sentada, munida de seu violão). Da mesma forma, a intérprete não consegue transmitir a tristeza impressa por Adoniran Barbosa (1910 - 1982) na letra de Iracema. Ainda sem maturidade para abordagens de tons mais interiorizados, a cantora brilha quando reconta com suingue A História de Lily Braun (Chico Buarque e Edu Lobo) e quando incursiona pelo repertório da cantora norte-americana Pink, de quem revive Who Knew num registro que começa baladeiro e vai ganhando vigor e energia roqueira - à altura da gravação de Pink...
Entre releitura curiosa do maior hit de Kelly Key (Baba) e temas como Lounge, pontuado pelos timbres espaciais da guitarra de Fernando Caneca, Gadú recebeu o cantor e compositor Leandro Léo, com quem fez entrosados duetos nas músicas Linda Rosa e Laranja. Enfim, entronizada pelos amigos em seu altar particular, Maria Gadú faz jus à expectativa depositada em primeiro disco. É certo que você ouvirá falar dela (bem ou mal...) ao longo de 2009.

12 de abril de 2009

Max grava álbum e compila a obra de Simonal

Enquanto grava seu quinto álbum, em São Paulo (SP), Max de Castro está às voltas com a produção de compilação dupla que vai ser editada pela Som Livre neste ano de 2009 para celebrar os 70 anos que Wilson Simonal (1939 - 2000), pai de Max, teria completado em 26 de fevereiro. A idéia é que a seleção de repertório - a cargo do próprio Max - cubra todas as fases da carreira fonográfica de Simonal. A mais brilhante delas está reunida nos discos da caixa Wilson Simonal na Odeon 1961 - 1971, que vai ser relançada pela EMI Music com título inédito no Brasil, México 70. Ainda dentro das justas comemorações pelos 70 anos de Simonal, o imperdível documentário Ninguém Sabe o Duro que Dei - em que os diretores Claudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal retratam a trajetória do cantor - entra em cartaz nos cinemas brasileiros a partir de 15 de maio. Já a biografia escrita pelo jornalista Ricardo Alexandre - autor do essencial Dias de Luta, livro que perfila a geração 80 do rock brasileiro - chega ao mercado até o fim do ano.

Motown celebra 70 anos de Gaye com 50 faixas

Marvin Gaye (1939 - 1984) poderia talvez ter completado 70 anos em 2 de abril de 2009 se um tiro disparado por seu próprio pai não lhe tivesse tirado a vida há 25 anos, em 1º de abril de 1984. Por essas duas efemérides, a coletânea tripla Marvin Gaye 50 - recém-lançada pela Universal Music no mercado brasileiro - já se justificaria. Só que, a rigor, a compilação faz parte das edições comemorativas dos 50 anos da Motown - a gravadora que abrigou Gaye em seu elenco entre 1961 e 1982 - e segue o padrão das recentes coletâneas Michael Jack50n - The Motown Years e Motown 50 - Yesterday, Today, Forever. Das 50 gravações, doze foram feitas pelo cantor de soul e r & b com a colega Tammi Terrell e três com Diana Ross. Eis a irretocável seleção do álbum triplo Marvin Gaye 50:
CD 1
1. Let's Get It on
2. I Heard It Through the Grapevine
3. Ain't no Mountain High Enough - com Tammi Terrell
4. Inner City Blues (Make me Wanna Holler)
5. I Want You
6. Your Precious Love - com Tammi Terrell
7. Distant Lover
8. Unforgettable
9. You Are Everything - com Diana Ross
10. I Wanna Be Where You Are - com Tammi Terrell
11. Ain't Nothing Like the Real Thing
12. California Soul - com Tammi Terrell
13. Ain't That Peculiar
14. Got to Give It Up
15. If This World Were Mine - com Tammi Terrell
16. Keep on Lovin' me Honey - com Tammi Terrell
17. It Takes Two - com Kim Weston

CD 2
1. What's Going on
2. Flyin' High (In the Friendly Sky)
3. What's Happening Brother
4. Can I Get a Witness
5. That's the Way Love Is
6. Stubborn Kind of Fellow
7. You're a Special Part of me - com Diana Ross
8. The Onion Song - com Tammi Terrell
9. Trouble Man
10. It Don't Take Much to Keep Me
11. Just to Keep You Satisfied
12. Wherever I Lay My Hat (That's my Home)
13. If I Could Build my Whole World Around You - com Tammi

Terrell
14. Let your Conscience Be your Guide
15. Good Lovin' Ain't Easy to Come by - com Tammi Terrell
16. If I Should Die Tonight
17. You're All I Need to Get By - com Tammi Terrell


CD 3
1. Mercy Mercy Me (The Ecology)
2. Abraham, Martin & John
3. How Sweet It Is (To Be Loved by You)
4. Too Busy Thinking About My Baby
5. I'll Never Stop Loving You Baby - com Tammi Terrell
6. I'll Be Around
7. Loving You Is Sweeter Than Ever - com Mary Wells
8. Once Upon a Time
9. Seek and You Shall Find
10. Some Kind of Wonderful
11. Come Get to This
12. Ego Tripping Out
13. Here, My Dear
14. (I'm Afraid) the Masquerade Is Over
15. You Ain't Livin' Till You're Lovin' - com Tammi Terrell
16. Stop, Look, Listen (To Your Heart) - com Diana Ross

Quinto álbum de Brandy, 'Human' sai no Brasil

O quinto álbum de Brandy - e o primeiro dessa cantora norte-americana de r &b pelo selo Epic (Sony Music) - foi lançado em 5 de dezembro de 2008. Mas Human somente ganha edição brasileira neste mês de abril de 2009. O disco marca o retorno da parceria da artista com o produtor e compositor Rodney Darkchild Jerkins, que pilotou o segundo e mais bem-sucedido álbum de Brandy, Never Say Never (1998). Jerkins assina a maiora das músicas e lidera time de produtores que também inclui Toby Gad (na faixa-título, Human) e RedOne (em True), entre outros nomes. Right Here (Departed) foi o primeiro single do álbum. Long Distance é o segundo. De modo geral bem recebido pela crítica, Human tem tido modesta repercussão no mercado norte-americano - por ora.

Forfun surfa na praia do reggae em 'Polisenso'

Grupo carioca, projetado pela internet, Forfun deixa de lado o universo emo - onde chegou a abrir show para o CPM 22 a fim de promover seu primeiro álbum, Das Pistas de Skate para as Pistas de Dança (2003) - e passa a surfar na populosa praia do reggae com seu terceiro CD, Polisenso. O sucessor de Teoria Dinâmica Gastativa (disco de 2005 que foi produzido por Liminha), Polisenso foi gravado a partir de março de 2007 e, exatos dois anos depois, chegou ao mercado fonográfico, já disponibilizado de forma gratuita no site oficial do quarteto. O primeiro single é o reggae Sol ou Chuva, turbinado com dubs. Dentro dessa onda, o grupo experimenta umas levadas funkeadas em Eremita Moderno e põe peso na guitarra em faixas como Infinitas Possibilidades e Que Parada. Polisenso encerra com três remixes das músicas O Dia do Alívio, O Viajante e Suave.