28 de agosto de 2010

Aretha cresce e aparece no segundo CD adulto

Resenha de CD
Título: Aretha
Artista: Aretha Marcos
Gravadora: Discobertas
Cotação: * * * *

Aretha Marcos cresceu longe do público que a viu, criança, atuar em especiais infantis exibidos pela TV Globo nos anos 80. Filha dos cantores Antonio Marcos (1945 - 1992) e Vanusa, a menina chegou a gravar um disco infantil produzido por Liminha. Mas sumiu na poeira das estradas até lançar no fim de 2006, sem repercussão, o CD e DVD Aretha Marcos - Homenagem aos 60 Anos de Antonio Marcos. Hoje com 36 anos, Aretha finalmente aparece para valer com o álbum que considera - com razão - seu primeiro trabalho relevante. E o que se ouve no CD editado pelo selo Discobertas, do produtor Marcelo Fróes, é uma cantora de forte personalidade, dona de voz segura. Sim, Aretha canta como gente grande e valoriza músicas como Em Cima do Morro (Eduardo Pitta, Sissi Abreu e Pedrinho Furtado) - adornada com certa ironia pelo trombone de Deco - e Malabarista (Marília Duarte). Aretha, o disco, é trabalho de banda que costura arranjos e interpretações com unidade. No caso, a banda formada por Estevan Sinkovitz (guitarra), Ricardo Prado (teclados), Caio Lopes (bateria) e Léo Freitas (baixo) se mostra afiada ao criar o clima de cabaré em que se ambienta Na Telha (Kleber Albuquerque) e ao buscar o apropriado tom circense que faz Escada Abaixo (Eduardo Pitta e Xande Mello) galgar o posto de uma das melhores faixas deste disco que destila certo humor em temas como Tempero (Xande Mello). No álbum, Aretha também aparece razoavelmente bem como compositora em A Mulher do Sacana - faixa com burlescas intervenções vocais de Gutão - e em Tudo que Posso com Você, faixa que esboça pegada roqueira que se explicita no cover de A Little Less Conversation (Billy Strange e Mac Davis), feito com arranjo retrô que evoca o espírito do rock'n'roll dos anos 50. E por falar em regravações, Aretha pisa com corajosa correção no terreno de Edith Piaf (1915 - 1963) - de cujo repertório revive Non, Je Ne Regrette Rien (Michael Vaucaire e Charles Dumont) - e se confirma cantora de forte personalidade ao recriar Resposta ao Tempo (Aldir Blanc e Cristóvão Bastos) em andamento mais lento e em clima levemente soturno que se desvia do tom abolerado da gravação antológica de Nana Caymmi. Por mais que o registro de Nana já seja definitivo, Aretha e banda buscam - e encontram - um novo caminho para o belo bolero, provando que a filha de Vanusa e Antonio Marcos cresceu como artista ao trilhar, enfim, caminho adulto na música, já distante do universo dos pais e dos especiais infantis que cristalizaram sua imagem de criança em todo o Brasil.

Baia resume legado indie em DVD e CD ao vivo

radicado no Rio de Janeiro (RJ) há mais de 20 anos, Maurício Baia - baiano criado no Recife (PE) - resume quase 20 anos de trajetória na cena indie carioca no CD e DVD Baia no Circo, gravados ao vivo em show no Circo Voador (RJ), em dezembro de 2009, e editados pela gravadora Som Livre neste mês de agosto de 2010. Um dos quatro integrantes do projeto 4 Cabeça, Baia milita na cena musical carioca desde 1991, ano em que formou o grupo Baia & Rockboys, com o qual lançou três CDs independentes entre 1995 e 2001. Em 2006, o artista deu início à sua discografia solo com a edição do CD Habeas Corpus. O roteiro do show perpetuado em Baia no Circo inclui músicas de todas essas fases em 22 núneros. Antes de apresentar as três inéditas (Em Nome da Fome, Os Dias de Hoje e Quando Eu Morrer), o cantor recebe Zé Ramalho para dueto em Tá Tudo Mudando, versão de Baia e Gabriel Moura (colega do projeto 4 Cabeça) para Things Have Changed, de Bob Dylan. A versão foi lançada por Ramalho no disco de 2008 em que canta músicas de Dylan em português. Baia junta rock com a MPB.

Padre Fábio grava DVD 'Iluminar' em São Paulo

Padre Fábio de Melo grava DVD e CD ao vivo em show agendado para este sábado, 28 de agosto de 2010, na casa Credicard Hall, em São Paulo (SP). O artista faz o registro ao vivo de seu show Iluminar, baseado no álbum homônimo que lançou em 2009 pela gravadora Som Livre. Não foram anunciadas participações na gravação ao vivo. Mas é provável que o padre receba convidados no palco do Credicard Hall, como já virou regra em filmagem de DVD.

Ivete grava música para DVD do Sorriso Maroto

Antes de ir para os Estados Unidos, onde vai gravar ao vivo CD e DVD em show no Madison Square Garden (NY) agendado para 4 de setembro de 2010, Ivete Sangalo gravou participação em Sinais - O Show, DVD que marca a estreia do Sorriso Maroto na Universal Music. O encontro da cantora baiana com o grupo de pagode - vistos no post em foto de Alberto Villar - aconteceu na música E Agora Nós, sucesso do sexteto, e foi filmado na área externa de um hotel da Zona Sul carioca. A faixa entrará nos extras do DVD filmado pelo Sorriso Maroto num show no Recife, em 7 de agosto.

27 de agosto de 2010

Alcione, Leci e Zezé festejam 100 anos de Nelson

Está em fase de gravação na Lua Music, sob produção de Thiago Marques Luiz, um CD que celebra o centenário de nascimento de Nelson Cavaquinho (1911 - 1986) - a ser comemorado em 2011. Alcione, Arnaldo Antunes, Leci Brandão e Zezé Motta figuram na relação de artistas que já gravaram suas participações no CD por ora intitulado Nelson Cavaquinho - 100 Anos. Sairá em 2011.

A obra de Chico chega às bancas em livros-CDs

O primeiro dos 20 volumes da Coleção Chico Buarque está à venda a partir desta sexta-feira, 27 de agosto de 2010, nas bancas e livrarias dos Estados de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Trata-se de coleção de livros-CDs que reapresenta 20 álbuns da discografia do compositor, gravados entre 1966 e 2006, com libreto de 44 páginas que traz textos sobre as faixas e sobre o contexto histórico dos discos, além de depoimentos tidos como inéditos de parceiros do artista. O primeiro volume é Chico Buarque, o álbum de 1978 que traz no repertório músicas como Cálice e Pedaço de mim. Para quem não mora em São Paulo e na Região Sul, a coleção pode ser comprada através da internet na página que vende coleções da Editora Abril. Eis o cronograma da Coleção Chico Buarque, que dispõe os álbuns em outra ordem:
1. Chico Buarque (1978)
2. Construção (1971)
3. Meus Caros Amigos (1976)
4. Chico Buarque de Hollanda (1966)
5. Chico Buarque de Hollanda Vol. 2 (1967)
6. Chico Buarque de Hollanda Vol. 3 (1968)
7. Paratodos (1993)
8. Sinal Fechado (1974)
9. Vida (1980)
10. Almanaque (1981)
11. Chico Buarque (1984)
12. Calabar (1973)
13. Chico Buarque (1989)
14. Ao vivo Paris - Le Zenith (1990)
15. Uma Palavra (1995)
16. As Cidades (1998)
17. Chico Buarque de Mangueira (1997)
18. Carioca (2006)
19. Francisco (1987)
20. Per un Pugno di Samba (1970)

'Bootleg Vol. 9' apresenta 15 inéditas de Dylan

Há 15 músicas inéditas entre as 47 gravações seminais de Bob Dylan reunidas no nono volume da Bootleg Series, The Witmark Demos: 1962 - 1964, nas lojas a partir de 19 de outubro de 2010. The Death of Emmett Till, Guess I’m Doing Fine, Ballad for a Friend e Long Ago, Far Away (tema inspirado na luta pelos direitos civis nos anos 60) são algumas dessas 15 músicas postas como inéditas no site oficial de Dylan, onde a coletânea já está em pré-venda. Eis, na íntegra, a relação das Witmark Demos:
Disco 1:
1. Man on the Street (fragmento)

2. Hard Times in New York Town
3. Poor Boy Blues
4. Ballad for a Friend
5. Rambling, Gambling Willie
6. Talking Bear Mountain Picnic Massacre Blues
7. Standing on the Highway
8. Man on the Street
9. Blowin’ in the Wind
10. Long Ago, Far Away
11. A Hard Rain’s A-Gonna Fall
12. Tomorrow Is a Long Time
13. The Death of Emmett Till
14. Let me Die in my Footsteps
15. Ballad of Hollis Brown
16. Quit Your Low Down Ways
17. Baby, I’m in the Mood for You
18. Bound to Lose, Bound to Win
19. All Over You
20. I’d Hate to Be You on That Dreadful Day
21. Long Time Gone
22. Talkin’ John Birch Paranoid Blues
23. Masters of War
24. Oxford Town
25. Farewell

Disco 2:
1. Don’t Think Twice, It’s All Right

2. Walkin’ Down the Line
3. I Shall Be Free
4. Bob Dylan’s Blues
5. Bob Dylan’s Dream
6. Boots of Spanish Leather
7. Walls of Red Wing
8. Girl From the North Country
9. Seven Curses
10. Hero Blues
11. Whatcha Gonna Do?
12. Gypsy Lou
13. Ain’t Gonna Grieve
14. John Brown
15. Only a Hobo
16. When the Ship Comes in
17. The Times They Are A-Changin’
18. Paths of Victory
19. Guess I’m Doing Fine
20. Baby Let Me Follow You Down
21. Mama, You Been on my Mind
22. Mr. Tambourine Man
23. I’ll Keep It with Mine

Para experimentar Aphrodite na rede e no DVD

Nem bem lançou no Brasil a edição convencional do 11º álbum de Kylie, Aphrodite, a EMI Music põe no mercado nacional a Experience Edition do disco. Infelizmente, sem a faixa-bônus - Might Rivers - incluída na edição disponível no iTunes. Trata-se de edição dupla com CD e DVD que expande a experiência de ouvir Aphrodite na internet (através de código fornecido na edição para ser inserido no site oficial da artista) e no DVD. O conteúdo adicional inclui imagens inéditas da turnê da artista pela América do Norte em 2009, making of do clipe da irresistível música All the Lovers, galeria de fotos, entrevista com Kylie e um encarte colorido de 28 páginas fartamente ilustrado com fotos.

26 de agosto de 2010

'Y.' confirma talento da cantora espanhola Bebe

Resenha de CD
Título: Y.
Artista: Bebe
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * * *

"Sou uma montanha russa que sobe, que desce", perfila-se Bebe com rara sinceridade em Busco-me, um dos 13 temas de seu segundo ótimo álbum, Y., lançado em 2009 no exterior e editado no Brasil neste mês de agosto de 2010 - com mais de um ano de atraso - pela EMI Music. Bebe é uma cantautora de Valência, Espanha, que despontou no mercado fonográfico em 2004 com álbum, Pafuera Telarañas, impulsionado por um single, Malo, de repercussão mundial. Y. confirma o talento de Bebe, cuja inspirada música autoral evoca eventualmente o clima do flamenco - mais por conta da guitarra espanhola ouvida em faixas como Me Fui (o maior destaque do cancioneiro de Y.) e Que Meimporta - sem clichês. Com o uso sempre dosado de programações eletrônicas, particularmente perceptíveis em La Bicha e em Escuece, o álbum exala frescor e soa contemporâneo sem cair na vala comum do pop. As longas letras, confessionais, encorpam som no qual Bebe põe a sua alma.

Racionais divulgam música de disco de inéditas

Mano Brown (visto em foto de Jair Bertolucci) está de volta aos estúdios para formatar o esperado próximo álbum dos Racionais MC's. O grupo divulgou, pelo Twitter, a música inédita Homem Invisível, que faz parte do sexto álbum de estúdio da banda de rap - o primeiro desde Nada Como um Dia Depois do Outro Dia (2002). A gravação tem adesões do rapper Helião e do cantor Lino Cris. O último trabalho do grupo foi uma gravação ao vivo intitulada 1.000 Trutas, 1.000 Tretas e editada em CD e DVD.

Do Amor dosa experiência 'indie' em álbum pop

Resenha de CD
Título: Do Amor
Artista: Do Amor
Gravadora: + Brasil Música / Estúdio 304
Cotação: * * * 1/2

Após EP editado em julho de 2007, o quarteto carioca Do Amor chega ao primeiro CD, produzido por Chico Neves. Gravado desde 2008, o disco vai surpreender quem espera ouvir sons que logo remetam aos grooves da BandaCê, o trio que toca com Caetano Veloso desde 2006 e que inclui metade da formação do quarteto Do Amor: o baterista Marcelo Callado e o baixista Ricardo Dias Gomes. Em Do Amor, o CD editado em formato digital e físico de forma independente, o quarteto dosa seu experimentalismo indie em repertório inédito e autoral que se revela pop, desencanado e eventualmente até redondo. Vem me Dar, boa faixa na qual se nota o balanço da guitarra, é exemplo da salutar simplicidade do disco. Nem o latido de um cachorro na introdução da faixa vai assustar o ouvinte porque, de cara, a sonoridade da banda se confirma sedutora. Uma cozinha suingante - aliada às guitarras de Gustavo Benjão e Gabriel Bubu - tempera repertório flambado em mix de referências rítmicas que vão do samba-rock à moda carioca (Morena Russa) ao reggae (Brainy Dayz, cantado em inglês), passando por carimbó (Isso É Carimbó), rock (Exploit, de textura eletrônica) e até por canção de amor (Meu Corpo Ali). Mas tudo com uma sustentável leveza pop. Perdizes, por exemplo, é irresistível com sua guitarra de levada nortista. Construídas geralmente com versos informais, as letras destilam certa ironia que beiram a mordacidade bem-humorada em Dar uma Banda. Sim, Do Amor (se) diverte, seja satirizando os vocais metaleiros na abertura de I Picture Myself ou entrando deliciosamente no clima tropical da Bahia em Pepeu Baixou em mim. No fim, um mergulho moderno em Lindo Lago do Amor (Gonzaguinha, 1984) - único cover do repertório nem sempre à altura da sonoridade esperta da banda - afunda qualquer prevenção ou pré-conceito contra o disco e o quarteto. Com quatro anos de carreira, Do Amor acerta na busca pela simplicidade e cumpre a expectativa depositada neste primeiro álbum que soa pop sem seguir a cartilha do gênero.

O CD que revela requinte oculto na voz de Célia

Resenha de CD
Título: Célia 40 Anos - O Lado Oculto das Canções
Artista: Célia
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * * *

Célia completa 40 anos de carreira sem o reconhecimento, a popularidade e o prestígio que lhe são devidos no mundo da música por conta da beleza de sua voz. Revelada em 1970 no programa de TV Um Instante, Maestro!, comandado pelo apresentador Flávio Cavalcanti (1923 - 1986), a cantora gravou com certa regularidade na década de 70, mas logo foi empurrada para a margem do mercado fonográfico. Nos anos 2000, um belo disco, Faço no Tempo Soar Minha Sílaba (Lua Music, 2007), lembrou a perenidade de seu canto. Mas é este O Lado Oculto das Canções - produzido com mais luxo, perceptível já na foto clicada por Luiz Tripoli para a capa - que pode dar a Célia alguma projeção pelo fato de estar sendo distribuído pela Som Livre. Com direito à faixa na trilha sonora da novela Passione. Aliás, trata-se da melhor faixa: Vidas Inteiras, em registro sublime que mostra tanto a sagacidade do canto de Célia quanto a beleza do tema cedido por Adriana Calcanhotto para a trilha sonora do filme Polaróides Urbanas (2007). Pena que, no disco de Célia, Vidas Inteiras apareça mixada com o bolero Déjame Ir (Mike Ribas e Chico Navarro). A versão ouvida na trilha da novela - editada de modo a incluir apenas a música de Calcanhotto - é mais sedutora...

Disco de emoções polidas, O Lado Oculto das Canções tem seu título inspirado em verso de Eternamente (Tunai e Sérgio Natureza, 1983), canção embalada em cordas suntuosas na gravação de Célia. O título - dado pelo DJ Zé Pedro, como conta a cantora no texto de agradecimento publicado no encarte do disco - revela a intenção de mostrar outras possibilidades para músicas de diferentes estilos e estirpes. Célia destila a emoção de Vinho Antigo (Claudio Rabello e Dalto, 1979) com cordas e a leveza que também pauta a releitura quase jazzy do funk Não Vou Ficar (Tim Maia, 1970). É com arranjos minimalistas e suingantes - quase sempre urdidos apenas com o contrabaixo acústico de Marcos Paiva, o piano de Ogair Jr. e a percussão sutil de Nelton Essi - que Célia interpreta músicas como Aqui (Ana Carolina e Antônio Villeroy, 2006) e Desejo de Mulher (Zélia Duncan e Hamilton de Holanda, 2007). Contudo, é o violão virtuoso de Dino Barioni - parceiro de Célia no supra-citado CD Faço no Tempo Soar a Minha Sílaba - que faz toda a diferença ao ambientar o samba Se Não For por Amor (Benito Di Paula, 1973) em clima quase cool. A temperatura fica mais quente em Cigarro (Zeca Baleiro, 2005). O bandoneón de Thadeo Romano faz esta bonita, melodiosa e já esquecida balada bluesy do compositor maranhense tangenciar o universo do tango. O mesmo universo evocado pelo acordeom de Toninho Ferragutti no registro de Apelo (Baden Powell e Vinicius de Moraes, 1966), um dos mais densos do disco. Entre pérola menos reluzente do cancioneiro kitsch de Jair Amorim e Evaldo Gouveia (Cantiga de Quem Está Só, 1960) e tema etéreo do repertório de Guilherme Arantes (Êxtase, 1979), Célia reaviva canção menor de Ângela RoRo (Meu Benzinho, 1988) e faz dueto com Ney Matogrosso em Não se Vá, a versão de Thina para música de Alain Bellec que dominou as paradas radiofônicas do Brasil em 1976 nas vozes de Jane & Herondy. Em arranjo suntuoso que harmoniza violinos e cellos, Não se Vá ganha polimento no duo de Célia com Ney - embora tal refinamento não torne a canção necessariamente mais interessante. É a demolidora interpretação de Sonhos (Peninha, 1977) que revela toda a beleza que, 40 anos depois da aparição da cantora, ainda reside oculta na voz de Célia.

25 de agosto de 2010

Dylan edita 47 demos e relança álbuns em mono

pirateadas, as 47 demos gravadas por Bob Dylan, entre 1962 e 1964, vão ser editadas oficialmente dentro da série de bootlegs lançada pelo artista em 1991. O CD The Bootleg Series Volume 9 - The Witmark Demos vai chegar às lojas em 19 de outubro de 2010, pela Sony Music, com as gravações feitas por Dylan para suas duas primeiras gravadoras, Leeds Music e M. Witmark & Sons. Trata-se de versões seminais - registradas com violão, gaita e eventual piano - de músicas que se tornariam emblemáticas no cancioneiro do compositor. Casos de Blowin' in the Wind, The Times They Are A Changin' e Masters of War. Consta que tem inéditas nas demos.

Detalhe: no mesmo dia em que põe nas lojas o CD com as Witmark Demos, a Sony Music vai lançar no exterior Bob Dylan - The Original Mono Recordings, caixa que embala edições em mono dos oito primeiros álbuns de Dylan, editados originalmente entre 1962 (Bob Dylan) e 1967 (John Wesley Harding). Dez!!

Délia Fischer entra na canção popular com Ana

Onze anos após seu primeiro CD solo (Antonio, produzido por Egberto Gismonti, que o editou somente na Europa, em 1999), a pianista Délia Fischer se volta para a canção popular em seu segundo CD individual, Presente, recém-lançado no Brasil pela gravadora Dubas. O fiel Gismonti se faz presente com seu violão de 12 cordas na faixa-título. Das Plantas conta com a escaleta e o copo d'água de Hermeto Pascoal. Já a bela Flor da Noite desabrocha em clima camerístico com a voz de Ana Carolina - em outro ótimo registro fora da seara autoral - enquanto Aluvião traz o guitarrista Ricardo Silveira. Completa o time de convidados a cantora escandinava Lisa Nilsson, que entoa os versos em sueco de Venus Födelse, versão de Lisa e Sebastian Notini para Nascimento de Vênus. Produzido pela própria Délia Fischer para Pedro Guedes, o CD Presente traz 13 músicas inéditas da pianista, várias compostas em parceria com Thiago Picchi, Sérgio Natureza e Camila Costa.

Sétimo solo de Wood traz Slash, Flea e Vedder

Sétimo álbum solo de Ronnie Wood, guitarrista dos Rolling Stones, I Feel Like Playing tem seu lançamento mundial agendado para 27 de setembro de 2010 pela Eagle Records. Nas lojas do Brasil via ST2, o disco agrega nomes como o guitarrista Slash, Flea (baixista do Red Hot Chili Peppers), Eddie Vedder (o vocalista do Pearl Jam), o cantor de soul Bobby Womack, o cantor de country Kris Kristofferson, Ian McLagan (do grupo The Faces, integrado por Wood) e Billy Gibbons (guitarrista do ZZ Top). Thing About You é o primeiro single do álbum, que vai apresentar 10 músicas inéditas. Eis - na ordem - as 12 faixas do CD I Feel Like Playing:
1. Why You Wanna Go and Do a Thing Like that for?
2. Sweetness my Weakness
3. Lucky Man
4. I Gotta See
5. Thing About You
6. Catch You
7. Spoonful
8. I Don't Think So'
9. 100%
10. Fancy Pants
11. Tell me Somethin'

12. Forever

Soraya e Sacramento fazem o teatro do samba

Resenha de CD
Título: Breque Moderno
Artista: Soraya Ravenle,
Marcos Sacramento e
Luís Filipe de Lima
Gravadora: Rob Digital
Cotação: * * * 1/2

Integrantes do elenco do bom musical É com Esse que Eu Vou, em cartaz no Rio de Janeiro (RJ) desde 20 de agosto de 2010, Soraya Ravenle e Marcos Sacramento recorrem à sua verve teatral para encarar o repertório gracioso de Breque Moderno, disco produzido por Luís Filipe de Lima. A união da dupla resulta especialmente harmoniosa em sambas que exigem embate do casal de intérpretes como Não Quero Saber Mais Dela (Sinhô) - tema em que Soraya simula sotaque português para interpretar a mulher que dialogo com o malandro encarnado por Sacramento - e o menos inspirado O Relógio Lá de Casa (Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins). Ora terno, como em Joujoux e Balangandãs (Lamartine Babo), ora cheio de ginga, como em Tem que Rebolar (José Batista e Magno de Oliveira), o casamento de Soraya com Sacramento dá certo em Breque Moderno porque ambos caem no samba com suingue e muita propriedade. Sacramento prima pelas divisões espertas que valorizam até um samba menor de Paulinho da Viola - caso de Responsabilidade. Soraya é intérprete cheia de ginga, atestada por seus registros do Samba Rasgado (Portello Juno e J. Pereira) e de Recenseamento (Assis Valente), cuja introdução evoca a cadência falada do rap. A dupla junta fina musicalidade e teatralidade em faixas como Boneca de Piche (Ary Barroso e Luiz Iglésias) e Quem É? (Custódio Mesquita e Joracy Camargo), mostrando que seu - espirituoso - casamento em disco pode durar enquanto houver repertório adequado para tal união.

Multishow premia todos - com exceção do Hori

Em festa-show realizada na HSBC Arena no Rio de Janeiro (RJ), na noite de 24 de agosto de 2010, o Prêmio Multishow distribuiu troféus para vozes populares como Victor & Leo (vistos acima em foto de Cleomir Tavares). A dupla ganhou o Prêmio Multishow na categoria Artista Sertanejo. Como de hábito, a premiação - decidida por voto popular - contemplou grupos e artistas em evidência, como Ana Carolina, Maria Gadú, Luan Santana, Pitty, NX Zero e Banda Cine. O estranho nesse ninho populista foi o grupo brasiliense Móveis Coloniais de Acaju, vitorioso na nova categoria Experimente. Curiosamente, a distribuição dos troféus foi pulverizada entre os principais concorrentes (cada um levou um prêmio). Com exceção do Hori, o grupo liderado pelo popular Fiuk, nenhum concorrente em evidência na indústria da música saiu de mãos abanando. Eis os vencedores da noite, anunciados entre números musicais que promoveram encontros como o de Maria Gadú com Caetano Veloso (Rapte-me, Camaleoa) e o de Cláudia Leitte com Victor & Leo (Pais e Filhos - da Legião Urbana):
Cantor: Samuel Rosa (Skank)
Cantora: Ana Carolina
Álbum: Maria Gadú, de Maria Gadú
Clipe: Espero a Minha Vez, do NX Zero
DVD: Chiaroscope, de Pitty
Grupo: Banda Cine
Instrumentista: Rodrigo Tavares (Fresno)
Música: Recomeçar, do Restart
Show: Ivete Sangalo
Revelação: Luan Santana
Experimente: Móveis Coloniais de Acaju
Artista sertanejo: Victor & Leo

24 de agosto de 2010

Simone lança DVD (e CD) 'Em Boa Companhia'

A gravadora Biscoito Fino vai pôr nas lojas, nos primeiros dias de setembro, o CD duplo e o DVD Simone em Boa Companhia, gravados ao vivo em 10 e 11 de abril de 2010 em shows feitos pela cantora no Teatro Guararapes, point do Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda (PE). Trata-se do registro ao vivo do show que estreou no Rio de Janeiro (RJ) em 18 de setembro de 2009. As novidades do roteiro na gravação foram Fullgás (Marina Lima e Antônio Cícero), Nada por Mim (Herbert Vianna e Paula Toller) e Ive Brussel (Jorge Ben Jor). Dirigido por José Possi Neto, o show foi inspirado no CD Na Veia (2009). Eis o repertório do DVD Simone em Boa Companhia:
1. Tô que Tô (Kleiton Ramil e Kledir Ramil)
2. Love (Paulo Padilha)
3. Certas Noites (Dé Palmeira e Adriana Calcanhotto)
4. Face a Face (Sueli Costa e Cacaso)
5. Lá Vem a Baiana (Dorival Caymmi)
6. Bem pra Você (Dé Palmeira e Marina Lima)
7. Fullgás (Marina Lima e Antonio Cícero)
8. Hóstia (Erasmo Carlos e Marcos Valle)
9. Ive Brussel (Jorge Ben Jor)
10. Definição da Moça (Adriana Calcanhotto e Ferreira Gullar)
11. Geraldinos e Arquibaldos (Gonzaguinha)
12. Certas Coisas (Lulu Santos e Nelson Motta)
13. Ame (Paulinho da Viola e Elton Medeiros)
14. Vale a Pena Tentar (Simone e Hermínio Bello de Carvalho)
15. Deixa Eu te Amar (Agepê, Ismael Camillo e Mauro Silva)
16. Paixão (Kledir Ramil)
17. Migalhas (Erasmo Carlos)
18. Pagando pra Ver (Abel Silva e Nonato Luís)
19. Perigosa (Rita Lee, Roberto de Carvalho e Nelson Motta)
20. Ai, Ai, Ai... (Ivan Lins e Vítor Martins)
21. Na Minha Veia (Martinho da Vila e Zé Katimba)
22. Chuva, Suor e Cerveja (Caetano Veloso)
23. Nada por mim (Herbert Vianna e Paula Toller)
24. Ex-Amor (Martinho da Vila)

EMI edita no Brasil o segundo DVD de Camané

Em 21 de abril de 2008, o fadista Camané lançou Sempre de mim, seu primeiro álbum de repertório todo inédito em sete anos. No mês seguinte, em 16 de maio de 2008, o cantor subiu ao palco do Coliseu dos Recreios, em Lisboa, para estrear o show inspirado no disco que sucedia o álbum Pelo Dia Dentro (2001). O show foi gravado ao vivo e foi lançado no mercado português em julho de 2009, em um kit de CD + DVD. Intitulado Camané ao Vivo no Coliseu - Sempre de mim, este kit está sendo editado no Brasil pela EMI Music. Trata-se do terceiro registro ao vivo de Carlos Manuel Moutinho Paiva dos Santos - o segundo a ganhar edição em DVD. Em roteiro de 21 números, o fadista transita por temas do estourado álbum Sempre de mim - Sei de um Rio, Te Juro, Dança de Volta - e pelos maiores sucessos da carreira, casos de Triste Sorte, Saudades Trago Comigo e Mais um Fado no Fado.

Turnbull e Twiggy levam Michael para o sertão

Uma das primeiras roqueiras do Brasil, Lúcia Turnbull fez sua primeira gravação em duo feminino desde o fim da breve dupla Cilibrinas do Éden, formada por ela com Rita Lee em 1973. A cantora e guitarrista uniu sua voz à de Twiggy em registro de Ben, canção que deu título a um disco solo lançado em 1972 por Michael Jackson (1958 - 2009). Feita no estúdio em Intersom, em São Paulo (SP), a gravação é para CD que vai ser lançado em novembro de 2010, pelo selo Discobertas, com releituras de sucessos de Michael por artistas da cena indie. No caso de Ben, Turnbull e Twiggy formaram dupla à moda caipira para dar tom sertanejo à bela música, sob a batuta do produtor Luiz Leuenroth.

Ivete revela gravação com Dave Matthews Band

Orgulhosa, Ivete Sangalo anunciou via Twitter uma gravação com Dave Matthews Band. O encontro fonográfico da cantora baiana com o grupo norte-americano - que vem ao Brasil em outubro de 2010 para fazer shows - acontece em tema intitulado You and me.

23 de agosto de 2010

Fafá regrava 'My Sweet Lord' com Mascarenhas

Ainda no Brasil por conta das investigações sobre a morte de seu filho, o jovem músico Rafael Mascarenhas, o saxofonista Raul Mascarenhas - visto à esquerda na foto de Marcelo Fróes - se reencontrou com sua ex-mulher, Fafá de Belém, no Z&O Estúdio, em São Paulo (SP). Raul e Fafá se juntaram ao contrabaixista Renato Loyola para registrar releitura jazzística de My Sweet Lord, o maior sucesso da carreira solo do beatle George Harrison (1943 - 2001). A gravação foi feita para o álbum sobre a obra solo de Harrison que está sendo produzido por Fróes para seu selo Discobertas. Feita ao vivo, a gravação foi concluída em dois takes.

Biscoito põe fé no terceiro CD de Cláudio Jorge

Lançado originalmente em 2007, pela Zambo Discos, o terceiro CD autoral de Cláudio Jorge, Amigo de Fé, ganha justa reedição pela gravadora Biscoito Fino neste mês de agosto de 2010. A capa e o repertório são idênticos aos da edição original. Neste belo disco, sucessor do primoroso Coisa de Chefe (2001), o compositor apresenta ijexá (Estrelinha e Conchinha), bossa (Laços no Tempo), cantiga (Esboço, com os versos do poeta Manuel Rui, de Angola), partido alto (Devagar com o Andor) e samba-enredo (O Independente), entre outros ritmos. Clique aqui para (re)ler a resenha do disco Amigo de Fé, já postada neste blog Notas Musicais em 7 de outubro de 2007.

Farofa grava DVD com Elza, Seu Jorge e Gabriel

O grupo Farofa Carioca vai receber três ex-integrantes de sua formação original - Gabriel Moura, Seu Jorge e Bertrand Doussain - na gravação de seu primeiro DVD. O registro ao vivo está agendado para 10 de setembro de 2010 em show no Circo Voador, no Rio de Janeiro (RJ). Elza Soares - vista com o grupo na foto - vai completar o naipe de convidados do DVD do Farofa Carioca.

Bebel apresenta inéditas via site e prepara DVD

A partir desta segunda-feira, 23 de agosto de 2010, Bebel Gilberto vai começar a disponibilizar, através de seu site oficial, músicas inéditas para download legal. A primeira é Dahling, parceria da artista com Pedro Baby. Basta o visitante do site informar seu e-mail para que receba o link para download em sua caixa postal. Paralelamente a essa ação virtual, Bebel se prepara para lançar seu primeiro DVD - Sem Contenção - gravado ao vivo.

22 de agosto de 2010

Site destranca o 'quarto colorido' de Humberto

Tecladista requisitado pela nata do pop rock nacional, Humberto Barros apresenta seu terceiro disco solo, Trancado no Quarto Colorido, de repertório essencialmente autoral. O sucessor de Do Nada ao Tudo (2002) e O Mundo Está Fervendo (2006) traz 14 músicas que - com exceção de dois temas instrumentais, No Outono e Trancado no Quarto Colorido - versam sobre o particular universo afetivo do compositor, produtor do CD. Entre as faixas, há Maior que o Fim, Entardeceu e Acho que Já Vou. Em sintonia com os tempos virtuais, Barros amplia a percepção das músicas a partir de seu site oficial - onde cada faixa do disco tem sua própria página com áudio em streaming, letras, ilustrações e clipes animados criados pelo artista multimídia. Entre sem bater...

No ID deixa RPA preservar identidade do Verve

Resenha de CD
Título: RPA & The United
Nations of Sound
Artista: RPA & The United
Nations of Sound
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * * 1/2

Quem começar a audição do álbum de estreia de RPA & The United Nations of Sound - o atual projeto / banda de Richard Ashcroft, vocalista e guitarrista do desativado Verve - pelas primeiras faixas, a ótima Are You Ready? e Born Again, pode supor com razão que está ouvindo um novo disco do Verve. Apesar da associação de Ashcroft com No ID, produtor norte-americano de hip hop, o primeiro álbum de RPA preserva a identidade do Verve na maior parte de suas 12 faixas. A marca de No ID é sentida em uma ou outra música, como Beatitudes e America, mas não está impressa com força no álbum. A dose rala de rap não altera o sabor do BritPop de Ashcroft. Ele faz rock pop e (eventualmente) embebido em soft soul, como em Good Lovin'. A balada This Thing Called Life expõe a capacidade de Ashcroft de não mexer tanto, afinal, em fórmula que deu certo nos anos 90. E letras como a de Born Again sinalizam que, após tantos desvios de conduta, o artista parece ter se reencontrado e parece querer retomar o seu caminho na música pop com a RPA.

Tiê abre o 'Rival + Tarde' com Thiago e Tulipa

Três cantores e compositores em ascensão na cena indie paulista, Tiê, Thiago Pethit e Tulipa Ruiz - vistos acima em fotos de Rodrigo Amaral - pegaram a ponte aérea para abrir no Rio de Janeiro (RJ) na madrugada deste domingo, 22 de agosto de 2010, o projeto Rival + Tarde. A ideia, da atriz Leandra Leal, é trazer para o palco do Teatro Rival artistas da cena contemporânea em shows apresentados na casa fora do habitual horário das 19h30m. Atração principal da Noite Profecia, Tiê abriu o projeto com show que teve participações de Thiago e Tulipa. Na companhia do guitarrista Plínio Profeta, produtor de seu álbum Sweet Jardim (2009), Tiê cantou seu repertório autoral com som doce, linear e delicado que se mostrou fora de sintonia com o festivo clima de night do Rival + Tarde. Boa parte do público que encheu a pista do teatro se mostrou mais receptivo às músicas tocadas pelo DJ Nepal, que encerrou a noite. Para quem foi ao Rival para ver o show, o grande momento foi o encontro de Tiê, Thiago e Tulipa a partir da bela canção Mapa-Múndi, de Pethit. Com a adesão do tecladista Donatinho, o trio cantou música de Tulipa, Só Sei Dançar com Você e Efêmera, antes de fazer - já no bis - Chá Verde (Tiê) e um cover aéreo de Ando Meio Desligado, hit dos Mutantes.

The Hives se revigora com energia punk de EP

Resenha de EP
Título: Tarred and
Feathered
Artista: The Hives
Gravadora: No Fun AB
Cotação: * * * * 1/2

Enquanto não lança seu quinto álbum, sucessor do bom The Black and White (2007), o quinteto sueco The Hives volta ao mercado fonográfico com EP indie editado somente no exterior em julho de 2010. O disco injeta fôlego no som do grupo. Fiel à sua origem pós-punk, The Hives apresenta três vigorosos covers de tom garageiro. A primeira pedrada é Civilization's Dying, tema do repertório do Zero Boys, desativado quarteto punk norte-americano que atuou em Indiana entre 1979 e 1983. Na sequência, quase na mesma velocidade, a banda aborda Early Morning Wake Up Call, música da banda australiana Flash and the Pan. Finalizando, Nasty Secretary - punk rock lançado em 1979 por Joy Rider & Avis Davis - reitera o êxito do EP. The Hives toca em Tarred and Feathered com energia juvenil, como se fosse uma banda de garagem em início de carreira. Tomara que essa chama não se apague no já vindouro quinto álbum da banda!!