26 de agosto de 2010

Do Amor dosa experiência 'indie' em álbum pop

Resenha de CD
Título: Do Amor
Artista: Do Amor
Gravadora: + Brasil Música / Estúdio 304
Cotação: * * * 1/2

Após EP editado em julho de 2007, o quarteto carioca Do Amor chega ao primeiro CD, produzido por Chico Neves. Gravado desde 2008, o disco vai surpreender quem espera ouvir sons que logo remetam aos grooves da BandaCê, o trio que toca com Caetano Veloso desde 2006 e que inclui metade da formação do quarteto Do Amor: o baterista Marcelo Callado e o baixista Ricardo Dias Gomes. Em Do Amor, o CD editado em formato digital e físico de forma independente, o quarteto dosa seu experimentalismo indie em repertório inédito e autoral que se revela pop, desencanado e eventualmente até redondo. Vem me Dar, boa faixa na qual se nota o balanço da guitarra, é exemplo da salutar simplicidade do disco. Nem o latido de um cachorro na introdução da faixa vai assustar o ouvinte porque, de cara, a sonoridade da banda se confirma sedutora. Uma cozinha suingante - aliada às guitarras de Gustavo Benjão e Gabriel Bubu - tempera repertório flambado em mix de referências rítmicas que vão do samba-rock à moda carioca (Morena Russa) ao reggae (Brainy Dayz, cantado em inglês), passando por carimbó (Isso É Carimbó), rock (Exploit, de textura eletrônica) e até por canção de amor (Meu Corpo Ali). Mas tudo com uma sustentável leveza pop. Perdizes, por exemplo, é irresistível com sua guitarra de levada nortista. Construídas geralmente com versos informais, as letras destilam certa ironia que beiram a mordacidade bem-humorada em Dar uma Banda. Sim, Do Amor (se) diverte, seja satirizando os vocais metaleiros na abertura de I Picture Myself ou entrando deliciosamente no clima tropical da Bahia em Pepeu Baixou em mim. No fim, um mergulho moderno em Lindo Lago do Amor (Gonzaguinha, 1984) - único cover do repertório nem sempre à altura da sonoridade esperta da banda - afunda qualquer prevenção ou pré-conceito contra o disco e o quarteto. Com quatro anos de carreira, Do Amor acerta na busca pela simplicidade e cumpre a expectativa depositada neste primeiro álbum que soa pop sem seguir a cartilha do gênero.

4 Comments:

Blogger O Neto do Herculano said...

Certamente, um dos melhores discos do ano. Independentemente dos meses que ainda restam.

26 de agosto de 2010 às 10:30  
Blogger Mauro Ferreira said...

Após EP editado em julho de 2007, o quarteto carioca Do Amor chega ao primeiro CD, produzido por Chico Neves. Gravado desde 2008, o disco vai surpreender quem espera ouvir sons que logo remetam aos grooves da BandaCê, o trio que toca com Caetano Veloso desde 2006 e que inclui metade da formação do grupo Do Amor: o baterista Marcelo Callado e o baixista Ricardo Dias Gomes. Em Do Amor, o CD editado em formato digital e físico de forma independente, o quarteto dosa seu experimentalismo indie em repertório inédito e autoral que se revela pop, desencanado e eventualmente até redondo. Vem me Dar, boa faixa na qual se nota o balanço da guitarra, é exemplo da salutar simplicidade do disco. Nem o latido de um cachorro na introdução da faixa vai assustar o ouvinte porque, de cara, a sonoridade da banda se confirma sedutora. Uma cozinha suingante - aliada às guitarras de Gustavo Benjão e Gabriel Bubu - tempera repertório flambado em mix de referências rítmicas que vão do samba-rock à moda carioca (Morena Russa) ao reggae (Brainy Dayz, cantado em inglês), passando por carimbó (Isso É Carimbó), rock (Exploit, de textura eletrônica) e até por canção de amor (Meu Corpo Ali). Mas tudo com uma sustentável leveza pop. Perdizes, por exemplo, é irresistível com sua guitarra de levada nortista. Construídas geralmente com versos informais, as letras destilam certa ironia que beiram a mordacidade bem-humorada em Dar uma Banda. Sim, Do Amor (se) diverte, seja satirizando os vocais metaleiros na abertura de I Picture Myself ou entrando deliciosamente no clima tropical da Bahia em Pepeu Baixou em mim. No fim, um mergulho moderno em Lindo Lago do Amor (Gonzaguinha, 1984) - único cover do repertório nem sempre à altura da sonoridade esperta da banda - afunda qualquer prevenção ou pré-conceito contra o disco e o quarteto. Com quatro anos de carreira, Do Amor acerta na busca pela simplicidade e cumpre a expectativa depositada neste primeiro álbum que soa pop sem seguir a cartilha do gênero.

26 de agosto de 2010 às 10:30  
Anonymous marcos lobato said...

O DISCO É MUITO BOM , FAZ JUZ AO TALENTO DA BANDA E AO DO CHICO NEVES, SEU PRODUTOR.

26 de agosto de 2010 às 13:23  
Anonymous Denilson Santos said...

Essa questão de eleger os melhores do ano é muito questionável (rsrs) na minha opinião, pois há centenas de trabalhos que não são comentados aqui no blog do Mauro e que a maioria das pessoas sequer tem conhecimento, mas que são fantásticos, mesmo assim.

Eu tenho vários cds de artistas "independentes" que dão de dez em muitos que já estão sendo considerados "melhores do ano" por aqui.

Dessa forma, eu acho dispensável ficar se preocupando se tal cd/artista é ou não um dos melhores do ano. Depende sempre do ponto de vista e do grau de conhecimento da pessoa.

abração,
Denilson

26 de agosto de 2010 às 13:54  

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