Enquanto a Sony Music se prepara para lançar (em CD e DVD) o registro ao vivo do show Emoções Sertanejas, gravado em 17 de março de 2010 no Ginásio Ibirapuera (SP), o público teve a oportunidade de assistir à transmissão (editada) veiculada pela TV Globo na noite de quinta-feira, 1º de abril. No geral, os sertanejos captaram as emoções populares da música de Roberto Carlos, anfitrião do espetáculo. As emoções ora foram ralas, ora intensas (sobretudo na justa homenagem a Tinoco, pioneiro do gênero ao formar dupla com o irmão Tonico, falecido em agosto de 1994). Eis as avaliações da performance de cada artista - feitas a partir da transmissão da Globo (que - deselegante - condensou os números de Martinha, de Nalva Aguiar e da dupla Milionário & José Rico!!):
* Almir Sater - O violeiro não pareceu totalmente à vontade ao cantar O Quintal do Vizinho, música de 1975, esquecida pelo Rei.
* Bruno & Marrone - A dupla teve um dos piores desempenhos do elenco. Bruno parecia sorrir ao cantar os versos magoados de Desabafo, o tema de 1979 que ganhou interpretação irretocável de Fafá de Belém no show Elas Cantam Roberto (2009). Esqueça!!
* Cesar Menotti & Fabiano - Com vozes volumosas, os cantores reviveram sem sensualidade a (bela) canção Proposta, de 1973.
* Chitãozinho & Xororó - O tom lacrimoso da dupla se ajustou à balada Eu Preciso de Você, de 1981. Com Leonardo, Chitãozinho & Xororó soaram burocráticos em É Preciso Saber Viver (1974).
* Daniel - Ao cantar a balada Do Fundo do meu Coração (1986), com certa empostação, Daniel reafirmou o poder de sua voz, das mais fortes do gênero. Mas não acertou o exato tom roqueiro de Quando (1967), o tema dividido com Zezé Di Camargo & Luciano.
* Dominguinhos & Paula Fernandes - A inusitada dupla fez o melhor número do show, transitando com segurança e beleza pela letra quilométrica de Caminhoneiro (1984), primeira incursão de Roberto Carlos pelo universo sertanejo. Munido de sanfona, Dominguinhos sublinhou o tom interiorano do tema e cantou com a autoridade de quem conhece todas as rotas do Brasil. Já Paula se revelou intérprete segura, de belo timbre, pronta para seguir firme pela estrada sertaneja. Tem futuro!!!
* Elba Ramalho - Estranha no ninho sertanejo, provavelmente escalada por ter sido esquecida no show anterior Elas Cantam Roberto, a intérprete valorizou Esqueça com seu canto torto. Uma sanfona aproximou a canção, de 1966, do mundo ruralista.
* Gian & Giovani - A dupla se escorou na força de Eu te Amo, te Amo, te Amo (1968), obra-prima do Rei, de refrão bem sedutor.
* Leonardo - O tom choroso do cantor se adequou à melancolia de Por Amor, (boa) canção de 1972 esquecida por Roberto Carlos, mas Leonardo estava muito inseguro com a letra, lida em cena.
* Martinha - Cantora da turma da Jovem Guarda que migrou para o universo sertanejo a partir da década de 70, Martinha defendeu com sua voz rouca um das últimas belas canções da obra romântica de Roberto, Alô, lançada em 1994. Boa sacada!...
* Milionário & José Rico - A dupla reviveu A Distância, grande balada de 1972, regravada (recentemente) por Ney Matogrosso.
* Nalva Aguiar - A cantora de Beijinho Doce foi prejudicada pela escolha infeliz de repertório. As Curvas da Estrada de Santos (1969) é uma das obras-primas do cancioneiro da dupla Roberto Carlos & Erasmo Carlos, mas, a julgar pelo pouco que foi exibido pela TV Globo, Nalva derrapou ao cantar o tema de pegada soul.
* Rionegro & Solimões - A dupla pôs emoções ralas em Sentado à Beira do Caminho, belo clássico do repertório de Erasmo Carlos.
* Roberta Miranda - Fiel ao seu estilo, a cantora defendeu bem a tristonha Eu Disse Adeus, música lançada por Roberto em compacto de 1969. Porém, sua intepretação não teve densidade.
* Sérgio Reis - Com dignidade e a autoridade de quem transita por caminhos sertanejos desde a década de 70, o cantor entoou Todas as Manhãs (1991), boa incursão do Rei no mundo caipira.
* Victor & Leo - A dupla da vez canta bem, mas não conseguiu convencer nenhum cristão com a interpretação de Jesus Cristo, hino gospel lançado por Roberto em 1970. Faltou fé na música!?
* Zezé Di Camargo & Luciano - A dupla se mostrou em forma (apesar de a voz de Zezé não ser mais a mesma) ao reabrir O Portão, balada de 1974. As emoções do Rei ficaram sertanejas...