13 de dezembro de 2008

Wanderléa expande no palco instante luminoso

Resenha de Show
Título: Nova Estação
Artista: Wanderléa (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Teatro Cosipa Cultura (SP)
Data: 12 de dezembro de 2008
Cotação: * * * *
Em cartaz até domingo, 14 de dezembro de 2008

Recém-lançado pela gravadora Lua Music, o CD Nova Estação dá lufada de ar fresco na carreira de Wanderléa com repertório que, embora situado em pontos do passado da cantora, a tira do limitado universo musical da Jovem Guarda. No bonito show de lançamento do disco, em cartaz até 14 de dezembro de 2008 no Teatro Cosipa Cultura (SP), a Ternurinha confirma e expande esse luminoso momento de renovação. Com leveza, ela reproduz o repertório do álbum e adiciona dois temas suingantes que gravou nos anos 70, década em que lançou discos ousados que o público, surdo aos seus anseios de renovação, preferiu não ouvir. Trata-se do samba-rock Crioula (da lavra de Hélio Matheus) e de Ginga de Mandinga, parceria de Jorge Mautner com Rodolfo Grani Júnior. Os dois números encerram show que transcorre sedutor. Mesmo quando Wanderléa remói clichês sentimentais ao cantar música menor, Imenso Amor, parceria da intérprete com Renato Corrêa.

Graças à leveza do canto e da voz da cantora, algumas músicas do disco - como Nova Estação (Luiz Guedes e Thomas Roth) e Dia Branco (Geraldo Azevedo) - crescem e até ganham nuances no registro do palco. Até um momento menos inspirado do CD, como a abordagem em ritmo de reggae de Salve Linda Canção Sem Esperança (Luiz Melodia), adquire brilho no show. É que Wanderléa está feliz e até explicita essa felicidade em cena. Orgulhosa, a artista comenta com a platéia a satisfação de saber que Nova Estação foi eleito o Disco do Ano na votação realizada esta semana pela APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) e lembra que o repertório atual reflete sua trajetória, iniciada como cantora do Regional de Canhoto na Rádio Mayrink Veiga e prosseguida com a passagem, como crooner, pela orquestra de Astor Silva no começo dos anos 60. A caminhada pré-Jovem Guarda justifica o ecletismo de um roteiro que irmana lânguida abordagem jazzística de clássico norte-americano, My Funny Valentine, e a verve do melhor samba de Billy Blanco, A Banca do Distinto, veículo para Wanderléa jogar toda sua ginga adormecida.

Sob a feliz direção musical de Lalo Califórnia, a cantora reproduz os climas do CD Nova Estação e explora com êxito um registro vocal mais suave e grave. Contudo, Choro Chorão (Martinho da Vila) se ressente em cena da ausência do grupo Ó do Borogodó, convidado da gravação de estúdio. Da mesma forma que Se Tudo Pode Acontecer (Arnaldo Antunes) perde no palco a levada envolvente do disco. Outro detalhe: Wanderléa não dá ao medley que une O que É Amar e Eu e a Brisa a leveza exigida pelo fino cancioneiro de Johnny Alf. Nem por isso seu show - cujo roteiro inclui um único sucesso da Jovem Guarda, Ternura, cantado em coro pelo público - deixa de ser renovador como o bem-vindo CD que deu novos velhos ares à carreira então mofada de Wanderléa.

Timóteo volta ao disco sob a produção de Motta

Cantor popular, que esteve em evidência nos anos 60 e 70, antes de ingressar na política, Agnaldo Timóteo vai retornar ao disco em 2009. O intérprete grava CD no Rio de Janeiro (RJ) sob a produção de Mauro Motta, que tem no currículo a produção de alguns álbuns de Roberto Carlos. Entre tributos póstumos a Antonio Marcos (1945 - 1992) e a Waldick Soriano (1933 - 2008), Timóteo canta música italiana, No Pensare a me, cuja versão em português já tinha sido gravada por ele em 1967 em seu álbum Obrigado Querida. O lançamento do disco está previsto para o primeiro semestre de 2009, por via independente.

DVD de Rei e Caê exclui duetos ausentes do CD

Para decepção dos fãs de Roberto Carlos e Caetano Veloso, o DVD que perpetua o show feito pelos cantores em tributo à música de Tom Jobim (1927 - 1994), em agosto de 2008, não exibe os dois duetos que tinham ficado fora do CD. Os registros de A Felicidade e Se Todos Fossem Iguais a Você não passaram pelo crivo rigoroso do Rei, perfeccionista ao extremo. Com isso, o DVD Roberto Carlos e Caetano Veloso e a Música de Tom Jobim - à venda desde a última quarta-feira, 10 de dezembro de 2008 - pouco extrapola o conteúdo do CD homônimo que chegou às lojas em 3 de dezembro. Além de breve entrevista com os cantores nos extras, os únicos números exclusivos são Caminho de Pedra (destaque do bloco solo de Caetano) e a instrumental Surfboard, tocada pela banda que acompanhou os cantores no palco do Auditório Ibirapuera (SP). A boa tiragem inicial do DVD é de 100 mil cópias.

Warner lança CD do Rappa no formato de MVI

Lançado em agosto de 2008, o sétimo álbum do grupo O Rappa, 7 Vezes, ganha neste mês de dezembro edição no formato de MVI - nome usado pela gravadora Warner Music para batizar o CD que tem áudio e recursos de DVD e que, por isso mesmo, toca somente em aparelhos e drives de DVDs. Além de oferecer a possibilidade de ouvir as 14 músicas do álbum com áudio remixado com a tecnologia 5.1, a edição em MVI de 7 Vezes exibe o clipe de Monstro Invisível, o making of de seis faixas (Hóstia, Maria, Meu Mundo É o Barro, 7 Vezes, Súplica Cearense e Monstro Invisível) e ringtones das músicas Fininho da Vida, Holofotes e Documento.

12 de dezembro de 2008

Vanguart registra influências de Dylan em DVD

Resenha de Gravação de CD/DVD
Título: Vanguart - Multishow Registro
Artista: Vanguart
Local: Avenida Club (SP)
Data: 11 de dezembro de 2008
Cotação: * * * 1/2

"A gente não planeja, não faz equações... Estamos na estrada há muito tempo, sem esperar que as coisas fossem acontecer. E o legal é que elas estão acontecendo...", refletiu, orgulhoso, o vocalista Hélio Flanders no meio da gravação do especial de TV, do CD e do DVD feita por seu grupo, o Vanguart, na noite de quinta-feira, 11 de dezembro de 2008, para a série Multishow Registro, do canal Multishow, da Globosat. De fato, as coisas estão acontecendo numa velocidade rápida para este quinteto de Cuiabá (MT) que se aglutinou em 2005 para dar continuidade a um som formatado de forma solo por Flanders a partir de 2002. A estrada ainda nem é tão longa como faz crer o discurso do vocalista, mas, depois de dois EPs, um incensado primeiro álbum - gravado no fim de 2006 e encartado na edição de julho de 2007 da revista indie Outra Coisa - projetou o mix de folk, blues e rock do Vanguart e fez o grupo trilhar o caminho do mainstream ao assinar contrato com a gravadora Universal Music para fazer este registro ao vivo em parceria com o Multishow. A edição está agendada para 2009.
No palco do Avenida Club, o grupo justificou a aura cult que o põe em ascensão na cena pop. Hits undergrounds como Cachaça, Semáforo e Hey You Silver - os dois últimos estrategicamente posicionados ao fim do roteiro de 21 números - foram recebidos com euforia pela platéia de amigos e convidados que encheu a pista do bar paulista. Contudo, a generosa dose de oito inéditas impediu que o registro tivesse tom requentado e sinalizou caminho longo para o Vanguart. Em especial, You Know me so Well, tema cantado em inglês cuja pegada explicita a determinante influência de Bob Dylan no som do Vanguart. O número recebeu a adição da guitarra slide de Luiz Carlini, virtuoso músico egresso do grupo Tutti Frutti, majestosamente saudado por Flanders como uma "lenda viva do rock". Carlini engrossou time de convidados que inclui também Mallu Magalhães (um ponto alto da noite no dueto feito com Flanders no folk The Last Time I Saw You) e o acordeonista gaúcho Arthur de Faria, que tocou em Robert, outra boa inédita do repertório. Um quarteto de cordas também entrou em cena para adornar números como Hemisfério (mais uma das oito inéditas do show) e Antes que Eu me Esqueça.
Entre o folk e o blues (o cardápio de novidades inclui México Dear Blues), o Vanguart também parece brincar no bloco de Los Hermanos quanto toca Cosmonauta, balada que evoca (até na letra) o espírito do Carnaval triste do desativado quarteto carioca. Alguns números - em especial, Miss Universe - foram turbinados com arranjo vocal que une o canto visceral de Hélio Flanders às vozes do guitarrista David Dafré e do baixista Reginaldo Lincoln, que formam o Vanguart com o baterista Douglas Godoy e o tecladista Luiz Lazarotto. No todo, o registro transcorreu ágil com as repetições sendo feitas no bis - com exceção dos números de Carlini (refeito a pedido do guitarrista, embora o primeiro take tenha sido o melhor) e de Mallu Magalhães, que teve que sair cedo da gravação porque, na mesma noite, iria fazer show no Studio SP.
Emoldurado por árvore construída pelo cenógrafo Zé Carratu, o Vanguart subverteu a onda de Dorival Caymmi (1914 - 2008) ao agitar o ritmo de O Mar e apresentou inéditas como Last Days of Romance, Into the Ice e Entre Ele e Você. Tudo captado pelas câmeras coordenadas pelo diretor Rodrigo Carelli, responsável por bons registros do Multishow como o CD e DVD gravados ao vivo pelo Capital Inicial em Brasília (DF) em 21 de abril de 2008. Enfim, com seu coquetel trilingüe (há um ou outro tema em espanhol, caso de Los Chicos de Ayer), o Vanguart está em escala ascendente no mercado fonográfico. Seu sincero registro ao vivo deverá mostrar a Hélio Flanders e Cia. que eles ainda estão no início de uma longa estrada e que muita coisa ainda vai acontecer.

Guitarra de Carlini valoriza inédita do Vanguart

A foto acima, de Stephan Solon, registra um momento especial da gravação feita ao vivo pelo Vanguart no bar Avenida Club, em São Paulo (SP), na noite de quinta-feira, 11 de dezembro de 2008. Carlini já tinha tocado com o grupo em outros shows, mas sua adesão à gravação - captada pelo diretor Rodrigo Carelli para gerar CD, DVD e especial de TV produzidos na série Multishow Registro, do canal de TV Multishow - valorizou a música You Know me so Well, uma das oito inéditas incluídas pelo Vanguart no roteiro de seu primeiro registro ao vivo. O solo de guitarra de Carlini no número atestou o virtuosismo deste músico de aura lendária, fundador da banda Tutti Frutti, que tocou e gravou (bons discos) com Rita Lee nos anos 70. Veja no DVD que sai em 2009...

Mallu se impõe no registro ao vivo do Vanguart

São Paulo (SP) - A participação de Mallu Magalhães foi um dos pontos altos da gravação ao vivo feita pelo grupo Vanguart no Avenida Club, em São Paulo (SP), na noite de quinta-feira, 11 de dezembro de 2008. Reafirmando sua intimidade com o universo folk, a artista fez dueto com o vocalista Hélio Flanders numa das canções mais bonitas do repertório da banda, The Last Time I Saw You, composta e cantada em inglês. Além de unirem suas vozes, Flanders tocou violão enquanto Mallu assumiu a gaita. O número recebeu aplausos entusiasmados da platéia de convidados que compareceu à gravação realizada pela gravadora Universal Music em parceria com o canal de TV Multishow. Em sintonia com a exibição do especial de TV, o DVD e CD ao vivo do Vanguart vão ser editados no primeiro semestre de 2009 dentro da nova série Multishow Registro, lançada em agosto de 2008 pelo canal de TV.

Skank reedita primeiro e último álbuns em vinil

Em sintonia com a tendência mundial de revalorização do vinil, formato que já volta a ser exibido nas prateleiras de algumas lojas de discos, o Skank (em foto de Weber Pádua) prepara dois mimos para seus fãs. Trata-se das reedições em vinil do primeiro e do último álbum do quarteto, já em fase de produção nos Estados Unidos, sob coordenação da gravadora Sony BMG. Ambos os lançamentos estão previstos para o primeiro semestre de 2009. Detalhe: o vinil do álbum de estréia do grupo - Skank, gravado em 1992 - vai reproduzir o áudio da edição original independente e não o som do CD remixado que foi (re)lançado pela Sony Music em 1993. Já o do atual álbum da banda, Estandarte (2008), traz entre suas dez faixas o cover de Beleza Pura, música de Caetano Veloso regravada pelo Skank sob encomenda da Rede Globo para a abertura da novela homônima exibida neste ano de 2008. O bem-sucedido cover não entrou na edição em CD de Estandarte.

Alcione vai gravar inéditas no estúdio em março

Desta vez, Alcione não vai intercalar um álbum de estúdio com uma gravação ao vivo - como tem feito ao longo desta década. Como o show baseado no (razoável) CD De Tudo que Eu Gosto (2007) não ganhou registro em DVD, a gravadora Indie Records já está programando para março de 2009 a entrada da Marrom em estúdio para gravar um novo disco de carreira com repertório inédito que vai seguir a linha populista dos recentes trabalhos da intérprete.

11 de dezembro de 2008

'La Plata' impulsiona venda de 300 mil celulares

Seguindo a tendência do mercado musical, que valoriza cada vez mais o comércio de músicas via celular, a gravadora Sony BMG fechou parceria com uma operadora de telefonia para inserir cinco músicas do último álbum do Jota Quest, La Plata, numa nova marca de aparelho que traz ainda três wallpapers e um vídeo com takes da gravação do CD - além de disponibilizar uma música para download. A assessoria do grupo (em foto de Weber Pádua) alardeia que já foram vendidos, num primeiro lance, 300 mil exemplares do novo celular - valor que, somado às 800 mil cópias de um aparelho anterior que também trazia contéudo do Jota Quest, faz do quinteto um campeão de vendas nesta modalidade de comércio musical, atingindo 1,1 milhão de celulares vendidos.

Fiel à sua aldeia, Brown põe música nas rádios

Carlinhos Brown lança música, Nanã na Aldeia, em rotação nas rádios a partir desta quinta-feira, 11 de dezembro de 2008. Da lavra do próprio Brown, a composição presta reverência a Nanã, a orixá mais velha do Candomblé, e segue a linha afro-brasileira de outras músicas do baiano, que inaugura a temporada 2009 do Sarau Du Brown - o evento que ocupa o Museu Du Ritmo no verão de Salvador (BA) - com show agendado para 21 de dezembro com a adesão de Ivete Sangalo, com quem Brown vai cantar sua música Cadê Dalila?, atual aposta da cantora para a estação carnavalesca.

Krall produz Streisand e finaliza 'Quiet Nights'

Enquanto assume a produção do novo álbum de Barbra Streisand, previsto para ser concluído em janeiro e editado em 2009, Diana Krall dá os últimos retoques em seu próximo CD, Quiet Nights, cujo lançamento foi agendado pela gravadora Verve para 31 de março de 2009. Disco de tom íntimo e sensual, inspirado pela Bossa Nova, Quiet Nights tem produção de Tommy LiPuma - nome já recorrente na discografia da cantora - e arranjos de Claus Ogerman, que já havia trabalhado com Krall no álbum The Look of Love. O repertório de Quiet Nights, a propósito, inclui Walk on By, um clássico da parceria de Burt Bacharach com Hal David. Entre as 10 faixas, há três músicas de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994), incluindo a célebre versão em inglês de Corcovado, Quiet Nights of Quiet Stars, inspiradora do título deste aguardado disco, gravado ao vivo, em show no Rio de Janeiro, em 1º de novembro.

Lionel vai tentar se inserir na cena com Just Go

Um dos grandes donatários das paradas das décadas de 70 e 80, Lionel Richie vai tentar se inserir na cena contemporânea - dominada pelas batidas do rap e do r & b industrial - em seu próximo álbum, Just Go, que tem lançamento programado para 17 de fevereiro de 2009 pela gravadora Island. Contudo, o primeiro single do álbum, Good Morning, pilotado por The Movement, estacionou no 35º lugar da parada de r & b da revista norte-americana Billboard. O time de produtores/colaboradores de Just Go inclui Christopher Tricky Stewart, Terius The-Dream Nash, Ne-Yo, Stargate, Akon, Johnta Austin e Taj Jackson. O time tem algum peso na cena atual.
E por falar em Richie, ele compôs e gravou canção inédita, Eternity, para a politizada coletânea Yes We Can: Voices of a Grassroots Movement, inspirada na campanha bem-sucedida de Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos. Participam deste disco - editado pela Hidden Beach Recordings - cantores engajados como John Mayer, Kayne West e Sheryl Crow.

10 de dezembro de 2008

Show do Arctic Monkeys é uma coisa de cinema

Resenha de DVD
Título: Arctic
Monkeys at
the Apollo
Artista: Arctic
Monkeys
Gravadora: EMI
Music
Cotação: * * * 1/2

Foi com o justo status de filme que este primeiro registro ao vivo de show do grupo Arctic Monkeys foi lançado em escala mundial - com direito a pré-exibições em salas de cinema antes da edição em DVD, já disponível no Brasil via EMI Music. Arctic Monkeys at the Apollo pode gerar, por isso mesmo, amor e ódio na mesma intensa proporção. Mais do que o som de uma banda instantaneamente incensada ao olimpo do rock britânico por conta de sua energia juvenil, é a qualidade da imagem que conta nesta gravação realizada (em película) em 17 de dezembro de 2007 no Manchester Apollo, ao fim da turnê mundial motivada pelo lançamento do segundo álbum do grupo, Favourite Worst Nightmare (2007). Todo o foco das câmeras conduzidas pelo diretor Richard Ayoade parece ter sido ajustado para captar imagens de grande beleza plástica. E, de fato, a qualidade da imagem está acima da média. Contudo, ao longo das 20 músicas do roteiro, nem sempre as câmeras captam a real efervescência do som vivaz do quarteto britânico. Ayoade traz o espectador para dentro do show, com closes detalhados nos movimentos de Alex Turner, Jamie Cook, Matt Helders e Nick O' Malley. Tanto apuro visual - louvável em tese - acaba tirando um pouco o foco da música em si. Ainda assim, é um grande registro de show, moldado para a tela grande do cinema. Para quem não liga tanto para o visual e prefere a música, é aconselhavél esperar a edição especial do DVD, embalada numa caixa que vai trazer também um álbum ao vivo gravado no Texas (EUA) em 2006 e editado em formato de vinil - além de pôster e de cartões postais.

Estrelas celebram a 'inspiração' de David Foster

Numa noite de maio de 2008, estrelas como Andrea Bocelli, Celine Dion e Josh Groban se reuniram em show em Las Vegas (EUA) para celebrar a música de David Foster e inflar o ego deste compositor e produtor que atua na indústria fonográfica há quase 40 anos. Da gravação do show-tributo, apresentado no Mandalay Bay Events Center e já exibido na TV norte-americana, resultou este kit de CD e DVD editado pela Warner Music com título, You're the Inspiration - The Music of David Foster & Friends, que alude a uma das parcerias de Foster com Peter Cetera que foram gravadas pelo grupo Chicago. O CD reúne 12 dos 30 números exibidos no DVD. Na seleção de músicas compostas ou produzidas por Foster em seus registros originais, há St. Elmo's Love Theme (num dueto do homenageado com Kenny G), Amapola (Andrea Bocelli) e Because You Loved me (Celine Dion), entre outros temas que reafirmam o faro apurado de David Foster para produzir sucessos.

MTV sintoniza sons de Recife a partir de Sampa

Resenha de CD / DVD
Título: MTV Apresenta:
Sintonizando Recife
Artistas: China,
Maquinado, Mombojó
e 3naMassa
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * * 1/2

Em junho de 2008, a MTV reuniu em seus estúdios em São Paulo (SP) quatro nomes emergentes da rica cena de Recife (PE) para a gravação de um especial produzido dentro da irregular série MTV Apresenta e editado em CD e DVD que chegam às lojas via Universal Music. China, Maquinado (o paralelo projeto solo de Lúcio Maia, guitarrista da Nação Zumbi, Mombojó e 3naMassa foram os nomes recrutados pela MTV. Diferentemente de outros especiais da emissora, não há cenário ou platéia. O foco repousa somente nos sons desta turma que tem estado em sintonia - como é perpeptível nos extras do DVD, em que uma atração entrevista a outra - e o resultado é um programa que foge do padrão já batido da MTV por conta da linguagem visual adotada pelos antenados diretores Danilo Bechara e Fabrizio Martinelli. E, técnica à parte, Sintonizando Recife mostra que a lama do mangue continua efervescente. Coerente com o espírito de seu único CD de estúdio, o 3naMassa - coletivo liderado por Pupillo, Dengue e Rica Amabis - recebe as vozes femininas de Pitty (em Lágrimas Pretas), Marina de la Riva (Enladeirada - O Seu Lugar), Bárbara Eugênia (Estrondo) e Karine Carvalho (Tatuí, música que traz nos créditos os nomes de Rodrigo Amarante e Fernando Catatau e que, talvez por isso mesmo, se destaca no repertório irregular do trio). China - talento projetado nos anos 90 como vocalista da banda Sheik Tosado que ainda não recebeu o devido reconhecimento em sua trajetória solo - mostra que sintoniza o rock (Jardim de Inverno, Sem Paz, Asas nos Pés) com a mesma eletricidade com que tritura de forma antropofágica as tradições da música brasileira (Canção que Não Morre no Ar, de título referente a um dos clássicos bossa-novistas de Carlos Lyra). Por sua vez, o set de Maquinado mostra como Lúcio Maia faz bom uso de elementos eletrônicos, bases de números como Eletrocutado e Vendi a Alma. Na seqüência, o Mombojó intercala inéditas (Amigo do Tempo e Papapa) com músicas já conhecidas por seu público (Duas Cores e Faaca). Enfim, um programa realmente especial da MTV. Pode sintonizar!!

Silvério registra em livro olhares sobre o mundo

Projetado na década de 90, no grupo Cascabulho, Silvério Pessoa partiu nos anos 2000 em carreira solo que o tem levado a vários países. Desde 2004, o cantor e compositor vem registrando em seu blog impressões sobre o mundo e relatos dos fatos curiosos e relevantes de sua trajetória profissional. Os textos e fotos desse diário virtual de Silvério são a matéria-prima do livro Nômade, recém-lançado pelo artista. Em edição que lembra o formato vivaz de um almanaque, o livro é mais do que um diário de bordo, incluindo tanto comentários sobre os shows da agenda internacional do cantor quanto reflexões sobre os conceitos de tradição e modernidade na música brasileira. Os olhares são belos.

9 de dezembro de 2008

APCA elege Zé Renato, Wanderléa, Vitor e Nina

Por conta de seu irretocável CD É Tempo de Amar, dedicado ao cancioneiro da Jovem Guarda, Zé Renato foi eleito o melhor cantor do ano na avaliação dos três jurados do segmento de Música Popular do tradicional prêmio conferido pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) aos que se destacaram nas Artes em 2008. Wanderléa foi a intérprete do Disco do Ano, Nova Estação, por coincidência também recém-lançado como o álbum de Zé Renato. Já a cantora de 2008 foi Nina Becker. Os jurados Airton Mugnaini Jr., Miriam Ramos e José Norberto Flesch também elegeram os melhores Grupo (Choro das 3), Show (Palavra Cantada) e Revelação (o pianista Vitor Araújo). A cerimônia de premiação vai acontecer no primeiro semestre de 2009, em São Paulo (SP), em local ainda não escolhido pela APCA.

Disco reúne 'Greatest Hits' em inglês de Enrique

A Universal Music põe nas lojas do Brasil ainda em 2008 uma coletânea de Enrique Iglesias, Greatest Hits, que enfoca apenas os sucessos em inglês do belo filho de Julio. Lançada em 11 de novembro de 2008 nos Estados Unidos, a compilação insere três gravações inéditas - Away, Takin' Back my Love e Miss You, músicas cantadas pelo astro na companhia de Sean Garrett, Ciara e Nadiya, respectivamente - entre hits dos álbuns Enrique (1999), Escape (2001), 7 (2003) e Insomniac (2007). A coletânea peca por não incluir fonogramas avulsos da discografia do artista.

Voz de Saboya evolui pelo chão firme de Sève

Resenha de CD
Título: Chão Aberto
Artista: Carol Saboya
Gravadora: Sala de Som
Records
Cotação: * * * 1/2

Em 1998, ao lançar pomposo primeiro CD, Dança da Voz, Carol Saboya se excedeu na técnica. Dez anos depois, a boa cantora se mostra mais equilibrada ao inventariar obra inédita do flautista e saxofonista Mário Sève, integrante do grupo Nó em Pingo d'Água, cuja primeira canção, Imaginária, parceria de Sève com Suely Mesquita, foi defendida por Saboya no pálido Festival da Música Brasileira produzido pela Rede Globo em 2000. A técnica precisa ainda está lá, intacta, mas posta a serviço de um cancioneiro de rebuscado acabamento melódico e harmônico - típica obra da lavra de um músico. Chão Aberto não é disco fácil. Como não foram fáceis os títulos anteriores da discografia da cantora carioca. Contudo, a voz de Carol dança segura pelo chão complexo do repertório de Sève. O leque rítmico é diverso e abre para a alegria foliã no frevo Outros Carnavais e em Um Segredo, mas engloba samba (Águas Passadas, parceria com Chico César), ijexá (Bonde Iorubá), acalanto (Uma Estrela) e até um tango composto e entoado em espanhol (Cancíon Necesaria). Sem falar nas faixas salpicadas por elementos que evocam a matriz rítmica do Nordeste. Que podem ser os pifes tocados pelo próprio Sève em Draganjo - faixa em que Saboya faz dueto com Daniel Gonzaga - ou o acordeom que introduz Damasco. A voz da cantora evolui com graça por esse chão sem derrapar nas quebradas de um tema sinuoso como Trocando as Pernas. A pisada da voz graciosa de Carol Saboya sobre a obra de Mário Sève é firme. Entre na dança...

Martinho expõe vida, filosofia e samba em DVD

Resenha de DVD + CD
Título: O Pequeno Burguês
Artista: Martinho da Vila
Gravadora:
MZA Music

Cotação: * * * *

O show autobiográfico registrado por Martinho da Vila no DVD O Pequeno Burguês é - na exata definição dada em cena pelo próprio Martinho - uma "conversa musicada". A idéia foi contar ao público que o ouvia na platéia do Teatro Fecap (SP) - e, por extensão, ao espectador do DVD ora lançado pela MZA Music em edição dupla que engloba CD com 14 das 20 músicas do roteiro - um pouco da trajetória do compositor que completou 70 anos em 2008, dono de uma das obras mais vastas e pessoais da história do samba que, em alguns momentos, se confunde com a história do próprio Martinho. Apresentado num clima aconchegante, como se o palco do Teatro Fecap fosse a sala da casa do artista, o roteiro flui muito bem porque Martinho sabe entreter seu público com seus causos, porque o repertório é da melhor qualidade e porque a voz do cantor está em ótima forma. Tanto que Martinho abre o show cantando, a capella, músicas de cunho autobiográfico como Depois Não Sei, Linha do Ão e Meu Off Rio. Na seqüência, ele pega o pandeiro e recorda Menina Moça, o partido alto que causou sensação em 1967 ao ser apresentado em festival e que deu o pontapé inicial na carreira deste compositor que renovou o samba-enredo e o próprio partido alto, inserido no cotidiano da classe média brasileira pela voz de Martinho. À medida que músicos como o percussionista Ovídio Moreira e o cavaquinista Wanderson Martins vão entrando em cena, Martinho dá breves pinceladas de suas quatro décadas de sambas, modas e costumes. Lembra os grandes sambas-enredos que compôs para sua escola Unidos de Vila Isabel, revive alguns sucessos como Ex-Amor (solado pelo violão de Gabriel de Aquino) e, na parte final, aborda as conexões internacionais experimentadas nos álbuns editados pela gravadora MZA Music. De quebra, o compositor apresenta um delicioso samba inédito - Filosofia de Vida, uma parceria com Marcelinho Moreira e Fred Camacho que abre o CD e aparece nos extras do DVD - que sintetiza sua visão de mundo e sinaliza que Martinho da Vila nem precisa se escorar no seu passado de glória, pois ainda há inspiração para futuros sambas. A história continua.

8 de dezembro de 2008

EMI divulga capa do segundo CD de Lily Allen

Com o clipe de seu primeiro single, The Fear, já em rotação na Inglaterra, o segundo álbum de Lily Allen - It's Not me, It's You - teve sua capa (foto acima) divulgada pela gravadora EMI Music nesta segunda-feira, 8 de dezembro de 2008. O lançamento do sucessor de Alright Still (2006), CD que vendeu cerca de 2,5 milhões de cópias em todo o mundo, reúne 12 músicas inéditas e tem seu lançamento confirmado pela EMI para fevereiro de 2009.

'Cool', Gandelman aborda baladas com classe

Resenha de CD / DVD
Título: Sabe Você
Artista: Leo
Gandelman
e Convidados
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * * *

O sax eclético e pop de Leo Gandelman nunca foi soprado com tanta classe como neste projeto Sabe Você, em que o músico coleta onze baladas do fino cancioneiro brasileiro e dá a elas uma roupagem cool e jazzy, com o auxílio luxuoso das vozes de Chico Buarque (Futuros Amantes, uma das últimas memoráveis canções de Chico), Caetano Veloso (Chove Lá Fora, de Tito Madi), Milton Nascimento (Por Causa de Você, de Tom Jobim e Dolores Duran), Luiz Melodia (Aos Pés da Cruz, de Marino Pinto e Zé da Zilda), Ney Matogrosso (Pra Machucar meu Coração, inspirado samba-canção de Ary Barroso), Leila Pinheiro (Coração Vagabundo, de Caetano), Lirinha (Só por Amor, de Baden Powell e Vinicius de Moraes) e Leny Andrade (a faixa-título, Sabe Você? - da refinada lavra melódica de Carlos Lyra). As mesmas 11 faixas aparecem, em ordem diversa, no CD e no DVD, editados e vendidos separadamente pela EMI Music. O DVD é um estiloso documento do projeto, filmado em preto e branco pelo diretor de fotografia Lula Carvalho. O DVD entrelaça cenas de estúdio, depoimentos dos artistas e imagens do Rio num mosaico classudo como o som ouvido neste grande título da discografia de Gandelman. O CD apresenta tão somente a essência do projeto: a abordagem elegante e introspectiva dada pelo saxofonista às baladas. Vale ressaltar que, embora haja esse luxuoso escrete vocal para enobrecer essa gravação, as vozes não ditam o tom dos registros. Invertendo a lógica habitual, elas fazem pequenos solos. São as cerejas do saboroso bolo sonoro de Leo Gandelman. Ouça!!

Baleiro dispara seu segundo petardo globalizado

Resenha de CD
Título: O Coração
do Homem-Bomba
Volume 2
Artista: Zeca Baleiro
Gravadora: MZA Music
Cotação: * * * *

O segundo volume do álbum duplo em que Zeca Baleiro reúne "um amontoado de canções acumuladas ao longo de alguns anos" - como conceitua o artista no texto escrito para apresentar o projeto O Coração do Homem-Bomba - não é composto de restos do primeiro. O Volume 2 roça a inspiração do 1 e reedita também seu tom globalizado. Baleiro dispara outro petardo que mira tanto os sons africanos - Na Quitanda, motivada por Pata Pata, o sucesso mundial de Miriam Makeba (1932 - 2008) - como a batida de reggae que pontua faixas como Tevê (parceria de Baleiro com Kléber Albuquerque que aborda o poder anestésico da telinha), Tacape (com leve ambiência roqueira) e Débora. O coração-bomba também dispara certeiro no ritmo do maxixe (Pastiche, repleto dos trocadilhos típicos de Baleiro), da toada de bumba-meu-boi (Boi do Dono, que remete a origem maranhense do compositor) e de baladas como Era, parceria de Baleiro com Wado. Cabem ainda no sotaque miscigenado do álbum o coro gospel que adensa a vinheta Jesus no Cyber Café do Inferno e o ligeiro tom havaiano para o qual são transportados os versos de I'm Nobody, poema de Emily Dickinson (1830 - 1886) musicado por Baleiro. Sem falar na referência elogiosa a Odair José feita na letra de Como Diria Odair, canção de clima cool, e nas citações poéticas da melódica Trova (Aonde Flores). Ligeiramente mais introspectivo do que a elétrica primeira metade d'O Coração do Homem-Bomba, este suculento Volume 2 engloba escondida faixa-bônus - Eu Detesto Coca Light, parceria de Baleiro e Chico César, entoada no estilo dos cantadores nordestinos - e (re)afirma a forte inspiração de um artista hábil na arte de imbolar os ritmos.

Renovada, Wanderléa sintoniza velhas estações

Resenha de CD
Título: Nova Estação
Artista: Wanderléa
Gravadora: Lua Music
Cotação: * * * *

Como o amigo Erasmo Carlos, Wanderléa passou um tempo sentada à beira do caminho, perdida com o fim da Jovem Guarda. Contudo, justiça seja feita, nos anos 70, a Ternurinha se desviou da rota das tardes dominicais dos anos 60 numa série de discos renovadores - Maravilhosa (1972), Feito Gente (1975), Vamos que Eu Já Vou (1977) e Mais que a Paixão (1978) - que não conseguiram sedimentar a mudança de rumo da cantora (ao contrário do que aconteceu com o Tremendão). E o fato é que a carreira da cantora voltou a girar em torno de seu passado de glória. Daí a agradável surpresa desse Nova Estação, belo álbum que não vai mudar o curso da História nesta altura da vida da artista, mas que mostra Wanderléa em boa forma, sintonizada com repertório de abrangente leque estético que engloba samba (A Banca do Distinto, de Billy Blanco), choro (o esperto Choro Chorão, de Martinho da Vila) e canções de Geraldo Azevedo (Dia Branco, com citação de Carinhoso), Chico Buarque (Mil Perdões, pontuada pelo sax soprano de Ubaldo Versolato) e Johnny Alf (Eu e a Brisa, emendada com O Que É Amar), entre outros grandes compositores nunca associados ao canto pop juvenil de Wandeca.

"Renascer cada dia como a luz da manhã / Despertar sem medo, enganar a dor", receita Wanderléa na faixa-título do CD Nova Estação. É sintomático que a canção da lavra de Luiz Guedes e Thomas Roth abra este álbum em que a Ternurinha esboça um renascimento artístico, enganando a dor de não ter tido a carreira luminosa a que fazia jus. E há luz neste disco em que, renovada, a intérprete sintoniza velhas estações. Wanderléa está cantando muito bem e os arranjos (a maioria de Lalo Califórnia, produtor do disco ao lado de Thiago Marques Luiz) primam pela elegância. Sem mofo, embora estacionado no passado da música brasileira, o repertório foca pontos obscuros da trajetória de Wanderléa. My Funny Valentine - ouvido num registro jazzy de tom lânguido e sensual - evoca o tempo em que Wanderléa foi crooner da orquestra regida pelo trombonista Astor Silva, cantando músicas como este standard de Richard Rodgers e Lorenz Hart. Nesta estação renovadora, a cantora se arrisca até como arranjadora do pot-pourri de sambas que aglutina Chiclete com Banana, Adeus América e Eu Quero um Samba. Em faixa mais contemporânea, uma balada de Arnaldo Antunes - Se Tudo Pode Acontecer, em delicado arranjo pontuado pela guitarra slide tocada por Lalo Califórnia - credencia Wanderléa a sintonizar compositores de tempos mais atuais. Na contramão, mas sem aquele saudosismo jovem-guardista que tanto atrapalhou sua carreira, a cantora se reconecta aos parceiros das velhas tardes de domingo Roberto e Erasmo Carlos no Samba da Preguiça - pérola obscura da dupla, revivida pela Ternurinha sem a pegada de samba-rock do registro feito pelo Trio Mocotó em 1973 - e em Todos Estão Surdos, hino pacifista da fase soul do Rei, em arranjo xerocado da gravação original de Roberto (de 1971). Entre registro sem brilho especial de tema de Luiz Melodia (Salve Linda Canção sem Esperança) e lembrança do encontro fonográfico com Egberto Gismonti (Mais que a Paixão, canção situada ao fim do disco como pungente carta de princípios), Wanderléa apaga a má-impressão de seu último álbum, O Amor Sobreviverá (gravado de forma independente e distribuído pela BMG em 2003), e renasce em Nova Estação, voltando a brilhar com luminosidade há muito ausente de sua voz.

Menescal documenta bossa de Andy em DVD

A partir do show que fez com Andy Summers no Teatro Sesc Ginástico (RJ), em novembro de 2008, Roberto Menescal está produzindo DVD de caráter documental que enfoca o inusitado envolvimento do guitarrista do grupo inglês The Police com a Bossa Nova. Fernanda Takai, Leila Pinheiro e Marcos Valle ficaram de gravar participações em estúdio. O DVD vai incluir takes do show United Kingdom of Ipanema, em que Menescal toca com Summers os clássicos bossa-novistas como O Barquinho e Wave. O trio BossaCucaNova adicionou bases eletrônicas em Só Danço Samba e em Samba da Minha Terra. O DVD sairá em 2009.

7 de dezembro de 2008

Rei volta ao trono ao cantar Jobim com Caetano

Resenha de CD
Título: Roberto Carlos e Caetano Veloso e a Música de
Tom Jobim
Artista: Caetano Veloso e Roberto Carlos
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * * * 1/2

Nas lojas desde 3 de dezembro de 2008 (apesar de ter tido sua chegada às lojas anunciada oficialmente para 5 de dezembro), o CD ao vivo com o registro do show que reuniu Caetano Veloso e Roberto Carlos em torno da música soberana de Tom Jobim parece ser álbum mais do Rei do que do compositor de Força Estranha. Seja pelos dominantes tons de azul da capa, seja por ostentar o selo da Sony BMG (a gravadora que lança os discos de Roberto desde 1961), seja por trazer um agradecimento escrito na primeira pessoa, não assinado, mas com referências religiosas típicas do compositor de Debaixo dos Caracóis de seus Cabelos. E talvez seja isso mesmo. No fundo, Roberto Carlos e Caetano Veloso e a Música de Tom Jobim tem aura especial por recolocar o Rei no trono. Roberto vinha perdendo a coroa ao gravitar em torno de obra autoral que já tinha dando progressivos sinais de desgaste desde o início dos anos 80. Nesta gravação ao vivo, captada em agosto de 2008 no Auditório Ibirapuera (SP), nas duas apresentações paulistas do show idealizado pela série ItaúBrasil para festejar os 50 anos da Bossa Nova, Roberto sai de sua inércia (à sua moda) e aproveita a oportunidade de mostrar que ele ainda é, sim, um grande cantor. Que se agiganta ao pôr sua voz de afinação e emissão exemplares a serviço da melhor música produzida no Brasil pela inspiração (sempre única) de Tom Jobim.

Mesmo sem o amparo das imagens do encontro, que poderão ser vistas no DVD que chega às lojas a partir de 15 de dezembro para atestar a real interação entre os cantores, o CD já se impõe como um dos melhores discos do ano. E um dos melhores da discografia iniciada por Roberto Carlos em 1959. Ainda que os arranjos de Jaques Morelenbaum para Garota de Ipanema e Wave, sejam excessivamente reverentes aos registros clássicos destas músicas. Ainda que a opção de Roberto por cantar Insensatez em espanhol tenha sua infelicidade realçada no disco. Ainda que, das 16 faixas do CD, somente quatro sejam duetos. Com todos esses pequenos detalhes, o encontro resulta sublime. E, sim, é histórico por si só...

Ainda que sem as imagens do DVD, o CD reproduz com fidelidade o caráter e o conceito do show. Dá para sentir a suntuosidade do bloco camerístico em que, sozinho, Caetano canta músicas como Inútil Paisagem e Meditação. Sob cordas clássicas de seu maestro Jaques Morelenbaum, Caetano atinge o ápice da solenidade em Por Toda Minha Vida (Exaltação ao Amor) e descontrai em Ela É Carioca, um dos poucos números em que se detecta a leveza da bossa cinqüentenária. Sob a batuta conservadora de seu maestro Eduardo Lages, Roberto faz pulsar sua tradicional veia romântica ao cantar majestosamente Por Causa de Você, Eu Sei que Vou te Amar (com inserção do Soneto da Fidelidade, de Vinicius de Moraes, o parceiro mais importante de Tom Jobim) e Lígia. Essa faixa, contudo, vai poder ser apreciada de forma mais plena no DVD, pois, antes de começar a entoar a música, Roberto exibe no telão imagens do encontro que teve com Jobim no seu especial global de 1978, quando o Rei e o soberano Jobim cantaram Lígia.

Coroando o disco que termina com Chega de Saudade, em outro arranjo reverente ao universo de Jobim, há o gracioso dueto em Tereza da Praia, em que Roberto e Caetano recriam o dueto feito por Dick Farney (1921 - 1987) com Lúcio Alves (1927 - 1993) na gravação original de 1954. Em suma, um encontro em Tom maior, com as bossas particulares de dois grandes cantores. E de Jobim!!!

Laura se excede ao abordar repertório da Sapoti

Resenha de Show
Título: Eu Sinto uma Vontade Louca de Gritar pela Rua

- Homenagem a Ângela Maria
Artista: Laura Castro (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Teatro Café Pequeno (RJ)
Data: 6 de dezembro de 2008
Cotação: * * 1/2
Em cartaz até 21 de dezembro, de sexta-feira a domingo

Com trajetória marcada por atuações secundárias em musicais como Dolores e Elis - Estrela do Brasil, a cantora Laura Castro alça vôo solo em show dedicado ao repertório de Ângela Maria por conta dos 80 anos da Sapoti, completados em 13 de maio de 2008. Com estranho título tomado emprestado de verso de Amendoim Torradinho, música de Henrique Beltrão que foi sucesso na voz da remanescente estrela da era do rádio, o show Eu Sinto uma Vontade Louca de Gritar pela Rua está em cartaz até 21 de dezembro de 2008 no Teatro Café Pequeno, no Rio de Janeiro (RJ), e precede o disco homônimo que vai ser lançado em 2009. Seu roteiro reflete a diversidade estética do repertório de Ângela - um cancioneiro de romantismo extremado e de altos e baixos, irmanados pela voz doce (daí o apelido Sapoti dado pelo então presidente Getúlio Vargas) temperada por grande extensão e alto teor sentimental. Voz que foi guia para cantoras de eras posteriores - como Elis Regina (1945 - 1982) e Fafá de Belém.

Cantora sem os raros recursos vocais de Ângela, Laura Castro peca por excessos ao carregar no tom de músicas como Vida de Bailarina - cuja letra já ostenta as tintas fortes do rebuscamento poético do período pré-Bossa Nova - e Gente Humilde. Quando prioriza tonalidades mais suaves, como em Eu Não Existo sem Você, o resultado é mais envolvente. Diretor musical e arranjador do show, o violonista Márcio Pizzi experimenta leves ousadias estilísticas como desviar Negue (Adelino Moreira e Enzo de Almeida Passos) e Nem Eu (Dorival Caymmi) da rota habitual do samba-canção rumo à direção do samba mais tradicional em caminho rítmico pontuado pelo pandeiro tocado pela percussionista Taíssa Mattos. Nem Eu, inclusive, chega a ganhar cacos no dueto feito por Laura com o pianista Wladimir Pinheiro (cuja escaleta introduz momentos antes o fado Foi Deus). Tão inapropriado quanto os cacos postos no belo samba-canção de Caymmi é o sorriso que aparece nos lábios da intérprete enquanto ela canta Fósforo Queimado, pois incondiz com a mágoa exposta nos versos deste tema gravado pela Sapoti na áurea década de 50.

Aberto com dramática interpretação do Tango pra Tereza, exemplo do cancioneiro de aura kitsch que garantiu a sobrevida de Ângela Maria nas paradas popularescas dos anos 70, o roteiro adiciona aos clássicos da Sapoti (Babalu, claro, marca inevitável presença, mas com pulsação diferente e elegante) alguns lados B da discografia irregular da cantora. Entre eles, o juvenil Cha Cha Cha da Moça (entoado de forma graciosa por Laura com a adesão vocal do pianista Wladimir Pinheiro no refrão) e Rancho do Lalá, marcha-rancho composta em tributo ao compositor Lamartine Babo (1904 - 1963). Apesar de Laura conseguir imprimir alguma vivacidade à música, novamente em dueto com seu pianista, a composição em si não é das mais inspiradas do gênero. No todo, a direção de João Cícero procura realçar em cena a teatralidade do cancioneiro da Sapoti. Porém, Laura Castro aborda tal repertório acima do tom, com interpretações (por vezes) exacerbadas que somente reforçam os excessos naturais de músicas que pertencem a outro tempo. Seria salutar podar tais excessos no CD vindouro...

Viagem de Dido em 'Safe Trip Home' é reflexiva

Resenha de CD
Título: Safe Trip Home
Artista: Dido
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * * 1/2

Safe Trip Home é o primeiro trabalho de estúdio de Dido desde 2003. Já faz cinco anos que Life for Rent confirmou o potencial pop dessa cantora inglesa que tem construído espaçada carreira fonográfica. Safe Trip Home é somente o terceiro título de discografia iniciada em 1999 com No Angel. É um álbum diferente, pautado por maior maturidade. Dido propõe uma viagem mais serena e reflexiva por temas de atmosfera emocional mais densa. Efeito da morte em 2006 do pai da artista, a quem ela dedica este álbum de som mais orgânico que não dispensa o uso da eletrônica. Vale destacar no repertório autoral Nothern Skies - faixa longa que fecha o disco em clima épico - e Grafton Street, tema de influência celta que traz Brian Eno na co-autoria. Outro ponto alto é a balada Look no Further, de delicada textura sonora e de envolvente melodia. A produção de Jon Brion, responsável pela maioria das onze faixas, embala com elegância minimalista esse fino cancioneiro emotivo.

Jones sobrevive e se conecta ao soul com vigor

Resenha de CD
Título: 24 Hours
Artista: Tom Jones
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * * 1/2

Projetado nos anos 60, Tom Jones se conecta às tradições do soul em 24 Hours, álbum de estúdio que exibe vigor ausente em discos anteriores do veterano galês, como Reload (1999), dedicado aos covers. Jones acerta ao evocar o passado do soul pelas mãos de um produtor de toque contemporâneo, Future Cut, que dá bom trato a um repertório quase todo inédito. E o fato é que, por mais que pegue carona no sucesso de novos cantores ingleses que vem reverenciando o velho soul, casos de Amy Winehouse e James Morrison, 24 Hours soa convicente já na primeira faixa, I'm Alive, explosivo cover do repertório de Tommy James & The Shondells. Da lavra própria de Jones, merecem menção especial a balada The Road - linda - e o reflexivo tema que dá nome ao álbum, 24 Hours. Outro bissexto cover da seleção - The Hitter, da seara de Bruce Springsteen - tem alta carga emotiva e mostra que, sim, Tom Jones está vivo. 24 Hours injeta ânimo na sua carreira.