7 de dezembro de 2008

Rei volta ao trono ao cantar Jobim com Caetano

Resenha de CD
Título: Roberto Carlos e Caetano Veloso e a Música de
Tom Jobim
Artista: Caetano Veloso e Roberto Carlos
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * * * 1/2

Nas lojas desde 3 de dezembro de 2008 (apesar de ter tido sua chegada às lojas anunciada oficialmente para 5 de dezembro), o CD ao vivo com o registro do show que reuniu Caetano Veloso e Roberto Carlos em torno da música soberana de Tom Jobim parece ser álbum mais do Rei do que do compositor de Força Estranha. Seja pelos dominantes tons de azul da capa, seja por ostentar o selo da Sony BMG (a gravadora que lança os discos de Roberto desde 1961), seja por trazer um agradecimento escrito na primeira pessoa, não assinado, mas com referências religiosas típicas do compositor de Debaixo dos Caracóis de seus Cabelos. E talvez seja isso mesmo. No fundo, Roberto Carlos e Caetano Veloso e a Música de Tom Jobim tem aura especial por recolocar o Rei no trono. Roberto vinha perdendo a coroa ao gravitar em torno de obra autoral que já tinha dando progressivos sinais de desgaste desde o início dos anos 80. Nesta gravação ao vivo, captada em agosto de 2008 no Auditório Ibirapuera (SP), nas duas apresentações paulistas do show idealizado pela série ItaúBrasil para festejar os 50 anos da Bossa Nova, Roberto sai de sua inércia (à sua moda) e aproveita a oportunidade de mostrar que ele ainda é, sim, um grande cantor. Que se agiganta ao pôr sua voz de afinação e emissão exemplares a serviço da melhor música produzida no Brasil pela inspiração (sempre única) de Tom Jobim.

Mesmo sem o amparo das imagens do encontro, que poderão ser vistas no DVD que chega às lojas a partir de 15 de dezembro para atestar a real interação entre os cantores, o CD já se impõe como um dos melhores discos do ano. E um dos melhores da discografia iniciada por Roberto Carlos em 1959. Ainda que os arranjos de Jaques Morelenbaum para Garota de Ipanema e Wave, sejam excessivamente reverentes aos registros clássicos destas músicas. Ainda que a opção de Roberto por cantar Insensatez em espanhol tenha sua infelicidade realçada no disco. Ainda que, das 16 faixas do CD, somente quatro sejam duetos. Com todos esses pequenos detalhes, o encontro resulta sublime. E, sim, é histórico por si só...

Ainda que sem as imagens do DVD, o CD reproduz com fidelidade o caráter e o conceito do show. Dá para sentir a suntuosidade do bloco camerístico em que, sozinho, Caetano canta músicas como Inútil Paisagem e Meditação. Sob cordas clássicas de seu maestro Jaques Morelenbaum, Caetano atinge o ápice da solenidade em Por Toda Minha Vida (Exaltação ao Amor) e descontrai em Ela É Carioca, um dos poucos números em que se detecta a leveza da bossa cinqüentenária. Sob a batuta conservadora de seu maestro Eduardo Lages, Roberto faz pulsar sua tradicional veia romântica ao cantar majestosamente Por Causa de Você, Eu Sei que Vou te Amar (com inserção do Soneto da Fidelidade, de Vinicius de Moraes, o parceiro mais importante de Tom Jobim) e Lígia. Essa faixa, contudo, vai poder ser apreciada de forma mais plena no DVD, pois, antes de começar a entoar a música, Roberto exibe no telão imagens do encontro que teve com Jobim no seu especial global de 1978, quando o Rei e o soberano Jobim cantaram Lígia.

Coroando o disco que termina com Chega de Saudade, em outro arranjo reverente ao universo de Jobim, há o gracioso dueto em Tereza da Praia, em que Roberto e Caetano recriam o dueto feito por Dick Farney (1921 - 1987) com Lúcio Alves (1927 - 1993) na gravação original de 1954. Em suma, um encontro em Tom maior, com as bossas particulares de dois grandes cantores. E de Jobim!!!

22 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Nas lojas desde 3 de dezembro de 2008 (apesar de ter tido sua chegada às lojas anunciada oficialmente para 5 de dezembro), o CD ao vivo com o registro do show que reuniu Caetano Veloso e Roberto Carlos em torno da música soberana de Tom Jobim parece ser álbum mais do Rei do que do compositor de Força Estranha. Seja pelos dominantes tons de azul da capa, seja por ostentar o selo da Sony BMG (a gravadora que lança os discos de Roberto desde 1961), seja por trazer um agradecimento escrito na primeira pessoa, não assinado, mas com referências religiosas típicas do compositor de Debaixo dos Caracóis de seus Cabelos. E talvez seja mesmo. No fundo, Roberto Carlos e Caetano Veloso e a Música de Tom Jobim tem aura especial por recolocar o Rei no trono. Roberto vinha perdendo a coroa ao gravitar em torno de obra autoral que já tinha dando progressivos sinais de desgaste desde o início dos anos 80. Nesta gravação ao vivo, captada em agosto de 2008 no Auditório Ibirapuera (SP), nas duas apresentações paulistas do show idealizado pela série ItaúBrasil para festejar os 50 anos da Bossa Nova, Roberto sai de sua inércia (à sua moda) e aproveita a oportunidade de mostrar que ele ainda é, sim, um grande cantor. Que se agiganta ao pôr sua voz de afinação e emissão exemplares a serviço da melhor música produzida no Brasil pela inspiração (sempre) única de Tom Jobim.

Mesmo sem o amparo das imagens do encontro, que poderão ser vistas no DVD que chega às lojas a partir de 15 de dezembro para atestar a real interação entre os cantores, o CD já se impõe como um dos melhores discos do ano. E um dos melhores da discografia iniciada por Roberto Carlos em 1959. Ainda que os arranjos de Jaques Morelenbaum para Garota de Ipanema e Wave, sejam excessivamente reverentes aos registros clássicos destas músicas. Ainda que a opção de Roberto por cantar Insensatez em espanhol tenha sua infelicidade realçada no disco. Ainda que, das 14 faixas do CD, somente quatro sejam duetos. Com todos esses pequenos detalhes, o encontro resulta sublime. E, sim, é histórico por si só...

Ainda que sem as imagens do DVD, o CD reproduz com fidelidade o caráter e o conceito do show. Dá para sentir a suntuosidade do bloco camerístico em que, sozinho, Caetano canta músicas como Inútil Paisagem e Meditação. Sob as cordas de seu maestro Jaques Morelenbaum, Caetano atinge o ápice da solenidade em Por Toda Minha Vida (Exaltação ao Amor) e descontrai em Ela É Carioca, um dos poucos números em que se detecta a leveza da bossa cinqüentenária. Sob a batuta conservadora de seu maestro Eduardo Lages, Roberto faz pulsar sua tradicional veia romântica ao cantar majestosamente Por Causa de Você, Eu Sei que Vou te Amar (com inserção do Soneto da Fidelidade, de Vinicius de Moraes, o parceiro mais importante de Tom Jobim) e Lígia. Essa faixa, contudo, vai poder ser apreciada de forma mais plena no DVD, pois, antes de começar a entoar a música, Roberto exibe no telão imagens do encontro que teve com Jobim no seu especial global de 1978, quando o Rei e o soberano Jobim cantaram Lígia.

Coroando o disco que termina com Chega de Saudade, em outro arranjo reverente ao universo de Jobim, há o gracioso dueto em Tereza da Praia, em que Roberto e Caetano recriam o dueto feito por Dick Farney (1921 - 1987) com Lúcio Alves (1927 - 1993) na gravação original de 1954. Em suma, um encontro em Tom maior, com as bossas particulares de dois grandes cantores. E de Jobim!!!

7 de dezembro de 2008 às 18:01  
Anonymous Anônimo said...

Mauro, só tenho a lamentar a embalagem digipak...

7 de dezembro de 2008 às 18:18  
Anonymous Anônimo said...

Até quem é surdo sabe que Roberto Carlos é um excepcional cantor.
Sendo assim, fico contente que ele volte a cantar músicas boas, mesmo que dos coutros, ele merece!
Vi dois ou três minutinhos desse especial quando passou na Tv, não me apeteceu, achei pálido...
Enfim, pode ter sido só um má impressão, vou ouvir novamente, com carinho.
Vai vender como água nessas festas de fim ano.

PS: No ótimo disco do João Nogueira "Minha Alma Canta", ele faz um dueto maravilhoso com o Sérgio Ricardo na gostosa "Tereza da Praia".
Tá dada a dica.

José Henrique

7 de dezembro de 2008 às 20:03  
Anonymous Anônimo said...

Eis o disco do ano, um prêmio à boa música até esquecida pelas rádios! Roberto é rei e assim será...

8 de dezembro de 2008 às 01:33  
Anonymous Anônimo said...

Que milagre essa indústria fonográfica desorganizada botar um disco nas lojas ANTES do previsto! Quando querem trabalhar direito, conseguem.

8 de dezembro de 2008 às 01:45  
Anonymous Anônimo said...

Queria um "Roberto & Bethânia"!! um encontro de realezas! Acho que eu ia morrer!

8 de dezembro de 2008 às 03:54  
Blogger Flávia C. said...

"Vai vender como água nessas festas de fim ano."

Vai mesmo! Eu acho até que vou comprar no atacado e sair distribuindo, hehehehe, porque todos os meus presenteados certamente vão gostar do disco.

8 de dezembro de 2008 às 10:22  
Anonymous Anônimo said...

Está tocando direto nas lojas, acho fantástico porque se por um lado temos a oportunidade de ouvir Roberto Carlos cantar outras canções que não as suas, por outro vai levar para o público do Roberto as composições de Tom Jobim, os arranjos fantásticos e interpretações maravilhosas que o Caetamo fez, me agradou o bloco do Caetano, mas me agrada mais a ainda o disco como um todo.

8 de dezembro de 2008 às 14:38  
Anonymous Anônimo said...

Pelo menos não é o mecânico mias do mesmo que ele tem posto no mercado só para cumprir o lançamento de Natal, últimamente bastante requentado ou azêdo mesmo. Já apelaram até para o portunhol.
Essa dobradinha com Caetano e sem o habitual saturado "Quando eu estou aqui..." pegou melhor.

8 de dezembro de 2008 às 17:22  
Anonymous Anônimo said...

Eu para variar vou ser sincero. Acho que quebrei a cara.
Como fã dos dois (de Roberto até "Caminhoneiro") e colecionador já encomendei o DVD. Mas não estava esperando muita coisa não, afinal gravar Jobim não é mole.
Como só ouvi críticas elogiosas por toda a mídia acho que adqüiri mais do que um DVD para manter a coleção (no caso, de Caetano Veloso) em dia. Tomara!

8 de dezembro de 2008 às 18:00  
Anonymous Anônimo said...

Já eu queria um Roberto & Beth cantando Cartola!! Um encontro de realezas!
Comprei pra minha tia do Rio e já mandei por sedex. Fãzoca de Roberto!
Quando baixar mais o preço (paguei R$ 29,99) eu comprarei pra mim!

Abraços,

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

PS: Aguardo o especial ansioso com a presença de Neguinho da Beija-Flor. Parabéns ao Rei pela oportunidade dada ao Neguinho! Em meio a alguns problemas de saúde o Rei demonstra que é um grande ser humano. Belo presente de fim de ano! Muita saúde para o Neguinho e eu aguardo também a resenha do cd dos sambas-enredos! Cadê Maurinho? Abs

8 de dezembro de 2008 às 20:45  
Anonymous Anônimo said...

Roberto é o maior cantor brasileiro e agora apresenta um repertório a altura de seu talento.
Caetano deve ter aproveitado a oportunidade. E vai, finalmente, vender barbaridade.
Roberto e Bethânia seria realmente genial.

8 de dezembro de 2008 às 20:54  
Anonymous Anônimo said...

hehehhee
Marcelão tinha que colocar a Beth Carvalho na roda.
Marcelo, já ouviu o novo de Nelson Sargento "Versátil"? Muito bom, claro!

PS: O anônimo fez uma ótima observação. O disco vai levar Jobim para as massas.
Nos dias de hoje, Jobim é música erudita.

Jose Henrique

9 de dezembro de 2008 às 02:15  
Anonymous Anônimo said...

Grande Zé! Infelizmente ainda não! Aqui como sempre não chegou mas com certeza escutarei.
Mas acho muito pouco provável acontecer o encontro que sugeri. Abração e eu ainda espero a chegada nesse "fim de mundo" (Brincadeira!?! Capital Federal!) e também do dvd do Nei Lopes.
Aliás, mais um que o Mauro não resenhou. Cadê o samba Mauro? Abs,

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

PS: Zé, como sempre você foi feliz no seu comentário. Jobim hoje em dia é erudito para a grande massa.
E salve a Gaiola das Popozudas! Nada contra! Mas analisando BEM eu as prefiro em outro lugar.

9 de dezembro de 2008 às 10:50  
Anonymous Anônimo said...

Mauro, no post aparece que o cd tem 14 faixas,mas na verdade sao 16

9 de dezembro de 2008 às 11:28  
Anonymous Anônimo said...

"E vai, finalmente, vender barbaridade."

Caetano já vendeu barbaridade quando gravou "Sozinho", em 1998...

9 de dezembro de 2008 às 18:15  
Anonymous Anônimo said...

Caetano já criou tanta fama que até gravando música ruim - o que não é o caso aqui - "vende barbaridade".
Eu ainda prefiro o MESTRE CHICO, O LORD MILTON e DEUS BOSCO.

9 de dezembro de 2008 às 20:35  
Anonymous Anônimo said...

Não sabia que o Neguinho estava entre os convidados do RC Especial. Sabe quem são os outros, Marcelo? Li que Roberto havia convidado João Gilberto e que este estava só tentando conciliar agendas, mas que tinha topado. Esse sim, um verdadeiro encontro de reis! (com a licença de achar a realeza de João Gilberto infinitamente maior).

Abraço pra você, pro Zé, pro Mauro e pro pessoal do blog. Andei sumido dos 'comments', mas sempre acompanhando os posts do Mauro e os enriquecedores comentários de vocês.

Anderson Falcão
Brasília - DF

9 de dezembro de 2008 às 21:26  
Anonymous Anônimo said...

Coitado do Tom. Nada a haver. Praias ou serras diferentes.
I'm sorry fãs dos dois e Mauro.
PS: também sou fã dos dois mais cantar Tom Jobim com as "invenções" de Caetano e o "romantismo" derramado de Roberto acho que não dá caldo não.
Fico com André 2: "Tomara"

10 de dezembro de 2008 às 19:08  
Anonymous Anônimo said...

Fala Anderson! Meu vizinho de andar! Qualquer hora vou subir aí mas estou de férias por enquanto!
Mas quanto aos convidados serão: Rita Lee, Zezé di Camargo e Luciano (Só Jesus salva!) e Neguinho da Beija-Flor. Abs,

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

PS: Alguém tem notícias do Diogo!?
Escrevi um e-mail e ele não me respondeu. Só outro dia é que fui cair na real de que ele mora em Florianópolis. Grande abraço pra você meu velho e espero que esteja tudo bem com vocês!

10 de dezembro de 2008 às 21:01  
Anonymous Anônimo said...

Zezé nem Jesus salva, Marcelo. Fui assistir Brasil e Portugal no Bezerrão e tive de ouví-lo cantar o hino nacional ao vivo. Impressionante. A voz do cara sumiu. Além de desafinar demais, não alcançou nenhuma daquelas notas altas para as quais se dava inteiro.

Apesar de tudo, lamentei.

O encontro de Rita e Roberto promete. O rei podia se inspirar na parceira e recuperar sua verve rock'nroll na ocasião.

Mas nada que substitua Joãozinho, que por sinal fui ver ao vivo em Salvador, em setembro. Depois te conto como foi (Zé, vou te mandar um email sobre isso também).

Abraço,
Anderson Falcão.

(E a gente não ter subido/descido um lance de escadas pra se conhecer até hoje é imperdoável! Quando volta de férias. Até mais.)

10 de dezembro de 2008 às 22:43  
Blogger ADEMAR AMANCIO said...

Roberto carlos cantando MPB,que absurdo.E pensar que tem pessoas inteligente que elogia isso.Ele devia ter gravado Tom,Noel,Ary,cartola e etc quando vendia,pelo menos ajudaria seus familiares com o direito autoral.

17 de setembro de 2012 às 11:57  

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