10 de outubro de 2009

Membro do Boyzone, Gately sai de cena aos 33

Integrante da boyband irlandesa Boyzone, Stephen Gately morreu na madrugada deste sábado, 10 de outubro de 2009, de causa ainda desconhecida. O cantor tinha 33 anos e estava em Maiorca, ilha da Espanha, onde passava férias. Criado em 1993, o Boyzone se dissolveu em 2000 - ano em que Gately (1976 - 2009) lançou seu único disco solo, New Beginning - e se reagrupou em 2007.

Obra e canto de Céu crescem em show azeitado

Resenha de Show
Título: Vagarosa
Artista: Céu (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Circo Voador (RJ)
Data: 10 de outubro de 2009
Cotação: * * * *
Agenda da turnê nacional:
Belo Horizonte (MG): Music Hall em 27 de novembro
Brasília (DF): Teatro Brasília em 28 de novembro
Manaus (AM): Teatro Amazonas em 3 de dezembro
Belém (PA): Teatro Gasômeto em 5 de dezembro

Lançado em julho de 2009, o segundo álbum de Céu, Vagarosa, é bom disco em que a sonoridade e a produção sobressaem mais do que as músicas e a voz da cantora paulista. No show, cuja turnê nacional chegou ao Rio de Janeiro (RJ) já na madrugada deste sábado, 10 de outubro, o canto e a obra autoral de Céu crescem e aparecem com mais nitidez. A estreia carioca foi especialmente feliz. O público estava receptivo - com boa energia detectada já no coro forte e espontâneo que encorpou um dos melhores números iniciais, Malemolência - e Céu cumpriu a alta expectativa. O show já começou bem - com músicas como Espaçonave e Comadi, do CD novo - mas foi ficando cada vez melhor. Antenada, a banda turbinou Cangote com efeitos de dub e preparou a cama para que Céu deitasse e rolasse no primeiro grande momento da noite, Visgo de Jaca, belo (e até então esquecido) samba de Rildo Hora e Sérgio Cabral. Lançado em disco por Martinho da Vila, o samba foi gravado por Céu somente para o EP, Cangote, que precedeu o lançamento do CD Vagarosa. É um grande achado do baú que confirma o faro de Céu. E permite que apareça a beleza de sua voz.

Sem o aparato da produção do disco Vagarosa, capitaneada por Beto Villares (na companhia de Gustavo Lenza, Gui Amabis e da própria Céu), a cantora se mostra segura no palco. O trio formado com Thalma de Freitas e com Anelis Assumpção em Bubuia foi especialmente envolvente e valorizou a estreia carioca da turnê patrocinada pelo projeto Natural Musical (no fim, as parceiras se reuniram num segundo belo número em trio, Rainha, que roçou a atmosfera de sedução de Bubuia). Já Ponteiro foi realçado pelo toque do acordeom de Guilherme Ribeiro. O show também fez crescer 10 Contados, música extraída do repertório do primeiro disco de Céu, editado em 2005. Já o som viajante de Cordão da Insônia esteve em sintonia com a atmosfera dub de Sonâmbulo. E, nessa praia do reggae, coube até um tema do universo do jazz, Its Take Two to Tango, outra bela sacada do roteiro. Moderna, Céu não chega a ser uma grande compositora, mas está evoluindo e se transformando - com velocidade que contradiz o título de seu segundo álbum - numa das mais perfeitas traduções da música brasileira cosmopolita dos anos 2000. É para ouvidos antenados!!

Sem Ben Jor, o roteiro de 'Vagarosa' evoca Ray

Ao fim da boa estreia carioca do show de lançamento do segundo álbum de Céu, Vagarosa, houve quem gritasse na pista do Circo Voador para que a cantora fizesse no bis a releitura psicodélica de Rosa Menina Rosa, tema de Jorge Ben Jor, lançado em 1963 pelo compositor no seu primeiro LP, Samba Esquema Novo. Mas os pedidos foram em vão. Na ausência do guitarrista Fernando Catatau, convidado que não chegou a tempo por estar tocando em show de Otto, a cantora - em foto de Mauro Ferreira - preferiu reviver no bis duas músicas de seu primeiro álbum (Céu, 2005). O belo samba Bobagem e Ave Cruz finalizaram o show iniciado já na madrugada deste sábado, 10 de outubro de 2009. Não teve o samba de Ben Jor. Em contrapartida, Céu evocou a figura de Ray Charles (1930 - 2004) ao trazer para o universo do reggae um tema, Its Take Two to Tango, gravado por Ray em 1961 em dueto com a cantora de jazz Betty Carter (1929 - 1998). Parceria de Al Hoffman com Dick Manning, Its Take Two to Tango é de 1952, tendo sido gravada neste ano por Louis Armstrong (1901 - 1971). Eis o roteiro apresentado na estreia carioca do show Vagarosa:
1. Espaçonave (Céu e Fernando Catatau)
2. Comadi (Céu e Beto Villares)
3. Malemolência (Céu e Alec Haiat)
4. Lenda (Céu, Alex Haiat e Graziela Moretto)
5. Grains de Beauté (Céu e Beto Vilares)
6. Nascente (Céu e Siba)
7. Cangote (Céu)
8. Visgo de Jaca (Rildo Hora e Sérgio Cabral)
9. Bubuia (Céu, Anelis Assumpção e Thalma de Freitas)
10. Ponteiro (Céu)
11. 10 Contados (Alec Haiat e Céu)
12. Papa (Céu)
11. Cordão da Insônia (Céu e Beto Villares)
12. Sonâmbulo (Céu, Bruno Buarque, DJ Marco, Lucas Martins,
Serginho Machado e Guilherme Ribeiro)
13. It Takes Two to Tango (Al Hoffman e Dick Manning)
14. Rainha (Céu)

Bis:
15. Bobagem (Céu)
16. Ave Cruz (Céu e Alex Haiat)

Céu forma um trio sedutor com Thalma e Anelis

Presenças luxuosas na estreia carioca do show de lançamento do bom segundo álbum de Céu, Vagarosa, Thalma de Freitas - à esquerda na foto de Mauro Ferreira - e Anelis Assumpção formaram trio sedutor com a colega na apresentação de Céu no Circo Voador (RJ), na madrugada deste sábado, 10 de outubro de 2009. Enquanto a banda improvisava grooves ao fim do samba Visgo de Jaga, Céu saiu do palco para retornar momentos depois na companhia de Thalma e Anelis. Com coreografias envolventes, as três cantoras apresentaram Bubuia, parceria delas, gravada por Céu em seu segundo álbum (com os vocais de Thalma e Anelis). O trio - reunido ao fim do show em Rainha (Céu) - foi um dos pontos mais altos da estreia carioca do espetáculo. A união das vozes resultou harmoniosa e valorizou uma das melhores músicas de Vagarosa. Até os belos figurinos pareciam combinados. Luxo só!

Kit de DVD e CD reaviva auge do Duran em Rio

Grande álbum de 1982 que projetou o tecnopop new romantic do Duran Duran, Rio permanece como marco áureo da trajetória da banda. É este auge que é revivido com o registro ao vivo de um concerto feito pelo grupo naquele ano, no Hammersmith Odeon, em Londres. Ora lançado no Brasil pela EMI Music em edição dupla que agrega CD e DVD, Hammersmith '82! - Live rebobina dez números do show. Com exceção da introdução do show, o CD toca as mesmas dez músicas exibidas no DVD. Mas o DVD apresenta também seis clipes filmados a partir do repertório de Rio. Típicos dos anos 80, os vídeos de My Own Way, Hungry Like the Wolf, Save a Prayer, Lonely in your Nightmare, Rio e The Chauffeur mostram como o tecnopop do Duran Duran também se beneficiou da criação da MTV - e do consequente nascimento da era do videoclipe - com estética visual própria que também pode ser conferida nas duas apresentações do grupo no programa de TV Top of the Tops que são exibidas nos extras do DVD. Tiragem do kit é de 1,5 mil cópias.

Island acredita em terceiro CD de Amy em 2010

Depois de supostos desajustes, parece que Amy Winehouse e a diretoria de sua gravadora, Island Records, já começam a se entender. De acordo com declarações recentes do vice-presidente da empresa, Darcus Beese, já há algumas demos gravadas e aprovadas que vão originar o terceiro álbum da artista britânica. A audição e a aprovação das músicas registradas nessas versões demo estão fazendo a Island acreditar que Winehouse vai gravar e lançar em 2010 seu tão esperado próximo disco. O primeiro desde Back to Black (2007), grande álbum que a consagrou em escala mundial.

Feliz, João Borba reaviva sambas de Jorge Costa

Resenha de CD
Título: João Borba
Canta Jorge Costa
- Ao Vivo
Artista: João Borba
Gravadora: Dabliú
Discos
Cotação: * * * 1/2

Graças a uma (excelente) ideia de Eduardo Gudin, compositor identificado com o samba paulista, João Borba - veterana voz das rodas de Sampa - estreia tardiamente em disco com um trabalho que presta valioso serviço à música brasileira. O foco deste CD gravado ao vivo em show no teatro do Sesc Pompéia (SP), em julho de 2007, é a obra autoral de Jorge Costa (1922 - 1995), um bom compositor alagoano que fez escalas em Recife (PE) e Rio de Janeiro (RJ) - cidade onde chegou até a interagir no Morro de Mangueira com bambas da escola verde-e-rosa - antes de se fixar em São Paulo (SP) na década de 50. Foi em Sampa que, anos mais tarde, Jorge teve seus sambas propagados nas vozes de cantores como Germano Mathias e Jair Rodrigues (intérprete de Triste Madrugada, um dos mais conhecidos da lavra de Costa). É este repertório que João Borba (re)apresenta sob direção musical e arranjos (algo lineares, mas competentes) de Milton Mori. O CD João Borba Canta Jorge Costa - Ao Vivo tira do baú joias como Samba da Rosa (parceria de Costa com Celso Martins) e Inferno Colorido, bonito tema que exemplifica bem a aguçada consciência social que norteou boa parte da produção autoral de Jorge Costa. São 15 sambas que, com maior ou menor inspiração, compõem uma obra de tintas fortes que ganha os tons adequados na voz tarimbada de João Borba, em CD de alto valor documental.

9 de outubro de 2009

'Tomorrow' torna incerto o amanhã de Kingston

Resenha de CD
Título: Tomorrow
Artista: Sean Kingston
Gravadora: Epic
/ Sony Music
Cotação: * *

Cantor nascido nos Estados Unidos, porém logo criado na Jamaica, Sean Kingston é um intérprete de reggae e rap que despontou no mercado fonográfico mundial em 2007 com álbum rebocado por um single irresistível, Beautiful Girls, líder das paradas radiofônicas, inclusive as do Brasil. Talvez pelo impacto desse single inicial, o segundo álbum de Kingston - Tomorrow, recém-lançado no Brasil pela Sony Music - soa (bem) abaixo das expectativas. A mistura de reggae e rap soa interessante em War, mas logo o álbum patina sem rumo por temas que flertam com a dance music mais pop - Fire Burning e My Girlfriend - e até com o pop rock, caso de Shoulda Let U Go, faixa em que figura a banda norte-americana Good Charlotte. Nem a presença de Wyclef Jean em Ice Cream Girl consegue adensar este álbum irregular que torna incerto o amanhã de Sean Kingston no mercado fonográfico.

Muse resiste bem às mudanças em disco épico

Resenha de CD
Título: The Resistance
Artista: Muse
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * * *

Ao se deparar com Uprising, o rock que abre o quinto álbum de estúdio do Muse, o ouvinte pode até ter a sensação de que a banda deu pistas falsas ao anunciar que The Resistance seria um disco de tom sinfônico. Mas falsa é a impressão dada por Uprising. Apesar de conter uma ou outra faixa com a energia costumeira das bandas de rock, em especial MK Ultra e Unnatural Selection, o CD de fato representa guinada na discografia do Muse. Sim, The Resistance é quase uma sinfonia, de clima épico e orquestrações grandiosas. Bonita faixa turbinada com longa citação de noturno de Frédéric Chopin (1810 - 1849), United States of Eurasia é um dos temas que traduzem bem o espírito do álbum, salpicado de solos de piano. I Belong to You vai pelo mesmo caminho. Já Exogenesis até se apresenta como uma sinfonia propriamente dita, sendo uma suíte dividida em três partes. E o fato é que, exageros à parte, o som do Muse resiste bem às mudanças propostas pela banda neste quinto disco.

Inédita de Michael anuncia coletânea 'This Is It'

Música inédita de Michael Jackson (1958 - 2009), This Is It vai ser lançada à meia-noite de segunda-feira, 12 de outubro de 2009, no site oficial do astro. A música dá nome ao documentário que vai ser lançado nos cinemas em 28 de outubro com cenas dos bastidores dos shows que o astro faria em julho. This Is It também batiza a coletânea dupla que a gravadora Sony Music põe nas lojas dois dias antes da estreia do filme. O CD 1 inclui gravações originais de alguns hits de Michael - na ordem em que eles aparecem na narrativa - e fecha com duas versões de This Is It, sendo uma orquestrada. Já o disco 2 apresenta demos de três sucessos do cantor - She's out of my Life, Wanna Be Startin' Somethin' e Beat It - e inclui poema recitado por Michael, Planet Earth, recém-descoberto. Eis as 20 faixas da coletânea This Is It:
Disco 1
1. Wanna Be Startin’ Somethin’
2. Jam
3. They Don’t Care About us
4. Human Nature
5. Smooth Criminal
6. The Way You Make Me Feel
7. Shake Your Body (Down To The Ground)
8. I Just Can’t Stop Loving You
9. Thriller
10. Beat It
11. Black or White
12. Earth Song
13. Billie Jean
14. Man In The Mirror
15. This Is It
16. This Is It (Orchestra Version)
Disco 2
1. She’s Out Of My Life (Demo)
2. Wanna Be Startin’ Somethin’ (Demo)
3. Beat It (Demo)
4. Planet Earth (Poem)

EMI lança o CD e o DVD 'Samba Social Clube 3'

A gravadora EMI Music já pôs nas lojas, em CD e DVD, o terceiro volume do bom projeto Samba Social Clube. O DVD (capa à direita) reúne 20 números capturados em shows realizados em 27 e 28 de julho de 2009 na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ). Já o CD toca 16 músicas. Na seleção de ambos, há Beth Carvalho (Cabô, meu Pai), Teresa Cristina (Porta Aberta), Dudu Nobre (Pagode da Saideira), Mariana Aydar (A Deusa dos Orixás), Arlindo Cruz (Candongueiro), Leci Brandão (Nomes de Favela) e Moinho (Maior É Deus), entre outros. Os quatro fonogramas exclusivos do DVD são os números de Mariene de Castro (Das 200 para Lá), Leila Pinheiro (Minha Verdade), Sururu na Roda (Tô Voltando) e Mário Sérgio (Ângela). O quarto volume do projeto - produzido pela EMI Music em parceria com a rádio MPB FM - será editado no fim do ano com outros números gravados nos dois shows de julho (inclusive o de Caetano Veloso).

Show de 'Dois' gera segundo DVD de Partimpim

Já em fase de ensaio e com estreia prevista para 2010, o show de lançamento de Dois - o segundo CD infantil gravado em estúdio por Adriana Calcanhotto sob o heterônimo de Adriana Partimpim - vai ser gravado ao vivo para dar origem a um DVD. Com a volta de Partimpim à cena, o sofisticado show anterior de Calcanhotto, Maré, sai de cartaz sem ter ganhado (merecido!) registro ao vivo.

8 de outubro de 2009

Bom show de Aydar engrena do meio para o fim

Resenha de Show
Título: Peixes, Pássaros, Pessoas
Artista: Mariana Aydar (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Canecão (RJ)
Data: 7 de outubro de 2009
Cotação: * * * 1/2

Um dos grandes discos de 2009, Peixes, Pássaros, Pessoas - o segundo álbum de Mariana Aydar - demora a engrenar no palco. Ao menos na estreia carioca da turnê, na noite de 7 de outubro, o show somente começou a fazer jus ao disco a partir da entrada em cena de Kassin para engrossar a banda na execução das músicas Deixa o Verão (de Rodrigo Amarante) e Beleza (Luisa Maita com Rodrigo Campos). Talvez pela tensão da cantora, provavelmente nervosa por estar estreando no palco do Canecão para platéia majoritariamente formada por convidados e os tais formadores de opinião, a apresentação resultou até morna em números iniciais como Aqui em Casa (Duani e Kavita, pseudônimo de Aydar como compositora) e Palavras Não Falam (Aydar), esta turbinada com moderníssimo arranjo de sopros, orquestrado por Felipe Pinaud. Justiça seja feita: falhas no som também atrapalharam esse início e impediram que o canto afinado de Aydar soasse de fato iluminado.
Como o disco, o show gravita em torno do samba - sem se prender ao gênero - com sofisticada atmosfera cool. Talvez por isso, a intérprete mais calorosa do show de seu primeiro CD, Kavita 1, demore a (re)aparecer em cena. Nem mesmo sambas populares já cantados nesse primeiro quente show, como Minha Missão (João Nogueira e Paulo César Pinheiro) e Vai Vadiar (Monarco e Alcino Corrêa), surtem o efeito habitual em Peixes, Pássaros, Pessoas. Mas, aos poucos, toda a beleza do repertório vai se desvendando em cena. O clima forrozeiro de Tá? (Carlos Rennó, Pedro Luís e Roberta Sá) - com Aydar no triângulo e Duani na zabumba - começa a esquentar o show e prepara o clima para a entrada em cena de Carlinhos Sete Cordas. O violonista dá o tom do medley que une os sambas Te Gosto - pérola de Mauro Diniz e Adilson Victor, pescada por Aydar no baú do Fundo de Quintal (é do terceiro disco do grupo, Nos Pagodes da Vida, de 1983) - e Florindo, exemplo da maestria de Duani como compositor de sambas. A propósito, a não inclusão de Poderoso Rei - outra joia de Duani - no roteiro é indesculpável. Felizmente, há o partido alto O Samba me Persegue (Duani) e o suingante Menino das Laranjas (Theo de Barros), herança do show anterior. É o número em que Aydar apresenta a antenada banda. Logo na sequência, Consolação (Baden Powell e Vinicius de Moraes) ressurge intensa e a música que inspirou o título do disco, Peixes (Nenung), fecha apoteoticamente o show, apagando a má impressão deixada pelo morno bloco inicial. No todo, o espetáculo resulta interessante, com apuro perceptível tanto no cenário de Fábio Delduque como no figurino e na iluminação. Não é um dos shows do ano - como fazia supor o CD - mas (re)afirma os progressos de Mariana Aydar.

Samba social de Leci incrementa show de Aydar

Do alto de seus 65 anos de vida, sendo quase 40 dedicados ao samba, Leci Brandão brilhou ao cantar e ao discursar na estreia carioca do novo show de Mariana Aydar - Peixes, Pássaros, Pessoas - na noite de quarta-feira, 7 de outubro de 2009. Ao entrar no palco do Canecão quando Aydar já entoava os versos de Zé do Caroço, samba engajado de Leci que Aydar regravou em seu primeiro álbum (Kavita 1, 2006), a artista logo concentrou as atenções com sua presença majestosa. Reverente, Aydar deixou que Leci dominasse a cena. Inclusive ao fazer discurso em que louvou Aydar - e os grupos Art Popular e Revelação - por terem regravado Zé do Caroço, samba politizado, lançado originalmente em 1985 por Leci no álbum que marcou sua volta ao mercado fonográfico após exílio de cinco anos. Na sequência, Aydar e Leci - em foto de Mauro Ferreira - apresentaram Deixa, Deixa, outro samba de 1985 em que a sambista expõe sua aguçada consciência social. Qualidade louvada inclusive pelo universo do hip hop. No bis, a propósito, curiosa versão funkeada de Zé do Caroço - com as presenças de Leci e Kassin - mostrou que a obra da sambista pode eventualmente se adequar, bem, ao baticum dos bailes da pesada.

Duo com Secada puxa o primeiro DVD de Elali

Parceria de Marina Elali e Liah, Longe ou Perto é a música que dá título ao primeiro DVD de Elali, ora lançado pela gravadora Som Livre em um kit que inclui o homônimo CD ao vivo. Inédito dueto com o cantor cubano Jon Secada na balada Lost Inside your Heart puxa o projeto e faz parte da trilha sonora da novela Viver a Vida. O kit de CD e DVD Longe ou Perto embaralha 23 músicas captadas, em sua maioria, em dois shows. Um foi feito no Teatro Rival, no Rio de Janeiro (RJ). O outro foi realizado no estádio Machadão, em Natal (RN), terra da cantora. A apresentação carioca - de tom mais intimista - incluiu releituras de canções de Chico Buarque (Atrás da Porta, a parceria com Francis Hime) e da dupla Roberto e Erasmo Carlos: Você, de 1974.

Jota Maranhão inventaria obra no CD 'Virtude'

Negando seu sobrenome, João Batista Maranhão Filho - mais conhecido no meio musical como Jota Maranhão - é um carioca. Compositor, parceiro de nomes como Jorge Vercillo e Moacyr Luz, Jota já teve músicas perpetuadas em vozes como as de Emílio Santiago, Nana Caymmi e Olivia Hime. No CD Virtude, lançado neste ano de 2009, Jota dá sua própria (opaca) voz a músicas como Encontro das Águas, a obra-prima de sua parceria com Vercillo, convidado da faixa Filosofia de Amor. O álbum inclui temas como Flamboyant, Êxtase, Cicatriz e Retrós.

Caixa embala cinco CDs de Moore em Montreux

Editada dentro da série Live at Montreux, a caixa Essential Montreux embala cinco CDs com registros ao vivo de Gary Moore no tradicional festival suíço. Moore é virtuosíssimo guitarrista irlandês que fez sua fama com (azeitada) fusão de rock e blues. Recém-lançada no Brasil pela gravadora ST2, a caixa perpetua os shows feitos por Moore no Montreux Jazz Festival em 1990, 1995, 1997, 1999 e 2001. A apresentação de 1990 está baseada no repertório do álbum Still Got the Blues e traz a presença do guitarrista Albert Collins, convidado de Cold Cold Feeling. O CD captado em 1995 destaca a abordagem de Moore para músicas do grupo Fleetwood Mac. Já o show de 1997 tem roteiro centrado no repertório do álbum Dark Days in Paradise. Em 1999, Moore experimenta levadas jazzísticas em roteiro que prioriza o blues. Por fim, o show de 2001 gira em torno do cancioneiro do CD Back to the Blues.

7 de outubro de 2009

Álbum de covers de Peter Gabriel sai em janeiro

Intitulado Scratch my Back, o novo álbum de Peter Gabriel - visto acima em foto extraída de seu site oficial - vai ser lançado em escala mundial em janeiro de 2010, via EMI Music. Com repertório formado por covers de músicas do pop internacional, o disco já está em fase de mixagem. Bob Ezrin assina a produção. As canções foram arranjadas em formato acústico e todas gravadas duas vezes: uma no estúdio e outra ao vivo na companhia de uma orquestra. O repertório ainda não foi divulgado oficialmente, mas incluirá The Boy in the Buble - de Paul Simon - e The Book of Love.

Jorge prolonga o suingue do CD América Brasil

Resenha de CD / DVD
Título: América
Brasil, o DVD
e América Brasil,
o CD ao Vivo
Artista: Seu Jorge
Gravação: EMI Music
Cotação: * * *

Forte líder das paradas radiofônicas ao longo de 2008, por conta do real estouro de suas músicas Burguesinha e Mina do Condomínio, Seu Jorge obteve sucesso popular ao diluir seu suingue em América Brasil - O Disco, lançado em dezembro de 2007. O DVD que ora chega às lojas - simultaneamente com o CD ao vivo correspondente - dá sobrevida a esse suingue que transita entre o samba e o funk. O forte coro do público em São Gonça indica que Jorge sabe comandar o baile. Mas é fato que o Jorge de América Brasil já soou bem menos inspirado do que o artista que atraiu a atenção da crítica ao se lançar solo no mercado fonográfico em 2001 com Samba Esporte Fino, álbum calcado no balanço do samba-rock. Contudo, verdade seja dita, o apuro da gravação ao vivo (captada em 31 de janeiro de 2009 na casa paulista Citibank Hall) faz com que o DVD e seu respectivo CD sejam um pouco mais sedutores do que o disco de estúdio. Até porque o repertório mistura hits de todas as fases da obra de Jorge. Sem esquecer a (controvertida) versão de The Blower's Daughter, É Isso Aí, gravada por Jorge com Ana Carolina em 2005 e revivida por ele no show com a adesão do autor do tema, Damien Rice, que canta sozinho a letra em inglês - diante da presença de Jorge, sentado ao lado - para somente depois o artista brasileiro começar a cantar os versos em português da música que lhe deu popularidade como cantor. Pena que não haja - em cena - interação entre Rice e Jorge.

Badalada com alta dose de marketing pela gravadora EMI Music, a inédita Pessoal Particular - ouvida no CD em versão de estúdio e no DVD em registro ao vivo dividido por Jorge com Peu Meurray, guitarrista da banda e seu parceiro na música - tem a função de alavancar as vendas deste registro de show e, por isso mesmo, evoca o suingue típico da obra atual do artista, mas algo já parece fora da ordem. A outra novidade do repertório é a recriação de Tudo que Você Podia Ser (creditado erroneamente no CD como Tudo que Você Queria Ser), um dos temas de Milton Nascimento e Lô Borges que identificam o lendário Clube da Esquina. Jorge demole a harmonia original da composição para trazê-la para o universo dos bailes. Funciona dentro do contexto do show. Assim como a presença afetiva das duas filhas do cantor, Flor e Luz, no sambossa Mariana. Mas, a rigor, o DVD oferece mais do mesmo - apesar de algumas gracinhas, como iniciar o vídeo com Jorge na pele de um engravatado executivo da empresa Cafuné, nome da produtora que administra sua carreira. É a partir dessa cena que aparece na tela o menu do DVD, cujos extras incluem medley com marchinhas carnavalescas que - originalmente - era o bis do show. A farofa carioca de Jorge já exibe o sabor corriqueiro do mercado.

'When You're Strange' reacende fogo dos Doors

Resenha de filme
Título: When You're
Strange - A Film
about The Doors
Direção: Tom DiCillo
Narração: Johnny Deep
Cotação: * * * *
Em cartaz no Festival
do Rio 2009
(Sessões entre 4 e 9
de outubro de 2009)

"Nada é tão eterno quanto poesia e canção", decretou Jim Morrison (1943 - 1971) num de seus escritos. Poeta e cantor, Morrison acabou eternizado pela presença visceral como vocalista do grupo The Doors. A ponto de mais um filme sobre a mítica banda estar sendo lançado neste ano de 2009. Em cartaz no Brasil no Festival do Rio 2009, When You're Strange é um excelente documentário dirigido por Tom DiCillo nos moldes tradicionais. Feita pelo ator Johnny Deep, a narração sóbria transcorre em forma cronológica, embora o ponto de partida do filme seja a notícia da morte de Morrison, encontrado sem vida na banheira de seu apartamento em Paris, em 3 de julho de 1971. A precoce saída de cena do cantor - figura tão carismática quanto atormentada - reitera o fim do sonho da geração 60. When You're Strange prima por contextualizar o aparecimento dos Doors dentro da vasta cena de contracultura que agitou aquela década movida a sons e utopias. Favorecido pela riqueza das imagens de arquivo, que corroboram tudo o que é narrado na tela, o filme foca Morrison sem lentes de aumento. Ressalta a sensibilidade do astro que, já aos 16 anos, mergulhava sua mente nos versos do poeta francês Arthur Rimbaud (1854 - 1891) e nos escritos filosóficos de Nietzche (1844 - 1900). Mas mostra como a bebida e as drogas corroeram progressiva e destrutivamente o corpo de Morrison, embaçando a manifestação de seu talento. Para quem pouco ouviu falar dos Doors, o documentário cumpre exemplarmente a função de reconstituir os principais passos da banda. Desde os primeiros shows - passaportes quase imediatos para a gravação de discos - até as confusões em estádios por conta do estado alucinado de Morrison, mestre em performances circenses e em aparições de efeito. Mas, como disse Morrison, nada é tão eterno quanto a poesia e a canção. Desde que Light my Fire incendiou as paradas norte-americanas, ao ser lançada como single em 1967, a música do The Doors tem atravessado gerações, escudada (tal como a narrativa de When You're Strange) na lenda construída em torno de Morrison, um misto de anjo e demônio que ajudou a construir a identidade de uma geração. Fogo que o filme reacende.

Sullivan alinha Arnaldo e Daniel Jobim em DVD

Em sintonia com a guinada popular ensaiada em seu décimo disco solo, Iê Iê Iê, Arnaldo Antunes pôs sua voz em Me Dê Motivo, parceria de Michael Sullivan e Paulo Massadas, lançada em 1983 por Tim Maia (1942 - 1998). A gravação ao vivo foi feita em dueto com Sullivan para o CD e DVD Michael Sullivan - Na Linha do Tempo, ambos em fase de finalização. Daniel Jobim - com chapéu que evoca a figura de seu avô, Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994), como pode ser visto na segunda das duas fotos de Rodrigo Castro - toca seu piano em Um Dia de Domingo, balada gravada por Gal Costa em 1985 em dueto com Tim Maia. Gravado no estúdio Play Rec, na Barra da Tijuca (RJ), em 22 de setembro, o DVD conta também com adesões de Jorge Aragão (em Talismã) e do parceiro mais constante de Sullivan no momento, Carlinhos Brown, convidado de Ver-te Mar (tema que deu título em 2007 a um bom álbum do grupo Babado Novo) e de Retratos e Canções (sucesso de Sandra de Sá em 1986). Entre hits de várias épocas, o repertório alinha duas músicas inéditas, Açúcar (uma parceria de Sullivan com Dudu Falcão) e Baladeiro (inusitada colaboração do compositor com Hyldon). O lançamento do CD e DVD Na Linha do Tempo está previsto para o fim de 2009 (ou o início de 2010).

Guilherme Dias Gomes lança autoral CD de jazz

Trompetista carioca, dono de um sopro de acento jazzístico, Guilherme Dias Gomes lança o seu quinto álbum, com o selo Delira Música. Como o título Autoral já anuncia, o músico toca somente músicas de lavra própria. Nesse caso, são onze temas alinhados em repertório que destaca Moqueca de Siri, Pour Idriss, Nonada, Dr. Chang e Linha Vermelha. Como os álbuns anteriores de Dias Gomes, Autoral transita por caminhos jazzísticos. Sob a direção musical do pianista Rafael Vernet, integrante de sua banda, o trompetista lidera sexteto que agrega o baterista Rafael Barata, o saxofonista Pete O'Neill, o trombonista Aldivas Ayres e o baixista José Santa Roza. O disco já está à venda.

Livro de Nestrovski revê uma década de música

Lançado pela PubliFolha, o livro Outras Notas Musicais - Da Idade Média à Música Popular Brasileira passa em revista uma década de música - com ênfase na erudita - através da reunião de 333 resenhas escritas entre maio de 1999 e junho de 2009 pelo compositor e violonista Arthur Nestrovski. São críticas de shows (em sua maioria) e de discos que analisam parte da produção musical brasileira sob visão técnica, mas com textos redigidos de forma clara. Quase todas as resenhas foram publicadas no jornal Folha de S. Paulo, onde Nestrovski escreve sobre música e literatura desde 1992. E vale ressaltar que, desde 2004, ano em que retomou sua atividade musical, ele tem conciliado o ofício de crítico com o de violonista e compositor. Mesmo que a ênfase do livro seja na música clássica, cantoras de técnica apurada - como Mônica Salmaso, Ná Ozzetti e Jussara Silveira - são alvos de comentários (generosos) de Nestrosvki. Outras Notas Musicais alude já no título ao fato de ser bem-vinda sequência de Notas Musicais, o livro publicado em 2000.

6 de outubro de 2009

Coletânea traz gravações inéditas de Jackson 5

E continua a exumação da obra fonográfica de Michael Jackson (1958 - 2009)! Foi lançada nesta terça-feira, 6 de outubro de 2009, uma gravação inédita do Jackson 5. Disponibilizada no iTunes e no site oficial do grupo, That's How Love Is é o chamariz da coletânea I Want You Back! Unreleased Masters, que vai ser editada em 10 de novembro pela Motown / Universal Music sob o pretexto de festejar o 40º aniversário do single I Want You Back, mola propulsora da carreira do quinteto. A compilação - capa acima - traz outra gravação inédita, Love Comes in Different Flavors. Ambas foram criadas e produzidas por The Corporation, o coletivo que deu forma às gravações iniciais do Jackson 5. Entre investidas do grupo nos repertórios de Stevie Wonder (Buttercup) e de Curtis Mayfield (Man's Temptation), a coletânea traz ainda versão alternativa de Never Can Say Goodbye, em que o vocal de Michael Jackson é extraído de apresentação do Jackson 5 na TV. Eis as 12 faixas do CD I Want You Back! Unreleased Masters:
1. Man's Temptation
2. Buttercup
3. Never Can Say Goodbye
4. That's How Love Is
5. Love Comes in Different Flavors
6. Lucky Day
7. I Want You Back /ABC / The Love You Save
8. ABC
9. I'll Try You'll Try (Maybe We'll All Get by)
10. Listen I'll Tell You How
11. Love Call
12. Dancing Machine

Partimpim, Zeca e Seu Jorge saem com 50 mil

2009 já está em seu último trimestre e as gravadoras começam a despejar nas lojas suas maiores apostas para as vendas de fim de ano, tradicional e inevitavelmente aquecidas por conta do Natal. Três lançamentos acabam de chegar ao mercado fonográfico com expressivas tiragens iniciais de 50 mil cópias, cada um. Trata-se de Partimpim Dois (o segundo CD infantil gravado em estúdio por Adriana Calcanhotto sob o heterônimo Adriana Partimpim), do registro ao vivo do show América Brasil (editado por Seu Jorge em CD e DVD) e da gravação ao vivo do show Uma Prova de Amor, feita por Zeca Pagodinho dentro da série MTV Especial. Partimpim (foto) edita Dois via Sony Music. Seu Jorge é a aposta da EMI Music. Já o CD e o DVD de Zeca saem pela Universal Music.

Ângela Maria volta à cena no registro de Elymar

Presença já bissexta nos palcos, Ângela Maria (em foto de Régis Schwert) volta à cena em shows feitos por Elymar Santos no Rio de Janeiro (RJ) para a gravação do CD e DVD Homem de Sorte. O registro ao vivo está agendado para 9 e 10 de outubro de 2009, no Canecão (RJ). Com direção musical de Michael Sullivan, autor da música que dá título ao show e foi lançada pelo cantor em 1995, Elymar apresenta três inéditas - Amor com Pimenta, Cão Vadio e Estava Escrito no Poste - entre os hits de sua carreira fonográfica.

Nana permanece na trilha de Roberto em 2010

Nana Caymmi põe sua voz em outro sucesso de Roberto Carlos. Em evidência neste ano de 2009 por conta de sua (segunda) regravação de Não se Esqueça de mim, balada lançada pelo Rei em álbum de 1977 e revivida na voz de Nana em registro refeito para a trilha sonora da novela Caminho das Índias, a cantora - numa foto de Lívio Campos - aceitou interpretar Nossa Canção. Tema de autoria de Luiz Ayrão, lançado por Roberto em 1966, Nossa Canção ganha regravação de Nana para a trilha sonora do novo filme do cineasta Fábio Barreto, Lula - O Filho do Brasil, cuja estreia nos cinemas já está programada para janeiro de 2010.

Filha de Rodrix, Marya Bravo estreia em disco

Filha do compositor Zé Rodrix (1947 - 2009), Marya Bravo - nome recorrente no elenco de musicais como Beatles num Céu de Diamantes - estreia no mercado fonográfico na segunda quinzena deste mês de outubro de 2009. A cantora (em foto de Daniel Mattar) vai lançar pelo selo do Sesc o CD Água Demais por Ti. No repertório, a artista se revela compositora em temas como Vazio, Se Deixe e Conto de Fadas Tropical. A faixa-título é parceria de Marya Bravo com o sambista Mauro Diniz. Entre as regravações, há Imitação da Vida (Batatinha), Fala (a canção de Luhli e João Ricardo, gravada originalmente em 1973 no primeiro LP do trio Secos & Molhados) e Pra Você Gostar de mim (Vital Farias). Com onze faixas, o álbum foi produzido por Carlos Trilha.

5 de outubro de 2009

Mais um ao vivo para diluir discografia de Zeca

Resenha de CD/DVD
Título: Uma Prova de
Amor ao Vivo
- Especial MTV
Zeca Pagodinho
Artista: Zeca
Pagodinho
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * *

Sucessivos discos ao vivo dilapidaram a então forte carreira fonográfica de Jorge Aragão a partir da segunda metade dos anos 90. Pois Zeca Pagodinho parece ir pelo mesmo caminho. Somente a preguiça da indústria do disco justifica a edição de um DVD e CD ao vivo captados em 10 de julho de 2009 no show de lançamento do álbum Uma Prova de Amor (2008). O disco de estúdio é excelente, mas, por mais que o show seja bom e tenha transcorrido bem (clique aqui para ler a resenha), não era o caso de pôr mais um DVD no mercado. Esse Especial MTV nada tem de especial. A gravação soa até corriqueira por se tratar do quarto registro de show de Zeca em dez anos. Nem mesmo as presenças de Jorge Ben Jor (em Ogum, numa improvisada Taj Mahal e no pot-pourri final que costura sambas como Bagaço da Laranja e Hei de Guardar teu Nome), da Velha Guarda da Portela (em Esta Melodia, em Vivo Isolado do Mundo e no mesmo pot-pourri do bis) e de Almir Guineto (em Lama nas Ruas) amenizam a sensação de déjà vu. Até porque Ben Jor e os bambas portelenses também figuram no disco de estúdio que originou o show. Da mesma forma, um dueto de Zeca com Almir já soa como notícia velha. De novidade mesmo, há o samba inédito Se Ela Não Gosta de mim, outra inspirada parceria de Zeca com Arlindo Cruz. Mas insuficiente para legitimar o lançamento de um registro ao vivo que fica aquém dos dois ótimos acústicos gravados por Zeca com o selo da MTV em 2003 e em 2006. Sem falar em seu incendiário CD ao vivo de 1999. Ou seja, é mais do mesmo. Mas sem a mesma pegada e com (extrema) redundância...

Bethânia faz a festa do interior em 'Encanteria'

Resenha de CD
Título: Encanteria
Artista: Maria Bethânia
Gravadora: Quitanda / Biscoito Fino
Cotação: * * * * 1/2

Em temperatura bem diversa do clima outonal de seu gêmeo Tua, Encanteria - o CD devoto de Maria Bethânia - é aquecido pelo calor dos ritmos regionais que animam as festas do interior do vasto Brasil. Festa é a palavra-chave para a perfeita compreensão de disco expansivo que louva a fé em clima de celebração. O piano camerístico que adorna Santa Bárbara (Roque Ferreira), o tema que abre o álbum, é pista falsa sobre o tom de Encanteria. Na sequência, o samba Feita na Bahia (Roque Ferreira) - gravado com a Orquestra Portátil de Música, assim como a faixa que dá título ao CD - perfila Bethânia com a exuberância que pontua o álbum batizado com iluminado samba de Paulo César Pinheiro. Aliás, o samba dita o ritmo do disco, mas na cadência baiana. É na batida das rodas do Recôncavo que a intérprete põe a Coroa do Mar (Roque Ferreira) e, nostálgica, reverencia o prato, a faca e a figura lendária de Edith do Prato (1916 - 2009) na companhia de Caetano Veloso e Gilberto Gil, naturais presenças de Saudade Dela (Roberto Mendes e Nizaldo Costa). E o fato é que, sim, a entidade Bethânia baixa em faixas como a veloz Linha de Caboclo (Paulo César Pinheiro e Pedro Amorim). Entre levada de congada mineira (Estrela, de um iluminado Vander Lee) e de xote manso (Minha Rede, outra faixa do recorrente Roque Ferreira), Bethânia saúda o sertão em Doce Viola - lindo tema de seu maestro Jaime Alem que evoca o clima caipira de algumas faixas de Tua - antes de entrar novamente na roda do samba baiano em Ê Senhora, outra prova da intimidade da compositora Vanessa da Mata com o universo musical do Brasil regional. No fim, a intérprete alude a si mesma através dos versos do samba Sete Trovas (Consuelo de Paula, Etel Frota e Rubens Nogueira) que citam trabalhos como Rosa dos Ventos, Mel e Talismã, não deixando dúvidas de que Bethânia é dona absoluta do dom e da festa. 'A canção é seu bailado e bastão'.

Bethânia celebra amor outonal no delicado 'Tua'

Resenha de CD
Título: Tua
Artista: Maria Bethânia
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * * 1/2

Distante da energia festiva do gêmeo Encanteria, Tua - o disco romântico de Maria Bethânia - celebra o amor em clima outonal. A faixa que abre o CD, É o Amor Outra Vez (Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro), traduz o tom do álbum com sua suavidade que deságua na atmosfera esfumaçada dos sambas-canções. Bethânia evita os arroubos dramáticos de outrora - ligeiramente evocados em Você Perdeu (Márcio Valverde e Nélio Rosa), linda canção de altivez mais firme, introduzida pela citação de Dama, Valete e Rei (Ruthinaldo e Paulo Gracindo) - em favor do tempo da delicadeza. É nesse fogo brando que arde a chama da paixão celebrada em Tua, a faixa-título de Adriana Calcanhotto. A citação de canções para sublinhar o sentido dos versos de outras músicas funciona bem e reafirma o perfeito entendimento que Bethânia tem dos textos que recita ou interpreta. Pena que uma canção como O Que Eu Não Conheço (Jorge Vercillo e J. Velloso) - costurada com A Mão do Amor (Roque Ferreira) - esteja aquém do histórico dos autores e do repertório habitual da intérprete. A faixa é pontuada pelo toque pop da guitarra de Victor Biglione. Aliás, a presença de virtuoses é uma das marcas de Tua. Se o bandolim de Hamilton de Holanda valoriza Remanso (uma das canções mais pungentes da parceria de Moacyr Luz com Aldir Blanc), o fraseado de Paulinho Trompete brota límpido em Fonte (Saul Barbosa e Jorge Portugal), faixa na qual Bethânia arrisca falsetes no final, exibindo a força de uma voz que envelhece como os melhores vinhos. E o fato é que, nesse tempo de maturidade, Bethânia oferece grandes momentos no CD Tua. A canção de Arnaldo Antunes e Cézar Mendes, Até o Fim, põe fé no amor com comovente devotamento. O acordeom de Toninho Ferragutti pontua a faixa com uma maestria que atinge alto grau de refinamento na sublime Domingo (Roque Ferreira), valsa em que o acordeom remete tanto à atmosfera das canções francesas quanto ao lúdico ambiente interiorano dos circos das periferias. Bethânia é do interior. É das profundezas de seu interior que emanam as forças que animam o dueto com Lenine na sertaneja Saudade (Chico César e Moska) e que alimentam a melancolia da ruralista guarânia Guriatã (Roque Ferreira, sempre inspirado). Enfim, por mais que nem todo o repertório seja irretocável (O Nunca Mais também está aquém da inspiração habitual de seus autores Roberto Mendes e Capinam), Tua - no todo - se impõe, pela refinada costura e pelo canto da intérprete, como outro grande CD de Maria Bethânia em década tão profícua.

Em 2010, Roberta louva Roque com 'Chita Fina'

Projeto já anunciado por Roberta Sá em 2007, o esperado CD dedicado ao repertório do compositor baiano Roque Ferreira vai ser concretizado em 2010. Por ora, a ideia da cantora é gravar ao vivo o disco - cujo (provável) título será Chita Fina. Detalhe: se for mantido o conceito idealizado pela artista, o registro une a cantora ao Trio Madeira Brasil - com o qual, aliás, Roberta já gravou música de Roque, Afefé, no disco coletivo Samba Novo, editado em 2007. Uma gravação divina!!!

Forró de Alcymar vai chegar ao blu-ray em 2010

Um dos cantores mais populares no circuito nordestino do forró, Alcymar Monteiro lança em 2010, com distribuição do selo Ingazeira Discos, Tradição e Tradução, um registro ao vivo captado em megashow realizado no Marco Zero - point situado no Centro Histórico de Recife (PE) - em 26 de setembro de 2009. A gravação vai ser editada nos formatos de DVD e blu-ray. A cirandeira Lia de Itamaracá e os músicos Arlindo dos Oito Baixos, Zé Calixto e Luizinho Calixto foram os convidados do show, em cujo roteiro Alcymar faz reverências a ícones da cultura popular nordestina como Luiz Gonzaga (1912 - 1989), Jackson do Pandeiro (1919 - 1982) e Raul Seixas (1945 - 1989), entre cirandas, frevos, maracatus e maculelês cantados por Alcymar num tom forrozeiro.

4 de outubro de 2009

Cala-se, aos 74 anos, a voz humanitária de Sosa

O clichê é inevitável, pois verdadeiro: a morte de Mercedes Sosa - ocorrida neste domingo, 4 de outubro de 2009, em Buenos Aires - cala, aos 74 anos, uma das vozes mais politizadas e resistentes da música latino-americana. Nascida em 9 de julho de 1935, na cidade de San Miguel de Tucumán, a cantora ganhou projeção a partir dos anos 60, década em que inicia sua carreira fonográfica - o primeiro álbum, La Voz de la Zafra, é de 1962 - com o tom engajado que norteou sua trajetória musical e pessoal. Não por acaso, Sosa foi perseguida pela ditatura argentina e, a partir dos anos 70, se alinhou com artistas brasileiros que também lutavam contra a opressão. Em 1976, ela regrava em dueto com Milton Nascimento, para o álbum Geraes, um de seus maiores sucessos, Volver a los 17, clássico de autoria da compositora chilena Violeta Parra. Ao lado de Gracias a la Vida, outro tema de Parra, Volver a los 17 é uma das músicas que identificam Sosa em âmbito internacional. Contudo, a voz grave e potente de Mercedes Sosa - vista na foto de Mauro Ferreira em seu último show feito no Brasil, na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ), em 28 de novembro de 2008 - se pôs a serviço de numerosos compositores que usaram a música para lutar pela liberdade. Por isso mesmo, Sosa cantou com nomes como Chico Buarque (a mesma Volver a los 17, em número do programa Chico & Caetano que a juntou a Milton, a Gal Costa e aos anfitriões da atração exibida pela Rede Globo em 1986) e Beth Carvalho, com quem gravou Eu Só Peço a Deus (Solo le Pido a Diós) de forma pungente. Era a faixa que encerrava o disco Beth, editado em 1986. A afinidade com Milton Nascimento, contudo, foi especial. Com o cantor, Sosa dividiu até um disco em 1985, Corazón Americano, registro ao vivo de show que agregou também o argentino León Gieco. A propósito, os anos 80 marcaram o auge da popularidade da artista argentina no Brasil, valendo destacar o dueto com Fagner em Años e os álbuns Ao Vivo no Brasil (1980) e Gente Humilde (1982). O último disco de inéditas de Mercedes, Corazón Libre, foi editado em 2005. Neste ano de 2009, ela lançou CD duplo, Cantora, em que fazia duetos com artistas de várias partes do mundo. O Brasil foi representado por Caetano Veloso e por Daniela Mercury, com quem Sosa gravou, respectivamente, Coração Vagabundo e O Que Será. Cantora reafirmou o alcance planetário da voz resistente de Sosa, incansável na propagação dos seus ideais humanitários através de música carregada de grande dose de espiritualidade e consciência social. Mercedes Sosa deixa saudade e legado imortal.

O terceiro disco de Bethânia vai para as escolas

Além dos discos Tua e Encanteria, ambos já à venda, Maria Bethânia gravou neste ano de 2009 um terceiro álbum que, ao menos por ora, não vai ser lançado de forma comercial - como informou Notas Musicais em post de 11 de agosto. Trata-se de um CD que alinhava canções e poesias de autores portugueses e brasileiros. A novidade é que - como a cantora (em foto de Murilo Meirelles) revelou esta semana em entrevistas promocionais - este terceiro álbum tem caráter educativo e vai ser dirigido às escolas.

Krieger segue curso inspirado no CD Correnteza

Resenha de CD
Título: Correnteza
Artista: Edu Krieger
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * * 1/2

Compositor recorrente nas fichas técnicas dos discos das duas melhores cantoras da geração 2000, Maria Rita e Roberta Sá, Edu Krieger mostrou inspiração acima da média em seu primeiro CD, Edu Krieger (2006), em cujo repertório apareceram músicas como Novo Amor e Maria do Socorro. Com o lançamento de seu segundo álbum, Correnteza, Krieger se confirma grande e raro compositor. Nas lojas esta semana, pela Biscoito Fino, o disco apresenta doze músicas que merecem atenção de cantoras de todas as gerações, sendo dez inéditas. As exceções são Graziela - um forró gravado nos anos 90 pelo grupo Paratodos, do qual Krieger fez parte - e A Mais Bonita de Copacabana, tema lançado pelo próprio autor no pau-de-sebo Samba Novo (Som Livre, 2007) e revivido em Correnteza com a bela gaita de Rildo Hora.
Escudado pela elegante produção de Lucas Marcier, que prioriza sons orgânicos e faz uso comedido das programações eletrônicas, Edu Krieger segue em Correnteza o curso da melhor música brasileira. O samba abre e fecha o disco, mas não o domina. A abertura é a linda faixa-título, que tem jeito de clássico imediato. O fecho é Serpentina, surrealista samba-anti-exaltação que evoca a exuberância dos temas de Ary Barroso (1903 - 1964) no gênero. Entre um samba e outro, o carioca Krieger passeia por tema abolerado - Sobre as Mãos, no qual figura o piano de João Donato - e deixa aflorar a veia nordestina em Feira Livre (parceria com Raphael Gemal, outro compositor que merece atenção) e em Rosa de Açucena, melodioso xote no qual brilha a sanfona de Marcelo Caldi. Se Quando Ela Ri é música que poderia estar num disco do grupo Los Hermanos, Galileu é uma canção redonda que tem jeito de hit. Já Clareia é um samba cuja cadência deságua na Bahia e cai bem em qualquer roda do Recôncavo. Por sua vez, Ela Entrava chama atenção pelo naipe de cuícas que molda o original arranjo.
Como Chico Buarque, Edu Krieger não é um cantor nato. Seu fino cancioneiro pede regravações para que possa atingir e seduzir públicos maiores. Contudo, como Chico, Krieger também vem se aprimorando com a tarimba adquirida nos palcos da vida. Sua voz soa sempre bem-colocada em Correnteza. Disco que somente não atinge a perfeição porque o compositor recorreu à fórmula já batida da negação de clichês para fazer a letra de Desestigma, faixa de versos meticulosamente rimados como "Nem tudo que se publica é fato / Nem todo galã das oito é rico / Nem todo camisa dez é Zico / Nem todo cantor de rock é chato". Detalhe pequeno de grande CD que (re)afirma a excelência da obra autoral de Krieger.

DVD amplifica guitarra de Beck com áudio 5.1

Recém-lançado no Brasil via gravadora ST2, o (ótimo) DVD Performing This Week... Live at Ronnie Scott's exibe gravação ao vivo de Jeff Beck já editada em CD. Contudo, no caso, ver e ouvir Jeff Beck em DVD faz diferença, porque o áudio 5.1 amplifica o som de sua guitarra virtuosa, capturada com closes generosos numa série de shows realizados por Beck no londrino Ronnie Scott's Jazz Club. Ao tocar roteiro que inclui temas como Space Boogie e Big Block, Beck conta com intervenções da cantora Joss Stone (em People Get Ready) e do guitarrista Eric Clapton (em Litte Brown Bird e You Need Love). Nos extras, há entrevistas com Beck e com músicos da sua banda.

Com Byrne, Fatboy Slim cria disco sobre Imelda

Fatboy Slim trabalha em álbum conceitual sobre a polêmica (e excêntrica...) vida de Imelda Marcos, a ex-primeira dama das Filipinas, viúva do ditador Ferdinand Marcos. Idealizado pelo DJ com David Byrne, o disco vai se chamar Here Lies Love. Cada faixa vai trazer um cantor diferente. Cyndi Lauper e Tori Amos figuram na extensa relação de convidados do projeto, calcado nas batidas da música eletrônica. O lançamento está programado para meados de 2010.