4 de outubro de 2009

Krieger segue curso inspirado no CD Correnteza

Resenha de CD
Título: Correnteza
Artista: Edu Krieger
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * * 1/2

Compositor recorrente nas fichas técnicas dos discos das duas melhores cantoras da geração 2000, Maria Rita e Roberta Sá, Edu Krieger mostrou inspiração acima da média em seu primeiro CD, Edu Krieger (2006), em cujo repertório apareceram músicas como Novo Amor e Maria do Socorro. Com o lançamento de seu segundo álbum, Correnteza, Krieger se confirma grande e raro compositor. Nas lojas esta semana, pela Biscoito Fino, o disco apresenta doze músicas que merecem atenção de cantoras de todas as gerações, sendo dez inéditas. As exceções são Graziela - um forró gravado nos anos 90 pelo grupo Paratodos, do qual Krieger fez parte - e A Mais Bonita de Copacabana, tema lançado pelo próprio autor no pau-de-sebo Samba Novo (Som Livre, 2007) e revivido em Correnteza com a bela gaita de Rildo Hora.
Escudado pela elegante produção de Lucas Marcier, que prioriza sons orgânicos e faz uso comedido das programações eletrônicas, Edu Krieger segue em Correnteza o curso da melhor música brasileira. O samba abre e fecha o disco, mas não o domina. A abertura é a linda faixa-título, que tem jeito de clássico imediato. O fecho é Serpentina, surrealista samba-anti-exaltação que evoca a exuberância dos temas de Ary Barroso (1903 - 1964) no gênero. Entre um samba e outro, o carioca Krieger passeia por tema abolerado - Sobre as Mãos, no qual figura o piano de João Donato - e deixa aflorar a veia nordestina em Feira Livre (parceria com Raphael Gemal, outro compositor que merece atenção) e em Rosa de Açucena, melodioso xote no qual brilha a sanfona de Marcelo Caldi. Se Quando Ela Ri é música que poderia estar num disco do grupo Los Hermanos, Galileu é uma canção redonda que tem jeito de hit. Já Clareia é um samba cuja cadência deságua na Bahia e cai bem em qualquer roda do Recôncavo. Por sua vez, Ela Entrava chama atenção pelo naipe de cuícas que molda o original arranjo.
Como Chico Buarque, Edu Krieger não é um cantor nato. Seu fino cancioneiro pede regravações para que possa atingir e seduzir públicos maiores. Contudo, como Chico, Krieger também vem se aprimorando com a tarimba adquirida nos palcos da vida. Sua voz soa sempre bem-colocada em Correnteza. Disco que somente não atinge a perfeição porque o compositor recorreu à fórmula já batida da negação de clichês para fazer a letra de Desestigma, faixa de versos meticulosamente rimados como "Nem tudo que se publica é fato / Nem todo galã das oito é rico / Nem todo camisa dez é Zico / Nem todo cantor de rock é chato". Detalhe pequeno de grande CD que (re)afirma a excelência da obra autoral de Krieger.

8 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Compositor recorrente nas fichas técnicas dos discos das duas melhores cantoras da geração 2000, Maria Rita e Roberta Sá, Edu Krieger mostrou inspiração acima da média em seu primeiro CD, Edu Krieger (2006), em cujo repertório apareceram músicas como Novo Amor e Maria do Socorro. Com o lançamento de seu segundo álbum, Correnteza, Krieger se confirma grande e raro compositor. Nas lojas esta semana, pela Biscoito Fino, o disco apresenta doze músicas que merecem atenção de cantoras de todas as gerações, sendo dez inéditas. As exceções são Graziela - um forró gravado nos anos 90 pelo grupo Paratodos, do qual Krieger fez parte - e A Mais Bonita de Copacabana, tema lançado pelo próprio autor no pau-de-sebo Samba Novo (Som Livre, 2007) e revivido em Correnteza com a bela gaita de Rildo Hora.
Escudado pela elegante produção de Lucas Marcier, que prioriza sons orgânicos e faz uso comedido das programações eletrônicas, Edu Krieger segue em Correnteza o curso da melhor música brasileira. O samba abre e fecha o disco, mas não o domina. A abertura é a linda faixa-título, que tem jeito de clássico imediato. O fecho é Serpentina, surrealista samba-anti-exaltação que evoca a exuberância dos temas de Ary Barroso (1903 - 1964) no gênero. Entre um samba e outro, o carioca Krieger passeia por tema abolerado - Sobre as Mãos, no qual figura o piano de João Donato - e deixa aflorar a veia nordestina em Feira Livre (parceria com Raphael Gemal, outro compositor que merece atenção) e em Rosa de Açucena, melodioso xote no qual brilha a sanfona de Marcelo Caldi. Se Quando Ela Ri é música que poderia estar num disco do grupo Los Hermanos, Galileu é uma canção redonda que tem jeito de hit. Já Clareia é um samba cuja cadência deságua na Bahia e cai bem em qualquer roda do Recôncavo. Por sua vez, Ela Entrava chama atenção pelo naipe de cuícas que molda o original arranjo.
Como Chico Buarque, Edu Krieger não é um cantor nato. Seu fino cancioneiro pede regravações para que possa atingir e seduzir públicos maiores. Contudo, como Chico, Krieger também vem se aprimorando com a tarimba adquirida nos palcos da vida. Sua voz soa sempre bem-colocada em Correnteza. Disco que somente não atinge a perfeição porque o compositor recorreu à fórmula já batida da negação de clichês para fazer a letra de Desestigma, faixa de versos meticulosamente rimados como "Nem tudo que se publica é fato / Nem todo galã das oito é rico / Nem todo camisa dez é Zico / Nem todo cantor de rock é chato". Detalhe pequeno de grande CD que (re)afirma a excelência da obra autoral de Krieger.

4 de outubro de 2009 às 11:52  
Anonymous Anônimo said...

Edu tem ótimas composições, mas não é um grande cantor. Timbre comum, mas um talento especial nas composições. Parabéns!

4 de outubro de 2009 às 14:35  
Anonymous Diniz said...

Esse é craque. E, digam o que quiserem, mas adoro a voz dele. Suave, afinada. Compondo e tocando, então, nem se fala.

4 de outubro de 2009 às 20:05  
Blogger Ju Oliveira said...

Vi um show recente em que ele apresentou essas canções novas e adorei! São diversas canções lindas e muito bem feitas. Deu gosto de ouvir.

Concordo plenamente com o Mauro: a única canção que ouvi no show e não gostei foi justamente "Desestigma". Por fazer uso de um recurso já bem batido, resulta desnecessária.

4 de outubro de 2009 às 23:09  
Anonymous Denilson said...

Esse é um disco necessário...

Um dos melhores compositores brasileiros surgido nos tempos recentes.

E já com uma bela e honesta carreira.

Fico muito feliz.

abração,
Denilson

5 de outubro de 2009 às 07:54  
Anonymous Daniela said...

Edu é um grande compositor! E no belíssimo CD Correnteza reafirma seu talento.
O Show de lançamento foi incrível! lindo repertório!
Parabéns ao Edu!
E aos fãs , não percam hj , a gravação do programa Palco MPB no teatro Rival às 19.30

5 de outubro de 2009 às 11:25  
Anonymous Anônimo said...

Hoje vou ao Rival conferir todo o talento e irreverência de Edu Krieger. Salve o NOVO BOM!!!!!!!!!!!

5 de outubro de 2009 às 17:58  
Anonymous Anônimo said...

Segundo uma entrevista que Teresa Cristina concedeu ao IG Música, Mauro, o DVD ao vivo que ela e Grupo Semente gravam, neste ano, no Espaço Tom Jobim, terá no repertório uma parceria dela com Edu Krieger.

Deve vir coisa boa aí! :)

Abraços,

Geraldo Pimentel - Vitória (ES)

6 de outubro de 2009 às 21:43  

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