13 de janeiro de 2007

O samba é a boa cachaça de Malta e Del-Penho

Depois do primoroso disco Dois Bicudos, editado em 2004 pela gravadora Biscoito Fino, os cantores Alfredo Del-Penho e Pedro Paulo Malta (em foto de Silvana Marques) finalizaram na Deckdsic projeto temático intitulado Cachaça Dá Samba, que reúne 14 músicas que abordam nas letras o universo da pinga. O produtor musical do CD, Henrique Cazes, adaptou Delírio Alcoólico, tema de domínio público, e compôs Baranga das Dez, Broto das Duas, sob o pseudônimo de Jota Canalha. O repertório traz músicas de Noel Rosa (Por Esta Vez Passa, Maria Fumaça e Pra Esquecer) e Moacyr Luz (A Verdade É Pura), além de Quem Não Sabe Beber (Elino Julião e Severino Ramos) e de O Pingo e a Pinga (Antonio Almeida e Pedro Caetano). O CD vai ser editado antes do Carnaval.

Tema de Brown e Sullivan batiza CD do Babado

Ver-te Mar é o título do CD que o grupo Babado Novo vai lançar ainda em janeiro. A faixa-título é parceria de Carlinhos Brown com Michael Sullivan - os autores também de Insolação do Coração, a música já eleita para puxar o disco. A edição dupla de Ver-te Mar vai trazer o DVD filmado na Bahia com intervenção de Brown (na foto de Adenor Gondim, com a vocalista Cláudia Leitte durante a gravação). O dueto foi feito na citada Insolação do Coração e na releitura de Amantes Cinzas, pérola de Brown e Arnaldo Antunes, lançada pelo tribalista em seu segundo belo CD, Omelete Man, produzido por Marisa Monte e editado, em 1998, pela EMI Music.

Ariel retoma formação jazzística em '4 Friends'

O virtuoso tecladista, flautista e compositor Marcos Ariel retoma em seu CD 4 Friends (foto) - lançado esta semana pela gravadora Delira Música - a formação jazzística do grupo Zil, criado por Ariel nos anos 80 com os músicos Ricardo Silveira (na guitarra e violão), João Baptista (baixo) e Jurim Moreira (bateria). O quarteto toca 11 temas no disco. Entre eles, Bossa Love, Ipanema Curves, Maracajazz, Yellow Train e Rhapsody in Rio. Como já é possível perceber pelos títulos das músicas, o jazz de Ariel tem contornos cariocas. 4 Friends celebra os 30 anos de carreira do músico - iniciada já em 1976 (como flautista e pianista do grupo Cantares).

Livro refaz em fotos a trajetória dos Paralamas

Pouco mais de três anos depois da (boa) biografia Vamo Batê Lata, escrita pelo (bom) jornalista Jamari França e lançada em novembro de 2003, a trajetória do trio carioca Os Paralamas do Sucesso é recontada através de belas imagens captadas entre 1982 e 2006 por Maurício Valladares, o fotógrafo oficial do grupo e - tão importante quanto - o radialista que deu projeção à banda ao tocar a fita-demo de Vital e sua Moto no programa Rock Alive, comandado por Valladares na histórica Rádio Fluminense FM. O livro Os Paralamas do Sucesso (foto) está sendo lançado pela editora Senac Rio, com prefácio do jornalista Arthur Dapieve e breves comentários de Bi Ribeiro, Herbert Vianna e João Barone sobre as fotos. Tal obra de arte tem 240 páginas e custa R$ 89,90.

12 de janeiro de 2007

Segura, Thaís Gulin dá voz aos marginalizados

Resenha de CD
Título: Thaís Gulin
Artista: Thaís Gulin
Gravadora: Rob Digital
Cotação: * * * *

A curitibana Thaís Gulin não é mais uma boa cantora a tentar lugar ao sol (ralo) do mercado fonográfico brasileiro. Ela até viraria mais uma se contasse apenas com seu timbre, nada original. Só que Gulin se impõe entre pencas de cantoras ao dar voz a compositores marginalizados com arranjos criativos do pianista Fernando Moura, o produtor do CD.

O viés marginal dá o tom das sucintas 12 músicas do disco, desde a ótima faixa de abertura - Garoto de Aluguel (Taxi Boy), tema de Zé Ramalho sobre a prostituição masculina que recebe a sua melhor interpretação – até a última, 78 Rotações, jóia de um Jards Macalé (em parceria com Capinam) bem mais obscuro do que de costume. Entre arejado flerte com a vanguarda paulista (em Piano - Ofídico Fatídico, tema de Iara Rennó e Anelis Assumpção, filha do mestre Itamar) e com o samba posto de escanteio pela indústria do disco (De Boteco em Boteco, de Nelson Sargento), Thaís Gulin arrisca até parceria com Arrigo Barnabé (Cinema Incompleto - Núpcias), dá voz a autores como Carlos Careqa (Cisco, delicada canção feita em parceria com Zeca Baleiro) e mostra que a música de Tom Zé pode crescer quando interpretada por vozes mais privilegiadas do que a do autor. Defeito 10: Cedotardar se destaca no CD, inclusive pela pulsação do arranjo, moldado com as cordas do Quarteto Bessler.

Nada é óbvio nesta promissora estréia de Thaís Gulin. Mesmo sua abordagem da obra de um medalhão como Chico Buarque passa ao largo da banalidade. Lua Cheia (velha parceria com Toquinho) começa em clima de século 19 e termina bem contemporânea. Já o Hino de Duran ganha registro de contornos quase vanguardistas que somente valorizam o tema da Ópera do Malandro. Sim, Gulin trafega pela margem até quando roça o sentimentalismo popular em História de Fogo, música de Otto e Alessandra Negrini que fica com cara de tango. Aliás, mesmo uma passional marcha-rancho de Jair Amorim e Evaldo Gouveia (Bloco da Solidão, do repertório do último álbum de Maysa) ressurge moderníssima na releitura de Gulin. Enfim, um grande disco de uma cantora segura que poderá vir a se tornar grande e única se continuar no universo paralelo da música produzida no Brasil - como nesta sua (bem-vinda!!) estréia.

Dois discos de Bethânia têm tiragens renovadas

Uma ótima notícia: os dois álbuns lançados por Maria Bethânia no fim de outubro de 2006, há pouco mais de dois meses, tiveram esgotadas as suas respectivas tiragens iniciais de 25 mil exemplares. A gravadora Biscoito Fino já mandou fabricar mais 10 mil cópias de Mar de Sophia (à esquerda). Por conta da faixa Eu que Não Sei Quase Nada do Mar, tocada em rádios específicas de MPB, Pirata já ganhou logo dois novos lotes consecutivos de 10 mil cópias, cada.

BNegão compõe com Da Lua para disco do DJ

Feita no estúdio Tambor, da gravadora carioca Deckdisc, a foto de Kélita Myra flagra o rapper BNegão (à esquerda) e Marcelinho Da Lua no ato da criação do tema Fundamental, faixa do gênero free style do segundo CD solo do DJ. Outra música do disco é Pode me Chamar, extraída do repertório do grupo pernambucano Eddie. O lançamento do sucessor de Tranqüilo está previsto para março.

Zezé Motta entra no time do CD de Pedro Lima

Zezé Motta entrou no time de Pedro Lima e gravou participação no CD temático sobre futebol que o ex-cantor do grupo Garganta Profunda vai lançar pelo selo Sala de Som. A intérprete registrou dueto com o colega em O Que É, o Que É - tema antigo de Moraes Moreira, lançado pelo autor em 1976 no seu segundo disco solo, Cara e Coração. Na foto de André Agra, produtor do álbum, um lance descontraído da gravação de Zezé e Pedro Lima, feita no Rio.

Craque do samba, Nilze Carvalho é a convidada da faixa Meio de Campo - de Gilberto Gil - enquanto Carol Saboya bate bola com Lima em O Futebol, tema de Chico Buarque, de 1989. Já Neguinho da Beija-Flor reforça o time em O Campeão, de sua própria lavra.

11 de janeiro de 2007

Terceiro CD solo de Norah Jones virá com DVD

A capa acima é a da edição dupla do terceiro disco solo de Norah Jones, Not Too Late, que tem lançamento mundial programado para 30 de janeiro via EMI. A edição especial vai trazer DVD com clipes e o making of do CD, que foi produzido por Lee Alexander. O repertório é todo inédito e autoral. Pela ordem, as 13 músicas do álbum são Wish I Could, Sinkin' Soon, The Sun Doesn't Like You, Until the End, Not my Friend, Thinking about You, Broken, My Dear Country, Wake me up, Be my Somebody, Little Room, Rosie's Lullaby e Not Too Late. A edição simples tem outra capa.

Reedição especial de 'Graceland' chega ao Brasil

Marco da (rica) discografia de Paul Simon por entrelaçar sua música com os sons da África, o álbum Graceland (1986) ganhou reedição especial em 2004 - com três faixas-bônus - que chega, enfim, ao mercado brasileiro neste início de ano. Às 11 músicas do belo disco original, foram acrescentadas a versão-demo de Homeless, take inédito de Diamonds on the Soles of her Shoes e o primeiro registro de All Around the World or The Myth of Fingerprints. O álbum continua com aura clássica.

Espírito dark do Depeche Mode paira em DVD

Lançado em 2005, o disco Playing the Angel (re)animou o espírito dark do Depeche Mode dos anos 80 depois de álbum, Exciter (2001), em que o grupo se permitiu até incursões por universo dance e menos sombrio. Playing the Angel rendeu turnê captada no DVD Touring the Angel - Live in Milan (foto), já editado no mercado brasileiro. O roteiro de 23 números (incluindo as duas faixas-bônus A Question of Lust e Damaged People) inclui as melhores músicas do álbum de 2005 (A Pain That I'm Used to e The Sinner in me) e temas de Songs of Faith and Devotion (1993), a obra-prima do grupo inglês, da qual o Depeche Mode rebobina I Feel You e Walking in my Shoes.

Vercilo ganha ouro com show editado em DVD

Lançado em agosto de 2006, o bom DVD Jorge Vercilo ao Vivo já vendeu 26 mil cópias da tiragem inicial de 42 mil exemplares, o que já garante ao cantor um DVD de Ouro pelos critérios adotados pela ABPD (Associação Brasileira de Produtores de Discos) para se ajustar aos tempos de crise motivada por pirataria física e virtual.

O primeiro registro de show de Vercilo pareceu fechar um ciclo. Ciclo, aliás, foi sintomaticamente o nome da música que abriu a gravação, captada em dois shows no Canecão, em 28 e 29 de abril. Em 2002, uma forte maré de sucesso levou o cantor (em foto de Leonardo Aversa) para a roda-viva das turnês e apresentações em programas de TV. A atual gravação ao vivo - que também gerou o sétimo CD do artista - encerrou essa fase. Depois de árdua batalha na cena independente, Vercilo fez merecidamente seu nome. Mas discos criados nessa maré de compromissos (Livre, em especial) soaram repetitivos e já sinalizaram a necessidade de mudança, a rigor iniciada no recente Signo de Ar (2005), de sotaque dance.

Jorge Vercilo ao Vivo foi o resumo destes últimos anos, com uma ou outra música mais antiga (Encontro das Águas). Houve duas inéditas: a balada Eu e a Vida (que ganhou cordas e clima camerístico) e Vela de Acender, Vela de Navegar - anunciada como um funk que, de fato, não é. Foi a natural candidata a hit radiofônico por incorporar a batida pop típica do autor, com direito a um refrão-chiclete. Só que não obteve o êxito esperado...

Vercilo manuseia muito bem os clichês da música pop. Seus hits enfileirados no roteiro deste seu segundo DVD (Final Feliz, Que Nem Maré, Homem-Aranha, Monalisa) atestam sua capacidade de se comunicar com as massas. Fora dessa seara mais popular, o bom intérprete ganhou mais luz na interpretação (inicialmente a capella e, depois, com percussão) de Senhora Liberdade, samba de Wilson Moreira e Nei Lopes, unido em medley a duas músicas de Vercilo: O Reino das Águas Claras (com a batida do afoxé) e Do Jeito que For. Foi um momento bem menos previsível do roteiro.

Beatriz e Fênix (em bom instante intimista, no estilo voz-e-piano) também realçaram as habilidades vocais do cantor. A direção de Roberto de Oliveira garantiu padrão acima da média às imagens. Nos extras, houve os clipes de Abismo (com Ana Carolina) e Pela Ciclovia, parceria de Vercilo com Marcos Valle, lançada por Leila Pinheiro. Em tom informal, Vercilo, Valle e Leila se juntaram no Leme (RJ) para gravar o vídeo da música com direito a imagens da orla carioca. Pena que o áudio desse clipe não resultou tão bom quanto o da entrevista apresentada sob o nome Jorge e a Vida.

Enfim, Jorge Vercilo ao Vivo finalizou um ciclo e deve marcar o início de outro. Além da variedade de parceiros, o compositor precisa de um produtor mais ousado que consiga dar novo fôlego à sua música. Para que venham novas marés de sucesso tão fortes quanto a de 2002... e muito mais ouro para o batalhador artista!!!

10 de janeiro de 2007

Box com três DVDs lembra os 25 anos sem Elis

A caixa com três DVDs de Elis Regina - produzida pela EMI Music para pegar carona nas lembranças dos 25 anos da morte da artista, ocorrida em 19 de janeiro de 1982 - já está no forno. A caixa Elis (foto) chega às lojas nos próximos dias. O DVD 1, Na Batucada da Vida, tem seu bom título emprestado da música de Ary Barroso que a cantora gravou lindamente no álbum Elis, de 1974. Já o DVD 2, Doce de Pimenta, vem com o nome da música composta por Rita Lee para especial exibido pela TV Bandeirantes em 1979. E o DVD 3, Falso Brilhante, enfoca a relação de Elis com o palco a partir de seu homônimo e mais bem-sucedido show, em cartaz entre 1975 e 1977, em São Paulo (SP). A rigor, o box reúne takes de especiais feitos para a TV Bandeirantes nos anos 70, mas com nova edição. A idéia do diretor Roberto de Oliveira foi criar documentários sobre Elis Regina - nos mesmos moldes dos episódios da série Chico Buarque, produzida para o canal DirecTV e já editada em quatro caixas com três DVDs (cada).

Registro de 'Hoje' reafirma grande tempo de Gal

Resenha de CD / DVD
Título:
Gal Costa

ao Vivo
Artista:
Gal Costa
Gravadora:
Trama
Cotação:
* * * *

"Gal... Você sabe que eu te amo. Aquela bobagem que eu disse, você me perdoe. Eu peço desculpas a você publicamente... Você é a maior voz deste Brasil", retrata-se Jards Macalé por ter chamado Gal de "burrinha" na imprensa. "Gal, onde você mora? Se pudesse, todo dia passava na sua porta", derrete-se Tom Zé. "Gal, grave minhas músicas", faz charme Chico Buarque. "Fiquei muito emocionado quando ouvi você cantar Socorro", revela Arnaldo Antunes, referindo-se à boa gravação de sua música incluída por Gal no disco Bossa Tropical, editado em 2002, pela MZA Music.

Estes depoimentos - 22, ao todo - feitos por nomes como Maria Bethânia ("Cante, não pare, você sabe...") e Gilberto Gil estão em Recados para Gal, boa sacada dos extras do DVD Gal Costa ao Vivo, que traz o registro do show Hoje, baseado no renovador repertório do CD lançado em 2005 pela Trama. A gravação - feita em São Paulo, em maio, e editada simultaneamente no formato de CD - reafirma o grande tempo atual da cantora. E merece respeito.

Por conta do roteiro corajoso (formatado sem concessões e hits óbvios) e da sonoridade intimista, mais apropriada para teatros e casas pequenas, o show Hoje não obteve o sucesso e a (grande) repercussão a que fazia jus pelo raro requinte musical. Visto em DVD, que traz seis números exclusivos (Feitio de Oração, Nada a Ver, Te Adorar, Voyeur, Um Passo à Frente e Sexo e Luz), o show cresce ainda mais. Não tem caráter arrebatador, mas é biscoito fino, em sintonia com o tempo atual de Gal. Aos 61 anos, a cantora exibe voz remoçada, mesmo que já não atinja os picos agudos dos anos 70 e 80. É uma Gal jovial que improvisa, quase jazzística, em Juventude Transviada, música de Luiz Melodia (autor projetado por ela no show Fa-Tal, de 1971) que já gravara no bem-sucedido disco Gal Tropical, de 1979. Sua interação com a banda é total!!!

A propósito, o duelo vocal com o guitarrista Marcos Teixeira em Meu Nome É Gal é eco do show Gal Tropical. Da mesma forma que Antonico, samba de Ismael Silva, é herança do histórico Fa-Tal. E Gal Costa reina em cena, cambaleando majestosamente na melodia trôpega de Embebedado (a parceria de Chico Buarque e José Miguel Wisnik), floreando seus vocais em Pra que Cantar? e dialogando com o coro que dá tonalidade africana a músicas como Santana, Voyeur e Mar e Sol. É pena que, na gravação, Gal tenha excluído do roteiro Onde Está Você? - a inédita de Lokua Kanza e Carlos Rennó inspirada em Sem Você, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. O número fez parte da temporada carioca do show Hoje.

Em essência, o registro do show merece aplausos e reflete o tempo maduro de Gal Costa, voz eternamente grande da música mundial.

Trilha de 'Orfeu' ganha terceira reedição em CD

Musical apresentado em 1956, com a ousada transposição do mito grego de Orfeu para uma favela carioca, o emblemático Orfeu da Conceição ganha terceira reedição de sua trilha em CD (as anteriores fizeram parte da série 10 Polegadas, de 2002, e da caixa de 27 CDs Como Dizia o Poeta..., de 2001). Lançada originalmente em LP de 10 polegadas, a trilha sonora da peça é histórica por ter inaugurado oficialmente a parceria de Tom Jobim com Vinicius de Moraes. Já nas lojas pela EMI, a terceira reedição em CD da trilha festeja - com atraso - os 50 anos da estréia do musical de aura cult.

A trilha sonora foi gravada com orquestra de 35 músicos do cast da antiga gravadora Odeon, sob regência do próprio Jobim. Coube ao cantor Roberto Paiva lançar cinco temas do disco, inclusive Se Todos Fossem Iguais a Você. O repertório apresenta o Monólogo de Orfeu (recitado por Vinicius) e sambas como Mulher, Sempre Mulher - regravado recentemente por Maria Bethânia em Que Falta Você me Faz (2005), disco dedicado à obra do Poetinha.

Satriani joga nota fora em álbum duplo ao vivo

Resenha de CD
Título:
Satriani Live!
Artista:
Joe Satriani
Gravadora:
Sony BMG
Cotação: * *


O (bom) guitarrista americano Joe Satriani é do tipo que joga nota fora e Satriani Live! - álbum duplo gravado ao vivo em show feito em 3 de maio de 2006, na Califórnia (EUA) - é o veículo ideal para o exibicionismo do músico. Produzido pelo próprio Satriani, o CD reúne 19 temas de autoria do guitarrista. Entre eles, Surfing with the Alien, o hit de 1987 que propagou o inegável virtuosismo do astro. O roteiro inclui outro megahit, Summer Song. O registro ao vivo é caloroso, tecnicamente bem gravado, mas pouco difere do álbum Live in San Francisco, de 2001. Fica a sensação de que Satriani joga realmente nota fora. Já fãs de seu estilo certamente discordarão...

9 de janeiro de 2007

Orquestra Imperial lança EP em baile à fantasia

A Orquestra Imperial (em foto de Dani Dacorso) vai lançar enfim em março seu primeiro CD - com músicas como Não Foi em Vão (Thalma de Freitas) e Salamaleke (Rubinho Jacobina e Max Sette). Antes, o grupo vai vender por R$ 5 um mimo para colecionadores e fãs nos quatro bailes à fantasia que animará às segundas-feiras no Circo Voador (RJ), de 15 de janeiro a 5 de fevereiro. Trata-se de EP com quatro músicas gravadas para a edição estrangeira do álbum de estréia: Me Deixa em Paz (Monsueto e Ayrton Amorim), Sem Compromisso (Nelson Trigueiro e Geraldo Pereira), Obsessão (Milton de Oliveira com Mirabeau) e Popcorn (Gershon Kingsley).

A Orquestra Imperial é formada por Thalma de Freitas (voz), Nina Becker (voz), Moreno Veloso (percussão e voz), Nelson Jacobina (guitarra e violão), Rodrigo Amarante (voz), Wilson das Neves (voz e percussões), Pedro Sá (guitarra), Bartolo (guitarra), Rubino Jacobina (teclados), Berna Ceppas (teclados e percussão), Kassin (baixo), Domenico (bateria), Stephane San Juan (percussão), Bodão (percussão), Leo Monteiro (percussão eletrônica), Felipe Pinaud (flauta), Max Sette (trompete e flugelhorn), Bidu Cordeiro (trombone) e Mauro Zacharias (trombone). É turma da pesada...

Central da Periferia traz som popular para DVD

Apresentado por Regina Casé na Rede Globo, o antenado programa Central da Periferia chega ao DVD (foto) com os episódios registrados em Belém (PA), Recife (PE), Salvador (BA) e São Paulo (SP). O programa propaga a música de artistas populares que nem sempre têm espaço na mídia oficial. Há números de cantores e grupos como Banda Calypso, Pagodart, Silvério Pessoa, Vício Louco, Faces do Subúrbio, DJ Dolores, Criolo Doido, Limão com Mel, Mestres da Guitarra e Banda Tecnoshow. Texto de Hermano Vianna, escrito para o encarte do DVD, exibe uma visão antropológica de ritmos como o tecnobrega paraense, abordado no programa feito em Belém. Um retrato sem retoques do Brasil periférico - mapeado por Casé neste DVD da Som Livre.

A trajetória do Police pelas lentes de Copeland

Desde que ingressou no grupo britânico The Police, em 1978, o baterista Stewart Copeland cultivou o hábito de registrar os principais passos da banda com uma câmera super 8. A partir desse material bruto, que totalizava mais de 50 horas de filmagem, o músico conta a ascensão, apogeu, queda e fim do extinto Police no documentário Everyone Stares - The Police Inside Out, recém-editado em DVD (foto) no mercado brasileiro. Em 19 capítulos, Copeland narra sua visão da história do Police com trilha sonora formada por mais de 60 trechos de músicas do trio, entre registros de estúdio e (raras) gravações ao vivo. É essencial para fãs da banda que influenciou a cena pop mundial dos anos 80!

Zezé Motta volta ao samba por selo de Bethânia

Depois de Mart'nália, Zezé Motta vai ser a próxima cantora a lançar disco pelo selo de Maria Bethânia. Bancada pela Quitanda, a intérprete (foto) tem conciliado a gravação do CD com seu trabalho como atriz (ela fez em 2006 a novela Sinhá Moça, exibida pela Rede Globo, e já está escalada para a próxima trama da Record). Como o bom título O Samba Mandou me Chamar já anuncia, o álbum traz a artista de volta ao samba - gênero que lhe deu grande projeção no mercado fonográfico em três álbuns gravados pela Warner Music entre 1978 e 1980. O último CD de Zezé, Divina Saudade, saiu em 2000 com (insossa) releitura do repertório de Elizeth Cardoso.

8 de janeiro de 2007

McCartney finaliza terceira 'nova' dos Beatles

Depois das insossas Free as a Bird (1995) e Real Love (1996), uma terceira música inédita dos Beatles sai do baú sem fundo dos Fab Four. Trata-se de Now and Then, parceria de John Lennon & Paul McCartney, gravada pelos Beatles, com a voz solo de Lennon, mas nunca lançada. McCartney finaliza a gravação, ao qual adicionou vocais. Now and Then deverá ser comercializada ainda este ano.

Elba vai gravar DVD em Trancoso com autores

Elba Ramalho (foto) planeja gravar um DVD em Trancoso (BA) - cidade onde manteve casa nos últimos 20 anos - no início de março. A idéia é reunir na gravação os compositores presentes no CD que a cantora lança em 2007. Trata-se do álbum idealizado por Elba com Lenine, mas não produzido efetivamente pelo artista (a produção ficou com Lula Queiroga). "É um disco de raízes e de antenas. É uma suíte nordestina - com os olhos voltados para o mundo", caracterizou a artista em entrevista a Marília Gabriela em programa exibido pelo Canal GNT. O CD sai no primeiro semestre.

Adnet esbanja harmonia e vocais em 'Mvsica'

Resenha de CD
Título:
Mvsica
Artista:
Mario Adnet
Gravadora:
Adnet Mvsica

/ Tratore
Cotação:
* * * *

Violonista, exímio arranjador e fiel discípulo de Tom Jobim, Mario Adnet esbanja requinte harmônico e vocal neste Mvsica, assim batizado em latim para ficar em sintonia com o nome do selo recém-criado pelo artista, Adnet Mvsica. É o primeiro CD do violonista desde Rio Carioca (2002) e um dos melhores de sua discografia. A rigor, há apenas uma música nova no repertório, o samba Do Coração, jobiniano como o antigo Quase, lançado por Adnet em seu primeiro álbum (Pedra Bonita, 1994) e rebobinado no CD Mvsica em versão instrumental coerente com o espírito do som atual do violonista.

O virtuoso time de músicos garante o acabamento perfeito dos sofisticados arranjos. Se há o piano de João Donato em Andando na Praia e Salsatlantic (tema ideal para o Donato exibir seu toque de latinidade), existe o acordeom de Toninho Ferragutti no baião Baiambê, a pegada nordestina de um repertório que flerta com o universo erudito em Dança Negra (peça composta na década de 40 por Mozart Camargo Guarnieir) e em Paulistana Nº 1, tema de Claudio Santoro (dos anos 50) em que se destacam os vocais de Mônica Salmaso, convidada de Paisagem Nordestina, música que encerra o harmonioso disco, em que Adnet evoca a modernidade dos sons e arranjos de Tom Jobim e Dori Caymmi. É tudo de bom!!

Disco de Orlando agrega Sting e Peter Gabriel

Com lançamento programado para meados de 2007, o próximo disco de Orlando Morais (foto) conta com a participação nos vocais de astros estrangeiros como Sting, Peter Gabriel e Youssou N'Dour. E não é só: três integrantes da banda de Sting - o baterista Manu Katché, o guitarrista Dominic Miller e o baixista Pino Palladino - tocam em todo o álbum, que tem 14 faixas cantadas em português, inglês e até francês. Autor das letras, Orlando reuniu o time internacional por conta de sua amizade com o baterista Katché, com quem gravou em seu álbum Agora, de 1997. Na época, eles já idealizavam este projeto, que tem tudo para dar projeção a Orlando fora do Brasil e, inclusive, reposicioná-lo no mercado nacional. A mixagem do CD foi feita no estúdio de Peter Gabriel, na Inglaterra. Resta aguardar.

7 de janeiro de 2007

Registro de turnê consagra Ná no primeiro time

Resenha de CD / DVD
Título: Piano e Voz
Artista: André Mehmari e
Ozzetti
Gravadora: MCD
Cotação: * * * * *


Egressa do Rumo, grupo associado à vanguarda paulista da década de 80, Ná Ozzetti sempre foi das maiores cantoras brasileiras pela afinação e emissão impecáveis. Em 2004, após alguns ótimos trabalhos individuais, ela se uniu ao pianista André Mehmari num projeto em dupla que rendeu o CD Piano e Voz, gravado em dezembro daquele ano e lançado em 2005. A reunião do duo teve continuidade em turnê nacional que, captada em abril de 2006 no Teatro Santa Cruz (SP), chega ao DVD homônimo - editado em embalagem digipack que agrega um outro CD, inédito, com músicas ausentes do primeiro. Contudo, o refinado projeto gráfico, criado por Gal Oppido a partir de costuras e pigmentos em pano de Edith Derdyk, é o do disco anterior, pérola da obra de Ná.

E o fato é que o irretocável registro da turnê põe definitivamente Ná Ozzetti no primeiro time das intérpretes nacionais. Piano e Voz está para Ná assim como Sobre Todas as Coisas (1991) esteve para Zizi Possi, que já era grande cantora, mas se firmou com esse trabalho. O nível das interpretações é sempre soberbo e a escolha do repertório - além de fugir do óbvio - irmana autores como Caetano Veloso (Noites do Norte), Pixinguinha (Rosa), José Miguel Wisnik (Bambino) e Lennon & McCartney (Because) com a costura da unidade estilística da dupla. Nada desafina no projeto.

Em registro cool, só que denso, Ná lapida jóias como Sabiá (Tom Jobim e Chico Buarque), Clube da Esquina I (Milton Nascimento, Márcio Borges e Lô Borges) e o tema folclórico Cuitelinho - com arranjos de Mehmari. A propósito, o pianista extrapola de vez na gravação a função de (mero) acompanhante da cantora. Há rara interação entre o duo - como se percebe na interpretação de Luz Negra, um dos temas herdados do repertório do trabalho original.

Boa parte da beleza do registro repousa na direção sóbria de Guto Carvalho. Não se vê as corriqueiras imagens do público, do qual somente se ouve, eventualmente, os aplausos entusiásticos. Os 18 números do DVD foram captados ora na presença da platéia, ora no teatro vazio. A alternância de atmosferas entre uma música e outra comprova o virtuosismo da dupla. Com ou sem platéia, o rigor estético permanece inalterado. E isso faz toda a diferença...

O som do CD é igualmente límpido. E somente a releitura vivaz de Águas de Março - exclusividade deste segundo disco - já atesta a maestria do canto de Ná Ozzetti e o toque luminoso (e preciso) do piano de André Mehmari. Ná sempre foi incensada pela imprensa paulista, mas precisa ser reverenciada pelo público brasileiro em geral. E que a descoberta seja feita com esse bonito Piano e Voz.

Santana avaliza shows de blues em Montreux

Na edição de 2004 do Montreux Jazz Festival, o guitarrista Carlos Santana apresentou três shows com os bluemen Buddy Guy, Clarence Gatemouth Brown e Bobby Parker. Já no mercado, o DVD Carlos Santana Presents Blues at Montreux 2004 (foto) traz a íntegra desses três shows, que contaram com a intervenção do (excelente) guitarrista. Editado em embalagem digipack tripla pela gravadora ST2, o DVD apresenta números como I've Got my Mojo Working, tocado por Clarence Gatemouth Brown ao lado de Buddy Guy e de Santana. É luxo só!!!!

Portugal produz cantor com inédita de Frejat

Tecladista do Skank, Henrique Portugal (à direita em foto de Weber Pádua) divide com Jair de Oliveira e Ruben di Souza a produção de álbum do cantor mineiro - só que radicado em São Paulo - Ricardo Marques. Gravado em Belo Horizonte (MG), mixado em São Paulo (SP) e masterizado em Nova York (EUA), o disco ganhou o título de Paraphernalha e traz no repertório canção inédita de Frejat e Dulce Quental, Na Batida do meu Coração. Outras faixas são A Primavera (Wilson Sideral) e Via Dutra (tema de Rodrigo Neto, o guitarrista do grupo Detonautas que foi morto num assalto, em 2006). O single é Feriado, cujo clipe já está em rotação na MTV.

Teixeira refaz sua romaria em DVD com amigos

Renato Teixeira (foto) lançará este ano, via Som Livre, DVD e CD gravados ao vivo em show no Auditório Ibirapuera (SP), em 27 de agosto de 2006. No show, idealizado para registro do primeiro DVD do artista, houve participações de Pena Branca, de Joanna (com quem o compositor reviveu Recado, a música de autoria de Teixeira que fez sucesso na voz da cantora em 1984), do argentino León Gieco (em La Cigarra, hit de Gieco) e da dupla Chitãozinho & Xororó (em Frete). Todos os convidados uniram vozes no fim para cantar Romaria, a obra-prima do autor.