Resenha de CD/DVDTítulo: Em Casa- Ao VivoArtista: AlexandrePiresGravadora: Uai Discos/ EMI MusicCotação: * 1/2Em 1998, no embalo dos retumbantes 2,98 milhões de exemplares vendidos do quinto álbum do grupo Só pra Contrariar (editado em fevereiro de 1997), Alexandre Pires disputava com padre Marcelo Rossi o posto de maior vendedor de discos do Brasil de todos os tempos. Dez anos depois, o
mineirinho tenta se reabilitar no mercado fonográfico brasileiro depois de ter tentado fazer nome nas praças hispânicas. Daí o título
Em Casa deste DVD e CD gravado ao vivo em show feito por Pires na casa Castelli Master, em Uberlândia (MG). A casa é tanto sua terra natal como o próprio Brasil, onde o artista foi perdendo progressivo espaço na medida em que foi se ausentando do país para investir no mercado de língua espanhola.
Com boa presença de palco, Pires tentar voltar para casa a reboque de grande produção. Joana Mazzucchelli assina com a habitual competência a direção do DVD. Incentivadora do projeto, Ivete Sangalo assina a direção artística em parceria com Pires. E, claro, o encontro somente poderia resultar em repertório de tom populista. Sem sair da aba dos hits do SPC, agrupados em três
medleys e em números avulsos, o cantor se equilibra mal entre inéditas e regravações entoadas ao lado de convidados da mesma esfera populista. O pior momento é justamente o dueto com Ivete em
Estrela Cadente, inacreditável versão de
Hunting High and Low. O versionista Luiz Silva e a dupla de cantoras conseguem apagar a beleza da melhor balada do repertório do grupo A-Ha. O número consegue ser mais constrangedor do que a tentativa de trazer
Te Amar sem Medo, música do repertório do SPC, para o universo do
funk melody ao lado de Perlla. Só vendo...
Há duetos que soam mais interessantes. Com Daniel, convidado de
Cheguei Tarde Demais, o resultado é até simpático. A música de Bruno e Felipe tem jeito de hit - embora nenhuma das sete inéditas cantadas por Pires tenha a pegada popular de músicas gravadas pelo SPC como
Essa Tal Liberdade, exemplo de que um tema brega também pode ser bem feito dentro dos limites estéticos do gênero. Com Alcione, aliás, Pires revive o maior sucesso do SPC,
Depois do Prazer, mas a
Marrom não reedita o brilho da gravação feita em disco ao vivo de 2002. Da mesma forma que, em
Leva (Michael Sullivan e Paulo Massadas), o cantor sequer roça o brilho da gravação original feita por Tim Maia (1942 - 1998) em 1984. Enfim, Alexandre Pires quer voltar para sua casa, o Brasil, mas dificilmente vai obter a projeção dos 90 com tal registro de show.