7 de junho de 2008

DVD gravado por Lyra em 2004 gera CD ao vivo

O cinqüentenário da Bossa Nova continua movimentando a indústria fonográfica. A rigor, Carlos Lyra já contabiliza 54 anos de carreira como compositor - foi em 1954 que fez sua primeira música, Quando Chegares - e 49 como cantor, pois seu primeiro LP foi lançado em 1959. Mas a Biscoito Fino aproveita a festa pelas cinco décadas da velha bossa e lança 50 Anos de Música, CD ao vivo que reúne 13 fonogramas extraídos do homônimo DVD editado em 2004, com a data (então apropriada) no título. Na seleção feita para o CD, há duetos de Lyra com Leny Andrade (O Negócio É Amar), Emilio Santiago (Você e Eu, com adesão de João Donato), Ivan Lins (Canção que Morre no Ar), Miúcha (Sabe Você) e Wanda Sá (Tem Dó de mim, com Roberto Menescal), entre obras-primas autorais como Minha Namorada, Primavera e Coisa Mais Linda.

Morrissey vai lançar nono álbum em setembro

Years of Refusal é o politizado título do nono álbum de estúdio de Morrissey. O disco reúne 12 faixas e marca a retomada do trabalho do artista com Jerry Finn, produtor de seu festejado álbum You Are the Quarry (2004). Morrissey tem idéia de lançar o disco em setembro via Decca, a gravadora que editou no início de 2008 a coletânea Greatest Hits, em que o cantor apresentou duas inéditas. Antes, a Sony BMG reedita seu álbum Southpaw Grammar (1995), remasterizado, com três inéditas faixas-bônus e nova arte gráfica.

Pires volta para casa na aba de Ivete e do SPC

Resenha de CD/DVD
Título: Em Casa
- Ao Vivo
Artista: Alexandre
Pires
Gravadora: Uai Discos
/ EMI Music
Cotação: * 1/2

Em 1998, no embalo dos retumbantes 2,98 milhões de exemplares vendidos do quinto álbum do grupo Só pra Contrariar (editado em fevereiro de 1997), Alexandre Pires disputava com padre Marcelo Rossi o posto de maior vendedor de discos do Brasil de todos os tempos. Dez anos depois, o mineirinho tenta se reabilitar no mercado fonográfico brasileiro depois de ter tentado fazer nome nas praças hispânicas. Daí o título Em Casa deste DVD e CD gravado ao vivo em show feito por Pires na casa Castelli Master, em Uberlândia (MG). A casa é tanto sua terra natal como o próprio Brasil, onde o artista foi perdendo progressivo espaço na medida em que foi se ausentando do país para investir no mercado de língua espanhola.

Com boa presença de palco, Pires tentar voltar para casa a reboque de grande produção. Joana Mazzucchelli assina com a habitual competência a direção do DVD. Incentivadora do projeto, Ivete Sangalo assina a direção artística em parceria com Pires. E, claro, o encontro somente poderia resultar em repertório de tom populista. Sem sair da aba dos hits do SPC, agrupados em três medleys e em números avulsos, o cantor se equilibra mal entre inéditas e regravações entoadas ao lado de convidados da mesma esfera populista. O pior momento é justamente o dueto com Ivete em Estrela Cadente, inacreditável versão de Hunting High and Low. O versionista Luiz Silva e a dupla de cantoras conseguem apagar a beleza da melhor balada do repertório do grupo A-Ha. O número consegue ser mais constrangedor do que a tentativa de trazer Te Amar sem Medo, música do repertório do SPC, para o universo do funk melody ao lado de Perlla. Só vendo...

Há duetos que soam mais interessantes. Com Daniel, convidado de Cheguei Tarde Demais, o resultado é até simpático. A música de Bruno e Felipe tem jeito de hit - embora nenhuma das sete inéditas cantadas por Pires tenha a pegada popular de músicas gravadas pelo SPC como Essa Tal Liberdade, exemplo de que um tema brega também pode ser bem feito dentro dos limites estéticos do gênero. Com Alcione, aliás, Pires revive o maior sucesso do SPC, Depois do Prazer, mas a Marrom não reedita o brilho da gravação feita em disco ao vivo de 2002. Da mesma forma que, em Leva (Michael Sullivan e Paulo Massadas), o cantor sequer roça o brilho da gravação original feita por Tim Maia (1942 - 1998) em 1984. Enfim, Alexandre Pires quer voltar para sua casa, o Brasil, mas dificilmente vai obter a projeção dos 90 com tal registro de show.

Miguel desfia sua habitual ladainha sentimental

Resenha de CD
Título: Cómplices
Artista: Luis Miguel
Gravadora: Warner Music
Cotação: * *

Tal como Roberto Carlos no Brasil, Luis Miguel se sagrou ídolo no México cantando um repertório romântico que roça o sentimental e nem sempre está à altura de sua voz. Aliás, a primeira coisa que salta aos ouvidos na audição de Cómplices é a ótima forma vocal do astro, nascido em Porto Rico. Mas, tal como nos discos lançados pelo Rei nos últimos 20 anos, é difícil aturar Miguel desfiando a habitual ladainha amorosa. Para piorar, há o fato de todas as 12 músicas do álbum levarem a assinatura do produtor Manuel Alejandro. Poucas se mostram realmente inspiradas - caso de Te Desean. Mas todas foram embaladas em produção luxuosa que não disfarça o caráter insosso das composições. Às vezes, até realça - como no caso do arranjo que adorna Amor a Mares à moda sertaneja. Para quem é fã do estilo derramado de Miguel, temas como Si Tú te Atreves e a faixa-título podem ter algum teor de sedução, mas Cómplices traz mais do mesmo. E este mesmo já foi bem melhor.

6 de junho de 2008

Revelação se aventura pelo samba em 15 faixas

Em seu sétimo álbum, Aventureiro, o terceiro de estúdio gravado pela Deckdisc, o grupo Revelação procura se distanciar do pagode populista em 15 faixas produzidas por Bira Hawaí. Vocalista e cavaquinista do grupo, Xande de Pilares é co-autor de seis sambas. Entre eles, Ajoelhou Tem que Rezar, Medo de Amar, Frágil Guerreiro, Na Barra da Saia e a faixa-título. Há apenas duas regravações entre inéditas como Lá Vem Ela (Capri e Serginho Madureira), Além do Normal (Zé Roberto) e Viajei na Ilusão (Leandro Farb e Gilson Bernini). O Revelação revive Beleza que É Você, Mulher - exemplo do sambão jóia propagado por Benito Di Paula nos anos 70 - e Coladinho, do repertório do Grupo Raça. Aventureiro é o sucessor do disco Velocidade da Luz (2006).

Primeiro CD de Justus chega às lojas pela Sony

Gravado em 2007, o primeiro disco do publicitário Roberto Justus, Só Entre Nós, está sendo editado de forma oficial e comercial pela gravadora Sony BMG depois de ter sido lançado, no ano passado, em tiragem de duas mil cópias restritas ao círculo de amigos do apresentador do programa O Aprendiz, exibido pela TV Record. No disco, originalmente intitulado Just Between Us, Justus se aventura como cantor em 12 standards do cancioneiro internacional. A seleção abrange What a Wonderful World, Something, Yesterday e I've Got You Under my Skin, entre outros clássicos. Paulo Ricardo participa do disco em Your Song e em Tonight's the Night (Gonna Be Alright). Já Agnaldo Rayol une sua voz à de Justus em Perhaps Love, reeditando o dueto feito em 1981 por John Denver (1943 - 1997) com o tenor espanhol Plácido Domingo. Na mesma linha, o empresário canta Unforgettable com sua irmã, a cantora lírica Cathy Justus Fischer, em gravação que remete ao dueto virtual que, em 1991, uniu a voz de Nat King Cole (1919-1965) à de sua filha Natalie Cole. Afonso Nigro é o produtor.

'Rei' sai da inércia e canta Jobim com Caetano

Já prestes a completar 50 anos de carreira, iniciada em 1959 com compacto em que imitava João Gilberto, Roberto Carlos parece começar a sair da inércia que estagnou sua trajetória nos últimos 20 anos. O Rei (à esquerda em foto de Luiz Garrido) vai revisitar o repertório de Tom Jobim em show dividido com Caetano Veloso. As três únicas apresentações deste show desde já histórico estão programadas para 15 de agosto (no Theatro Municipal do Rio de Janeiro - RJ) e 25 e 26 de agosto (no Auditório Ibirapuera - SP). O show que une o Roberto e Caetano - cujo exílio forçado inspirou o Rei a compor Debaixo dos Caracóis de seus Cabelos - faz parte da série de eventos ItaúBrasil, idealizada pelo Banco Itaú em tributo aos 50 anos da Bossa Nova.
Além de quatro shows de João Gilberto no Brasil, anunciados em 15 de abril de 2008, o ciclo de eventos inclui um show de Miúcha com o conjunto Os Cariocas - em datas e locais ainda não anunciados - e um tributo a João Donato em que nomes como Adriana Calcanhotto, Bebel Gilberto, Fernanda Takai, Marcelo Camelo, Marcelo D2 e Roberta Sá vão cantar as principais músicas de Donato sob acompanhamento da Orquestra Ouro Negro. O tributo a Donato acontece no Auditório Ibirapuera - em 8 e 9 de julho - e no Theatro Municipal do Rio de Janeiro (em 11 de julho).

DVD mostra o talento de John Legend no palco

Editado pela Sony BMG no mercado brasileiro neste começo de junho, logo na seqüência do homônimo recém-editado CD ao vivo, o primeiro ótimo DVD de John Legend, Live From Philadelphia, (re)afirma que o cantor de soul soube reeditar no palco o êxito artístico mostrado em seus dois grandes álbuns de estúdio, Get Lifted (2004) e Once Again (2006). Além de trazer a íntegra do roteiro de 26 números, capturados no show feito por Legend no Tower Theater em 26 de abril de 2007, Live From Philadelphia apresenta nos extras entrevista como Legend e os vídeos de Show me e Another Again (Neon Version). A direção é de Christian Lamb. Corinne Bailey Rae faz dueto com Legend em Where's the Love?, tema gravado por Roberta Flack e Donny Hathaway em 1972. O roteiro traz Heaven, Stereo e Again.

5 de junho de 2008

Bethânia fortalece correnteza do rio de Mendes

Resenha de CD
Título: Cidade e Rio
Artista: Roberto Mendes
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *

Compositor nascido em Santo Amaro da Purificação (BA), gravado regularmente por Maria Bethânia desde os anos 80, Roberto Mendes volta ao mercado fonográfico com disco de inéditas em que expõe suas memórias das águas. Os bordados exibidos na bela capa do CD Cidade e Rio não por acaso remetem à capa de Pirata, o álbum de 2006 em que Bethânia mergulhou nas águas doces dos rios. Desta vez, a voz da cantora baiana não se faz ouvir neste disco que apresenta 11 músicas compostas por Mendes e letradas por poetas como Capinam, Jorge Portugal, Nelson Elias e Herculano Neto. Mas Bethânia - a quem Mendes dedica Cidade e Rio - esteve presente nos bastidores, viabilizando por intermédio da gravadora Biscoito Fino uma produção à altura da obra autoral do compositor, que faz jus ao investimento da ilustre conterrânea.
Cidade e Rio mantém a obra de Roberto Mendes em seu curso natural. As batidas da chula e do samba do Recôncavo Baiano agitam a forte correnteza autoral de Mendes. E as presenças de convidados como Pedro Luís (em Linda Morena), Lenine (em Tira Essa Mulher da Roda) e Alcione (em Deu Saudade) reforçam os vocais do disco e amenizam o fato de a voz de Mendes não ser talhada para o canto. Na parte instrumental, o reforço vem de Guinga (violão na plácida faixa-título, Cidade e Rio), de Marco Pereira (violão em Beira-Mar, música que já ganhou registro definitivo de Maria Bethânia - assim como Memórias das Águas, aberta com o Grupo de Chulas de São Braz) e de Leonardo Mendes, filho do compositor, que usa recursos eletrônicos com inteligente economia em temas como Linda Morena. Leonardo é guitarrista.
Única faixa não autoral, Purificar o Subaé - tema que Caetano Veloso deu para Maria Bethânia gravar no álbum Alteza (1981) - reaparece com seu eixo rítmico deslocado do samba acariocado para a chula do Recôncavo em sintonia com o grito de alerta dado pelo compositor baiano para salvar o rio que corta Santo Amaro. Em outro afluente, o rio de Mendes deságua no balanço de Luiz Gonzaga (1913 - 1989) na faixa Poesia, Samba e Baião. Enfim, um belo disco cuja calmaria do início e do fim - com Bom Começo, uma das cinco parcerias de Mendes com Capinam - esconde a agitação da correnteza - fortalecida pelas batidas do Recôncavo...

Sai de cena J.T. Meirelles, ícone do samba-jazz

Se ele tivesse sido apenas o criador do antológico arranjo da gravação original de Mas que Nada, que impulsionou a carreira de Jorge Ben a partir de 1963 e ganhou o mundo, o saxofonista J.T. Meirelles já teria seu lugar de honra na música brasileira. Mas o carioca João Theodoro Meirelles - que saiu de cena na terça-feira, 3 de junho de 2008, aos 67 anos - foi também um ícone do samba-jazz, o gênero instrumental que se desenvolveu nos anos 60 a partir da Bossa Nova. Como líder do conjunto Copa 5, Meirelles gravou dois discos antológicos, O Som (1964) e O Novo Som (1965), ambos relançados em seqüência, em 2001, pela gravadora Dubas Música, que também editou em 2002 um álbum inédito do músico, Samba Jazz!!, e repetiu a dose em 2005 com Esquema Novo. Meirelles saiu de cena, mas o sopro de seu sax certamente vai continuar cultuado pelos admiradores do samba-jazz. Seu som ainda continua novo...

D'Black oscila entre brega e 'black' em 'Sem Ar'

Resenha de CD
Título: Sem Ar
Artista: D'Black
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * 1/2

Vinicius D'Black - ou apenas D'Black - é um ator e cantor carioca que, antes de ganhar projeção como protagonista do filme Maré - Nossa História de Amor, foi alçado à condição de fenômeno da internet por conta dos supostos 40 milhões de acessos que sua música Sem Ar teria tudo em portais como YouTube, MySpace e PalcoMP3. O sucesso virtual desta bela balada de atmosfera soul, composta por D'Black em parceria com Felipe Zero, motivou a contratação do artista pela Universal Music para edição do primeiro álbum do cantor, Sem Ar, gerado a partir de um embrionário CD demo intitulado Soul Brasileiro.
O fato é que D'Black oscila entre o brega e o black. Acerta quando investe em r & b (Revolta é a melhor música do disco no gênero), rap (Vilão & Negociador, retrato sem retoques da infância abandonada) e funk (Favela). Erra quando desperdiça munição em temas eletrônicos - casos do drum'n'bass RJ e da house Fora do Ar - e, sobretudo, quando roça o universo brega em temas como 1 Minuto (gravado em dueto com a rapper Negra Li) e a balada Barco à Vela. Há ainda a participação de Jorge Aragão, que entra no suingue do samba-funk em Minha Paixão, e a intervenção de Kako do Hip Hop em Assim. Sem Ar não é um disco ruim, mas peca por atirar para todos os lados e sem delinear um perfil mais nítido para D'Black no mercado - erro que prejudicou a carreira de artistas como Sandra de Sá. É preciso se fixar no universo black...

Cristina Braga perde brilho ao investir no canto

Resenha de CD
Título: Paisagem
- Grandes Canções
Brasileiras
Artista: Cristina Braga
e Eugene Friesen
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * *

Uma das melhores harpistas brasileiras, Cristina Braga vem se aventurando pelo canto nos últimos anos. Mas o fato é que, em Paisagem, sua voz não mostra força para encarar repertório que prioriza músicas e letras de Chico Buarque (Pedaço de mim, Eu te Amo, Atrás da Porta, Sabiá, Retrato em Branco e Preto) e de Tom Jobim (Triste, Inútil Paisagem, Valsinha, Bonita, Modinha) - dois compositores já exaustivamente regravados por intérpretes mais ou menos talentosas. Apesar de a parte instrumental ser impecável, o disco resulta opaco - até porque o companheiro da harpista nesta jornada fonográfica, o violoncelista americano Eugene Friesen, tampouco se impõe como cantor em temas como Triste. Vale ressaltar que a interação da harpa de Braga com o violoncelo de Friesen produz pulsação envolvente no arranjo de Disparada. Músico convidado do CD, Francis Hime põe seu piano a serviço de Último Canto e de Atrás da Porta. Contudo, Paisagem não ostenta a beleza que se poderia esperar de um álbum gravado com tantos virtuoses - a começar pela própria Braga - e com repertório irrepreensível. Falta um brilho especial às vozes dos músicos. Ser afinado não credencia ninguém a se aventurar pela arte do canto...

4 de junho de 2008

Milton mergulha no jazz com irmãos Belmondo

Ainda sem previsão de lançamento no Brasil, mas já editado na França e em outros países da Europa, o CD Milton Nascimento & Belmondo junta o compositor brasileiro aos irmãos Lionel Belmondo (sax e flauta) e Stéphane Belmondo (trompete) - ambos bem conceituados no meio jazzístico de Paris e arredores. Com acompanhamento da Orchestre National d'Ile-de-France, sob a regência do maestro Christophe Mangou, Milton e os Belmondo rebobinam sete temas da lavra fina do autor de Ponta de Areia, a música que abre e fecha o CD. Eis a seleção de repertório do disco:
1. Ponta de Areia
2. Canção do Sal
3. Milagres dos Peixes
4. Oração
5. Travessia
6. Morro Velho
7. Nada Será Como Antes
8. Berceuse - Malilia
9. Saudade dos Aviões da Panair
10. Ponta de Areia

Fora da elite pop, Tihuana mostra suas armas...

Resenha de CD / DVD
Título: Tropa de Elite
ao Vivo
Artista: Tihuana
Gravadora: Arsenal
/ Universal Music
Cotação: * * 1/2

A carreira do Tihuana já vinha dando claro sinal de cansaço quando o sucesso fenomenal do filme Tropa de Elite deu novo fôlego ao grupo pelo fato de destacar na trilha sonora a explosiva música-título, que havia sido gravada pela banda em 2000. O CD e DVD Tropa da Elite ao Vivo - ora postos nas lojas com o registro do show captado em São Paulo (SP) em 23 de dezembro de 2007 - representam a tentativa do Tihuana de pegar (tardia) carona no estouro do longa-metragem de José Padilha. Fora da elite pop, o grupo mostra sua armas e recruta o aspira André Ramiro - ator do filme e rapper na vida real - para discursar em Tropa de Elite, a música. Na mesma linha de exploração da temática da violência via música, a banda convoca o DJ JF e os MCs Junior e Leonardo para entrar em cena e reviver o Rap das Armas. Outro convidado, Zeider - do grupo Planta & Raiz - ameniza o tom no reggae Por que Será? enquanto Di Ferrero e Gee Rocha, do NX Zero, tentam dar peso ao rock Bote Fé!. Pelas imagens exibidas pelo DVD, o público do Tihuana aprova a atitude do grupo. Contudo, verdade seja dita, a versão de Clandestino consegue diluir o suingue da música de Manu Chao e matar qualquer boa vontade que se tenha com este Tropa de Elite ao Vivo. São as armas do atual pop rock nacional formatado pelo produtor Rick Bonadio. E a vítima da violência é um público que no passado já teve à sua disposição bandas como Legião Urbana...

Emmerson emplaca tema violeiro em 'Dreamer'

Enquanto a rival Danni Carlos conseguiu a chance de gravar um álbum autoral em 2007, Emmerson Nogueira segue fiel aos covers em seu oitavo álbum, Dreamer, nas lojas esta semana via Sony BMG. Mas o cantor mineiro também se apresenta como compositor e assina o tema instrumental que fecha o CD, La Viola, em que toca viola caipira. Apesar de a faixa-título ser da seara de um grupo identificado com os anos 70 e 80, o Supertramp, Nogueira experimenta covers de hits mais contemporâneos em Dreamer. A seleção inclui sucessos de Foo Fighters (Virginia Moon), Donavon Frankenreiter (Let It Go), Ben Harper (Better Way), James Morrison (You Give me Something) e Pete Murray (Smile), entre outras músicas. Para os fãs do gênero...

Ralphes produz Papas da Língua em estúdio

Produtor bastante requisitado atualmente na cena brasileira de pop rock, o galês Paul Ralphes assina a produção do álbum de estúdio que o grupo gaúcho Papas da Língua (foto à direita) começa a gravar neste mês de junho de 2008. Primeiro trabalho da banda desde que a novela Páginas da Vida projetou a canção Eu Sei entre 2006 e 2007, o CD vai ter repertório (basicamente) inédito.

3 de junho de 2008

Shell inova e premia intérprete: Maria Bethânia

Pela primeira vez desde que foi instituído, em 1981, o Prêmio Shell para a Música Brasileira vai ser concedido a um intérprete - e não a um compositor, como era de praxe. A empresa anunciou nesta terça-feira, 3 de junho de 2008, que a edição 2008 do Prêmio Shell vai laurear Maria Bethânia (acima em close de Leonardo Aversa) pelo conjunto da obra. A premiação vai ser feita em show da cantora no Rio de Janeiro (RJ) em local e data ainda não escolhidos. Além do troféu desenhado pelo artista Caio Mourão, Bethânia vai receber um cheque no valor de R$ 15 mil. O júri que decidiu subverter a intenção inicial do Shell de premiar apenas compositores foi formado pelo radialista Fernando Mansur, o produtor cultural Bruno Levinson, o produtor Moggie Canazio e pelos jornalistas Arthur Dapieve, Luiz Fernando Vianna e Zuza Homem de Mello. Do júri, Moogie é o único associado a Bethânia, tendo produzido (quase todos) os álbuns mais recentes da artista.
A escolha do nome de Maria Bethânia para receber o Prêmio Shell para a Música Brasileira somente corrobora o fato de a intérprete estar vivendo excelente e produtiva fase artística desde que ingressou na gravadora Biscoito Fino, em 2001, e passou a gravar sucessivos álbuns com total liberdade artística. Títulos que, aliás, estão entre os melhores de discografia coerente iniciada em 1965.

Dorina procura gravadora com fé em seu samba

Cantora carioca que tem livre trânsito no meio do samba, Dorina finalizou CD gravado ao vivo, Samba de Fé, e procura gravadora ou selo que possa distribuir o disco. A intérprete registrou sambas como Que Batuque É Esse? (Moacyr Luz e Sereno), Lindo Passado de Glória (Mauro Diniz, com a participação do compositor na faixa), Obaxirê (Toninho Gerais com Roque Ferreira), Banho de Fé (de Arlindo Cruz, Sombrinha e Sereno), Sonhava (Luiz Carlos da Vila e Riko Dorilêo), Na Hora de Voltar (Adilson Gavião e Adauto Magalha), Obaxirê (Toninho Gerais e Roque Ferreira) e Saudade Demais (Nelson Rufino e Roberto Chama). Beth Carvalho faz dueto com Dorina em Padroeira, de Vaguinho e Rachado. Enfim, um samba de primeira.

Universal vai apostar na voz de Paula Fernandes

Cantora e compositora mineira que transita pelo universo sertanejo, Paula Fernandes é a nova contratada da gravadora Universal Music. Projetada na trilha sonora da novela Páginas da Vida com a música Dust in the Wind, a intérprete já editou quatro álbuns de forma independente - um deles em inglês - e teve músicas gravadas por artistas sertanejos como Almir Sater (Jeito de Mato), Bruno & Marrone (Sem Você) e Victor & Leo (Meu Eu em Você). O primeiro CD de Paula Fernandes na Universal Music está em fase de definição de repertório e tem lançamento previsto para o segundo semestre de 2008. A artista tem somente 24 anos.

Wanderléa, Paulo e Almir na festa dos Originals

Banda formada por integrantes originais de grupos como The Fevers e Renato e seus Blue Caps, The Originals grava DVD e CD ao vivo nesta terça-feira, 3 de junho de 2008, em show no Espaço Veneza, em Botafogo (RJ). Intitulado A Festa Continua, o DVD fecha o que o grupo chama de trilogia - iniciada com os discos The Originals e The Originals Vol. 2 - e tem repertório centrado no revival de sucessos do pop brasileiro e do rock estrangeiro - além de hits de Fevers e Renato e seus Blue Caps. A gravação vai contar com adesões de nomes como Almir Bezerra (vocalista da fase áurea dos Fevers), Marcelo Sussekind, Paulo Ricardo e Wanderléa, entre outros artistas. Eis o roteiro do show:

1. Viva o Rock'n'Roll - com Marcelo Sussekind
2. Vivo Só / Não te Esquecerei
3. Já Cansei / Sou Feliz - com Almir Bezerra
4. Ninguém Vive sem Amor - com Almir Bezerra
5. Por Causa de Você / Pra Cima, pra Baixo - com Almir Bezerra
6. Dona do meu Coração / Vou Subir
7. Não Quero Ver Você Chorar
8. Chuva de Prata / Aguënta Coração / Aparências
9. True Fine Mama / Tutti Frutti / Long Tall Sally
10. Pare o Casamento / Prova de Fogo - com Wanderléa
11. Ternura - com Wanderléa
12. Uma História pra Ficar
13. It's Now or Never / Jailhouse Rock / Love me Tender
14. London, London - com Paulo Ricardo
15. Olhar 43 - com Paulo Ricardo
16. Whisky a Go-Go - com todos os convidados
17. Guerra dos Sexos - com todos os convidados

2 de junho de 2008

Sai de cena Bo Diddley, pioneiro do blues e rock

A guitarra, retangular, já seria suficiente para diferenciar Bo Diddley de outros mestres do instrumento. Mas a batida também era peculiar e sai de cena com o músico - morto aos 79 anos nesta segunda-feira, 2 de junho de 2008, vítima de insuficiência respiratória. Diddley foi um pioneiro do blues, mas sua música tinha um espírito roqueiro. Tanto que bandas como The Rolling Stones e Yardbirds regravaram seus temas e - no caso dos músicos dos Stones - participaram de alguns de seus discos. Aliás, iniciada em 1955 na gravadora Chess, a discografia de Diddley foi muito bem resumida em 1997 na coletânea His Best: The Chess 50th Anniversary Collection. Entre os maiores hits do guitarrista, há I'm a Man, Mona, Crackin' Up e Roadrunner. Deixa saudades...

Maria Rita registra show 'Samba Meu' em DVD

Maria Rita (à direita em foto de Tripolli) vai registrar em DVD o show Samba Meu, que estreou aos primeiros minutos de 1º de dezembro de 2007, na Fundição Progresso (RJ), com roteiro baseado no repertório do terceiro álbum da cantora. A gravação vai ser realizada no Rio de Janeiro (RJ), com direção de Hugo Prata, em apresentação agendada para 10 de junho de 2008 na casa Vivo Rio. Os ingressos, que não estão disponíveis para venda, poderão ser obtidos mediante a doação de duas latas de leite em pó ou de um livro para crianças entre dois e nove anos. O material arrecadado vai ser encaminhado ao Instituto da Criança. O DVD vai ser editado pela Warner Music até o fim do ano. Por ora, não há a previsão de edição de um CD ao vivo com o registro do show.

DVD eterniza dois momentos de Duke Ellington

Um dos pilares do jazz, o compositor e pianista Duke Ellington (1899 - 1974) tem dois grandes momentos eternizados no já antológico DVD duplo Duke Ellington at the Côte d'Azur with Ella Fitzgerald and Joan Miró / Duke: The Last Jam Session, lançado no Brasil pela ST2. O disco 1 perpetua na forma de filme a apresentação feita em 1966 por Ellington num festival do Sul da França, com intervenções de Ella Fitzgerald (1917 - 1996) em Satin Doll, Something to Live for e Jazz Samba, que vem a ser a versão em inglês de Só Danço Samba, de Tom Jobim (1927 - 1994). Como o evento enfocava também a arte do pintor surrealista Joan Miró (1893 - 1983), há takes de passeios de Ellington com o artista plástico. No DVD 2, o foco reside na sessão de estúdio filmada em 8 de janeiro de 1973 durante a gravação do álbum Duke Big Four, produzido por Norman Granz para seu selo Pablo. Entre as músicas tocadas na jam de estúdio, há Prelude to a Kiss, tema composto por Ellington em 1938. Enfim, um título indispensável para os amantes do jazz...

Toto sobrevive do peso de seus velhos sucessos

Embora formada em 1976 em Los Angeles (EUA), a banda Toto é bem mais associada aos anos 80 por conta de hits como Rosanna e Africa, ambos extraídos de seu álbum Toto IV (1982). Ora lançado no mercado brasileiro via ST2, o DVD Falling in Beetween Live (capa à direita) registra a turnê do álbum Falling in Between, editado pelo grupo em 2006 com fraco material inédito. O show do DVD foi captado em março de 2007 na casa Le Zenith, em Paris, França. Na gravação, o Toto toca com mais peso, mas fica claro que o grupo ainda sobrevive é do peso de seus hits oitentistas. O roteiro inclui também Hold the Line, sucesso do primeiro álbum da banda, Toto, lançado em 1978. É resumo de 30 anos irregulares...

1 de junho de 2008

Duas regravações inéditas puxam 'box' de Chico

Dona das obras fonográficas gravadas por Chico Buarque no período que vai de 1987 a 2002, a Sony BMG explora tal acervo e lança neste mês de junho um box intitulado Essencial, que embala 56 fonogramas em quatro CDs temáticos. Entre as faixas, há duas (re)gravações inéditas em disco. Trata-se de Tanto Amar e de registro a vivo do Samba do Grande Amor. Completando a caixa, há um DVD, Chico ou o País da Delicadeza Perdida, que perpetua o especial dirigido por Walter Salles e Nelson Motta em 1990 para a televisão francesa. Contando com os números musicais do DVD, já editado de forma avulsa e na caixa Francisco, Essencial compila 65 gravações do compositor. O primeiro CD temático se chama Samba e Amor - No Leito, na Pista ou no Palanque. O CD 2 foi intitulado Todo o Sentimento - No Tempo da Delicadeza e do Feminino, a se Colorir. O CD 3, Cotidiano - O Olhar do Cronista Imune a Tantas Cortinas, inclui o registro inédito de Tanto Amar, música lançada pelo próprio Chico em 1981. Por fim, há o quarto CD, Entre Amigos, Paratodos - Sucessos e Duetos de um Artista Brasileiro. A seleção apresenta fonogramas de outras gravadoras.

DVD capta apuro pop do show 'Inclassificáveis'

Resenha de DVD
Título:
Inclassificáveis
Artista: Ney
Matogrosso
Gravadora: EMI
Music
Cotação: * * * *

Inclassificáveis - belo e impactante show que Ney Matogrosso estreou em setembro de 2007 em Juiz de Fora (MG) e que o cantor ainda está apresentando em turnê pelo Brasil - marcou a retomada de uma atitude pop pelo artista. Postura expressa não somente nos figurinos brilhantes, mas também, e sobretudo, no repertório recolhido entre compositores majoritariamente outsiders e na ambiência roqueira de alguns dos 20 números do show. Em ótima forma vocal que desafia seus 66 anos, o cantor apresentou roteiro politizado em que alfineta a realidade nacional. O DVD ora editado pela EMI Music - com o registro feito no Canecão (RJ) em 8 de janeiro de 2008 sob a direção de João Jardim - faz jus ao show e não dilui seu impacto visual. Todo o requinte pop de Inclassificáveis é captado em filmagem detalhista que prioriza closes em Ney e no brilho dos figurinos. Musicalmente, o tom do repertório é mais enérgico do que o da gravação feita em estúdio e já lançada em CD. Aliás, as quatro músicas limadas do CD, por falta de espaço, reaparecem obviamente no DVD: Novamente (em registro diverso do apresentado no CD/DVD Vivo, de 2000), Cavaleiro de Aruanda (número que tem arranjo chupado do show Tecnomacumba, de Rita Ribeiro), Simples Desejo (sucesso de Luciana Mello rebobinado por Ney no bis) e Pro Dia Nascer Feliz (música que fecha o bis para garantir a apotoese final). Nos extras, há making of com entrevista com o cantor e depoimentos superficiais dos compositores que forneceram as inéditas do repertório. Aliás, o material adicional poderia ter sido mais bem-cuidado, mas, no todo, Inclassificáveis, o DVD, honra o histórico glorioso de Ney Matogrosso nos palcos nacionais e complementa o CD homônimo.

Cristal torna leve a viagem de Teresa pelo Brasil

Resenha de show
Título: Você e Eu
Artista: Teresa
Salgueiro e Septeto
João Cristal
Local: Theatro
Municipal do
Rio de Janeiro (RJ)
Data: 31 de maio de 2008
Cotação: * * * *
Em cartaz no Brasil
São Paulo: 2 de junho
Porto Alegre: 3 de junho
Foto: Eny Miranda
(Cia. da Foto)

Ao final do belíssimo show que fez no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, na noite de sábado, 31 de maio de 2008, Teresa Salgueiro fez grata menção especial ao pianista brasileiro João Cristal, diretor musical e arranjador do espetáculo que motivou o retorno da cantora portuguesa, ex-vocalista do grupo Madredeus, aos palcos nacionais. Com muita propriedade, Salgueiro mencionou a leveza dos arranjos feitos por Cristal para o repertório de músicas brasileiras que ela canta no show Você e Eu, baseado no homônimo disco solo da intérprete. De fato, é essa leveza que torna agradável a viagem de Teresa por temas que já ganharam de registros memoráveis. O grupo comandado por Cristal - que incorporou o clarinetista Nailor Azevedo, o Proveta, nessa miniturnê nacional - cria sonoridade toda própria em vez de tentar perseguir a batida clássica da bossa nova ou a levada mais tradicional do samba. O que resultou em show de atmosfera envolvente - como os paulistas poderão comprovar na segunda-feira, 2 de junho, no Teatro Municipal de São Paulo, e os gaúchos de Porto Alegre (RS) na terça-feira, 3 de junho, no Teatro do Sesi.

Após o grupo abrir o show com versão instrumental de Wave, Teresa Salgueiro entra em cena e, quase sem sotaque, apresenta Chovendo na Roseira. É um início morno que logo esquenta no número seguinte, Na Baixa do Sapateiro, cujo arranjo evoca o universo baiano ao simular o som de um berimbau. Em Marambaia, a cantora já está totalmente à vontade e, com emissão perfeita, canta a letra em andamento acelerado. E o fato é que, ao desfiar roteiro que reproduz quase na ordem as 22 faixas do CD Você e Eu, Teresa Salgueiro mostra real intimidade com o cancioneiro brasileiro. A tal leveza dos arranjos dá brilho todo especial a músicas como A Felicidade (não por acaso, um dos números mais aplaudidos pela platéia que lotou o Municipal do Rio), Corcovado (numa linda versão instrumental de contorno jazzístico que destaca a maestria do toque do baterista Daniel Di Paula), Lamento, Inútil Paisagem e Insensatez, entre outras. Dez!

A sós com o piano de João Cristal, a intérprete também se mostrou apta a encarar o alto teor sentimental de um samba-canção como Risque - habilidade que ela reafirmaria momentos depois ao entoar Valsinha com o mesmo piano e com as intervenções do violoncelo de Denise Ferrari. Já em Só Tinha de Ser com Você quem se sobressai é Zé Alexandre Carvalho, cujo contrabaixo acústico dá a pulsação inicial do número. Única música menos conhecida no roteiro de standards, o Samba de Orfeu motiva a cantora a arriscar uns passos de samba em cena - o que ela faria com maior desenvoltura em Você e Eu. Enfim, uma viagem feliz pelo cancioneiro brasileiros dos anos 30 ao 70 que poderia até ser cansativa, porque todas as músicas já tiveram gravações antológicas, mas que transcorre leve por conta da musicalidade de Teresa Salgueiro e da criatividade do grupo de João Cristal. No todo, o show Você e Eu supera o CD homônimo.

Com ironia, Dream Theater compila 'sucessos'

A rigor, o Dream Theater - grupo que faz rock pesado com textura progressiva - emplacou somente um (!) hit radiofônico, Pull me Under. O que explica o título irônico da criteriosa compilação recém-editada pela Warner Music no mercado brasileiro: Greatest Hit (...and 21 Other Pretty Cool Songs). Ao todo, a coletânea dupla rebobina 22 gravações editadas entre 1992 e 2005 - com direito a três remixes feitos em 2007 (e inéditos em disco) das músicas Another Day, Pull me Under e Take the Time. E a um lado B de single, To Live Forever. Eis a seleção do CD Greatest Hit (...and 21 Other Pretty Cool Songs) - cujo encarte inclui texto sobre a trajetória do quinteto:

Disco 1 (The Dark Side):
1. Pull me Under (1992)
2. Take the Time (1992)
3. Lie (1994)
4. Peruvian Skies (1997)
5. Home (1999)
6. Misunderstood (2002)
7. The Test that Stumped Them All (2001)
8. As I Am (2003)
9. Endless Sacrifice (2003)
10. The Root of All Evil (20o5)
11. Sacrificed Songs (2005)

Disco 2 (The Light Side):
1. Another Day (1992)
2. To Live Forever (1994)
3. Lifting Shadows off a Dream (1994)
4. The Silent Man (1994)
5. Hollow Years (1997)
6. Through Her Eyes (1999)
7. The Spirit Carries on (1999)
8. Solitary Shell (2001)
9. I Walk Beside You (2005)
10. The Answer Lies Within (2005)
11. Disappear (2002)