15 de dezembro de 2007

BR6 grava Ben, Chico, Djavan e Tom 'a capella'

Surfboard (Tom Jobim), Tanta Saudade (Djavan e Chico Buarque), Mas que Nada (Jorge Ben Jor) e Eu Quero um Samba (parceria de Haroldo Barbosa e Janet Almeida) estão no repertório do segundo disco nacional do grupo vocal BR6, Música Popular Brasileira à Capella Volume 2 (o primeiro volume foi lançado em 2004, pela Biscoito Fino). O CD chegará às lojas no início de 2008. Entre um volume e outro, o BR6 gravou e editou nos Estados Unidos e Canadá, pelo selo NuVision, o álbum Here to Stay - Gershwin & Jobim - disco ainda inédito no mercado fonográfico brasileiro. A foto de Marion Starosta retrata o grupo em sua atual formação.

Orquestra Lunar reúne voz e música de mulher

Sensível e belo samba inédito de Dona Ivone Lara, composto em parceria com Bruno Castro, Divina Missão abre o primeiro CD da Orquestra Lunar. Formada em 2005, no Rio de Janeiro (RJ), para projetar voz e música de mulher, a feminina orquestra tem duas boas cantoras da noite como crooners: Áurea Martins, para quem Ivone Lara fez o samba, e Vika Barcellos. No repertório do disco, editado pelo selo Rádio MEC com distribuição da Rob Digital, há inédita de Fátima Guedes (Garrafas ao Mar, pungente) e músicas de Sueli Costa (Voz de Mulher, com versos emblemáticos de Abel Silva) e Marina Lima (Grávida, parceria com Arnaldo Antunes). Detalhe: Ivone Lara gravou Divina Missão em dueto com Áurea.

A carioca Orquestra Lunar é integrada por Sheila Zagury (piano e teclados), Luciana Requião (baixo), Manoela Marinho (violões e cavaco), Georgia Camara (bateria/percussão) e Samantha Rennó (percussão). O trio de sopros - em evidência em faixas como Sol Carioca - é formado por Kátia Nascimento (trombone), Monica Ávila (sax alto e flauta) e Sueli Faria (sax barítono e flauta). Dez!

Soulfly lança sexto álbum em meados de 2008

O sexto álbum do grupo de metal Soulfly vai ser lançado em meados de 2008. Paralelamente ao muito esperado projeto que o reconcilia com o seu irmão Iggor Cavalera, Max Cavalera aprontou na Flórida (EUA) o sucessor de Dark Ages (2005). Em fase de finalização, o disco vai ter 13 faixas. Entre elas, Burndown, Enemy Ghost, Axis of Wrath e Blood, Fire, War, Hate. O CD será editado pela gravadora Roadrunner Records, hoje encampada pela major Warner Music.

Elali grava DVD com a adesão de Dominguinhos

Com a participação de Dominguinhos na versão em inglês de O Xote das Meninas, intitulada All She Wants, Marina Elali vai gravar seu primeiro DVD neste sábado - 15 de dezembro - em um show no estádio Machadão, em Natal (RN). O espetáculo tem direção musical de Lincoln Olivetti. O roteiro mistura músicas dos dois CDs da cantora potiguar - neta de Zé Dantas, parceiro de Luiz Gonzaga em O Xote das Meninas. O segundo disco de Elali, De Corpo e Alma Outra Vez, já saiu em novembro pela Som Livre.

14 de dezembro de 2007

Show das três 'meninas' pode virar CD e DVD

Jussara Silveira (à esquerda), Teresa Cristina e Rita Ribeiro têm planos de transformar em DVD e CD ao vivo o show inédito Três Meninas do Brasil que as cantoras estréiam nesta sexta-feira, 14 de dezembro, no Teatro Nelson Rodrigues, no Rio de Janeiro (RJ), com a direção de Jaime Alem, o maestro de Maria Bethânia. Revezando-se em solos, duetos e trios, as intérpretes vão mostrar repertório que inclui músicas de Caetano Veloso (Nu com a minha Música), Gilson de Souza (Pôxa, samba que fez grande sucesso nos anos 70) e Márcio Greyck (Impossível Acreditar que Perdi Você). Por ora, o show será apresentado somente no Rio de Janeiro - hoje e amanhã - e em Brasília (DF). Só que algumas gravadoras, como a Biscoito Fino, já estão atentas ao show das três meninas do Brasil.

CD e DVD para festejar os 30 anos de 'Embalos'

Faz exatamente 30 anos nesta sexta-feira, 14 de dezembro, que o mundo ocidental começou a se deixar contagiar pelos embalos de sábado à noite. Na pré-estréia que apresentou o filme Saturday Night Fever ao mercado cinematográfico norte-americano, em 14 de dezembro de 1977, ninguém poderia supor que o filme de John Badham, estrelado por um quase iniciante John Travolta, se transformaria logo num fenômeno de massa em âmbito mundial, influenciando o comportamento da juventude da época, mudando a cultura pop(ular), liderando as paradas de sucessos e marcando a década de 70. Para lembrar e festejar as três décadas de sucesso, a gravadora Warner Music e a Paramount estão reeditando - numa ação de marketing conjunta - o álbum que traz a (fantástica) trilha sonora do filme e o DVD com o longa-metragem, repleto de extras.

Reeditado sem faixas-bônus, remixes e sem sequer um texto que contextualize a sua importância na história da música de cinema, o disco com a trilha sonora de Saturday Nigth Fever acumula números também fenomenais. Calcula-se que ao longo destes 30 anos foram vendidos mais de 40 milhões de discos no mundo todo (15 milhões somente nos Estados Unidos). Por mais que tais dados tenham sido inflados, trata-se - de fato - da trilha sonora de filme mais vendida da história da indústria fonográfica. Um mérito dos Bee Gees. Depois de amargar período de baixa popularidade entre 1973 e 1974, o trio começou a reinventar sua música com beats dançantes. Jive Talkin' tinha garantido algum êxito para os irmãos Gibb em 1975. E foi justamente por causa desse som funkeado que o produtor do filme, Robert Stigwood, convidou os Bee Gees para assinar a trilha sonora da produção. Foi uma cartada certeira de Stigwood, mas certamente ele não imaginava - nem em seus mais delirantes sonhos - que o trio criaria uma música tão contagiante que teria papel decisivo no sucesso de Saturday Night Fever. E o curioso é que, das 17 faixas do disco, editado originalmente no formato de LP duplo, havia somente cinco novas músicas dos Bee Gees. Só que as cinco (Stayn' Alive, How Deep Is your Love, Night Fever, More than a Woman e If I Can't Have You) foram petardos explosivos que detonaram toda a febre de disco music no mundo.

É fato que foi a música dos Bee Gees que tornou o filme grandioso. Mas a história - inspirada em artigo de Nick Cohn, Tribal Rites of the New Saturday Night (Os Ritos Tribais de um Sábado à Noite), publicado em 1976 na revista New York Magazine - teve o mérito de mostrar na tela os anseios de uma juventude então sem grande perspectiva social que se anestesiava nas pistas para tornar a vida mais leve. Na pele de Tony Manero, John Travolta personificaria este jovem sem horizontes à vista que fazia da dança a sua válvula de escape. O sonho tinha acabado em 1970, mas toda uma geração crescia nos EUA em meio a um contexto de injustiça social e tinha que recriar seu próprio sonho. Nem que este fosse apenas ganhar um concurso de dança na discoteca mais badalada de seu bairro.

O relançamento nacional de Os Embalos de Sábado à Noite em DVD, numa Edição Especial de Aniversário, é oportuna. No Brasil, onde estreou em 1978, o filme também provocou frisson, alterou comportamentos e amplificou a disco music, sobretudo depois da estréia da novela das oito Dancin' Days, inspirada nos embalos que davam o tom da música pop da época. Como diz um depoimento ouvido nos (bons) minidocumentários apresentados nos extras do DVD, Saturday Night Fever está para os anos 70 assim como Juventude Transviada está para os 50. E o fato é que, 30 anos depois, aqueles embalos ainda reverberam na noite.

Cláudia Leitte vai deixar Babado Novo em 2008

A já presumível carreira solo da cantora Cláudia Leitte (em foto de Washington Possato) começará a ser delineada de fato em 2008. A vocalista do Babado Novo vai deixar o grupo algum tempo após o lançamento do DVD e CD ao vivo que a banda gravará em 17 de fevereiro, em show na Praia de Copacabana. Mas o primeiro disco solo de Cláudia Leitte deverá ser editado somente em 2009, para não atrapalhar o desempenho comercial do CD ao vivo do Babado.

Macalé pega o 'Bonde Folia' com frevo de 1969

Jards Macalé (à esquerda em foto de Geraldo Rocha) pega o Bonde Folia - CD que marca a estréia da Orquestra Popular Céu na Terra no mercado do disco. Macalé solta a voz em Pula-Pula!, frevo de 1969, de sua própria lavra. A faixa tem arranjo de sopros de Carlos Malta. O álbum reúne frevos, maxixes e marchinhas. O título remete ao bonde que circula em Santa Teresa, bairro carioca aonde sai no Carnaval, desde 2001, o bloco homônimo da orquestra. O disco é editado pelo selo Dubas.

13 de dezembro de 2007

Creuza investe na obra de Baden em CD trivial

Resenha de CD
Título: É Melhor Ser Alegre que Ser Triste
Artista: Maria Creuza
Gravadora: Albatroz
Cotação: * 1/2

Após um período de relativa evidência nos anos 70, Maria Creuza jamais conseguiu levar adiante sua carreira fonográfica com o padrão estilístico daquela década de auge artístico. Associada à obra de Vinicius de Moraes (1913 - 1980), a mediana cantora de certa forma continua ligada ao Poetinha neste disco em que interpreta onze temas de Baden Powell (1937 - 2000), o mais constante parceiro de Vinicius nos anos 60. A questão é que Creuza já não tem voz (nem ginga) para encarar afro-sambas do porte de Canto de Ossanha, Berimbau e Tem Dó. E tampouco sambas de cheios de quebras como Lapinha. Resultado: ouve-se um disco absolutamente trivial. Nenhuma das 11 músicas ganha um registro que, ao menos, rivalize com o brilho das gravações mais ilustres de pérolas como Deixa, Samba Triste, Samba da Benção e Consolação. Até porque as músicas de maior intensidade emocional - o caso de Apelo, adornada com sopros - pedem cantoras muito mais arrebatadoras. Maria Creuza tem lá sua importância na música brasileira. Mas este insosso É Melhor Ser Alegre do que Triste não faz jus a ela e tampouco a Baden.

Ike Turner, marido de Tina, morre aos 76 anos

A morte de Ike Turner, aos 76 anos, na última quarta-feira, 12 de dezembro, tira de cena um artista que - a despeito de seu legado musical rico - deverá ser sempre mais lembrado como o marido violento de Tina Turner, com quem viveu uma turbulenta relação afetiva e profissional de 1956 a 1976. A dupla Ike & Tina Turner começou a sua escalada de sucesso em 1960 com o hit A Fool in Love e, naquela década, emplacou alguns hits nas paradas de soul e r & b. Entre eles, Proud Mary. Mas a carreira de Ike não começa ao lado de Tina. Em 1951, uma música de autoria de Ike, Rocket 88, foi gravada pela banda Jackie Brenston and His Delta Cats com produção de Sam Philips. O registro é pioneiro e considerado por historiadores a primeira gravação de rock. Nos últimos tempos, talvez já livre do vício das drogas, o artista chegou a ensaiar uma recuperação de sua carreira e faturou até um Grammy em 2007 por conta de seu último álbum, Risin' With the Blues. Só que somente o tempo vai dizer se o legado do artista vai conseguir se impor sobre as ações lamentáveis do cidadão Ike Wister Turner.

Gorillaz reúne raridades e remixes em CD duplo

Gorillaz, grupo virtual da lavra de Damon Albarn, tem apenas dois álbuns editados. Todavia, como a indústria fonográfica precisa faturar, a banda já está lançando um segundo CD com raridades e remixes. D-Sides (capa à esquerda) é sucessor de G-Sides. A compilação é dupla e reúne 22 fonogramas nunca lançados no mercado. Além dos remixes de singles do álbum Demon Days, dispostos no disco 2, há versões alternativas e experimentais de músicas do repertório do grupo. Ou seja, é para fãs!!! Eis as faixas de D-Sides:

CD 1
1. 68 State
2. People
3. Hongkongaton
4. We Are Happy Landfill
5. Hong Kong
6. Highway (Under Construction)
7. Rockit
8. Bill Murray
9. The Swagga
10. Murdoc Is Good
11. Spitting out the Demons
12. Don't Get Lost in Heaven (versão demo original)
13. Stop the Dams


CD 2
1. Dare (DFA Remix)
2. Feel Good Inc (Stanton Warriors Remix)
3. Kids with Guns (Jamie T's Turns to Monsters Mix)
4. Dare (Soulwax Remix)
5. Kids with Guns (Hot Chip Remix)
6. El Mañana (Metronomy Remix)
7. Dare (Junior Sanchez Remix)
8. Dirty Harry (Schtung Chinese New Year Remix)
9. Kids with Guns (Quiet Village Remix)

'Rolled Gold' compila Stones com 40 gravações

Em 1975, a coletânea Rolled Gold reuniu 28 expressivas gravações da primeira década do grupo The Rolling Stones (a discografia do quarteto inicia em 1964). Trinta e dois anos depois, a Universal Music põe na loja a versão estendida da compilação, Rolled Gold +, com 40 gravações. E a lista de faixas do álbum duplo sinaliza que a fase de ouro dos Stones continua confinada àquela gloriosa primeira década de vida. Eis a bela seleção do CD Rolled Gold +:

CD 1
1. Come on
2. I Wanna Be Your Man
3. Not Fade Away
4. Carol
5. Tell me
6. It's All Over Now
7. Little Red Rooster
8. Heart of Stone
9. Time Is on my Side
10. Last Time
11. Play with Fire
12. (I Can't Get No) Satisfaction
13. Get Off my Cloud
14. I'm Free
15. As Tears Go By
16. Lady Jane
17. Paint It Black
18. Mother's Little Helper
19. 19th Nervous Breakdown
20. Under my Thumb
21. Out of Time
22. Yesterday's Papers
23. Let's Spend the Night Together
24. Have You Seen your Mother Baby, Standing in the Shadow?

CD 2
1. Ruby Tuesday
2. Dandelion
3. She's a Rainbow
4. We Love You
5. 2000 Light Years From Home
6. Jumpin' Jack Flash
7. Street Fightin' Man
8. Sympathy For The Devil
9. No Expectations
10. Let It Bleed
11. Midnight Rambler
12. Gimme Shelter
13. You Can't Always Get What You Want
14. Brown Sugar
15. Honky Tonk Women
16. Wild Horses

12 de dezembro de 2007

Márcio Montarroyos sai de cena no Rio aos 59

Nota triste desta quarta-feira, 12 de dezembro de 2007: a morte no Rio de Janeiro (RJ), aos 59 anos, vítima de câncer de pulmão, do às do trompete Márcio Montarroyos, um dos grandes mestres brasileiros do instrumento. O músico iniciou sua trajetória profissional nos anos 60 como integrante de um grupo chamado A Turma da Pilantragem. Sua carreira solo começou a deslanchar em 1973, quando gravou temas como Manhattan, No Rancho Fundo, Chão de Estrelas, Carinhoso, Mulher e Da Cor do Pecado para a trilha sonora nacional da novela Carinhoso, exibida pela Rede Globo às 19h. Foi quando ele passou a gravar e editar regularmente seus vários discos solos. Entre eles, Sessão Nostalgia (1973), Stone Alliance (1977), Magic Moment (1982), Carioca (1984) e o autoral Terra Mater (1989). Foram os anos - os anos 80 - em que houve o boom da música instrumental brasileira de tom jazzístico. Sobretudo no Rio - onde Montarroyos se apresentou em espaços como People e Mistura Fina. Como músico de estúdio, ele deixou a marca de seu sonoro trompete em discos de Caetano Veloso, Ney Matogrosso, Tom Jobim, Edu Lobo e Djavan, entre outros nomes. Montarroyos deixa CD inédito, Rio e o mar, que sairá em 2008.

Trio carioca retoca CD que traz Tico Santa Cruz

Grupo formado no Rio de Janeiro em fins de 2000, o power trio Stellabella assinou contrato com a gravadora carioca Coqueiro Verde Records e já entrou em estúdio para retocar seu primeiro álbum, Alguém, editado de forma totalmente independente em 2007. Algumas faixas estão sendo refeitas. Outras somente estão sendo remixadas. Mas todo o disco - que traz o vocalista do grupo Detonautas, Tico Santa Cruz, na música-título - passará por novo processo de remasterização. A reedição está prevista para março.

A contratação do trio Stellabella sinaliza a nova fase da Coqueiro Verde. Já desvinculada da EMI Music, major que distribuía seus produtos, a gravadora começa a formar elenco próprio. Além do Stellabella, a Coqueiro já contratou o grupo de reggae Nayah. A distribuição dos discos vai ficar a cargo da empresa Acesso 3000.

Roberta e Takai na lista de melhores da APCA

Primeiro belo trabalho solo de Fernanda Takai, Onde Brilhem os Olhos Seus foi eleito o melhor disco de 2007 na votação da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte). Roberta Sá - em foto de Paulo Vainer - foi escolhida a melhor cantora do ano por conta do CD Que Belo Estranho Dia para se Ter Alegria. Já Paulinho da Viola ficou com o troféu de cantor por conta de CD e de DVD gravados na série Acústico MTV. Na categoria grupo, a vitória foi da Orquestra Imperial, que lançou seu primeiro CD em 2007. A Revelação Feminina foi a cantora Marina de la Riva. Edu Krieger foi eleito a Revelação Masculina. Já o Fino Coletivo levou o troféu de Grupo Revelação. A cerimônia de entrega dos prêmios foi agendada para 25 de março, no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo (SP). Participaram da votação na área musical os jornalistas Inês Correia, Pedro Alexandre Sanches e José Norberto Flesch.

DVD documenta turnê do Oasis e traz o show

Lord, Don't Slow me Down - o DVD duplo editado no Brasil pela Universal Music neste mês de dezembro - combina show e documentário. No disco 1, há o filme dirigido por Baillie Walsh sobre a turnê do grupo inglês - com direito a comentários dos integrantes da banda e sessões de perguntas de fãs respondidas por Noel Gallagher. No disco 2, há um show propriamente dito do Oasis, captado em 2 de julho de 2005, num estádio da cidade inglesa de Manchester. São 17 músicas filmadas em alta definição. Enfim, um aperitivo para quem espera o álbum do Oasis que Liam e Noel Gallagher - entre tapas e beijos - prometeram para 2008...

11 de dezembro de 2007

Guitarrista do Barão lança CD solo instrumental

Enquanto o Barão Vermelho já revisa a irregular trajetória em biografia, um dos guitarristas do quinteto carioca, Fernando Magalhães, lança seu primeiro disco solo na internet. Editado somente em formato digital, o álbum é instrumental e já está disponível para download na Warner Music Store. O autoral repertório do CD é formado por dez músicas. Entre elas, Insônia, Amanhecer, Rádio Sonora, Só o Tempo e De Bicicleta no Parque.

Popular na rede, D'Black ingressa na Universal

Por conta de um vídeo de alta visibilidade no YouTube, que projetou a sua música Sem Ar, o ator e cantor Vinicius D'Black - que já adota o nome artístico de D'Black - assinou contrato com a Universal Music. O lançamento do primeiro CD do rapaz - de 23 anos - está agendado para março. No momento, D'Black integra o elenco da novela Dance Dance Dance - em que vive o personagem MP3. Antes, ele atuou em Vidas Opostas, a novela da Record.

Yamandu lida (bem) com suas origens gaúchas

Resenha de CD
Título: Lida
Artista: Yamandu Costa
Gravadora: Tratore
Cotação: * * * 1/2

Em seu sétimo (bom) álbum, Yamandu Costa se volta para as suas origens gaúchas com repertório majoritariamente autoral que transita pelos ritmos do Rio Grande do Sul. Gravado de maneira independente pelo músico e editado com distribuição da Tratore, o CD Lida reafirma o talento ímpar de Yamandu como violonista. E, mesmo sendo melhor violonista do que compositor, o artista lida (muito) bem com as tradições musicais gaúchas em cancioneiro que destaca bonita faixa inspirada no livro O Tempo e o Vento do conterrâneo escritor Érico Veríssimo (a lírica Ana Terra), um chamané de criação alheia (Dayanna, de Alessandro Penezzi) e uma Baionga, que - como já sugere o título - é fusão de baião com milonga. Sempre soberbo no violão, Yamandu toca na companhia do violinista Nicolas Krassik e do baixista Guto Wirtti. O trio enfatiza o espírito dançante de temas como Bem Bagaula e Brincante. Mesmo que nem todas às músicas estejam à altura dos músicos, Lida é disco bacana porque Yamandu Costa é fera, tchê!

Novo CD de Madonna, 'Licorice' (?), sai em abril

Licorice seria o título do álbum que Madonna vai lançar em abril. Mas a informação é extra-oficial. O rapper Kanye West está entre os convidados do disco. Com a edição deste CD e de uma coletânea de sucessos que vai englobar toda sua obra, a estrela encerra o seu vínculo com a Warner Music e passa a gravar pela Artist Nation - o braço fonográfico da empresa Live Nation, que irá gerenciar todos os empreendimentos relativos a Madonna. O contrato é inovador.

10 de dezembro de 2007

Cidade Negra pouco diverte na seara dos covers

Resenha de CD / DVD
Título: Diversão
Artista: Cidade Negra
Gravadora: EMI Music
Cotação: * *

No making of deste segundo registro de show consecutivo, os músicos do Cidade Negra enfatizam que este projeto de covers que marca sua estréia na gravadora EMI Music era idéia antiga. Pode até ser, mas a idéia se tornou providencial no momento em que a banda se viu sem abrigo na indústria fonográfica depois que seu contrato com a Sony BMG - a gravadora na qual o Cidade Negra estreou em 1990 e permaneceu até 2006 - não foi renovado. Mas é idéia ruim.

Após ter sido induzido a clonar o reggae aguado de Armandinho no CD e DVD anterior, Direto, o Cidade Negra pega novamente a onda errada. Em Diversão, a tarefa ingrata foi transformar em reggae 18 sucessos da MPB e do pop nacional. Munido de sopros, guitarras e numerosos efeitos de dub (que dão o tom viajante em faixas como O Tempo Não Pára e Errare Humanun Est, músicas dos repertórios de Cazuza e Jorge Ben Jor, respectivamente), o quarteto procura dar dignidade a este projeto de natureza insana.

O grupo pode ser legal e o vocalista Toni Garrido pode esbanjar carisma e presença, só que a diversão é rala. Há algumas poucas músicas que até caem bem na levada do Cidade - os casos de Lilás (Djavan), Tudo Azul (Lulu Santos) e de Me Liga (Herbert Vianna). Em contrapartida, qual a razão de regravar A Palo Seco, música tão datada e específica do universo de Belchior?! Qual a razão de regravar Inútil, um hino do Ultraje a Rigor associado a momento específico da história política nacional?! Qual a razão de regravar Minha História, a versão de Chico Buarque para Gesubambino, e com licenças poéticas na letra?! Qual a razão de transformar em reggae canção tão terna da Legião Urbana como Monte Castelo?!

Enfim, como já demonstrara em Direto, o Cidade Negra parece sem rumo. E de nada adianta expor a imagem do Leão de Judá - símbolo do reggae jamaicano - no centro do palco se a banda está cada vez mais distante de suas belas raízes. De nada adianta toda uma produção eficiente se, musicalmente, o resultado é por vezes constrangedor. Cassiano não merecia ter sua canção A Lua e Eu inserida neste repertório exótico. Da mesma forma que Clube da Esquina 2 no compasso do reggae chega a ser risível. Sim, há duas boas incursões pelo repertório de Pepeu Gomes (Meu Coração e, sobretudo, O Mal É o que Sai da Boca do Homem), mas nada apaga a má impressão de mais um trabalho equivocado do Cidade Negra. Já passa da hora de repensar a filosofia e o existência do quarteto.

DVD apenas para quem gosta muito de Alcione

Resenha de DVD
Título: De Tudo que Eu Gosto
Artista: Alcione
Gravadora: Indie Records
Cotação: * *

Somente o apego (exagerado) da indústria fonográfica aos registros audiovisuais explica a edição deste quarto DVD de Alcione. Em De Tudo que Eu Gosto, a Marrom rebobina as músicas do CD homônimo em show feito no estúdio Mega em 2 e 3 de julho (a exceção é a toada de boi Se Não Existisse o Sol). E poderia até soar interessante se o áudio não fosse o mesmo do CD. Ou seja, a cantora dubla as músicas do álbum. Não é show à vera - em que pese toda a mise-en-scène feita no estúdio. Com direito a participação de convidados como Mart'nália (na bela Laguidibá, a melhor música do irregular repertório), Marcelo Falcão e Homero Ferreira. Nos extras, há galeria de fotos, o curto making of do CD - intitulado Alcione em Estúdio - e imagens do dueto com Gilberto Gil em Entre a Sola e o Salto. Enfim, é um DVD apenas para quem gosta muito de Alcione na atual fase. E o pior é que há quem goste.

Lionel Richie revive tempos de glória em Paris

Resenha de CD e DVD
Título: Lionel Richie Live - His Greatest Hits
and More
Artista: Lionel Richie
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * *

Quando vai recordar Stuck on You, na primeira fria metade deste show gravado em lotada arena de Paris, Lionel Richie solicita o coro do público. E é prontamente atendido. Já no fim do show, quando revive Hello, o cantor nem precisa pedir: a platéia canta com ele todos os versos dessa balada que caracteriza a parte mais sentimental da obra do bom artista. No show, editado em CD e DVD (o primeiro do astro), Richie revive seus tempos de glória. Ele hoje pode soar obsoleto, mas, nas décadas de 70 e 80, foi fera e emplacou sucessivos hits nas paradas. Primeiramente no grupo Commodores e depois em carreira solo - especialmente bem-sucedida na primeira metade dos anos 80. Eles - os hits - pontuam o roteiro entre músicas do último (bom) álbum de Richie, Coming Home. Tudo certo, pois o público queria ouvir - e ouviu - Easy, Still, Three Times a Lady (com direito a um introdutório solo de sax à moda de Kenny G!!), Endless Love, Lady e as dançantes Brick House (de balanço funky) e All Night Long (música de contagiante suingue latino). Ou seja, o show tem um ar saudosista. Mas cumpre seu objetivo de reavivar o valioso legado de Lionel Richie na música pop norte-americana.

Ed compila os 'grooves' plurais de Marku Ribas

O selo Dubas Música dá outra grande contribuição à musica brasileira com o lançamento da coletânea Zamba Ben, de Marku Ribas, cantor e (genial) compositor que transitou na cena underground da década de 70 com seus azeitadíssimos samba-rock e samba-soul. Até porque Ribas não teve (ainda) seus LPs originais editados em CD. Pena, pois a audição das 13 músicas - compiladas por Ed Motta - mostra que os grooves plurais de Ribas extrapolam rótulos. Em Meu Samba Regué, Ribas cruzou pioneiramente a batida do samba com a levada do reggae - dez anos antes dos grupos afros-baianos inventarem o gênero samba-reggae, nascido de fusão similar (mas não idêntica). Na música Coisas de Minas, o compositor evocou as tradições de sua terra natal - ele é de Pirapora (MG) - com suingue afro. Em Quem Sou Eu?, ele deu uma de Lupicínio Rodrigues e caiu na fossa - sem perder o balanço. Que aparece de forma explosiva em faixas como Zi-Zambi, Barrankeiro, Zamba-Ben e Tira Teima. A bem-vinda compilação festeja os 60 anos que Ribas completou em 2007. Eis a primorosa seleção de Ed Motta para Zamba Ben:

1. Zi-Zambi - Do álbum Marku (Copacabana, 1975)
2. Cruzeiro do Sol - Do álbum Barrankeiro (Philips, 1977)
3. Meu Samba Regué - Do álbum Marku Ribas (Copacabana, 1976)
4. Tira Teima - Do álbum Marku (Underground, 1972)
5. Zamba Ben - Do álbum Marku (Underground, 1972)
6. Curumim - Do álbum Marku (Copacabana, 1975)
7. Ô Mulher - Do álbum Barrankeiro (Philips, 1977)
8. Brazil com Z - Do álbum Marku (Trilha Som e Imagem, 1983)
9. Coisas de Minas - Do álbum Marku Ribas (Copacabana, 1976)
10. Quem Sou Eu? - Do álbum Barrankeiro (Philips, 1977)
11. Barrankeiro - Do álbum Barrankeiro (Philips, 1977)
12. Júlia - Do álbum Cavalo das Alegrias (Philips, 1979)
13. Kazumbanda - Do álbum Marku (Copacabana, 1975)

9 de dezembro de 2007

O mergulho de Bethânia é mais fundo no palco

Resenha de CD
Título: Dentro do Mar Tem Rio
- Maria Bethânia ao Vivo
Artista: Maria Bethânia
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * * 1/2

Este é mais um álbum ao vivo de Maria Bethânia? Sim e não. Sim, já que, a rigor, Dentro do Mar Tem Rio é mais um registro de show a somar em discografia que ganha regularmente títulos ao vivo desde 1968. E não, pois este CD duplo que chega às lojas com a tiragem inicial de 30 mil cópias não é mais um disco ao vivo de Bethânia. É, antes, um dos grandes discos ao vivo de Bethânia. Que beira a perfeição e - se não a atinge - é somente por conta de duas músicas destoantes do roteiro, Você e Sob Medida. Músicas, aliás, que não constavam do repertório do espetáculo em sua primorosa estréia, em novembro de 2006, em São Paulo (SP), mas entraram no meio da temporada. Em contrapartida, o roteiro ganhou a bela O Nome da Cidade, música de Caetano Veloso que - unida a Grão de Mar (Chico César e Márcio Arantes) - se tornaria um dos mais pungentes números do espetáculo, para o qual (até) parece criada.

Ao expor no palco suas memórias das águas, com base nos fartos repertórios dos álbuns Mar de Sophia e Pirata, Maria Bethânia formatou um de seus mais belos shows. Aliás, um dos poucos que apresentou uma costura e um conceito realmente novos - sem que estivesse calcado em maior ou menor grau no emblemático Rosa dos Ventos (1971), pilar da obra teatral da intérprete. Daí a total importância deste CD ao vivo que registra o espetáculo na íntegra - tal como ele foi apresentado na gravação, realizada em agosto de 2007 no Canecão (a filmagem do DVD - também feita na ocasião - foi rejeitada pela cantora, o que motivou nova gravação do show neste mês de dezembro, no encerramento da turnê em São Paulo).

Conceitos à parte, o mergulho de Bethânia sempre foi mais fundo no palco. Daí a (real) necessidade da edição de discos ao vivo da cantora. É no palco que seu canto e sua força se expandem. Basta comparar as gravações originais de músicas com Beira-Mar e A Dona do Raio e do Vento com os registros ao vivo para atestar a supremacia da intérprete em cena. É bem verdade que, no palco, seu canto fica menos polido. E aí ouve-se, ainda hoje, uma outra desafinada - como em Sábado em Copacabana - porém nada que amenize a beleza e / ou a intensidade de seus discos ao vivo. Até porque Bethânia nunca maquia no estúdio seus registros de show.

Com luxuoso encarte, repleto de belas fotos de Beti Niemeyer, o CD Dentro do Mar Tem Rio também se impõe na discografia ao vivo de Bethânia pela apurada qualidade técnica. O som é límpido. A voz da diva é ouvida com clareza. Assim como as intervenções do público - seja a bem-humorada contribuição à letra de Sereia de Água Doce, sejam as palmas calorosas que ecoam após o texto Ultimatum e Movimento dos Barcos, que encerra o segundo ato.

Diferentemente de Tempo Tempo Tempo Tempo, show que estreou mal e foi se ajustando na estrada, Dentro do Mar Tem Rio já chegou arrebatador à cena na estréia. Um registro de suas primeiras apresentações teria sido (mais) valioso. Ainda assim, a gravação perpetuada neste CD ao vivo honra o histórico de Maria Bethânia no palco. Difícil não se levar pela correnteza de emoção!!

Bela cantora, Cañas não se impõe como autora

Resenha de CD
Título: Amor e Caos
Artista: Ana Cañas
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * 1/2

Incensada no circuito hype de shows (de São Paulo) como a bela cantora que de fato ela é, Ana Cañas não mostra em seu primeiro disco toda a força e exuberância vocal exibida nos palcos. Amor e Caos descarta os standards jazzísticos entoados pela intérprete paulista em espaços bem sofisticados como o bar Baretto, do Hotel Fasano, onde Cañas recebeu elogios de nomes como Chico Buarque e Caetano Veloso. Deste, aliás, a intérprete apresenta bela releitura cool de Coração Vagabundo. Mas a cantora quis logo se impor como compositora com safra autoral (bastante) irregular. E, como Ana Cañas não é a compositora que imagina ser, o CD sofre com essa arrojada opção.

Amor e Caos não é disco de jazz. Mas traz algo do jazz , do blues e da MPB em sua sofisticada sonoridade pop. A correta música de trabalho, A Ana, pueril retrato autobiográfico, pode até sugerir cantora disposta a seguir a receita radiofônica. Contudo, a pista é falsa. Cheia de si, Ana Canãs transita na contramão deste pop mais certinho escorada em poderosa voz de contralto que, nos shows, revela um calor que não chegou ao disco. Já pelos floreios vocais que introduzem Mandinga Não dá para perceber o rigor estilístico da intérprete. Tal música é um de seus trunfos como compositora ao lado de Devolve, Moço (os produtores Alexandre Fontanetti e Fabá Jimenez são, na maioria das músicas, os parceiros de Cañas).

Em apenas dez faixas que totalizam 35 minutos, Cañas (im)põe sua personalidade forte e sua assinatura bem nítida. E já sobra nela a identidade que falta em muitas cantoras iniciantes. Mesmo assim, os melhores momentos do CD Amor e Caos são aqueles em que a intérprete encara repertório alheio. Há abordagem bem bacana de Rainy Day Women # 12 & 35, de Bob Dylan, e boa música de Jorge Mautner, Super Mulher, que ganhou intervenção da percussão de Naná Vasconcelos. Suave como o cover de Coração Vagabundo.

Amor e Caos é disco concebido com uma alta dose de pretensão. Faltou humildade (até) para creditar na ficha técnica a inspiração buscada na forma de Diariamente - canção de Nando Reis, lançada por Marisa Monte em 1991 em seu álbum Mais - para escrever os versos de Para Todas as Coisas (a estrutura da letra é a mesma). A determinação e a segurança de Ana Cañas neste primeiro trabalho fonográfico lembra, aliás, a forte estréia em disco de Marisa. Mas esta teve humildade para seduzir o público primeiramente com a sua voz para somente depois começar a impor repertório autoral. Ana Cañas teria sido mais feliz se, nesta seara, tivesse se inspirado na colega ao gravar seu bom - mas, de certo modo, decepcionante - primeiro disco. Seja como for, Ana Canãs veio para ficar. Ficará?

A trilha da contracultura em cores vivas na tela


Resenha de filme
Título: Across the Universe
Diretora: Julie Taymor
Elenco: Jim Sturgess, Evan Rachel Wood, Dana Fuchs, Bono Vox e outros
Distribuição da Columbia Pictures
Cotação: * * * *

Mesmo que esteja por um laço histórico parcialmente atrelada ao universo da contracultura dos anos 60, a música dos Beatles resiste fabulosamente ao tempo sem jamais soar datada. E mais uma prova da perenidade da obra dos Fab Four estreou nos cinemas do Brasil na última sexta-feira, 7 de dezembro. Em Across the Universe, o filme de Julie Taymor, a trilha da contracultura explode em cores vivas (e psicodélicas) na tela. Letras de canções do Beatles por elenco afinado são cantadas e utilizadas dentro do contexto da narrativa musical. Em torno do casal Jude e Lucy, um grupo tenta seu lugar ao sol na agitada Nova York dos anos 60. Em meio a violentos protestos contra a Guerra do Vietnã, bons personagens como a cantora Sadie e o guitarrista JoJo - referências bem explícitas a Janis Joplin e a Jimi Hendrix - se envolvem numa trama sedutora. Até Bono Vox dá o ar da graça como Dr. Robert e interpreta I'm the Walrus. O filme é irresistível.

As músicas aparecem no filme na trilha sonora - lançada em CD no Brasil na semana de estréia do longa-metragem - nas gravações do elenco. Os atores cantam bem, em especial Dana Fuchs, intérprete de Sadie e de temas mais pesados como Helter Skelter, o hino dos protestos políticos da trama. Os puristas que policiam a obra dos Beatles podem até fechar os ouvidos para a beleza das versões, só que o fato é que as músicas ganham novas vidas. Nem tanto no CD, mas sobretudo na tela. Let It Be vira tema gospel com direito a um coro negro. A pueril I Want to Hold your Hand recebe contornos lésbicos na voz de Prudence (T.V. Carpio), que - aliás - entra pela janela do banheiro na comunidade hippie onde moram os jovens. É sutil alusão a uma música dos Beatles (She Came in Through the Bathroom Window) que nem aparece no filme. Tanto a narrativa como os diálogos estão cheio de citações inteligentes que farão a alegria de beatlemaníacos de espírito desarmado para apreciá-las.

A diretora Julie Taymor - que já demonstrara em Frida, seu filme anterior, a habilidade para projetar cores na tela - filmou imagens belíssimas. As seqüências psicodélicas do fim são especialmente sedutoras. E, acima de tudo, paira a beleza da música de Lennon, McCartney e Cia. Algumas nem tão conhecidas assim... - casos de I've Just Seen a Face e Happiness Ia a Warm Gun. Enfim, Across the Universe é um filme pop, romântico, jovem e cativante que joga novas cores na aquarela dos Fab Four sem jamais vulgarizar a obra que é a maior referência musical do século 20. A trilha é dez.

Edu morre na praia do reggae pop e ensolarado

Resenha de CD
Título: Luau
Artista: Edu Ribeiro
Gravadora: Deckdisc
Cotação: * *

Projetado no circuito indie em 2006 na onda de Me Namora, grande hit de seu primeiro CD, o paulista Edu Ribeiro migrou para a Deckdisc, gravadora de perfil também indie, mas de organização e métodos similares aos das majors. Pela Deckdisc, Ribeiro lança seu segundo CD, Luau, e morre na praia do reggae ensolarado, repetitivo e pueril. Entre 12 músicas e quatro vinhetas ou intros (na primeira, o artista já avisa que a faixa seguinte, Dias de Sol, é "para quem gosta de sol, praia e céu azul"), que formam o repertório quase todo autoral, Edu bate sem inventividade nesta tecla do sal, céu, sol. De Mais Ninguém, a primeira música de trabalho, dá o tom do romantismo alto astral do Luau de Edu. Poderia até ser a trilha do verão que se aproxima se as composições de Edu não soassem tão insossas. Pelos títulos de vários temas - Princesa do Hawaii, Ver o Mar, Falar de Amor, Descer a Serra (Good Vibes) - já dá para perceber o amontoado de clichês do pop reggae do artista. Nem a adesão de integrantes do grupo Charlie Brown Jr. (Chorão, Pingüim e Thiago Castanho), na co-autoria e na gravação de Você por Perto, foi capaz de mudar o tom, apesar dos beatboxs que moldam a faixa. Previsível, Edu põe na roda até uma toada de Gonzaguinha (1945 - 1991), Espere por mim, Morena - lançada pelo autor em 1976 e rebobinada por Edu em dueto trivial com Serginho Moah, vocalista da banda gaúcha Papas da Língua. A boa trama de violões da faixa final, Me Faz Tão Bem, parece ser o único suspiro de criatividade de CD que pega a onda deste reggae criado para surfistas e tribos afins. Tem lá seus encantos para a turma, mas, musicalmente, o tempo está nublado.