9 de dezembro de 2007

Bela cantora, Cañas não se impõe como autora

Resenha de CD
Título: Amor e Caos
Artista: Ana Cañas
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * 1/2

Incensada no circuito hype de shows (de São Paulo) como a bela cantora que de fato ela é, Ana Cañas não mostra em seu primeiro disco toda a força e exuberância vocal exibida nos palcos. Amor e Caos descarta os standards jazzísticos entoados pela intérprete paulista em espaços bem sofisticados como o bar Baretto, do Hotel Fasano, onde Cañas recebeu elogios de nomes como Chico Buarque e Caetano Veloso. Deste, aliás, a intérprete apresenta bela releitura cool de Coração Vagabundo. Mas a cantora quis logo se impor como compositora com safra autoral (bastante) irregular. E, como Ana Cañas não é a compositora que imagina ser, o CD sofre com essa arrojada opção.

Amor e Caos não é disco de jazz. Mas traz algo do jazz , do blues e da MPB em sua sofisticada sonoridade pop. A correta música de trabalho, A Ana, pueril retrato autobiográfico, pode até sugerir cantora disposta a seguir a receita radiofônica. Contudo, a pista é falsa. Cheia de si, Ana Canãs transita na contramão deste pop mais certinho escorada em poderosa voz de contralto que, nos shows, revela um calor que não chegou ao disco. Já pelos floreios vocais que introduzem Mandinga Não dá para perceber o rigor estilístico da intérprete. Tal música é um de seus trunfos como compositora ao lado de Devolve, Moço (os produtores Alexandre Fontanetti e Fabá Jimenez são, na maioria das músicas, os parceiros de Cañas).

Em apenas dez faixas que totalizam 35 minutos, Cañas (im)põe sua personalidade forte e sua assinatura bem nítida. E já sobra nela a identidade que falta em muitas cantoras iniciantes. Mesmo assim, os melhores momentos do CD Amor e Caos são aqueles em que a intérprete encara repertório alheio. Há abordagem bem bacana de Rainy Day Women # 12 & 35, de Bob Dylan, e boa música de Jorge Mautner, Super Mulher, que ganhou intervenção da percussão de Naná Vasconcelos. Suave como o cover de Coração Vagabundo.

Amor e Caos é disco concebido com uma alta dose de pretensão. Faltou humildade (até) para creditar na ficha técnica a inspiração buscada na forma de Diariamente - canção de Nando Reis, lançada por Marisa Monte em 1991 em seu álbum Mais - para escrever os versos de Para Todas as Coisas (a estrutura da letra é a mesma). A determinação e a segurança de Ana Cañas neste primeiro trabalho fonográfico lembra, aliás, a forte estréia em disco de Marisa. Mas esta teve humildade para seduzir o público primeiramente com a sua voz para somente depois começar a impor repertório autoral. Ana Cañas teria sido mais feliz se, nesta seara, tivesse se inspirado na colega ao gravar seu bom - mas, de certo modo, decepcionante - primeiro disco. Seja como for, Ana Canãs veio para ficar. Ficará?

19 Comments:

Anonymous Anônimo said...

se esse não fizer sucesso, no segundo disco ela fica mais humilde...

9 de dezembro de 2007 às 15:55  
Anonymous Anônimo said...

vi essa cantora uma vez no Baretto e ela não é tudo isso não. é sim muito bonita. o que faz com que ao vivo tudo desça um pouco melhor não dá pra negar, sejamos honestos. tenho certeza que os elogios de Chico e Caetano tem a ver com isso também. não to dizendo que ela não tenha algum talento, mas se não fosse gata não estaria recebendo toda essa atenção. são os fatos da vida minha gente...

9 de dezembro de 2007 às 16:19  
Anonymous Anônimo said...

Pois é...

Não conheço o trabalho dela, mas já estou criando uma certa antipatia por ela.

Tudo que a música brasileira não precisa nesse momento é de (mais) alguém pedante e pretensioso. Que pena.

abração,
Denilson

10 de dezembro de 2007 às 11:41  
Anonymous Anônimo said...

Isso parece tão chato...

10 de dezembro de 2007 às 11:49  
Anonymous Anônimo said...

bota pretencioso nisso...
vide o video de promoção (?) que a gravadora fez e está no My Space da moça.

10 de dezembro de 2007 às 13:55  
Anonymous Anônimo said...

Mauro, as vezes o fim dos seus comentários parecem ambíguos!

10 de dezembro de 2007 às 14:23  
Anonymous Anônimo said...

Ela diz que começou a compor há apenas 1 ano, porque não achava músicas no feminino que a representassem. E assinou contrato de 5! discos com a Sony. Espero que aprenda a compor até lá...
Concordo que "Devolve, moço" é uma das mais bacanas, menos auto-afirmativa que A Ana, menos sem personalidade que Para Todas as Coisas... Ana soa às vezes Céu, às vezes Marisa, mas no fundo quer ser Amy... Precisa se resolver melhor.

11 de dezembro de 2007 às 10:24  
Anonymous Anônimo said...

Olha, ainda não vi a tal da identidade na moça. Quem sabe ao vivo, mas não no cd. Concordo com Luci, acima. Soa às vezes Céu, às vezes Marisa, etc. Esse é o mal das jovens cantoras de hoje, todas são parecidas demais.

11 de dezembro de 2007 às 14:48  
Anonymous Anônimo said...

Mauro, vc poderia me esclerer uma dúvida?
Você disse : E, como Ana Cañas não é a compositora que imagina ser......Amor e Caos é disco concebido com uma alta dose de pretensão....

Qual é a diferença de Ana para Bebel Gilberto para Céu, para Marina de la riva, Mariana Aydar, Fabiana Cozza, Roberta Sá e tantas outras cantoras e/ou compositoras que são enaltecidas como divas!!!! no quesito composição, sonoridade, postura de palco e domínio real do que estão fazendo? QUal a diferença? sem gostos pessoal.

Sinceramente acho tudo superficial, mas como hoje tudo é superficial, maquiado, plastificado acho que todas elas tem o seu valor e coragem.
E em relação a Ana Cañas, fazia tempo que não ouvia um disco tão diferente no mercado brasileiro, sem modismos explícitos e presença de espírito. Mesmo não achando o melhor disco dos últimos tempos, acho que ela dá o recado muito melhor que todas as outras.

11 de dezembro de 2007 às 15:38  
Anonymous Anônimo said...

Peço licença ao Mauro para tentar elucidar a dúvida da Calu: a diferença, querida Calu, está na postura do departamento de marketing da gravadora. Talvez a própria Ana Cañas nem tenha culpa disso, mas ela já chegou conquistando a antipatia do público por causa dessa personalidade artística pretenciosa. Enquanto as bem sucedidas Roberta Sá e Maria Rita gravam Rodrigo Maranhão, Edu Krieger e Pedro Luís, Ana Cañas vem com esse papo de que precisou compor suas próprias canções porque não encontrou músicas que a agradassem. Fabiana Cozza, Marina de la Riva, Céu, todas elas se colocam como parte de uma cena musical que surge com força na nova geração, unindo intérpretes, compositores e instrumentistas. Mas Ana Cañas parece querer jogar sozinha. Volto a dizer, talvez ela nem tenha culpa por passar tal impressão. E, se realmente não tiver essa culpa, ainda tem pelo menos mais quatro discos pela frente para tentar se redimir. Baixa a bola, Ana Cañas, porque talento você tem de sobra.

12 de dezembro de 2007 às 04:23  
Anonymous Anônimo said...

Mauro, comprei o CD e concordo com suas observações.

Ana tem estilo e uma voz bastante peculiar. Espero que invista melhor no repertório.

Maria

12 de dezembro de 2007 às 13:31  
Anonymous Anônimo said...

A julgar pelo MySpace dela e pela música de trabalho horrorosa, indigente e totalmente auto-referente, a Cañas está mais para bucha que para canhão. Essa aí só vai fazer sucesso em Sampa mesmo.

12 de dezembro de 2007 às 15:53  
Anonymous Anônimo said...

A julgar por A Ana e Devolve moço, não ouvi nada de peculiar.

12 de dezembro de 2007 às 20:58  
Anonymous Anônimo said...

ANA não é, realmente, grande compositora (será um dia?!), mas tem uma voz peculiar, sensual e, ao que parece, tem o que dizer.

Além de tudo é uma gata!!!

Muito bem vinda!

13 de dezembro de 2007 às 11:45  
Anonymous Anônimo said...

Essas "resenhas" (reclamações pessoais, "boa música", "suave", "pueril", etc., sobre músicas e afins) são todas iguais: rabugentas, reclamando sempre a mesma ladainha, de quem parece ser, apenas e tão somente, um qualquer um. Pretensão? Ana Caãs é uma opinião, em se tratando de música, muito mais aconselhável do que um tal de... quem? Prefiro ficar mesmo do lado de um respeitável Chico Buarque.

2 de janeiro de 2008 às 04:32  
Anonymous Anônimo said...

É como diria o ditado chinês: "o prego que se destaca é martelado".

2 de janeiro de 2008 às 05:02  
Anonymous Anônimo said...

A voz da Ana Cañas é legal, mas não tem nada de novo. Escutem a voz da Marina Lima em meados da década de 80, antes da depressão e da afonia. È a mesma coisa, com a diferença de que Marina é boa compositora.

13 de fevereiro de 2008 às 23:53  
Anonymous Anônimo said...

Muito bacana essa moça, vale muito a pena ouvir o cd.

12 de março de 2008 às 10:33  
Anonymous Anônimo said...

Bom, estamos todos certos em avaliar o perfil de uma cantora, suas composições, sua voz, seus instrumentistas... Quanto a isso, não há o que se discutir. Mas pensem bem na coragem dessa Moça de enfrentar um público como vocês! Prontos para falar o que der na telha né... Como em qualquer profissão, é preciso estudo, humildade e dedicação, senão ninguém vai pra frente. Mas é preciso também ousadia e coragem, pois pra ser artista nesse mundo é preciso até bem mais do que talento... Aliás, quem a conhece de fato? Quem é cantor ou instrumentista como Chico Buarque pra ter alguma base de julgamento? Aliás, a voz dela não tem nada a ver com Céu, com Marisa, é só o que alguns de vocês conhecem. (principalmente os que criticaram negativamente). Respeitem o artista como um todo. Nanda Rodrigues

24 de março de 2008 às 17:38  

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