9 de dezembro de 2007

A trilha da contracultura em cores vivas na tela


Resenha de filme
Título: Across the Universe
Diretora: Julie Taymor
Elenco: Jim Sturgess, Evan Rachel Wood, Dana Fuchs, Bono Vox e outros
Distribuição da Columbia Pictures
Cotação: * * * *

Mesmo que esteja por um laço histórico parcialmente atrelada ao universo da contracultura dos anos 60, a música dos Beatles resiste fabulosamente ao tempo sem jamais soar datada. E mais uma prova da perenidade da obra dos Fab Four estreou nos cinemas do Brasil na última sexta-feira, 7 de dezembro. Em Across the Universe, o filme de Julie Taymor, a trilha da contracultura explode em cores vivas (e psicodélicas) na tela. Letras de canções do Beatles por elenco afinado são cantadas e utilizadas dentro do contexto da narrativa musical. Em torno do casal Jude e Lucy, um grupo tenta seu lugar ao sol na agitada Nova York dos anos 60. Em meio a violentos protestos contra a Guerra do Vietnã, bons personagens como a cantora Sadie e o guitarrista JoJo - referências bem explícitas a Janis Joplin e a Jimi Hendrix - se envolvem numa trama sedutora. Até Bono Vox dá o ar da graça como Dr. Robert e interpreta I'm the Walrus. O filme é irresistível.

As músicas aparecem no filme na trilha sonora - lançada em CD no Brasil na semana de estréia do longa-metragem - nas gravações do elenco. Os atores cantam bem, em especial Dana Fuchs, intérprete de Sadie e de temas mais pesados como Helter Skelter, o hino dos protestos políticos da trama. Os puristas que policiam a obra dos Beatles podem até fechar os ouvidos para a beleza das versões, só que o fato é que as músicas ganham novas vidas. Nem tanto no CD, mas sobretudo na tela. Let It Be vira tema gospel com direito a um coro negro. A pueril I Want to Hold your Hand recebe contornos lésbicos na voz de Prudence (T.V. Carpio), que - aliás - entra pela janela do banheiro na comunidade hippie onde moram os jovens. É sutil alusão a uma música dos Beatles (She Came in Through the Bathroom Window) que nem aparece no filme. Tanto a narrativa como os diálogos estão cheio de citações inteligentes que farão a alegria de beatlemaníacos de espírito desarmado para apreciá-las.

A diretora Julie Taymor - que já demonstrara em Frida, seu filme anterior, a habilidade para projetar cores na tela - filmou imagens belíssimas. As seqüências psicodélicas do fim são especialmente sedutoras. E, acima de tudo, paira a beleza da música de Lennon, McCartney e Cia. Algumas nem tão conhecidas assim... - casos de I've Just Seen a Face e Happiness Ia a Warm Gun. Enfim, Across the Universe é um filme pop, romântico, jovem e cativante que joga novas cores na aquarela dos Fab Four sem jamais vulgarizar a obra que é a maior referência musical do século 20. A trilha é dez.

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

vou arriscar, pois gostei de Frida.

9 de dezembro de 2007 às 14:13  
Blogger Rodolfo Martin said...

Existe nos USA uma edicao "deluxe" da trilha do filme em CD duplo com o duplo de musicas. Para quem estiver interesado no filme e a trilha, tente conseguir a edicao dupla que vale a pena.
Rodolfo
Jacksonville, FL

9 de dezembro de 2007 às 21:06  
Anonymous Anônimo said...

Resenha de filme Mauro ?
Te cuida Rubens Ewald Filho ...

10 de dezembro de 2007 às 01:12  

Postar um comentário

<< Home