20 de março de 2010
Título: Tonight - Brazil Tour 2010
Artista: Franz Ferdinand
Gravadora: Sony Music
Local: Fundição Progresso (RJ)
Data: 20 de março de 2010
Cotação: * * * * 1/2
Em cartaz em Brasília (no Marina Hall, 21 de março) e
em São Paulo (na Via Funchal, 23 de março de 2010)
Em sua terceira vinda ao Rio de Janeiro (RJ), o quarteto escocês Franz Ferdinand confirmou sua ótima fama - adquirida nas duas anteriores apresentações cariocas da banda, no início e no fim de 2006 - e fez show incendiário na Fundição Progresso. A energia da banda eletrizou o público em roteiro coeso, iniciado com Bite Hard - uma das 12 músicas do terceiro álbum do grupo, Tonight (2009) - e fechado com o endiabrado set de percussão (tocada por todos os quatro músicos com entrosamento exemplar) que encorpou Outsiders, tema do segundo álbum, You Could Have It so Much Better (2005). No bis, a lisérgica Lucid Dreams - de Tonight - realçou o tom psicodélico que esteve evidente também nas imagens projetadas no telão ao longo do show. A apresentação - iniciada já aos primeiros minutos deste sábado, 20 de março de 2010 - foi catártica. Em especial, em músicas como Take me out e This Fire, ambas extraídas do álbum (Franz Ferdinand, 2004) que deu projeção mundial a Alex Kapranos (voz e guitarra), Nick McCarthy (teclados, guitarra e voz), Bob Hardy (baixo) e Paul Thompson (bateria). Psicodelia e eletrônica foram os temperos especiais de um show movido à pura energia roqueira. Em bom português, no palco, as guitarras ficam no primeiro plano que, no disco, é reservado por vezes aos sintetizadores. Resultado: o show ficou eletrizante porque, além do som do Franz Ferdinand ser muito dançante, Kapranos esbanjou carisma e simpatia em cena, se dirigindo várias vezes ao público com frases e saudações ditas em português até desenvolto. Enfim, o grupo fez memorável show - inclusive no que diz respeito à iluminação, urdida sem clichês - que vai alimentar a aura mítica em torno de suas apresentações no Rio de Janeiro, cidade na qual o Franz Ferdinand tem sido feliz.
Trilha de filme sobre Martinho é editada em CD

Sai no Brasil CD de Núñez que traz Calcanhotto

'Duetos' unem Russo a Marisa, Takai e Dorival

2. Celeste - com Marisa Monte
3. Vento no Litoral - com Cássia Eller
4. Mais Uma Vez - com 14 Bis
5. A Carta (The Letter) - com Erasmo Carlos
6. A Cruz e a Espada - com Paulo Ricardo
7. Cathedral Song - com Zélia Duncan
8. Change Partners - com Caetano Veloso
9. Strani Amori - com Laura Pausini
10. La Solitudine - com Leila Pinheiro
11. Come Fa Um'Onda - com Célia Porto
12. Só Louco - com Dorival Caymmi
13. Esquadros - com Adriana Calcanhotto
14. Nada por mim - Com Herbert Vianna
15. Summertime - com Cida Moreira
19 de março de 2010
Sony edita no Brasil 'Confiá', disco de Fito Paez

Warner compila em três CDs a obra de Azevedo

CD 1
Brasileirinho
Carioquinha
Cinco Malucos
O Que É que Há?
Quitandinha
Vai por mim
Delicado
Vê se Gostas
Pisa Mansinho
Pedacinhos do Céu
Camundongo
Paulistinha
Mágoas de Cavaquinho
Chiquita
CD 2
Brincando com o Cavaquinho
Luz e Sombra
Queira-me Bem
Conversa Fiada
Espera por mim
Amoroso
Sobe e Desce
Você, Carinho e Amor (Não Pode Ser Adeus)
Cambuca
Outros Tempos
Não Há de Ser Nada
Sentido
Cadenciando
É uma Doçura
CD 3
Choro Doido
Choro Novo em Dó
Flor do Cerrado
Sábado à Tarde
Cordas Românticas
Minhas Mãos, Meu Cavaquinho
Arrasta-Pé
Contraste
É do que Há
Chorando pra Pixinguinha
Frevo da Lira
Viagem
Ingênuo
Lamento de um Cavaquinho
Bom baile de Paula alterna balanço com falação

Título: Samba Chic
Artista: Paula Lima (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Canecão (RJ)
Data: 18 de março de 2010
Cotação: * * * *
Cantora mais associada a São Paulo (SP), onde despontou nos anos 2000 como vocalista do grupo Funk Como le Gusta, Paula Lima é presença bissexta em palcos cariocas. Por isso mesmo, a artista bem merecia ter se apresentado no Rio de Janeiro (RJ) para um público bem maior do que o que compareceu ao Canecão na noite de 18 de março de 2010 para ver o show Samba Chic, inspirado no homônimo DVD que perpetua apresentação captada em agosto de 2008 na Casa das Caldeiras (SP). Sem se intimidar com a casa vazia, Paula comandou com charme e desenvoltura seu baile black em que convivem samba, suingue soul, grooves funkeados e samba-rock. Nem a falação excessiva da artista em cena - músicas como É Isso Aí (Sidney Miller) foram precedidas por longos monólogos - diluiu o charme e o balanço do show. "É festa! É baile!", conceituou a própria artista no palco, quando já saía de cena, ao som de Deixa Isso pra Lá (Edson Menezes e Alberto Paz), antes de voltar para o bis, dado com Mangueira (Seu Jorge) - onde coube citação de Os Meninos da Mangueira, samba dos 70, de Sérgio Cabral e Rildo Hora - e Meu Guarda-Chuva (Jorge Ben Jor).
Em cena, Paula Lima se abriga sob um suingue black e sob sua capacidade de interagir bem com o público, posto de pé já no quarto número, Tudo Certo ou Tudo Errado (Arlindo Cruz e Maurição), tema calcado no balanço do samba. Na primeira música, Quero Ver Você no Baile (Seu Jorge e Gabriel Moura), até parecia que o brilho do show seria empanado por certos maneirismos vocais da cantora. Contudo, Paula logo soube entrar no tom, escorada em banda que contabiliza sete músicos e três vocalistas. O entrosamento da turma garantiu os grooves espertos que adornaram temas como Gafieira S/A (Seu Jorge). E, justiça seja feita, o repertório é bom. Músicas do naipe de Samba sem Nenhum Problema (Márcio Local) e Negras Perucas (Marcus Vinicius e Nilo Pinheiro) estão em fina sintonia com a melhor produção do funk e do soul nacionais. Ora mais funkeado (como em Sai Daqui, Tristeza, tema de Max Viana), ora mais para o samba (como em Tirou Onda, parceria de Acyr Marques, Arlindo Cruz e Maurição), o som suingante de Paula Lima contagia. Mesmo quando transita em trilha mais pop, caso da balada Novos Alvos (Mart'nália, Ana Costa e Zélia Duncan), ou quando o balanço fica mais introspectivo (como em Cuidar de mim, parceria de Gabriel Moura com o recorrente Seu Jorge). No todo, apesar da falação por vezes excessiva, o baile de Paula Lima é geralmente da pesada.
Juanes dueta com Ivete no DVD gravado em NY

18 de março de 2010
Stone Pilots revela capa de CD que sai em maio

1. Beetween the Lines
2. Take a Load off
3. Huckleberry Crumble
4. Hickory Dichotomy
5. Dare If You Dare
6. Cinnamon
7. Hazy Daze
8. Bagman
9. Peacot
10. Fast as I Can
11. First Kiss on Mars
12. Maver
2. Take a Load off
3. Huckleberry Crumble
4. Hickory Dichotomy
5. Dare If You Dare
6. Cinnamon
7. Hazy Daze
8. Bagman
9. Peacot
10. Fast as I Can
11. First Kiss on Mars
12. Maver
MZA vai lançar Baleiro e Margareth em blu-ray

'Amanhã' é o 'ontem' de Sá, Rodrix & Guarabyra

Título: Amanhã
Artista: Sá, Rodrix &
Guarabyra
Gravadora: Roupa Nova
Music / Microservice
Cotação: * * * 1/2
Amanhã - o (bom) disco de inéditas que foi finalizado pelo reagrupado trio Sá, Rodrix & Guarabyra meses antes da morte de Zé Rodrix (1947 - 2009) - bem poderia se chamar Ontem por ser trabalho extremamente fiel à sonoridade cristalizada pelo trio entre 1972 e 1973. Criadores de um gênero logo batizado de rock rural, Sá, Rodrix & Guarabyra não sucumbiram à tentação de fazer um CD modernoso para que soassem contemporâneos. Nessa fidelidade aos áureos tempos, reside o mérito de Amanhã, gravado em 2008. Os harmoniosos arranjos vocais e a produção luxuosa - capitaneada por Tavito - valorizam a safra de inéditas autorais que preserva o bom nível da anterior produção fonográfica do trio. O xote estilizado Dia do Rio - incrementado com cordas orquestradas pelo maestro Eduardo Souto Neto - é exemplo da devoção do trio ao seu passado de glória, evocado também nos delirantes versos de Sonho Triste em Copacabana, o blues-rock rural que abre o álbum ora editado (quase um ano depois da morte de Rodrix) pelo selo do grupo carioca Roupa Nova. Entre balada de formato convencional (Nós nos Amaremos) e um melodioso tema já propagado em novela (Amanhece um Outro Dia, lançada na abertura de Revelação, trama exibida pelo SBT), o trio transita pela seara nordestina mais pop em Amar Direito e roça o universo do pop rock em Caminho de São Tomé (tema composto e cantado por Zé Rodrix). Aliás, a faixa-título, Amanhã, também ostenta um solo vocal de Rodrix. No fim, Logo Eu, Saudade - música assinada e cantada pelos três artistas - fecha o álbum em grande estilo com metais e versos que remetem à ideologia hippie de Casa no Campo (1972), obra-prima de Rodrix com Tavito. Enfim, Amanhã é um disco digno que - mesmo sem ser estupendo - está em sintonia com o legado do trio.
Beck encorpa o som de Charlotte no coeso 'Irm'

Título: Irm
Artista: Charlotte
Gainsbourg
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * * *
Em 2006, a cantora Charlotte Gainsbourg começou a sair da sombra de seu pai famoso, o compositor francês Serge Gainsbourg (1928 - 1991), ao lançar um sedutor segundo álbum, 5:55, cujo clima sensual foi realçado pelo som viajante do duo francês Air, autor dos arranjos. Quatro anos depois, Charlotte Gainsbourg volta à cena com Irm, trabalho denso e igualmente sedutor, cujo título (uma sigla que significa ressonância magnética) faz alusão à operação no cérebro feita pela artista em decorrência de um grave acidente. Recém-lançado no mercado brasileiro pela Warner Music, Irm é disco mais denso, pautado pelo som de Beck, responsável pela produção do álbum, pela composição de 12 das 13 músicas - a exceção é Le Chat du Café des Artistes, de Jean Ferland e Michel Robidoux - e pelos vocais de uma ou outra faixa, caso de Time of Assassins. Beck encorpou o som de Charlotte. Temas como Voyage têm forte pulsação percussiva e certa tensão na forma como as cordas foram embaladas. Por mais que haja um ou outro momento mais introspectivo, caso da leve Vannities, Irm é álbum de peso que envolve o ouvinte pelos arranjos sedutores e sempre criativos. La Connectionneuse, grandioso tema que encerra o disco, é ótima síntese da capacidade da cantora de conciliar uma sensualidade que lhe parece nata com os timbres densos da produção de Beck. Irm tem apelo rítmico. Músicas como Greenwich Mean Time, Heaven Can Wait e In the End sinalizam o crescimento do som de Charlotte Gainsbourg - ainda que Irm não seja necessariamente superior a 5:55. O alto nível é o mesmo. A diferença está no clima.
Lyra e Blanc se ajustam bem ao tempo imperial

Título: Era no Tempo do Rei
Texto: Heloísa Seixas e Julia Romeu
Músicas: Carlos Lyra / Letras: Aldir Blanc
Direção: João Fonseca / Direção Musical: Délia Fischer
Elenco: Alice Borges, André Dias, Christian Coelho,
Izabella Bicalho, Leo Jaime, Renan Ribeiro, Soraya
Ravenle, Tadeu Aguiar e outros
Foto: Divulgação / Leonardo Aversa
Cotação: * * *
Em cartaz no Teatro João Caetano (RJ) até 30 de maio de 2010
Alardeado como autêntico musical brasileiro, Era no Tempo do Rei tem seu trunfo na inusitada parceria de Carlos Lyra com Aldir Blanc. São eles os compositores das 19 músicas inéditas que, no palco, ajudam a contar uma história fictícia passada no tempo do Brasil imperial. Com fraco texto adaptado do primeiro homônimo romance de Ruy Castro, Era no Tempo do Rei se escora na já histórica trilha sonora - a ser lançada em CD - e no excelente time de atores convocados para cantar as parcerias de Lyra e Blanc. Ambos se ajustam bem ao tempo musical do Império. Compositor projetado na onda da Bossa Nova, Lyra se revelou de imediato um melodista excepcional cuja música transcendia o universo cool e ensolarado da bossa. Não por acaso, a música mais expressiva da trilha é a melódica valsa Amor e Ódio - defendida por Leo Jaime (sem a verve de outrora no papel de Dom João VI) em dueto com Soraya Ravenle (esplêndida na composição de sua personagem e na interpretação de temas como Soneto de Bárbara Morta e Canção de Bárbara Onça). Por mais que as 19 músicas não se igualem à produção inicial de Lyra como compositor, o repertório do musical é de bom nível - com destaque também para a toada O Rei das Ruas. O autor de Primavera e Minha Namorada transita à vontade por lundus, maxixes, polcas e outros ritmos em voga nos salões do Brasil de 1810. Quanto a Blanc, suas letras se revelam engenhosas e, por vezes, rebuscadas, mas estão dentro do espírito da narrativa. Quem não pegou de todo o espírito da época foi a diretora musical Délia Fischer. Falta mais percussão aos arranjos de temas animados como Lundu do Vidigal e Maxixe das Criadas.
Com um segundo ato superior ao primeiro, o musical destaca o trabalho de vários atores. Intérprete do Fado de Dona Maria, a Louca, Alice Borges extrai humor do texto no tempo exato de comédia (seu número de plateia na abertura do segundo ato é garantia de riso farto). André Dias reina fabuloso como o vilão Calvoso, com caracterização que em nada lembra sua estupenda atuação no musical Avenida Q (2009). Os adolescentes Christian Coelho (Pedro, o príncipe) e Renan Ribeiro (Leonardo, o plebeu) estão vivazes como os dois meninos que conduzem a ação meio farsesca. O gracioso dueto dos garotos no minueto Sois Reis? é o primeiro bom momento musical da encenação conduzida pelo diretor João Fonseca sem sua habitual veia autoral. Ajudado por seu físico, apropriado para o papel de Dom João VI, Leo Jaime explora o lado grotesco de sua personagem, bem evidenciado na interpretação lúdica do vira Senta, João. Já Izabella Bicalho, que compõe uma Carlota Joaquina à moda espanhola, tem seu melhor momento musical no enfrentamento com Soraya Ravenle no tango Verso e Reverso, outro exemplo da sintonia de Carlos Lyra e Aldir Blanc com a música do tempo do Rei. Há bons momentos...
17 de março de 2010
No palco, Baltar concilia bem os Brasis de disco

Título: Mariana Baltar
Artista: Mariana Baltar (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 16 de março de 2010
Cotação: * * * *
Em texto dito quase ao fim do show de lançamento de seu segundo disco, Mariana Baltar aborda a variedade de tons e Brasis contidos em seu repertório. Se o (bom) CD Mariana Baltar perde pique lá pelo meio (mais por conta da disposição equivocada das faixas do que pela qualidade do repertório), o show que estreou no Teatro Rival (RJ), na noite de 16 de março de 2010, resulta harmonioso e extremamente bem-cuidado no que diz respeito à iluminação, ao figurinos, aos arranjos e ao roteiro, bem estruturado. No palco, escorada em sua forte presença cênica (evidenciada no gestual bem marcado de cada número) e num azeitado octeto capitaneado pelo diretor musical Josimar Carneiro, Baltar concilia bem os vários Brasis de seu repertório em show que termina sublime com o Jongo do Irmão Café (Wilson Moreira e Nei Lopes) e depois, já no bis, contagiou o público com Tia Eulália na Xiba (Cláudio Jorge e Nei Lopes), número que, em sua repetição, teve a vibração que faltou na abertura do show, quando, possivelmente ainda fria, a cantora não se jogou para valer no ritmo ancestral evocado pelo tema de Cláudio e Nei, destaque do recém-lançado disco de Baltar.
Bem costurado, o roteiro entrelaça onze das doze músicas do novo disco (a exceção é Canções de Menina, de fato dispensável no show) com temas gravados por Baltar em seu primeiro CD, Uma Dama Também Quer se Divertir (2006). Zumbi (Jorge Ben Jor), por exemplo, faz apropriado link afro com Tia Eulália na Xiba. Em elo nordestino, o baião Seção 32 (Vander Lee) antecede Sertão do Vale, o bom baião em que os autores Zé Paulo Becker e Mauro Aguiar se entranham no universo do compositor maranhense João do Vale (1934 - 1996). Na sequência dessa trilha do Brasil mais interiorano, vem o primeiro grande momento do show: Estrada do Sertão. Ao cantar com sentimento os versos postos por Hermínio Bello de Carvalho na melodia de João Pernambuco, Baltar afirma a excelência de seu canto. Além de extremamente afinada, a intérprete sabe compreender as intenções de cada música. Se põe a devida malícia no samba Uva de Caminhão (Assis Valente) e soa moleca como pede a letra do choro Teco-Teco (Pereira da Costa e Milton Villela), Baltar sabe mergulhar no tempo da delicadeza para fazer emergir toda a beleza melódica e poética da Canção Marinha (Luiz Flavio Alcofra e Lenildo Gomes). A Canção Marinha cresce no show (no CD, o tema sobressai menos, talvez por estar alocado no bloco mais calmo do CD). Da mesma forma, a valsa Tudo à Toa (Edu Kneip e Mauro Aguiar) é valorizada no show pela movimentação cênica criada para o número, entoado por Baltar numa cadeira giratória. A luz de Marcelo Linhares valoriza o rodopio da cantora, criando belo efeito visual. Luzes à parte, Baltar exibe grande vivacidade em cena. Ela sabe se movimentar no palco. Tanto que o show inclui número de dança que incrementa o roteiro. Baltar evolui ao som do choro Aguenta, seu Fulgêncio. No fim, Pressentimento (Elton Medeiros e Hermínio Bello de Carvalho - sem a excelência do registro do disco de 2006) e Samba da Zona (Joyce), este num clima quase de gafieira, esquentam o público para o emocionante fecho com Jongo do Irmão Café, número que remete a um Brasil antigo e negro, também habitado pelo canto límpido de Mariana Baltar entre tons de Brasis mais contemporâneos. Um ótimo show!
Roberto grava hoje o show com elenco sertanejo

* Bruno & Marrone - Desabafo (1979)
* Cesar Menotti & Fabiano - Proposta (1973)
* Chitãozinho & Xororó - Eu Preciso de Você (1981)
* Chitãzinho & Xororó e Leonardo - É Preciso Saber Viver (1974)
* Daniel - Do Fundo do meu Coração (1986)
* Daniel com Zezé Di Camargo & Luciano - Quando (1967)
* Dominguinhos e Paula Fernandes - Caminhoneiro (1984)
* Elba Ramalho - Esqueça (1966)
* Gian & Giovanni - Eu te Amo, te Amo, te Amo (1968)
* Leonardo - Por Amor (1972)
* Martinha - Alô (1994)
* Milionário & José Rico - A Distância (1972)
* Nalva Aguiar - As Curvas da Estrada de Santos (1969)
* Rionegro & Solimões - Sentado à Beira do Caminho (1969)
* Roberta Miranda - Eu Disse Adeus (1969)
* Sérgio Reis - Todas as Manhãs (1991)
* Victor & Leo - Jesus Cristo (1970)
* Zezé Di Camargo & Luciano - O Portão (1974)
Coletânea dupla festeja bicentenário de Chopin

Vercillo estreia na Sony Music com CD 'D.N.A.'

16 de março de 2010
Sony vai editar 10 CDs de Michael em sete anos

'Deluxe Editon' de 'Drês' inclui inédita de Nando

Alcione vai registrar show 'Acesa' no Maranhão

Disco dos Mutantes é editado no Brasil em maio

Lançado nos Estados Unidos em setembro de 2009, o primeiro álbum de estúdio do grupo Os Mutantes em 35 anos, Haih... or Amortecedor, vai ser editado no Brasil em maio de 2010, pela gravadora carioca Coqueiro Verde Records. A edição brasileira do disco vai incorporar algumas faixas inéditas. Clique aqui para ler a resenha postada no blog Notas Musicais em 31 de agosto de 2009.
15 de março de 2010
João grava três temas para trilha de 'O Gerente'

Reedições reiteram involução de Simone nos 80



Série: Caçadores de Música
Títulos: Amar (1981), Corpo e Alma (1982) e Cristal (1985)
Artista: Simone
Gravadora das edições originais: CBS
Gravadora das reedições: Sony Music
Cotação: * * * 1/2 (Amar), * * * 1/2 (Corpo e Alma) e * * (Cristal)
Um ano depois do lançamento da caixa O Canto da Cigarra nos Anos 70 (EMI Music, 2009), que reeditou os 11 álbuns gravados por Simone na extinta Odeon entre 1972 e 1980, três títulos da controvertida fase da cantora na CBS ganham ótimas reedições coordenadas por Rodrigo Faour na série Caçadores de Música. Ouvidos em perspectiva, Amar (1981) e Corpo e Alma (1982) se revelam álbuns de sonoridade bem datada. Ao migrar da Odeon para a CBS, Simone passou a trabalhar com o produtor Marco Mazzola, que usou e abusou dos recursos tecnológicos da época. A reboque de sintetizadores, a MPB ganhava sotaque eletrônico que foi ficando pausterizado ao longo dos anos 80. Aliás, Cristal (1985), o pior título da trinca de reedições, já patina em fórmulas batidas, em que pese ter na ficha técnica arranjadores como Dori Caymmi e Cristóvão Bastos. Do ponto de vista técnico, todos os três álbuns foram gravados com excelência por Mazzola, sendo que o bom som das reedições não oferece ganho significativo em relação ao som das anteriores reedições em CD dos álbuns (a ficha técnica não faz alusão a qualquer processo de remasterização). Quanto à parte gráfica, todas as três reedições são primorosas, reproduzindo toda a arte das capas e encartes dos LPs originais. De bônus, cada reedição traz um texto específico de Faour sobre a gênese do disco em questão - com depoimento da própria Simone.
Amar tem repertório de bom nível, mas os registros de algumas músicas - como Yo no te Pido (Pablo Milanés), Vida (Chico Buarque) e a faixa-título (Milton Nascimento e Fernando Brant, autores também de Encontros e Despedidas) - foram prejudicados pelos arranjos de tom bastante pasteurizado. Os arranjadores César Camargo Mariano, Luiz Avelar e Wagner Tiso nem sempre acertaram a mão com o som sintetizado que norteia o álbum. O destaque fica para Mariano pela orquestração do samba Pão e Poesia (Moraes Moreira e Fausto Nilo). Contudo, no todo, os arranjos se impõem grandiosos, relegando as interpretações de Simone ao segundo plano. O único suspiro acústico acontece no fim, com o histórico dueto de Simone com Gal Costa em Bárbara (Chico Buarque). Apenas o violão de Toquinho emoldura as vozes das cantoras. Curiosamente, em repertório por algumas músicas que já eram ou que se tornariam standards da MPB, o maior hit do álbum na época foi Pequenino Cão, bonita balada de Caio Silvio, letrada por Fausto Nilo com versos (pretensamente...) poéticos.
Seguindo a bem-sucedida trilha eletrônica aberta por Amar, o LP Corpo e Alma escalou com voracidade as paradas de 1982 a reboque do petardo Alma, de Sueli Costa e Abel Silva, autor dos versos que mais parecem poesia. Capitaneada por Mazzola, a produção grandiosa incluía arranjadores como César Camargo Mariano, Chiquinho de Moraes (em O Sal da Terra, regravação do tema de Beto Guedes), Eduardo Souto Neto (em Alma) e Oscar Castro Neves (em Embarcação, samba de Chico Buarque e Francis Hime, destaque do repertório). Contudo, a pausterização - que diluiria a força da discografia de Simone - dava o tom do disco e já dava sinais de banalização estéril no arranjo funkeado de Tô que Tô (Kleiton & Kledir), um dos sucessos deste álbum que começa a cristalizar uma fórmula para a discografia de Simone nos anos 80.
Lançado três anos após Corpo e Alma, tendo sido precedido por Delírios & Delícias (1983) e Desejos (1984), Cristal já flagra Simone banalizada por tais fórmulas. Que, naquele ano de 1985, já incluía um samba-enredo para ser trabalhado no período pré-carnavalesco. No caso, o belo Amor no Coração. As amarras do mercado já são perceptíveis na capa padronizada. O auge da banalização é o arranjo pop pasteurizado criado por Lincoln Olivetti para Água na Boca (Tunai e Abel Silva). No entanto, o problema de Cristal não se limita aos arranjos ruins. Habituais fornecedores de repertório para a cantora, compositores como Sueli Costa & Abel Silva (Lábios Vermelhos), Ivan Lins & Vítor Martins (Sonhos - Arrastão dos Pescadores) não reeditaram a inspiração de discos anteriores. Salvam-se os vocais do Roupa Nova, inebriantes no refrão da regravação de Princesa (Flávio Venturini). Entre hits esquecíveis como Você É Real (Piska e Fausto Nilo), Cristal resistiu mal ao tempo. Mesmo porque já era ruim na sua época, embora naquele ano de 1985 nem a própria Simone pudesse supor que discos como este - assim como títulos posteriores como Amor e Paixão (1986) e Sedução (1988) - iriam macular tanto sua discografia quando passasse a febre tecnopop que engessou a MPB nos anos 80. As audições destes três discos ora reeditados mostram como Simone involuiu muito naquela década. E, pelo vacilo, a Cigarra paga preço alto até hoje.
Marina chega antes ao 'Clímax' para gerar disco

14 de março de 2010
'Bossarenova', de Paula e Schmid, sai no Brasil

'Farewell Tour' é síntese fiel da história do A-ha

Título: Farewell Tour
Artista: A-ha (em fotos de Mauro Ferreira)
Artista: A-ha (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Citibank Hall (RJ)
Data: 13 de março de 2010
Cotação: * * *
Belo Horizonte - MG (14 de março, Chevrolet Hall)
Brasília - DF (16 de Março, Ginásio Nilson Nelson)
Recife - PE (18 de março, Chevrolet Hall)
Após tocar The Sun Always Shines on TV, o A-ha encerrou o bis da apresentação carioca de sua Farewell Tour, se despediu dos seis mil fãs que encheram a imensa pista do Citibank Hall e saiu do palco sem tocar seu primeiro e maior hit mundial, Take on me, o single que impulsionou a carreira do trio norueguês em 1985. Era jogo de cena, claro! Um minuto depois de os fãs pedirem Take on me em coro, Morten Harket (voz), Paul Waaktaar-Savoy (guitarra) e Magne Furuholmen (teclados) reapareceram em cena, cantaram seu sucesso (ainda irresistível) e, aí sim, se despediram para valer dos fãs cariocas. Em tese, para sempre. A turnê que trouxe o trio de volta ao Brasil marca a despedida dos palcos de uma banda fiel ao tecnopop que o projetou lá em 1985. Passados 25 anos, nada mudou tanto assim no som do A-ha. O fim é meio igual ao começo.
Realçando o clima de despedida, tema do compositor erudito norueguês Edvard Grieg abriu a apresentação carioca do trio às 22h15m da noite de sábado, 13 de março de 2010. Bastou Morten, Magne e Paul apareceram no palco do Citibank Hall para eletrizar de imediato o público. The Bandstand abriu o roteiro - salpicado de hits - evidenciando a irregularidade do repertório do último álbum de inéditas da banda, Foot of the Mountain (2009), cuja faixa-título, tocada na sequência, se confirmou em cena como a música de maior inspiração da safra recente do trio. Simpáticos, Morten e Magne dispararam diversos agradecimentos - "Thank You", "Obrigado, Rio" - enquanto enfileiravam singles de uma carreira fonográfica que, ao longo dos anos 90, foi perdendo a força mostrada na segunda metade da década de 80, quando o A-ha viveu seu apogeu comercial e artístico. Na Farewell Tour, o A-ha - fiel ao seu som tecnopop - age como se ainda estivesse nesse auge, favorecido pelo clima de despedida que enternece os fãs. Músicas como Analogue (bissexta lembrança do álbum homônimo de 2005), Forever Not Yours e Minor Earth, Major Sky foram se sucedendo em sequências que alternavam euforia (nos temas mais conhecidos) e apatia (nas músicas mais recentes). Sim, por mais que o A-ha tenha bom domínio do idioma (tecno)pop, às vezes seu show transcorre sem pegada. Contudo, justiça seja feita, Morten ainda segura bem os agudos. E baladas como Stay on These Roads - revivida com arranjo clonado da gravação original que batizou o terceiro álbum do trio - e Crying in the Rain (apropriado cover dos Everly Brothers) resistem bem ao tempo. Pena que a mais bela das baladas, Hunting High and Low, tenha reaparecido no bis sem a essencial delicadeza do registro original.
A boa surpresa da noite foi a inclusão de You Are the One, música do A-Ha que fez grande sucesso no Brasil, mas que está fora do roteiro oficial da Farewell Tour por ser irrelevante (no exterior) na discografia da banda. Pois You Are the One - esquecida nas demais apresentações da turnê brasileira - foi inserida no roteiro do show carioca em clima folk, com os três músicos unidos em torno de seus violõese vozes. Mimo que valorizou apresentação que destacou ainda The Living Daylights e Manhattan Skyline, esta com Morten recorrendo ao uso de um megafone. O show já estava no bloco final, encerrado com Cry Wolf. No todo, as batidas sintetizadas da música do A-Ha - tiradas pelo falante Magne de seus teclados com o auxílio de outro tecladista, Erik Ljungren, posicionado ao fundo do palco - soam datadas, mas eficientes. É tecnopop à moda dos anos 80. Há quem goste. Há quem odeie. Mas é inegável o apelo do synth pop do A-Ha em sua fase inicial. Tanto que o trio faz sua Farewell Tour com som fiel ao seu início de carreira, já há longos 25 anos. Goste-se ou não, o A-Ha vai ficar na História da música pop - e nas memórias de seus fãs brasileiros.
Astro do cinema, Pattinson já quer gravar disco

Clara Moreno cai no samba em 'Miss Balanço'
