Lyra e Blanc se ajustam bem ao tempo imperial
Resenha de Musical
Título: Era no Tempo do Rei
Texto: Heloísa Seixas e Julia Romeu
Músicas: Carlos Lyra / Letras: Aldir Blanc
Direção: João Fonseca / Direção Musical: Délia Fischer
Elenco: Alice Borges, André Dias, Christian Coelho,
Izabella Bicalho, Leo Jaime, Renan Ribeiro, Soraya
Ravenle, Tadeu Aguiar e outros
Foto: Divulgação / Leonardo Aversa
Cotação: * * *
Em cartaz no Teatro João Caetano (RJ) até 30 de maio de 2010
Alardeado como autêntico musical brasileiro, Era no Tempo do Rei tem seu trunfo na inusitada parceria de Carlos Lyra com Aldir Blanc. São eles os compositores das 19 músicas inéditas que, no palco, ajudam a contar uma história fictícia passada no tempo do Brasil imperial. Com fraco texto adaptado do primeiro homônimo romance de Ruy Castro, Era no Tempo do Rei se escora na já histórica trilha sonora - a ser lançada em CD - e no excelente time de atores convocados para cantar as parcerias de Lyra e Blanc. Ambos se ajustam bem ao tempo musical do Império. Compositor projetado na onda da Bossa Nova, Lyra se revelou de imediato um melodista excepcional cuja música transcendia o universo cool e ensolarado da bossa. Não por acaso, a música mais expressiva da trilha é a melódica valsa Amor e Ódio - defendida por Leo Jaime (sem a verve de outrora no papel de Dom João VI) em dueto com Soraya Ravenle (esplêndida na composição de sua personagem e na interpretação de temas como Soneto de Bárbara Morta e Canção de Bárbara Onça). Por mais que as 19 músicas não se igualem à produção inicial de Lyra como compositor, o repertório do musical é de bom nível - com destaque também para a toada O Rei das Ruas. O autor de Primavera e Minha Namorada transita à vontade por lundus, maxixes, polcas e outros ritmos em voga nos salões do Brasil de 1810. Quanto a Blanc, suas letras se revelam engenhosas e, por vezes, rebuscadas, mas estão dentro do espírito da narrativa. Quem não pegou de todo o espírito da época foi a diretora musical Délia Fischer. Falta mais percussão aos arranjos de temas animados como Lundu do Vidigal e Maxixe das Criadas.
Com um segundo ato superior ao primeiro, o musical destaca o trabalho de vários atores. Intérprete do Fado de Dona Maria, a Louca, Alice Borges extrai humor do texto no tempo exato de comédia (seu número de plateia na abertura do segundo ato é garantia de riso farto). André Dias reina fabuloso como o vilão Calvoso, com caracterização que em nada lembra sua estupenda atuação no musical Avenida Q (2009). Os adolescentes Christian Coelho (Pedro, o príncipe) e Renan Ribeiro (Leonardo, o plebeu) estão vivazes como os dois meninos que conduzem a ação meio farsesca. O gracioso dueto dos garotos no minueto Sois Reis? é o primeiro bom momento musical da encenação conduzida pelo diretor João Fonseca sem sua habitual veia autoral. Ajudado por seu físico, apropriado para o papel de Dom João VI, Leo Jaime explora o lado grotesco de sua personagem, bem evidenciado na interpretação lúdica do vira Senta, João. Já Izabella Bicalho, que compõe uma Carlota Joaquina à moda espanhola, tem seu melhor momento musical no enfrentamento com Soraya Ravenle no tango Verso e Reverso, outro exemplo da sintonia de Carlos Lyra e Aldir Blanc com a música do tempo do Rei. Há bons momentos...
Título: Era no Tempo do Rei
Texto: Heloísa Seixas e Julia Romeu
Músicas: Carlos Lyra / Letras: Aldir Blanc
Direção: João Fonseca / Direção Musical: Délia Fischer
Elenco: Alice Borges, André Dias, Christian Coelho,
Izabella Bicalho, Leo Jaime, Renan Ribeiro, Soraya
Ravenle, Tadeu Aguiar e outros
Foto: Divulgação / Leonardo Aversa
Cotação: * * *
Em cartaz no Teatro João Caetano (RJ) até 30 de maio de 2010
Alardeado como autêntico musical brasileiro, Era no Tempo do Rei tem seu trunfo na inusitada parceria de Carlos Lyra com Aldir Blanc. São eles os compositores das 19 músicas inéditas que, no palco, ajudam a contar uma história fictícia passada no tempo do Brasil imperial. Com fraco texto adaptado do primeiro homônimo romance de Ruy Castro, Era no Tempo do Rei se escora na já histórica trilha sonora - a ser lançada em CD - e no excelente time de atores convocados para cantar as parcerias de Lyra e Blanc. Ambos se ajustam bem ao tempo musical do Império. Compositor projetado na onda da Bossa Nova, Lyra se revelou de imediato um melodista excepcional cuja música transcendia o universo cool e ensolarado da bossa. Não por acaso, a música mais expressiva da trilha é a melódica valsa Amor e Ódio - defendida por Leo Jaime (sem a verve de outrora no papel de Dom João VI) em dueto com Soraya Ravenle (esplêndida na composição de sua personagem e na interpretação de temas como Soneto de Bárbara Morta e Canção de Bárbara Onça). Por mais que as 19 músicas não se igualem à produção inicial de Lyra como compositor, o repertório do musical é de bom nível - com destaque também para a toada O Rei das Ruas. O autor de Primavera e Minha Namorada transita à vontade por lundus, maxixes, polcas e outros ritmos em voga nos salões do Brasil de 1810. Quanto a Blanc, suas letras se revelam engenhosas e, por vezes, rebuscadas, mas estão dentro do espírito da narrativa. Quem não pegou de todo o espírito da época foi a diretora musical Délia Fischer. Falta mais percussão aos arranjos de temas animados como Lundu do Vidigal e Maxixe das Criadas.
Com um segundo ato superior ao primeiro, o musical destaca o trabalho de vários atores. Intérprete do Fado de Dona Maria, a Louca, Alice Borges extrai humor do texto no tempo exato de comédia (seu número de plateia na abertura do segundo ato é garantia de riso farto). André Dias reina fabuloso como o vilão Calvoso, com caracterização que em nada lembra sua estupenda atuação no musical Avenida Q (2009). Os adolescentes Christian Coelho (Pedro, o príncipe) e Renan Ribeiro (Leonardo, o plebeu) estão vivazes como os dois meninos que conduzem a ação meio farsesca. O gracioso dueto dos garotos no minueto Sois Reis? é o primeiro bom momento musical da encenação conduzida pelo diretor João Fonseca sem sua habitual veia autoral. Ajudado por seu físico, apropriado para o papel de Dom João VI, Leo Jaime explora o lado grotesco de sua personagem, bem evidenciado na interpretação lúdica do vira Senta, João. Já Izabella Bicalho, que compõe uma Carlota Joaquina à moda espanhola, tem seu melhor momento musical no enfrentamento com Soraya Ravenle no tango Verso e Reverso, outro exemplo da sintonia de Carlos Lyra e Aldir Blanc com a música do tempo do Rei. Há bons momentos...
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Alardeado como autêntico musical brasileiro, Era no Tempo do Rei tem seu trunfo na inusitada parceria de Carlos Lyra com Aldir Blanc. São eles os compositores das 19 músicas inéditas que, no palco, ajudam a contar uma história fictícia passada no tempo do Brasil imperial. Com fraco texto adaptado do primeiro homônimo romance de Ruy Castro, Era no Tempo do Rei se escora na já histórica trilha sonora - a ser lançada em CD - e no excelente time de atores convocados para cantar as parcerias de Lyra e Blanc. Ambos se ajustam bem ao tempo musical do Império. Compositor projetado na onda da Bossa Nova, Lyra se revelou de imediato um melodista excepcional cuja música transcendia o universo cool e ensolarado da bossa. Não por acaso, a música mais expressiva da trilha é a melódica valsa Amor e Ódio - defendida por Leo Jaime (sem a verve de outrora no papel de Dom João VI) em dueto com Soraya Ravenle (esplêndida na composição de sua personagem e na interpretação de temas como Soneto de Bárbara Morta e Canção de Bárbara Onça). Por mais que as 19 músicas não se igualem à produção inicial de Lyra como compositor, o repertório do musical é de bom nível - com destaque também para a toada O Rei das Ruas. O autor de Primavera e Minha Namorada transita à vontade por lundus, maxixes, polcas e outros ritmos em voga nos salões do Brasil de 1810. Quanto a Blanc, suas letras se revelam engenhosas e, por vezes, rebuscadas, mas estão dentro do espírito da narrativa. Quem não pegou de todo o espírito da época foi a diretora musical Délia Fischer. Falta mais percussão aos arranjos de temas animados como Lundu do Vidigal e Maxixe das Criadas.
Com um segundo ato superior ao primeiro, o musical destaca o trabalho de vários atores. Intérprete do Fado de Dona Maria, a Louca, Alice Borges extrai humor do texto no tempo exato de comédia (seu número de plateia na abertura do segundo ato é garantia de riso farto). André Dias reina fabuloso como o vilão Calvoso, com caracterização que em nada lembra sua estupenda atuação no musical Avenida Q (2009). Os adolescentes Christian Coelho (Pedro, o príncipe) e Renan Ribeiro (Leonardo, o plebeu) estão vivazes como os dois meninos que conduzem a ação meio farsesca. O gracioso dueto dos garotos no minueto Sois Reis? é o primeiro bom momento musical da encenação conduzida pelo diretor João Fonseca sem sua habitual veia autoral. Ajudado por seu físico, apropriado para o papel de Dom João VI, Leo Jaime explora o lado grotesco de sua personagem, bem evidenciado na interpretação lúdica do vira Senta, João. Já Izabella Bicalho, que compõe uma Carlota Joaquina à moda espanhola, tem seu melhor momento musical no enfrentamento com Soraya Ravenle no tango Verso e Reverso, outro exemplo da sintonia de Carlos Lyra e Aldir Blanc com a música do tempo do Rei. Há bons momentos...
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